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Capítulo 9 – Verdade

Jimin estava nervoso e Jungkook conseguia sentir aquilo, era quase físico, já conhecia tanto aquele menino, que tudo nele já era gritante para si. Parecia que a qualquer segundo Jimin poderia abrir um buraco no chão. O vampiro andava de um lado para o outro sem parar nem uma vez e aquilo já estava deixando o Seelie tonto.

Sabiam que todos já haviam chego na casa ao lado, o barulho não deixava dúvidas e isso parecia apenas deixar o menino ainda mais ansioso. Jungkook, que até então o observava de longe, sentado no sofá, se levantou, interceptando Jimin pelo caminho.

– Para com isso. – Brigou o segurando pelos ombros. – Já estamos aqui a mais de 20 minutos escutando o Will implicar com o tal do Yoongi, não é querendo ser chato, mas eu gostaria de estar vendo isso pessoalmente. – Jimin riu fraco ao ver humor nos olhos de Jungkook e concordou tentando se acalmar. – Eu vou estar do seu lado. – O vampiro analisou o Seelie por um segundo e ao ver segurança nos olhos dele, não conseguiu resistir ao desejo e avançou contra o homem.

O Seelie se assustou com o ataque surpresa, não esperava ter o menino em seus braços, o beijando de uma forma tão doce e carinhosa, como se precisasse daquilo para manter a calma, não depois da tarde pensativa e mórbida que Jimin havia tido, refletindo sobre toda a relação que tinham ou melhor, sobre a relação que não tinham. Jungkook desceu uma de suas mãos pelas costas de Jimin enquanto a outra se prendeu na nuca, o trazendo para ainda mais perto e ofegou ao sentir o menino se esfregar contra sua perna.

– Está quase me fazendo desistir de ir. – Murmurou rente a boca de Jimin, que riu frouxo.

– Jin viria até aqui e então me arrastaria pelos cabelos até lá. – Resmungou sentindo seus lábios roçando nos dele. – Quando voltarmos, precisamos estabelecer alguns limites.

– Foi você que me beijou. – Jungkook protestou sem o deixar afastar um centímetro sequer.

– E isso é o que mais me assusta. – Jimin completou subindo o olhar para os olhos azuis do Seelie. – Mas me sinto melhor agora, acho que já podemos ir. – Jungkook sorriu, concordando com a cabeça e tentando se convencer de que deveria soltar Jimin, de que isso era o melhor a se fazer, mas tendo o menino tão perto, dividindo o olhar entre os olhos e a boca, não conseguiu se afastar sem antes lhe dar um último beijo.

Jimin se sentiu ofegar, puxando a camisa de Jungkook entre seus dedos, querendo ficar naquele momento com todas as suas forças, no momento onde os dois estavam com as armas abaixadas, onde não havia palavras grossas ou facas sendo arremessadas, onde um não tentava machucar o outro, naquele momento onde o carinho parecia tão real e verdadeiro que poderiam ser confundido com um casal real, onde as palavras ficavam presas em sua garganta e ele tinha que se impedir de dizer.

Quando Jungkook se afastou dessa vez, limpando a garganta e se virando de costas, constrangido por ter o beijado daquela forma, um beijo sem a desculpa do veneno, desviou o olhar para o lado e esperou que o vampiro falasse algo, mas Jimin ainda um pouco mole e perdido, apenas deixou suas pernas o guiarem para fora da casa.

O Seelie o seguiu para fora, em um silêncio constrangido, e o observou tocar a campainha da casa vizinha. Não demorou mais do que alguns segundos para que um humano alto, com os cabelos desgrenhados e nariz achatado abrisse a porta com um enorme sorriso no rosto. Assim que teve a confirmação de que era Jimin na porta, ele o puxou para um abraço apertado e Jungkook acreditou que aquele fosse SeokJin.

– Eu tava morrendo de saudade. Você é um desgraçado sem coração, Chimmy. Como pode me deixar sem notícias por tanto tempo. – O homem continuava a dizer enquanto balançava Jimin de um lado para o outro. – Tanta coisa aconteceu e eu não consegui falar com você, mas o Namjoon... – O homem se afastou, segurando Jimin pelos ombros para terminar de contar as novidades, mas assim que olhou com calma para o amigo notou a peculiaridade nova, os olhos vermelhos. – Mas que porra...

– Muita coisa aconteceu comigo também. – Jimin murmurou já sentindo os olhos ardendo.

– Eu achei que o meu pedido de casamento seria o alto das novidades, mas... isso... – SeokJin estava sem palavras, mas Jimin o interrompeu ao ouvir aquilo.

– Namjoon te pediu em casamento? – Questionou buscando pela mão do amigo e notou o anel de compromisso.

– Fui eu que pedi, mas isso não é importante, porra. – Jin reclamou apertando Jimin em outro abraço apertado. – Você é um vampiro. Você é igual o Izzy. Você... Meu deus. – Ao fim de sua fala, já era nítido que estava chorando e Jimin não se assustou ao sentir o amigo o pegando no colo, como se fosse uma criança, mas Jungkook com certeza se assustou.

SeokJin o segurou pelas pernas e Jimin circulou os braços em seu pescoço, como quando Jin tinha 15 e Jimin 12 e o mais novo fazia birra por estar cansado demais e então pedia para Seok o carregar até em casa. Costumava funcionar porque Jin tinha um fraco pelos olhinhos grandes de Jimin.

Jungkook observou o humano carregar Jimin até o sofá e notou como todos assistiam a cena com curiosidade, alguns já acostumados e outros nem tanto. Will e Thom, que não tinham tanta intimidade com o grupo de amigos, eram os mais surpresos com aquilo, mas pelo sorriso no rosto de Thom, o maldito vampiro estava gostando daquilo.

– É, o universo é maravilhoso mesmo. – Murmurou para o Seelie ouvir, mas levou um beliscão de Will. – Ai. Eu só to falando.

– Não é nada disso. SeokJin está noivo daquele cara com cara de bobo falando com o Niel. – Resmungou apontando para um homem grande e loiro que conversava com o receptáculo de Isaac.

– Ele é só um grande amigo do Jimin. Ele me contou que cresceram juntos, isso é tudo. – Jungkook resmungou tentando não soar tão emburrado quanto se sentia. – E mesmo se não fosse, eu não tenho nada a ver com isso.

Ainda abraçados e sem se importar com mais nada, Jin continuou ali, agarrado a Jimin como se ele pudesse a qualquer segundo sumir. Notou quando Hoseok e Yoongi se sentaram no chão ao seu lado e sabia que Namjoon deveria estar em algum lugar na sala, mas naquele momento, Jimin era sua prioridade.

– Você morreu? – Jin murmurou no ouvido de Jimin, que concordou com a cabeça. – Meu deus. Como?

– Cortaram minha garganta. – Respondeu com voz de choro e Jin se sentiu na obrigação de se afastar, porque precisava olhar nos olhos do amigo, limpar suas lágrimas e ter a certeza de que ele realmente estava ali.

– Cortaram sua garganta? – Perguntou com um tom chocado e ao olhar não viu nenhuma marca ou cicatriz. – Quem foi? – A pergunta soou como uma ameaça e Jimin riu entre as lágrimas, limpando elas, porque afinal, aquele era o seu Jin.

– Ele está morto. Pelo o que eu soube, Isaac, Nick e Will botaram fogo nele. – Disse com um sorrisinho e SeokJin concordou, um pouco mais tranquilo e notou que agora, todos se sentavam mais próximos para ouvir aquilo também.

Luke e Nick, que haviam chegado a pouco tempo, estavam sentados em uma única poltrona, e observavam Jimin atentamente. Will, que era consideravelmente novo ali, já que os humanos haviam o visto apenas no dia da lua de sangue, estava em pé ao lado de Thom, mas já se sentia com intimidade o suficiente para implicar com os outros, principalmente Yoongi e Hoseok, que estavam sentados no chão.

Namjoon estava sentado ao lado de Isaac e Niel na mesa que ficava atrás do sofá, fazendo divisa da cozinha com a sala e prestava atenção em cada detalhe, mas preferia ouvir em silêncio, já que seu noivo parecia tão abatido pelo amigo.

– E como você voltou? Pensei que tivesse que tomar sangue demoníaco pra isso. – Jin resmungou confuso. Se lembrava de Nicolas e de todo o trabalho que o menino tinha dado, inclusive por ser um tratado quebrado.

– Isso foi coisa desse idiota. – Will murmurou dando um tapa na cabeça de Jungkook. – Ele fez isso sem nos consultar antes. – Jungkook que estava ao lado do amigo o encarou irritado massageando a cabeça, mas se sentiu coagido pela primeira vez ao te a atenção de todos daquela sala em sua direção.

– Um Seelie? – O olhar questionador de Jin caiu sobre Jimin, que corou abaixando a cabeça.

– Não é o que está pensando. – Jimin afirmou tímido. – Ele salvou minha vida. Ele me deu um vinho com sangue e me avisou o que aconteceria. Me deu opção de escolha e eu escolhi isso.

– Não foi como uns e outros. – Luke disse em voz alta em uma provocação para Thom, que revirou os olhos.

– Hey, Totó. Já conversamos sobre isso, rosne mais baixo ou teremos que colocar uma focinheira em você. – Will se meteu, defendendo seu vampiro.

– Qual o seu problema com o meu lobo? – Nick perguntou para Will, com um tom de humor, porque também achava a implicância de Luke com Thom algo infantil, já que agora considerava a transformação como uma ajuda. – Os dentes afiados te assustam? – Questionou enquanto brincava com os cabelos da nuca do Luke.

– Ouvi dizer que o pau dele... – Will foi interrompido por Isaac.

– Pelo amor de Deus, vocês não conseguem ficar cinco minutos sem se provocarem? – Questionou o mestiço tentando ser maduro e um tanto envergonhado pela falta de pudor do irmão. – Jimin está bem, Jin. Foi uma escolha dele e eu também fiquei com medo e preocupado no começo, mas sendo sincero, prefiro ver ele assim, do que morto. Fiquei agradecido por Jungkook ter feito o que fez.

– De nada. – O Seelie resmungou baixo com um sorriso sarcástico, já que ninguém havia o agradecido diretamente por aquilo ainda.

– E eu gosto disso. Gosto de ser um submundano. – Jimin acrescentou, ignorando o seu dono, que aparentemente não tinha um pingo de noção. – Gosto dessa nova vida e agora eu posso fazer a diferença. – Jin sorriu ao ver aquele brilho nos olhinhos, agora vermelhos, do seu amigo.

– E já sabe o que vai fazer? – Jin perguntou enquanto acariciava as costas do seu irmãozinho.

– Estamos tentando fazer algo grande. – Jungkook se meteu, com os olhos fixos nas mãos do humano, mas se recusando a ser o tipo de pessoa que controlaria Jimin. – Queremos reintegrar os submundanos ao mundo mortal e Jimin é a chave para a nossa revolução. – O olhar do Seelie era confiante e se focou no vampiro, que se arrepiou com toda aquela intensidade, mas bufou negando.

– Ele fala isso, mas a verdade é que eu sou inútil. Eu falhei durante a reunião para apresentar as ideias e não sirvo pra nada. A gente acreditou que eu seria útil e uma arma importante para convencer eles, mas não foi bem assim. – Jimin murmurou para SeokJin. – Acho que vou fazer a diferença por trás dos bastidores como todo mundo.

– Ele está falando demais e bobagens, como sempre. – Jungkook reclamou, revirando os olhos. – Venha aqui. – Ordenou em um tom sério e como se uma corda o puxasse, Jimin foi arrastado até ele. Jin se assustou com o que viu e então soube que aquele era o dono de Jimin. O rosto do vampiro se encaixou entre as mãos do Seelie, que acariciou as bochechas com um certo carinho enraizado, que nunca admitiria em palavras. – Não diga isso novamente. Você é mais do que fundamental para tudo isso, é importante, Jimin e irá fazer a diferença, precisa apenas confiar nisso, okay? – Jimin concordou. – Ótimo.

– Eu to um pouco assustado com o que estou vendo. – Will murmurou enquanto analisava o amigo, porque era a primeira vez que via Jungkook tratar alguém daquela forma, ainda mais alguém que ele jurava odiar. Conversaria com o Seelie mais tarde.

– Tá. É o seguinte. Eu preciso conversar com vocês sobre isso. Porque precisamos de ajuda. – Jungkook voltou a dizer, agora voltado ao resto das pessoas da sala, mas sem soltar o rosto do vampiro. – Durante a reunião, teve um momento em que eu vi medo no rosto daqueles agentes. Eles temem o povo, temem que a história que ouviu lá dentro chegue ao ouvido do público, porque sabem que o apoio popular pode derrubar eles.

– Por isso vão fazer de tudo para censurar a história. – Isaac resmungou. – Minha mãe disse que o melhor a se fazer seria esperar mais tempo, até esses idiotas serem depostos e terem pessoas novas no poder.

– É, é uma opção e Nora, não está errada. – Jungkook concordou. – Mas eu tenho uma segunda opção. A opção de forçar eles a nos ouvir. – Suas mãos deslizaram do rosto para o pescoço de Jimin e uma foi até a nuca, o trazendo para seu peito em um abraço não pensado e ele pode não ter notado, mas todos ao seu redor notaram, inclusive Jimin, que hesitou por um segundo, mas o circulou com os braços, incerto do que o Seelie queria com aquilo. – Se formos a público de uma forma direta e falarmos toda a verdade, tudo aquilo que eles se recusam a falar, acredito que uma boa parte ficará do nosso lado, ainda mais se souberem sobre o Jimin. – Comentou enquanto acariciava as costas do menino de forma leve. – Em todos os lugares só irão se falar sobre o menino que se sacrificou pela união dos mundos, pela paz entre os povos. Isso irá gerar um apelo emotivo, as pessoas vão se conscientizar.

– Isso não é manipulação, cara? – Yoongi, que até então estava calado, observando, murmurou.

– Ele pode parecer a fada do dente, mas não é. – Will debochou. – Ele é um Seelie, e é isso o que eles fazem. – O amigo revirou os olhos diante da provocação.

– Precisamos de um meio de atingir a população em massa e então quando transmitirmos a mensagem, temos que esperar a reação do povo, torcer para ser positiva e esperar para a abertura das barreiras. – Jungkook explicou e seu olhar começou a percorrer a sala, procurando por Jimin, que havia saído do seu campo de visão e se perguntou para onde o menino havia ido e como ele só havia notado agora. Confuso, o Seelie começou a olhar em volta, preocupado.

– Cara, você tá abraçado com ele. – Yoongi voltou a murmurar enquanto notava que a fada procurava por algo e Jungkook se assustou ao descer o olhar e notar que realmente estava abraçado com o vampiro e não havia notado ou reparado em que momento aquilo havia acontecido, mas havia e ele estava ali.

– Eu não me lembro de Miles ser tão estranho. – Hoseok murmurou para Jin, que riu fraco.

– Miles era mais preocupado com flores e sexo do que com o Chim em si. Pra ser sincero, acho que eu gosto mais desse cara. – Jimin sentiu o peito apertar ao ouvir aquilo, porque Jungkook não se preocupava mais com ele, Jungkook se preocupava mais com governo e burocracia, mas o abraço era gostoso.

– Chim, pode soltar ele um segundo, acho que a gente não terminou de conversar. – Jin voltou a dizer.

– E eu acho que a solução do seu problema pode ser a internet. – Yoongi disse com animação. – Todo mundo tá conectado hoje em dia. Quer passar uma informação em massa? É só hackear a base central de alguma coisa famosa, como a emissora de uma rede de TV, um jogo famoso ou um app popular, alguma coisa, que todo mundo esteja fazendo.

– E como conseguimos acesso a tudo isso? – Jungkook perguntou se aproximando de Yoongi, que puxou o celular para explicar para o Seelie, como funcionava a magia humana chamada Wifi.

– Ele é o seu dono? – Jin perguntou já sabendo a resposta. – Escolheu um Seelie? – Jimin revirou os olhos.

– Eu não escolhi. Ele me transformou e se ofereceu para cuidar de mim. – Encolheu os ombros se sentindo exposto por Jungkook estar tão próximo. – Na verdade, podemos conversar no seu quarto? – Perguntou querendo fugir dos ouvidos atentos do dono, ter uma conversa privada com os amigos.

Notando o tom inseguro e o olhar fragilizado, Jin concordou se levantando. Yoongi e Hoseok, iriam se levantar, mas viram pelo olhar que deveriam ficar, para entreter Jungkook e permitir que Jimin tivesse aquele momento de privacidade.

Mas assim que a porta do quarto iria se fechar, foi impedida pelo pé do feiticeiro, que sorriu com um ar de sarcasmo e adentrou o quarto sem ser convidado indo se sentar ao lado de Jimin na cama, SeokJin iria o chutar pra fora e Jimin o encarou com certa incredulidade.

– O que? – Questionou como se não entendesse o espanto dos dois. – Eu sou o maior expert em Seelies que vocês vão ter a honra de conhecer, além disso, conheço o Jony como ninguém. – Deu de ombros. – Sei que vieram aqui conversar sobre ele, eu não sou otário. Posso ajudar. – Jin iria rebater, mas Jimin tinha um certo carinho por Will, então apenas concordou.

– Ele me odeia. – Murmurou baixo, encarando os dois. – Ele diz isso sempre, desde o começo. Sempre deixou claro que não me suporta e no começo eu achei que tudo bem, que também não o suportava e que poderia viver com isso, mas agora as coisas ficaram confusas, porque às vezes ele age daquela forma. – Apontou para a direção da sala, como se a cena de poucos minutos atrás ainda estivesse acontecendo. – E então eu fico pensando que eu gostaria que as coisas fossem diferentes.

– Ele não me parece como alguém que te odeia. – Jin murmurou confuso. – Pensei que Seelies não mentisse.

– Mentira e verdade são relativas. – Will disse com certo cansaço na voz. – Aprendi isso muito cedo. A sua verdade, nunca vai ser a minha. E o que você acredita, a forma como você viu e viveu, nunca vai ser a forma como eu vi as coisas, tudo depende do ponto de vista. – O feiticeiro suspirou coçando a própria testa. – Jungkook é um cara complicado. Ele é imortal, bom, agora você também é e logo vai entender isso também, mas a imortalidade vem carregada de medos, um deles é de perder as pessoas.

Jimin prestava atenção em cada palavra, tentando pegar todos os pontos e fazer uma ligação com o que já sabia sobre o Seelie. Jungkook já havia dito que mentia às vezes, mas Jimin não havia entendido o porquê, então era isso, era porque a verdade era relativa?

Mas em um relâmpago de percepção, seu olhar se colou com Jin, que também o encarava, como se, apenas naquele momento, Jimin tivesse se tocado que em algum momento perderia o amigo e Jin o observava com aqueles olhos carregados de afeto e ternura que dizia estava tudo bem, mas não estava. Porque seria Jimin a passar a eternidade se lembrando dele.

Iria dizer alguma coisa, dizer que deveria ter uma solução para aquilo, mas percebeu que não tinha ao todo. Os amigos mortais e até mesmo Isaac, um dia não estariam mais ali e talvez apenas naquele momento, Jimin entendeu a verdadeira dor e peso da imortalidade.

Entendeu o que Nora, Jacky e Will passavam todos os dias ao olhar para Isaac e o que Nicolas deveria sentir ao olhar para os pais. Entendeu o que Will estava tentando explicar e toda a resistência de Jungkook sobre tudo aquilo que estavam vivendo. Porque de repente, de uma forma cruel, tudo fez sentido.

– Acho que ele passou a vida toda com medo de perder alguém, de ter e perder. – Will continuou a dizer, explicando com calma. – E agora deve tá com um medo fodido de admitir que quer você. Por isso não quer e não vai admitir. – Uma lâmpada acendeu na mente de Jimin, se lembrando de todas as vezes em que o Seelie havia se recusado a pedir por ele, a admitir que também queria aquilo. – Ele deve ter se convencido de que te odeia, para ser mais fácil conviver com você sem expor os sentimentos, por isso consegue dizer as palavras, mas a verdade é frágil. – Will riu, pouco consciente do olhar molhado do humano ao lado. – Ele não consegue esconder dele mesmo, tanto que ela é mostrada a cada segundo através de ações.

– Aquele homem que tava te olhando e te abraçando no meio da minha sala, não te odeia de forma nenhuma, Chim. – Jin afirmou com a voz embargada em um choro segurado. – Eu não to ficando louco. Sei do que to falando.

– A barreira que ele criou, a tentativa de mascarar a verdade, é frágil e não vai durar, ele vai perder o sentido e vai ser obrigado a voltar a verdade, é o que o sangue de anjo que corre nas veias dele faz. – Will afirmou, tentando consolar Jimin. – É só esperar. 

| SWEET MAGIC |

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