- Você está com aquela cara de novo - Diz Renesmye. 

- Que cara? - Jogo minha mochila no sofá.

- Aquela cara que aprontou alguma coisa.

- Não aprontei nada.

Me juntei á mesa com ela, que tomava uma xícara de café enquanto olhava a TV daqui, que passava um desenho animado qualquer, que ela adora.

- Sei, e como está aquela sua amiga?

- Amiga?

- Aquela que te levou na casa dela para secar suas roupas. - Diz Renesmye, automaticamente olho para ela, não me lembro de contar nada sobre Lexi ou sobre aquele dia.

- Como você...

- Tenho meus informantes - Ela beberica mais um pouco do café.

- Eu vou matar o Luiz.

- Por que você acha que é ele?

- Porque eu sei que ele tem uma quedinha por você e eu sei o quanto você é persuasiva. Parece a mamãe.

- Não me compara com a mamãe - Diz ela, deixando a xícara de lado - Você não respondeu minha pergunta. Como Lexi está?

- Bem, eu acho. Por que eu tenho que saber dela?

- Nem vem, Ethan. Eu sei muito bem ler você, igual ao papai.

Me levantei da mesa. Ela gosta de tocar em assuntos que são delicados para mim. Não que eu odeie meu pai, só não gosto de sentir culpa toda a vez que ele é citado, prefiro fingir que esse problema não existe.

- Não sou ele.

Vou para meu quarto, me jogando na cama. Pego o celular e verifico se tem alguma mensagem dela ou de qualquer pessoa, mas não tem nada. Não queria gritar daquele jeito. Ando estressado demais eu sei, e sei que Lexi tem toda a minha confiança, sei que ela tenta ao máximo, mas eu não sei porquê eu ainda fico desse jeito toda vez que eu chego perto dela.

Meu celular vibra. É ela. Agradecendo pela blusa.

Ah. Eu não podia não fazer nada quando eu a vi tremendo entre os braços, aquela idiota esqueceu a blusa e estava meio frio perto da universidade, o que ela tem na cabeça? Disse que estava tudo bem, até pensei em pedir desculpa, mas se eu fizesse isso eu iria fazer pessoalmente.

O tapa ainda ardia um pouco, sei que com certeza ela concentrou todo o rancor que sente de mim naquele tapa, no começo eu não acreditei, nunca havia brigado feio com alguém e nenhuma garota ficou com tanta raiva de mim a ponto de me dar um tapa, ou Lexi foi mais corajosa.

Eu ainda tenho que ensiná-la a nadar, pelo menos um pouco para que ela não seja humilhada na final, não posso deixar esse "relacionamento estritamente profissional" acabar desconfortável para nós dois, preciso fazer alguma coisa.

                             __**__

Vi ela de longe. Ontem a noite pensei em todo o discurso que eu faria sobre meu pedido de desculpa para ela, mas nada parecia ser tão bom assim. Odeio admitir, mas estou nervoso. Ela conversava com o Karlos e os outros, comia o mesmo sanduíche de sempre. Pensei em conversar com ela na hora que eu entrei na faculdade, mas eu não a vi, não tive aulas com ela hoje e agora com certeza é o melhor momento.

Mas não sei como chegar até ela ou como começar a falar. Mas Lexi me vê de longe, ela olha para mim como se tivesse se perguntando o que eu estou fazendo longe dos outros. Ela se levanta e vem até mim.

- Oi - Diz ela, em pé na minha frente.

- Oi - Digo, segurando a alça da mochila.

- Por que está aqui? Não vai comer?

- Não tô com fome.

Ela continua me olhando com aquele mesmo olhar curioso que só ela tem, e então de repente, segura minha mão e com a outra, me entrega uma maça.

- Não tô brava com você - Diz ela sorrindo.

- Não tá? Mas eu gritei com você, eu fui um idiota.

- Foi sim, mas não tô mais brava. Relaxa - Ela aperta mais a minha mão, me fazendo perceber que elas ainda estavam juntas - Não guardo rancor, ainda mais de você.

- De mim?

- Sim. Vem, vamos para a mesa - Ela me puxa até a mesa com todo mundo.

- Eu te falei que ele achou que eu estava brava. 20 pratas. 

Karlos revira os olhos e tira do bolso uma nota de 20 e entrega para ela. Então ela apostou, isso me deixou bem estranho. Eu exagerei?

- Você me vendeu? - Pergunto, indignado - Quero metade.

Lexi capitalista, ADORO! Que história é essa do pai do Ethan? Se gostou do capítulo deixa a estrelinha e comenta o que achou.