Capítulo 28

Entramos na piscina da cidade, por sorte estava vazia, tinha algumas pessoas no lado de fora, mas elas não pareciam que iriam entrar. Nós também não trouxemos roupa de mergulho, provavelmente só molharíamos os pés. Se bem que é só um pretexto para ficar mais um pouco com Ethan, mesmo que eu o veja todos os dias.

Tiramos nossos tênis e os deixamos de lado de um banquinho que tinha perto do vestiário. Eu fui até a borda da piscina esticando os pés na água, Ethan me acompanhou logo em seguida. 

- E como vai ser? A cirurgia?

- Bem, vão fazer alguns exames e na semana que vem, vão fazer o transplante.

- Entendi. Mas e você e a sua irmã, vocês não podem doar para ele?

- Não, nenhuma de nós duas é compatível, e as duas irmãs dele tem problemas de saúde, então a última alternativa foi o transplante.

Ethan balança a cabeça e mexe os pés na água.

- E como você faz para sobreviver? - Pergunta.

- Desde quando meu pai foi internado, minhas tias me ajudaram muito. Na verdade, aquela casa nem é minha, é da minha avó, a gente nem paga as contas de lá.

- E pra comer?

- Meu pai é incapaz de trabalhar e minha mãe morreu, então eu recebo um auxilio do governo, não é muito, mas dá para sobreviver. - Estico as costas e as pernas - Nossa, me lembro como foi difícil quando meu pai foi internado de repente, queriam dar a guarda da minha irmã para a minha avó e ela iria para outra cidade, tive que brigar muito para conseguir ficar com ela.

Olho para Ethan, o mesmo me olhava também, sorrindo. 

- E você? - Pergunto.

- Eu faço alguns trabalhos em uma oficina de motos no centro da cidade. Não é muita coisa, mas ajuda. 

- Por que você mora com sua irmã e não com os seus pais?

- Vai por mim - Diz Ethan - Ela é a parte menos podre da família. Desde quando meus pais se separaram, eu nunca quis ficar com nenhum dos dois então eu vim com ela.

Balancei a cabeça, percebi como esse papo havia ficado triste e resolvi descontrair. Estava quente de novo, não muito, mas estava então de repente, pulei na piscina, que é menos funda do que a da faculdade. Ethan me encarou sem entender.

Joguei água na cara dele. Mas ele não se manifestou de qualquer forma.

- Você é muito chato. Precisa se divertir mais. 

- E ficar todo molhado? Sem trocar de roupa? Não, obrigado.

- Por isso você é chato. 

Joguei mais água nele, mas ele desvia o olhar, suspira e pula na água junto comigo. Quando seu corpo entra em contato com a água, ele estremece e cruza os braços.

- Me arrependi - Diz ele.

- Nem está fria. 

Jogo mais água nele, mas dessa vez ele retribui também jogando água em mim, só não me vinguei porque ele realmente parecia estar com frio. Eu queria oferecer uma competição entre nós, mas creio que ele não aceitaria.

As pessoas que estavam lá fora não entraram, e um pensamento passou pela minha cabeça.

Me aproximei dele, que ainda lutava contra os braços tremendo.

- Vamos ficar doentes. - Diz Ethan, soltando os braços.

- Não vamos não. Nem está tão frio, você que é um exagerado.

- E você é louca. 

Solto uma risada nasal, olhando-o nos olhos. Ele não expressa nada, as vezes fica bem difícil saber o que se passa na cabeça dele ou o que ele está sentindo. Em um movimento lento e torturante, passo meus braços por cima de seus ombros, entrelaçando as mãos em sua nuca, ainda olhando para seus olhos que ainda não transmitiam nada e estavam pregados em mim.

Aproximei minha boca da dele, seus olhos acompanharam esse movimento. Ethan inclina a cabeça para o lado de um jeito que sua boca se encaixasse na minha. Fechei os olhos, enfim, sentindo meus  lábios contra os dele de forma suave e carinhosa. Senti suas mãos encostaram na minha cintura e me trazer para mais perto. Sua língua encostou na minha com timidez, bem devagar. Era um beijo que nós esperamos muito, mas mesmo assim era lento e intenso. Um misto de sentimentos explodia em meu peito. 

Ethan não é o tipo de pessoa evasiva que entra em todos os lugares sem permissão, ele pede a passagem e espera que a pessoa responda. 

Nos separamos, mas Ethan encosta nossas testas. Seu polegar desliza pela minha pele devagar, em forma de carinho.

- Vamos ficar doentes - Diz ele.

Afasto nossas testas. E dou um leve empurrão em seu ombro.

- Para! - Digo entre risos, Ethan me acompanha.

As pessoas começaram a entrar, então resolvemos sair da piscina. Fomos até o banco onde estava nossas coisas, não trouxemos toalhas nem dada do tipo, então só colocamos  nossos tênis e saímos.

                                                                                    __**__


Ethan insistiu me trazer até em casa, visto que eu carregava algumas sacolas com as coisas que minha irmã e eu marcamos de comprar, fora outras coisas que faltavam em casa. Sai de cima da sua moto e o entreguei o capacete. 

- É melhor você ir, já está escurecendo - Digo, pegando as sacolas que ele me entregava.

- Preciso te contar uma coisa - Diz após tirar seu capacete e o colocá-lo no guidão da moto.

- Por favor, não estraga o momento - Digo, com um tom brincalhão.

- Foi mal - Ele sorri - Eu dei para minha mãe o que ela queria. Acho que foi o único jeito de fazer ela parar de encher o meu saco.

- O que você quer dizer?

- Sabe aquela hora que você saiu do hospital, eu estava conversando com ela e concordei em ir com ela para outra cidade. E creio que não vou poder participar da competição da faculdade.

- Ah! - Abaixei a cabeça. Eu tentei não parecer triste ou chateada, mas parece não ter adiantado muito.

- Relaxa - Ele segura meu queixo, fazendo meus olhos voltarem para o dele - Venho te ver todos os dias, você vai até cansar de mim.

Ele estica os lábios para os lados, mas de certa forma eu sabia que ele não queria aquilo.

- Tudo bem, se é isso que você escolheu. Mas se servir de conselho, eu não acho que dar para sua mãe o que ela quer vai tirar dela o poder de controlar você - Fico nas pontas dos pés para beijar a bochecha dele - Boa noite, Ethan.

Me viro e vou em direção á minha casa.

Ouço sua moto sair.

Abro a porta da minha casa, me deparo com Lisa fazendo café. Coloco as sacolas em cima da mesa, tirando as coisas de dentro delas.

- Você demorou - Diz ela, ainda prestando atenção no café.

- Foi fácil assinar a cirurgia do papai, só foi difícil esperar.

- Ou será que tem alguma coisa a ver com um tal de Ethan? 

- Já começou? E falando no papai, a gente pode ir lá ver ele nesse fim de semana.

- Sério? - Pergunta Lisa, entusiasmada. Olhando para mim, mas segurando uma caneca de água quente.

- Olha o que você está fazendo, senão vai se machucar! - Digo, fazendo-a voltar a olhar a caneca, derrubando mais um pouco no pó de café - E sim, as enfermeiras conversaram com o médico e ele deixou, aparentemente as pessoas gostam do papai lá.

- Papai tem uma boa lábia.

- Você puxou isso dele - Digo, recebendo uma língua de Lisa.

Pego uma xícara e coloco café, assim que Lisa termina de fazê-lo.

- Mas e você e o Ethan? - Pergunta ela, se sentando a mesa, afastando as coisas em cima dela.

Pensei no que respondê-la, não sabia qual era a respostas, não é só porquê nos beijamos que significa que estamos namorando ou algo assim, mas se bem que ele tentou me beijar várias vezes.

- Acho que estamos juntos? Não tenho certeza.

- Sério? Graças a deus, né? Já estava na hora. Pensei que você ia ficar para a titia.

- A única pessoa que vai ficar pra titia aqui é você, quando o papai descobrir sobre seu rolo com aquele seu amigo lá.

- Que rolo? - Questiona Lisa, mas não respondo. Apenas pego minha xícara com café e vou em direção á sala enquanto beberico o café - Lexi, volta aqui. Que rolo






É um aleluia, irmãos? O beijo veio!!! Com direito a língua kk. Isso mesmo Lexi, mostra que meninas também podem tomar iniciativa. Se gostou deixa a estrelinha e comenta o que achou.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top