Capítulo 9 • 🌊

Amanda está frente a frente com dois sábios, pertencentes ao comitê de conselheiros oficiais do rei.

Amanda nunca simpatizou com aqueles senhores. Apesar de nunca ter falado diretamente com eles, os pais já disseram a ela que aqueles homens a aconselharam a parar de usar a cor vermelha. Mas era óbvio que aquele conselho não foi bem recebido. Depois do verde, o vermelho era a cor favorita da jovem desde que ela era criança. Não foi algo ensinado, ela apenas sempre posuiu esse interesse pela cor proibida.

— Como vai a escolha de um marido, princesa? — Pergunta Soren, um senhor de cabelos brancos compridos e barba branca. Ele tinha em sua mão uma bengala de madeira e se apoiava sobre ela.

— Está indo muito bem, senhor.

— Ótimo, ótimo. — O velho senhor sorriu, deixou aparente as muitas rugas.

Os feéricos eram capazes de viver muito tempo.

— Apartir do momento em que se tornar uma mulher casada estará pronta para começar a lidar com questões do reino. — O outro ancião chamado Kalias comenta.

Amanda franziu o rosto ao ouvir aquilo.

— Como assim?

— Disse alguma coisa Amanda? — A mãe a pergunta estreitando os olhos, um pedido silencioso para que ficasse em silêncio e não retrucasse nada. Ela conhecia a filha que tinha.

Os anciões olharam para a jovem com olhares curiosos, mas eles estavam atentos às próximas palavras de Amanda. Eles já ouviram falar da personalidade difícil dela. Todos. Seus pais, os sábios e uma boa parte da população, apesar de acharem a princesa graciosa e inteligentíssima, não aprovavam muito sua personalidade.

Eles tinham medo que ela causasse uma confusão grande em algum momento por causa de seu jeito difícil e rebeldia.

Amanda, para evitar criar problemas naquele momento, se obrigou a sorrir e falar de forma mansa.

— Não. Não disse nada.

Depois de sair das vistas daquelas pessoas, ela caminha pisando forte e um tanto estressada. Ela só não sabia que estava sendo observada por um par de olhos curiosos.

[...]

— Princesa? — A criada particular de Amanda a chama do lado de fora do quarto. Ela já tinha batido naquela porta centenas de vezes. — Por favor princesa, já está na hora do...

A porta é aberta e Amanda já estava arrumada. A jovem criada encara chocada as roupas da princesa.

— Princesa a senhorita está...

— Estou?

— Bem... Radiante.

— Não precisa fingir Anne, eu sei que você odeia vermelho. Assim como todos os outros.

— Na-não princesa! Eu não odeio, eu só tenho... medo.

— Medo de uma cor? — Amanda fecha a porta do quarto e começa a caminhar, Anne ia ao seu lado.

— Não da cor em si, mas do que ela representa. Eu ouvi várias histórias sobre a Grande Guerra, olhe, me arrepio até em falar dela! — A morena aponta para o braço e mostra para a mais nova os finos pelos da região arrepiados.

— O que você acha sobre esse acontecimento?

— A senhorita... está querendo... minha opinião?

Não era comum que um membro do alto escalão pedisse opinião ou um conselho de um criado, agora um membro da realeza? Era inimaginável. A plebe não se misturava ou se intrometia nos assuntos sociais.

Apesar de não serem exatamente amigas, Amanda se dava muito bem com Anne, apesar da mais velha — dois anos de diferença — ser um pouco receosa em conversar com sua princesa.

— Estou.

— Bom... As pessoas dizem que mente nenhuma é capaz de imaginar o quão terrível foi, eu mesma nem consigo. Eu fico nervosa quando falo nisso... Mas o que me consola é que nunca mais algo do tipo irá ocorrer no nosso continente. — Ela fala com convicção, mas Amanda não conseguia ficar tão segura quanto a isto por causa da visão que teve.

— Não estou dizendo que vai acontecer, mas precisamos estar atentos a qualquer sinal de mudança em nosso continente, por que foi assim que a invasão começou. Mas... E se uma outra estivesse por vir?

Os lábios de Anne tinham se tornado uma linha fina, os olhos já arredondados da criada pareceram ter duplicado de tamanho.

— Eu espero já ter passado dessa pra melhor antes que isso aconteça.

Amanda faz um esforço enorme para não revirar os olhos, não valia a pena conversar sobre aqueles assuntos com a garota.

Perdida em pensamentos enquanto andava ela não nota que Anne simplesmente desaparece de seu lado, sem ao menos dizer onde o príncipe Jungwon estava. Talvez ela tenha dito, mas Amanda de qualquer forma não estava prestando atenção. A princesa bufou e caminha pelos corredores sem saber para onde ir.

Foi então que, ao passar de frente aos portões floridos que levava à varanda do segundo andar, ela ouve uma melodia.

Automaticamente ela cessa os passos e olha na direção de onde vinha o som. Ela nunca tinha ouvido aquela melodia, mas aquele som cravou em sua mente. O barulho das outras coisas ao seu redor tinha sumido. Ela sequer ouvia o som de seus próprios passos e quando ela se dá conta ela já está na varanda.

As grades tinham galhos de roseiras, que cresciam e se enrolavam. A roseira crescia pelas colunas de pedra de forma encaracolada, exalando um perfume único. O chão era de mármore polido com pequenos mosaicos.

Ela vê, apoiado na grade a figura de um homem. Ele se vira devagar para trás.

— Princesa. — Ele se curvou diante dela.

— Olá, príncipe Jungwon. — Ela ignora o fato de não se recordar exatamente como entrou ali e segue para o lado dele.

Em todo o momento Jungwon mantem firme sua atenção na princesa. Como se tivesse perdido o interesse nas coisas ao seu redor.

— A senhorita é ainda mais bonita de perto.

— Obrigada.

— Sei que já ouviu isso várias vezes. Mas se depender de mim, irá continuar ouvindo por muito mais tempo.

Heeseung era mais sutil em seus flertes. — ela pensa.

Mas por que aquele príncipe veio em sua mente tão do nada? Amanda se obriga a focar no presente.

Ela apoia os braço na grade. Ali eles tinham uma vista do jardim da rainha, da lateral do palácio e da divisão que dava para o bosque privado da família real.

— Em breve irá começar a caçada. Falta quatro dias. Está animada?

— Em parte sim, mas eu não sei exatamente o que vocês irão caçar.

Aquela era a segunda parte dos cortejos. A primeira se tratava de irem pessoalmente até a princesa, depois disto começaria a competição. Onde os sete iriam competir, lutando uns contra os outros para provar quem era o mais forte e o mais esperto. Além disto teria um baile, onde a princesa dançaria com o escolhido no final.

— Enfim, seja o que for, tenho certeza de que será algo agitado.

Jungwon não responde de imediato. Ele vira o corpo na direção da princesa.

— O que foi? — Amanda pergunta quando ele se aproxima um pouco mais. O principe tira uma mecha de cabelo dela e coloca atras da orelha. A atenção ele desce lentamente pelo pescoço e fixa no colo da princesa.

— Que interessante o seu colar. — Amanda toca involuntariamente o acessório de Rubis. — Mas acho que Água-Marinha combinaria mais com a senhorita.

— Água-Marinha?

— É uma das pedras preciosas do meu reino.

— Ah... O Reino Aquaris, correto? — Ele concordou com a cabeça devagar. — Como é lá?

— Olhe para mim. O que você imagina?

Se Jungwon era um reflexo de Aquaris, o reino era um lugar charmoso e perigoso.

Jungwon tinha um olhar intenso, uma voz que adentrava o ser dos ouvintes ao ponto de não os deixar focar nos sons ao seu redor. Era quase como uma melodia. Juntando sua beleza surreal com sua voz, Jungwon poderia enfeitiçar os fracos de mente sem nem mesmo utilizar seus poderes.

Com toda aquela marra e flerte, Amanda tinha certeza que várias mulheres já tinham caído na lábia do príncipe.

— Um local lindo, tropical e cheio de vida.

— Gostei de ouvir isso.

— Mas tenho a impressão de que você gosta de brincar com as mentes das pessoas. — Ela diz em tom brincalhão.

Jungwon abre um sorrisinho de lado e levanta as sobrancelhas, um tanto surpreso.

— Não me diga... Você realmente brinca com as mentes?

— Varia de momento pra momento. — Ao ver a cara que ela fez, Jungwon dá uma risada. — Estou brincando. Como eu poderia controlar suas mentes afinal? Isso nem é possível... — Desconversou.

Era o segundo príncipe do norte que Amanda conhecia, e ela sentia uma semelhança na aura de Jungwon com a de Ni-ki.

A conversa deles durou muito tempo. Jungwon contou algumas histórias interessantes sobre seu reino e fez várias demonstrações do que podia fazer com seus poderes, como ter o controle da água e poder moldar ela na forma que bem quisesse, a deixando surpresa todas as vezes.

Ao final, ele pede que ela depois abra o presente que ele havia lhe dado. Amanda ficou tão curiosa que foi correndo até o salão dos tesouros. Finalmente decidindo abrir os presentes que há dias tinha recebido dos príncipes.

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