40# - O Outro Lado da Moeda
- Devo dizer que estou muito decepcionado, meus irmãos e irmãs - disse Yoshinobu sentando em sua cadeira. Após o mensageiro de Meiji ter chegado transmitindo a mensagem, ele convocou todo alto escalão do clã Tokugawa para a sua moradia, que era o castelo Edo - Não culpo o moleque por isso, eu tenho a certeza que isto teve dedo de Todayoshi e Tacashika, aqueles dois malditos encurralaram o pobre rapaz com argumentos patriotas sem sentido...
- Então, o senhor pretende fazer o que quanto a isso? - perguntou um de seus generais.
- Eu já mandei o mensageiro de volta, eu não irei submeter a mim ou o clã a essas condições absurdas, e iremos lutar até ao fim, certo Noby? - disse Yoshinobu convicto pegando em seu ombro - Estás conosco, certo?
- Sempre estarei, meu amigo - respondeu Noby com fogo nos olhos.
- Fico feliz por ouvir isso, então, todo mundo já sabe o que temos fazer, nós...- De repente um sino começa a tocar - Mas o que vem a ser isto?
- Meu senhor! - veio um soldado aflito - Tem de isto, eles atearam fogo às casas, agora está a espalhar-se por toda a cidade.
- O que! - correram até o alpendre e a vista o deixou chocado: Vários partes da cidade estavam sendo consumidos por fogo descontroladamente; As pessoas corriam de um lado para o outro tentando salvar os seus familiares e os soldados do clã também tentavam ajudar - Mas quem foram os desgraçados que fizeram isso?
- Testemunhas dizem ter visto um grupo de ronins não identificados vagueando pela cidade, mas um dos nossos soldados que foi atacado ao tentar intercepta-los conseguiu reconhecer um deles - o soldado engoliu seco antes de continuar - era Saigo Takamori.
- Maldição - deu um soco bem forte na parede feita de pedra e fez um buraco, respirou um pouco e continuou - Por favor me diga que fecharam as saídas da cidade.
- Fechamos sim, ninguém entra, nem sai, então é quase impossível eles saírem sem darmos por isso.
- Perfeito, então prepara um grupo de soldados para nós fazermos uma visitinha ao único sítio que eles podem se abrigar por aqui...
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- Saigo, é uma loucura ficarmos aqui! - disse um dos ronins inquieto. Tal como Yoshinobu preveu, eles estavam se abrigando na casa do daimio Todayoshi, já que era a única residência que pertencia a alguém do clã Satsuma - Eles virão aqui e não mostrarão piedade pelo que fizemos.
- Acalma-te lá, nós somos espadachins experientes, então se eles vierem levaremos o máximo conosco para a cova, e ninguém teve uma ideia melhor então... - de repente, ouviram várias batidas na porta - E parece que eles já estão aqui, preparem-se.
- Eu vim em nome do clã Tokugawa, abram a porta!
- O que fazemos? - perguntou outro ronin com a sua espada na mão - Ignoramos?
- Não, deixem que eu trato disto - Saigo foi até a porta abrindo-a lentamente - O que deseja?
Logo que ele olhou, um mosquete é encostado bem no meio de sua cara, mas antes de poderem disparam, Saigo embate a porta na arma fazendo o tiro falhar e puxa o cano trazendo o soldado que era apenas um miúdo.
- Me larga, sua escória! - ele se debatia tentando soltar-se, mas sem sucesso.
- É só uma criança e está sozinho..., isso quer dizer - não demorou muito para Saigo perceber que era uma distração - As janelas!
Logo que ele diz isso, Yoshinobu aparece quebrando a clarabóia no meio da sala e logo que cai aponta as espadas no pescoço de dois ronins e mais quatro samurais de armadura aparecem imobilizando o resto.
- Ora ora, parece que encontrei as ratazanas em um sítio onde não deveriam estar fazendo coisas que não deviam - disse Yoshinobu com um sorriso psicopata - Vamos lá poupar o nosso tempo e as vossas vidas, só quero saber o porquê Tadayoshi mandou vocês aqui para fazer isso, porque pessoas inocentes morreram nas minhas terras e isso irritaria qualquer bom líder.
Ninguém se atreveu a abrir a boca, ficaram olhando para ele com as caras sérias.
- Esse silêncio só pode querer dizer que terei de vos obrigar a falar, típico dos Satsuma - o ronin com a espada apontada no pescoço tentou pegar em sua espada, mas no momento seguinte a sua garganta estava a jorrar sangue, então ele caiu morto no chão - Tu é que causaste isto para ti mesmo, seu idiota.
- Você vai pagar por isso! - o outro ronin afastou a espada e tentou dar um soco na cara de Yoshinobu, mas ele leva uma cabeçada e no momento seguinte a sua cabeça é separada do corpo em apenas um corte, fazendo o seu corpo cair sem vida.
- Essa determinação, é o que me admira em vocês, caminham para a morte sem medo sabendo que a derrota é inevitável, magnífico! - movimentou as duas espadas tirando o sangue delas e olhou para Saigo, que estava horrizado - Então e tu, Takamori, como queres que acabe?
- Com a tua cabeça em uma bandeja! - jogou o miúdo para o lado e lançou um raio contra Yoshinobu, mas não faz efeito nenhum devido a sua armadura forte e resistente - Eu arranjarei uma forma de concretizar o meu desejo, você verá.
Agarrou de novo o garoto e jogou contra Yoshinobu e em seguida deixa cair dois pacotes no chão causando uma névoa espada na sala e todo mundo em pânico começou a lutar as cegas, e os que estavam no lado de fora só conseguiam ouvir tiros e espadas embatendo umas com as outras.
Depois de uns minutos, Saigo e dois de seus homens conseguem sair pela lateral enquanto outros continuaram lutando. Eles derrubam os soldados que estavam guardando os cavalos e sobem nos mesmos.
- Vamos mesmo deixar eles para trás? - perguntou um dos ronins.
- Infelizmente sim, o sacrifício deles irá permitir a nossa saída na cidade, e eles serão lembrados por isso - respondeu Saigo com uma vez serena - Agora vamos antes que mais homens cheguem.
Eles foram e passaram pelos portões sem dificuldades, porque quase todos soldados foram imobilizados até a casa de Tadayoshi.
Enquanto isso a luta dentro da casa parecia que não tinha fim, e Yoshinobu socava o rosto várias vezes, pensando que era Takamori.
- O que se passa Saigo, perdeste a língua, já não tens nada para falar!?! - gritava Yoshinobu continuando a socar quem era suposto ser Takamori, mas quando a fumaça dissipou rapidamente contrariando os seus pensamentos, o seu rosto mudou e o despero veio como um raio - Você não é Saigo, então onde está ele?
Olhou para todos os lados, mas nenhum sinal dele.
- Senhor, parece que Saigo e mais dois homens escaparam...
- Eu não sou idiota, consigo perfeitamente notar isso - Levantou largando o ronin desfigurado no chão, endireitou-se e respirou fundo. Mais sereno, olhou para outro ronin que tinha sido imobilizado e amarrado - E vocês, não querem falar nada, não vos incomoda o facto de que eles fugiram covardemente deixando vocês para morrerem.
- Nós estávamos conscientes dos riscos quando aceitamos vir, e também vale a pena três vivos do que todo mundo morto - disse o ronin convicto, que viu uma reação negativa de Yoshinobu - O que foi, o decepcionei com a minha resposta?
- Não com a resposta, mas sim com vocês, homens tão habilidosos terem um final tão banal - virou-se e começou a caminhar até a porta - Como não servirão de nada, executem-nos e queimem esta propriedade por inteiro não quero mais nada do clã Satsuma perambulando na minha cidade, e Saigo, você me paga, seu maldito...
Fim do Capítulo.
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