SWEET DEMON

*Esse livro foi inspirado em DEMON MAGIC*


Capítulo 1 — Sweet Demon

Toda criança tinha medo do escuro, mas Park Jimin fez amizade com ele.

Na verdade, não, ele poderia dizer que assim como toda criança havia passado mais tempo brigando com a escuridão do que de fato sendo amigo dela, mas isso era o mais perto de algo real que Jimin poderia ter.

Enquanto estava assustado, machucado e desacreditado, Jungkook surgiu como uma luz no fim do túnel, o que era no mínimo irônico dado as circunstâncias.

— Pode me dizer novamente porque caralhos estamos fazendo isso? — O que não significava de forma alguma que era fácil conviver com ele.

— Monroe me pediu ajuda. — Jimin explicou calmamente, como se já não tivesse explicado aquilo no mínimo 500 vezes para o demônio sentado ao seu lado no carro.

— E o que eu tenho a ver com isso? — Jimin suspirou, se recusando a entrar em outra discussão e manteve sua atenção na rua deserta e escura que mal era iluminada pela luz da lua e de alguns poucos postes. — Até onde eu sei, ele não fez muito para ajudar você nos últimos anos.

Jungkook possuía um tom emburrado e mimado, o que era um contraste gritante para toda a aura assustadora que ele carregava. Com cabelos escuros desgrenhados, olhos que mais pareciam buracos negros e um corpo tão forte que se assemelhava a uma parede de tijolos. Sem falar, é claro, da personalidade terrível que possuía.

Jimin ao lado dele parecia algo pequeno e fraco. Com cores vibrantes, cabelo rosa e roupas confortáveis. O conjunto total passava a falsa impressão de vulnerabilidade, o que Jimin normalmente precisava para não assustar todos ao seu redor.

— Ele esteve ocupado em uma luta contra os humanos. — Replicou, mesmo que Jungkook já soubesse disso. — Além do mais, até onde eu sei, foi o filho dele que derrubou as barreiras entre os mundos, então vamos dar um crédito a ele.

Jungkook bufou. Aquilo não era exatamente um mérito na opinião dele. Humanos eram patéticos, incapazes de aceitar ou entender todas as nuances do submundo. Surtaram ao descobrirem que não estavam sozinhos na terra e acharam que travar uma guerra contra seres muito mais fortes que eles era uma decisão inteligente, realmente patéticos.

Demônios não lutavam na guerra a menos que fossem invocados, mas Jungkook participou já que Jimin era incapaz de ficar longe de problemas. Por sorte, pouco antes do fim dela, conseguiu convencer o feiticeiro de que aquilo não era um problema dele e que se os humanos queriam se matar aos montes, que fizessem. Ele não dava a mínima.

Arrastou Jimin contra sua vontade até o lugar mais tedioso que conseguiu e rezou para que o feiticeiro os deixassem ter alguns anos de paz, não aconteceu, mas valeu a tentativa, e teria ficado lá, observando Jimin ser estupido e desajeitado, mas é claro que um bastardinho idiota do outro lado do mundo tinha que foder com tudo e derrubar as barreiras.

— Claro, mas um merdinha prodígio, era tudo o que eu precisava. — Resmungou como uma criança e Jimin reprimiu uma risada, parando em um semáforo.

— Porque você não se transforma e vai voando na frente? — Perguntou com um tom cansado, mas sabia que Jungkook estava no seu modo pirralho e não iria dar o braço a torcer.

— Porque você não aparata como um feiticeiro de verdade?

— Porque estou apreciando a vista. Não tive tempo de conhecer as Villians já que passei os últimos 100 anos atrás do seu rabo.

— Você ama o meu rabo.

— Se você diz... — Jimin não confirmou, assim como nunca confirmava, preferiria morrer a aumentar o ego do maldito demônio.

— Sabe se tem mais alguém lá? — Perguntou com o mesmo tom mau humorado fazendo o feiticeiro suspirar novamente, pensando seriamente em desistir daquela tortura e apenas aparatar com carro e tudo no lugar planejado.

— Você tava comigo quando recebi a carta de fogo. — Jimin afirmou suspirando, voltando a andar com o carro quando a luz verde brilhou. — Sei tanto quanto você.

— Eu não presto atenção nas coisas que não são sobre mim. — O feiticeiro revirou os olhos, aquilo não era uma novidade.

— Eu sei.

— Percebeu que não tem demônios por aqui? Para um lugar que deveria ser um refúgio submundano, falta muito submundo. — Continuou implicando.

— Jungkook. Se transforme. — Mandou. E a contragosto, sem poder ir contra a palavra final de seu mestre, Jungkook se transformou em um corvo preto. Jimin o agarrou com uma mão enquanto abria a janela com a outra e sem desacelerar apenas o lançou para fora do carro.

E observou com humor o corvo se debater até ter equilíbrio novamente para tentar acompanhar o carro.

"Mal posso esperar para ver você morto" A voz ecoou em sua cabeça e Jimin riu.

— Eu acredito em você. — Jimin falou em voz alta, observando Jungkook voar para o para-brisa, fincando as garras na lataria para bicar o vidro com raiva.

"Abre essa merda"

— Pare com isso. — Jimin protestou.

"Me deixe entrar"

— Você vai ser alguém decente?

"Vou te matar no segundo em que esse carro parar"

Jimin estacionou o carro, assustando o demônio, e então abriu a porta, saindo com calma enquanto respirava fundo. Jungkook o encarou, confuso ainda, em sua forma animal.

— Chegamos. — Explicou, vendo o demônio voltar a sua forma humana ainda em cima do seu carro. — Jura? — Questionou ao ver Jungkook escorregar pela lataria, arranhando o carro como podia. — Você é uma criança.

— Sou uns 500 anos mais velho do que você.

— E ainda é uma maldita criança.

— Porque você não chupa o meu...

— Jungkook. — interrompeu o mais velho mimado pra caralho — Pela última vez. Monroe pediu ajuda para treinar o filho dele, ele não tem nada a ver com o que passamos, não tem nada a ver com toda a nossa merda, muito menos responde por outros feiticeiros, e se ele me pediu ajuda, é porque realmente precisa.

— Acho que alguém está se achando muito mais poderoso do que realmente é.

— Ou talvez você ainda esteja me subestimando.

— Disse a criança assustada e machucada no canto da sala. — Resmungou maldoso, jogando o passado na cara do feiticeiro novamente, sem um pingo de remorso, porque ele sabia que aquilo ainda machucava, mesmo depois de tanto tempo.

— Pelo que eu me lembre, você costumava estar tão machucado quanto eu. — Resmungou por fim, caminhando até a porta da frente, porque aquilo realmente não levaria a lugar nenhum.

Sentiu quando Jungkook parou atrás de suas costas, fazendo uma sombra sob seu corpo e sorriu ao sentir a energia tão familiar e levemente perturbadora ao seu redor.

— Seja gentil. — Pediu e Jungkook sorriu de lado, sarcástico.

— Sou sempre gentil.

A porta se abriu e um homem de cabelos pretos e porte forte surgiu diante de seus olhos, para a surpresa de Jimin, que confirmou mentalmente se aquele era o endereço certo, desviando o olhar para o número ao lado da porta.

— Um humano? — Jungkook murmurou com descrença, segundos antes de levar uma cotovelada no estômago.

— Desculpe, acho que foi engano. — Jimin murmurou, dando um passo para trás. Fazia anos que não interagia com um humano desconhecido, e mesmo que as barreiras tivesse caído e que todos estivessem vivendo juntos em paz nos últimos anos, sabia que ainda existiam alguns poucos que não eram tão confiáveis e amigáveis.

Se estivesse sozinho talvez conseguisse passar despercebido, mas Jungkook era volátil demais, ainda mais quando acreditava que Jimin corria um perigo real. O que nem sempre era uma regra e o feiticeiro tinha dúvidas de como o demônio decidia o que era um perigo e o que não era. Jimin já havia passado por muitas situações de vida e morte, em que o demônio apenas se sentou e riu, às vezes ele até apostava com outras pessoas em quem sobreviveria. E nem sempre ele apostava em Jimin.

E já passou por situações bestas e inofensivas, as quais Jungkook atacou sem perguntar antes por achar que Jimin poderia estar tendo problemas.

Jimin não entendia ele em absoluto.

— Você é Park Jimin Maximilian, certo? — O humano perguntou, e Jimin, mesmo desconfiado, concordou. A aura de Jungkook se expandiu, tentando assustar o Humano que recuou assustado e Jimin o acotovelou novamente.

— Pare com isso. — Repreendeu, mas Jungkook apenas firmou os olhos no humano, com um sorriso assustador.

"Eu mataria ele. Só por diversão" A voz ecoou na mente do feiticeiro, que naquele momento, como em muitos outros, não sabia dizer se aquela ligação era uma benção ou uma maldição.

A voz de Jungkook ecoava em sua mente, sempre que o demônio queria lhe falar algo em particular, o que era muito útil em momentos perigosos ou até mesmo para feitiços específicos, mas também era irritante quando não queria ouvi-lo, porque era impossível ignorar o maldito corvo em seu ombro.

Em momentos como esse, se perguntava o que havia visto de tão encantador naquele demônio idiota para se convencer de que ligar sua mente a dele era uma decisão minimamente coerente.

Culpava o seu eu jovem, tolo e influenciável, que havia se apaixonado por um cretino do pior tipo.

— Bom. O Jacky e o Will estão te esperando lá dentro. — O humano voltou a dizer, confuso e assustado com o olhar do homem sombrio atrás do feiticeiro. — Podem entrar se quiser. — Jimin tentou dar um passo à frente, mas foi segurado pelo demônio.

— Peça para eles saírem, não vamos entrar na casa de um humano idiota. — Murmurou impaciente e Jimin iria se virar para discutir novamente com o demônio, mas uma segunda figura apareceu na porta, dessa vez, um homem baixo, de cabelos loiros quase brancos, olhos vermelhos e presas afiadas.

— Algum problema? — O Vampiro perguntou. Jimin o encarou com atenção, tentando sentir o menino com mais cuidado e se corrigiu mentalmente. Vampiro não, mestiço. O garoto era um mestiço.

— Você deve ser Will, filho de Jacky Monroe. — Jimin mais afirmou do que perguntou, mas o garoto apenas riu negando.

— Will é o meu irmão. Eu sou o Isaac, prazer. — O sorriso doce do menino deixou Jimin surpreso e levemente nostálgico, ele lembrava Nora. — Eles estão lá dentro, meio que tá todo mundo reunido.

— Defina todo mundo? — O demônio murmurou, atraindo a atenção do vampiro, que engoliu em seco, levemente desconfortável, enquanto puxava o humano mais para perto.

— Somos uma família realmente grande. — Isaac afirmou e notando o desconforto do mestiço, Jimin suspirou, acostumado com essa reação.

— Tenho certeza que sim. Porque não nos leva até Monroe. — Pediu de uma vez, ignorando Jungkook, que parecia não gostar da ideia. — Não é perigoso. — Murmurou baixo para o demônio.

— Eu ficaria mais feliz se fosse, no momento, estou mais preocupado em ter que lidar com um jantar em família. Não acredito que está me arrastando para isso. — Protestou e Jimin o encarou severamente antes de lançar a ordem.

— Agora. — Exigiu, voltando a acompanhar o humano e o mestiço casa a dentro e mal havia terminado de dar dois passos quando sentiu o corvo pousando em seu ombro, e como o bom mau criado que era, Jungkook bicou o seu ouvido, só por diversão e repreensão.

Acostumado, Jimin o ignorou e seguiu até o que parecia uma enorme sala de jantar. A casa como prevista, era encantada para parecer muito menor por fora, do que era por dentro. E conhecendo Monroe como conhecia, não duvidaria de que a pequena casa térrea, na verdade fosse do tamanho de uma hotelaria, e pela quantidade de pessoas envolta da mesa, Jimin apostaria Jungkook e duas galinhas nisso.

— Jimin. Que bom vê-lo. — Jacky afirmou com um sorriso no rosto, se levantando para cumprimentar o amigo de longa data. — Parece que faz um século que não te vejo. — Jungkook grasnou alto, como um grito ensurdecedor, em uma piada muda para o outro feiticeiro, que um tanto desconfortável o cumprimentou. — Jungkook, claro, vejo que ainda estão juntos.

Jimin encarou a ave em seu ombro, que bicou sua pele por diversão e petulância, e fez o seu melhor para esconder um sorriso.

— Acho que não vou me livrar dele tão cedo. 

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