Energia encontra Matéria

*** - mudança de cenário ou pulo no tempo



A viagem pelo shinkansen foi silenciosa, então Satoru não a odiou tanto assim. Akira pareceu dormir pela maior parte do caminho, acordou apenas para a refeição e depois se manteve em silêncio analisando as próprias notas.

Foi apenas durante os últimos quinze minutos de percurso que o mais velho retomou a conversa.

-Bem não temos como fazer nada a essa hora – disse verificando o relógio - Então visitaremos o templo de Myotenji amanhã pela manhã.

-Nunca ouvi falar sobre esse templo.

-Construído no século 14 por Honjooin Nichien. Sofreu uma reforma e passou a ser o templo particular da família Tachibana – Akira disse – Hoje essa família já não existe mais no mundo jujutsu. E depois e ter uma briga com Kyoto, resolveu selar a paz com um casamento arranjado.

-Se fundiram completamente com os Zenin's algumas gerações depois, e receberam alguns dos tesouros antigos durante todos esses anos. – completou – De acordo com as minhas pesquisas esses presentes permaneceram guardados na propriedade num cofre selado.

-O contrato parece ter sido feito a alguns mil anos atrás, não faz sentido ter uma "pista" ou seja lá do que você chama num tempo tão recente – Gojo respondeu.

-Inteligente, eu gosto de você - e continuou – De fato a sua maldição de contrato parece mais antiga. Mas algo pode ter sido transferido nos tesouros nos anos seguintes.

Akira continuou – A questão maior aqui é conseguir identificar o material. Como eu disse antes ele tem uma assinatura de maldição, mas é inerte. Invisível para a maioria de nó, deve ser algo que apenas você, ou [Nome], consegue localizar.

-Não é pra ser nada complicado – completou – Entramos, você vai dar uma olhada no lugar e se não encontrar nada podemos partir. Embora eu prefira esperar pelo menos um dia para podemos trocar de cidade, é cansativo viajar desta maneira.

O trem parou na estação e ambos desceram para a plataforma, o ar gelado da madruga imediatamente alcançando seus ossos. Não trocaram mais palavras durante o caminho até o hotel, pelo menos Akira tinha um gosto refinado.

Voltaram a se encontrar na manhã seguinte e trocaram apenas algumas breves informações, Akira avisou que alguns dos lugares não aceitam visitas de feiticeiros então algumas vezes teriam que encontrar meios alternativos de conseguirem entrar. Felizmente não foi o caso desse primeiro local.

Uma mentira e uma credencial falsa foi mais do que o suficiente para que eles conseguissem acesso aos documentos. A dita sala dos tesouros ficava num andar subterrâneo, era uma sala com paredes de madeiras e alguns armários, não se passava de um depósito velho aos olhos de Gojo.

Olhou de canto de olho o cuidador da propriedade sair, ele parecia um pouco suspeito, mas mesmo assim os deixou sozinhos.

-E então – perguntou –, o que fazemos agora?

-Procuramos jovem Satoru – Akira respondeu soltando uma pilha de papel na mesa um pouco de poeira subindo com o impacto –, procuramos.



***



Vazio.

Escuridão.

Desespero.

Uma névoa densa contornava seus pensamentos impedindo de que fizesse qualquer coisa, um mar de águas agitadas a puxando cada vez mais em direção ao fundo. Sufocando qualquer fio de consciência que poderia ter.

Não se lembrava de nada, mas, ao mesmo tempo sabia de tudo.

Havia perdido, havia ganho. Sofreu mas também causou dor, quebrou um tabu e o universo cobrou o seu preço. Ao longe a batida ritmada e abafada - às vezes rápidas e outras devagar - constantemente a lembrando disso.

Uma onda em seguida outra, uma fagulha de calor que ia e vinha. Chegava, fazia companhia e partia levando sua chama junto, deixando apenas o medo e o abandono. Se tivesse voz gritaria para que ficasse, se tivesse mãos a agarraria e não deixaria partir, se existisse a manteria por perto para sempre.

Para sempre, uma estranha sensação de nostalgia. Um conto de vingança que se desdobrou numa história banhada em sangue e em fogo, guerra e mortes.

Não era a primeira e nem a segunda, já havia acontecido antes. Um encontro, uma guerra e um final infeliz.

Um encontro, uma guerra e um final infeliz.

Um encontro, uma guerra... Um contrato...? E um final infeliz.

Um encontro, uma guerra...

Os três fios se entrelaçam transformando a vida em tecido, vivo e mutável. Fios podem se desfazer em farpas ou armadilhas, se realocarem e serem reusados e no final do dia a tapeçaria ainda estaria completa, diferente das anteriores, mas, ao mesmo tempo igual.

Entretanto, no fim da linha que seguia, uma obra se erguia incompleta. Uma história a ser concluída.

Venha criança... Precisamos conversar.

Um sopro de vida e então surgiu a luz.



***



Gojo cruzou os braços atrás da cabeça, e suspirou cansado. Na sua frente Akira folheava com atenção um livro grosso com uma capa escura de couro avermelhado.

-Não tem nada por aqui – disse – Porque ainda estamos procurando?

-Paciência é uma virtude Satoru-kun, devia trabalhar nela – respondeu seu tirar os olhos da página que estava lendo.

Bufou e apoiou a cadeira na parede atrás de si, se equilibrando – Esse maldito papel não deveria estar visível?

-Como comentei ele deve estar inerte, até que seja ativado você não vai conseguir o enxergar. – respondeu – Acredito que o toque seja a mais fácil delas.

Akira colocou o livro sobre a mesa – Infelizmente não tem caminho fácil.

-Parece ser uma frase comum nos últimos tempos.

-De certa forma – o mais velho respondeu com um riso – Me diga, o que você acha que é esse contrato?

Gojo manteve seu olhar no teto e os braços cruzados – Alguma coisa sobre almas interligadas ou algo do tipo.

-Entendo – Akira respondeu – Me permite comentar o que acho que é?

Satoru voltou a cadeira a sua posição original e se apoiou na mesa em seguida, o conhecido tom sarcástico enlaçando a sua voz – Por favor Akira-san me ilumine.

-Imagino que você saiba como funciona o Yin e Yang não? O princípio das dualidades da natureza onde o positivo não vive sem o negativo e vice e versa, forças opostas que precisam umas das outras para poderem existir.

-Luz e sombra, vida e morte, céu e terra – ele deu uma pausa – Energia e Matéria.

Akira bateu os dedos na mesa – De ponto de vista físico, "matéria é tudo o que tem massa e ocupa um lugar no espaço, ou seja, possui volume." E a energia "é a capacidade de realizar trabalho, é tudo o que pode modificar a matéria, por exemplo, na sua posição, fase de agregação, natureza química." pode provocar ou anular movimentos e causar deformações.

-Imagino que possa soar um pouco familiar pra você – o homem comentou – O infinito e o destino, o espaço e o tempo e pôr fim a energia e a matéria. Vocês não são ligados apenas por um contrato de cunho romântico.

-Acredito ser bem mais do que isso Satoru-kun, que algo que está ligado a própria existência de vocês. Onde um não consiga existir num mundo sem o outro, uma explicação porque demorou tantos séculos para que outro como você ou ela nascessem.

Surpreendentemente Satoru estava prestando atenção no que Akira falava, e parecia um tanto quanto coerente.

–Algo que puxa mas também repele. – falou mais para si mesmo do que para ele.

-Um dos teoremas de Yin e Yang. "Yin atrai Yang e Yang atrai Yin; Yin repele Yin e Yang repele Yang;" - o outro homem completou.

Passou as mãos pelos cabelos claros, realização o acertando. Talvez aquele contrato tivesse sido selado numa tentativa de proteger os que viessem depois, garantir que o equilíbrio continuasse intacto.

Se levantou de repente e andou até as prateleiras passando a palma da mão rapidamente por todo papel, livro e objeto que conseguisse. Não estava muito a fim de ficar ali por muito mais tempo, para o inferno Akira e a virtude da paciência dele.

Foi na segunda prateleira do meio que algo avermelhado chamou sua atenção, era energia amaldiçoada e tinha certeza que não estava ali antes.

Gritos romperam as paredes, provavelmente vindo do templo acima de suas cabeças.

-Bem que achei que as coisas estavam fáceis demais – Akira levantou a mão - Surja das sombras e torne-se mais escuro que o breu... E então purifique e exorcize aquilo que for impuro.

-Permissão para exorcizar a maldição – ele falou e sorriu – Concedida, Satoru-kun.






N/A: Quem sentiu minha falta?

Hahahaha, tem inúmeras referências – a outros pontos da história - nesse capítulo mas o mistério começa a se resolver.

Akira não é tão ruim, ele só tem seus motivos pra ser assim. Deem uma chance pra ele.

Por hoje é isso!

Até mais, Xx!


Links de apoio, ou pelo menos a minha fonte de pesquisa:

*lembrando que nem sempre eu uso as coisas como são, chame de adaptação literária kkkk algumas coisas foram mudadas para casar com a obra.*

https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/yin-yang.htm

https://www.algosobre.com.br/quimica/materia-e-energia.html#:~:text=Energia%20%C3%A9%20a%20capacidade%20de,anular%20movimentos%20e%20causar%20deforma%C3%A7%C3%B5es.

https://clubedechines.com.br/blog/o-que-e-yin-yang/

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