ELEMENTOS ESSENCIAIS
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Capítulo 8 — Elementos essenciais
— Você voltou. — Jimin murmurou ao sentir a cama afundando ao seu lado e não precisou de muito para sentir os braços o puxando para um abraço de má vontade. — Pensei que ficaria no banheiro a noite toda.
— Eu iria, mas ainda me lembro do quão sentimental e estupido você fica após gozar. — provocou de forma cruel.
Jimin suspirou, ele estava certo, se sentia frágil e abalado por novamente ter deixado Jungkook fazer o que bem quisesse consigo. Era um ciclo vicioso e sabia que deveria parar, mas não se sentia forte o suficiente para isso.
— Me desculpa. — Murmurou afundando a cabeça contra o demônio, que riu irônico.
— Está se desculpando pelo o que dessa vez? — A pergunta era carregada de um humor ácido, mas Jimin não sabia como responder.
Estava se desculpando por não ter aberto a porta de primeira? Por ter desconfiado do demônio? Por ainda o prender em uma ligação sem sentido? Por mesmo depois de séculos, ainda ser uma bola carente de sentimentos não correspondidos?
Tinha tanto para se desculpar que nem ao menos conseguia eleger uma como a principal.
— Por tudo, eu acho. — Murmurou baixo, frustrado. — Eu só... Não te entendo em absoluto e isso é frustrante para mim.
— Bom, é frustrante para mim também. — Jungkook respondeu com a voz irritada. — Você está sempre esperando o pior de mim.
— Você sempre me entrega o pior. — Jimin se defendeu e Jungkook riu pelo nariz, descrente daquelas palavras.
O demônio havia feito seu melhor nos últimos anos por Jimin, havia tentado ir contra seus próprios instintos pelo feiticeiro e Jimin achava que aquele era o pior dele?
— Eu sou um demônio, Jimin.
— Eu sei.
— Eu não sou um cara de flores e palavras.
— Eu sei.
— Não sou o cara que você precisa, mas continuo sendo o que você quer. Então aceite o que tem e pare de choramingar pelo que nunca vai ter. — As palavras duras calaram Jimin por um tempo e Jungkook acreditou que o menino estivesse dormindo, mas logo sentiu uma lágrima quente escorrer pela sua pele.
— Sabe que um dia iremos ter que pôr um fim nisso, certo? Que não podemos passar a eternidade assim. — Jeon franziu a testa, porque não, ele não sabia e não entendia o porquê daquilo.
— Durma e pare de falar besteiras. Você fica burro quando tá com sono. — Respondeu mal humorado, mas mesmo que o feiticeiro não tivesse aberto mais a boca pelo resto da noite, aquelas palavras não deixaram sua mente.
Em algum momento Jimin iria embora.
Jungkook sabia que Jimin pensava sobre isso, sobre a liberdade e sobre a morte, mas o feiticeiro nunca lhe falou sobre o fim com todas as palavras e só era consciente sobre esse tópico pelas vezes em que fingia sair para espiar Jimin em seus momentos de loucura e solidão.
Às vezes essa era a única forma de saber o que se passava na mente daquele garoto pertubado. E Jungkook odiava não saber o que se passava pela mente de Jimin.
//~//
— Chegamos. — Anunciou Jimin para Will, que parecia confuso ao parar em um campo aberto no meio do nada.
— O que? — Questionou encarando ao redor.
Quando acordaram naquela manhã e Jimin lhe disse que queria levá-lo para um lugar, não imaginou aquilo.
Já estavam treinando a mais de uma semana e entre aulas teóricas e práticas, estavam indo bem. Will havia entendido todo o respeito e fascínio que seu pai tinha por Jimin, que também havia entendido porque Will era extraordinário aos olhos de tantos.
— Isso não foi bem o que eu tinha imaginado. — Admitiu Will encarando em volta e seu olhar parou no demônio mal humorado, de braços cruzados e um olhar cruel, que havia se recusado a ficar em casa, mesmo que fosse contra sair.
— Eu achei que você ficaria mais confortável aqui. — Jimin explicou com um tom suave e despreocupado, como se sua atitude não fosse nada demais, mas Will notou o quão sensível e gentil Jimin era na maior parte do tempo.
Desde que haviam começado a treinar, Jimin havia lhe pedido 100% do seu poder, mas Will se continha ao máximo com medo de perder o controle e acabar machucando alguém da casa. Não falou nada sobre seu medo e desconforto, mas o outro feiticeiro não só havia notado, como havia achado uma solução.
— Obrigado. — Murmurou em um tom baixo, levemente constrangido e agradecido. — Eu não me sinto muito confortável com meu elemento. — Admitiu retraído.
— Porque não? Fogo é um dos elementos mais fortes que tem, é fonte de vida e de calor.
— Também é destruição e dor. — Rebateu o mais novo.
— É uma benção, um dom dado por criaturas superiores — Jungkook rebateu implicante. Como aquele garoto poderia reclamar dos poderes que custaram sua alma?
— O fogo me parece mais uma punição do que uma benção. — Jimin entendeu o porquê daquilo, mas negou com a cabeça.
Will havia perdido o controle do próprio poder quando era criança e por um acidente infeliz matado muitas pessoas, incluindo seus pais biológicos. Havia sido uma catástrofe e o menino havia sofrido muito pelo acontecido, era normal que estivesse com medo, mas Will precisava entender que o problema não era seu elemento.
Will não era um amaldiçoado como imaginava.
— Acha que se tivesse outro elemento, não seria tão perigoso como é agora? — Questionou com tom de compreensão para o menino, que após pensar um pouco concordou.
— Bem, sim. Existem feiticeiros de conjuração que são voltados para criação e até mesmo feiticeiros da água que são voltados para cura, então é, se meu elemento não fosse o fogo, talvez fosse mais fácil de ter controle, sem ter medo de incinerar as pessoas que eu amo.
— Ah Deus, ele me lembra você. — Jungkook murmurou com um tom de sarcasmo e descrença.
— Certo, talvez eu tenha que te mostrar uma coisa. — Afirmou se aproximando do outro feiticeiro, mas parou ao sentir o demônio também se aproximar.
— Não quero ficar aqui sozinho e se vai mostrar o que acho que vai, eu adoraria ver ele morrer de novo. — Disse com um tom bem humorado, nem parecendo o cretino de minutos antes.
Revirando os olhos, Jimin levou uma mão para a cabeça de cada um e em um suspiro, compartilhou suas lembranças com eles.
A sala úmida e abafada do porão de Sun Hall surgiu em meio a uma névoa, que aos poucos se tornava ainda mais nítida.
— Estou perdendo a paciência. — A voz grosseira rosnou irritada para o demônio preso na jaula, que ria diante a dor que sentia ao ser mais uma vez torturado.
Eryx estava a cada dia mais irritado nos últimos tempos e Jungkook desconfiava que o feiticeiro suspeitava de sua pequena e frágil aliança com o aprendiz, que agora possuía pouco mais de dezoito anos, e ainda não havia desistido da ideia utópica de uma fuga.
— Desista e submeta-se. — Rosnou mais uma vez, mas Jungkook riu, antes de cuspir sangue no rosto do feiticeiro e negar mais uma vez. — Jimin, um passo à frente. — exigiu enquanto limpava o rosto com desgosto para o aprendiz, que com o coração apertado e a garganta fechada ao ver o demônio ser torturado mais uma vez, se aproximou a passos incertos. — Mate esse bastardo de uma vez. Iremos invocar outro e tentar novamente. — Ordenou, fazendo com que o coração do aprendiz parasse.
A mera ideia fez bile subir pela sua garganta. Sentia seu corpo paralisado incapaz de se mover ou tomar uma decisão, matar Jungkook não era uma opção, mas como daria a volta na situação sem expor o que sentia pelo demônio para Eryx.
Talvez fosse um teste.
Talvez Eryz estivesse o testando novamente. Ele havia mantido Jungkook ali por anos, porque o matar agora? Porque tentar conjurar outro depois de tanto esforço com aquele? Devia ser um teste.
Ele deveria estar tentando testar sua lealdade novamente e até mesmo comprovar se Jimin possuía algo pelo demônio ou não. Devia ser um teste.
Mas talvez não fosse, talvez ele realmente estivesse se cansado de insistir e quisesse Jungkook morto, talvez realmente fosse apenas um maníaco lunático sem escrúpulos, que não pensava com coerência.
Não tinha como ter certeza.
— Jimin? — Questionou novamente ao não ver qualquer movimento da parte de seu aprendiz.
Jimin encarou Jungkook, que parecia ansioso e curioso para o próximo passo de Jimin, que em uma atitude impensada, se aproximou da gaiola, observando o sorriso do demônio morrer aos poucos.
— Garoto... — Murmurou baixo, como um aviso para que não fizesse nada de idiota, mas Jimin havia sido mais rápido, derretendo as grades da gaiola e entrando dentro do circulo mágico que prendia Jungkook.
— Jimin. — Eryx gritou possuído de raiva. — Saia daí agora mesmo e me obedeça. — O pânico e ira na voz do feiticeiro o denunciava.
Poderia estar em pânico com medo do que o demônio faria a Jimin, já que havia feito de tudo para manter o aprendiz vivo nos últimos anos, mas também poderia ter medo do que os dois fariam juntos.
— Esse é o momento. — Jimin avisou, como se fosse necessário. — Não vou te matar e não vou embora sem você. Esse é o momento. — Repetiu como um mantra e não teve resposta, porque o demônio parecia chocado e confuso, e tudo piorou ao ver o aprendiz se virando contra o feiticeiro com o olhar transbordando poder e fúria.
Jimin estendeu as mãos trêmulas para frente, e como um maestro as movimentou. Eryx ficou confuso por um minuto, mas sentiu o pavor dominar o seu corpo ao perder o controle dos próprios movimentos. Em um segundo, o feiticeiro poderoso que havia os torturado por tanto tempo, era nada mais do que um brinquedo nas mãos do aprendiz, uma marionete fraca e sem forças.
Porque Jimin treinou seu controle sobre a água e com anos de práticas, havia se aperfeiçoado na técnica de controle de sangue. Havia praticado com os ratos que se escondiam pelo seu quarto e depois com animais maiores, então funcionários da mansão, e agora, finalmente estava controlando Eryx, assim como havia sonhado por tanto tempo.
— Pare. — O feiticeiro gritou possuído de ódio.
— Solte o demônio. — Jimin ordenou com a voz esbanjando poder.
— Me solte, garoto. Deixe de insolência e deixarei você viver. — O Feiticeiro tentou novamente, fazendo seu melhor para tentar se soltar.
— Solte o demônio. — Repetiu sem se abalar.
— Ele nos matará no segundo em que for solto. — O feiticeiro o alertou, o mesmo que Jungkook repetia todos os dias, mas Jimin negou.
— Ele matará você.— Afirmou sem dúvida nenhuma.
— Você ainda é uma criança. — Desdenhou, lutando pelo controle. — No segundo em que eu solta-lo, terei minha força total. Ele pode me matar, mas te matarei antes pela insubordinação.
— Então mate. — Respondeu entre dentes, apertando as mãos fechadas, fazendo o feiticeiro se contorcer em dor e agonia. — Solte ele e me mate você mesmo.
Eryx riu, uma risada amarga e carregada de ódio, desgosto e fúria.
— Você é fraco. Eu consigo sentir. — Murmurou irritado. — É questão de tempo até que eu consiga me soltar. Irá fracassar como sempre faz.
Por um segundo, Jimin acreditou que fracassaria, que era fraco demais e que não conseguiria, mas então uma voz murmurou atrás de seu corpo.
— Kegelapan Nafsu
— O que? — O menino perguntou confuso.
— Kegelapan Nafsu. É o meu nome de conjuração. Sou um demônio da escuridão. — Os olhos do demônio estavam presos no feiticeiro mais velho e conseguia sentir que Jimin perdia forças a cada segundo.
— Irá se submeter a mim? — O menino questionou chocado, porque nunca acreditou que Jungkook faria algo como aquilo, quem dirá que o ajudaria.
— Me garanta que quando morrer todo seu poder será meu e eu aceitarei.
— Eu garanto. — Concordou sem pensar duas vezes.
— Aguente até que ele me solte e então me convoque. Terá apenas alguns segundos antes dele retomar o poder.
Jimin concordou, apertando ainda mais as mãos, ouvindo o homem gritar.
— Irá perder Jimin. Não importa a perspectiva, irá perder. — Rosnou entre dor e raiva.
— Solte ele e me mate com suas próprias mãos.
— Acha que ele te salvará? Que ele se juntará a você? Você é um tolo se acredita nisso. Ele é um demônio, te trairá assim que tiver oportunidade.
— Me prove que estou errado. — Respondeu apertando ainda mais e com um sorriso irônico, Eryx o soltou.
— Ego vos liberabo — Pronunciou quase sem forças, antes de cair no chão, tentando recuperar suas energias.
Jungkook parecia chocado por um segundo, e com rapidez levou as mãos trêmulas de Jimin até seu peito.
— Rápido.
— Invoco te Kegelapan Nafsu quia virtute tua et auxilio tuo indigeo. Usque in finem et in vicissitudinem meam tibi offero potestatem et omnia que habeo in die obitus mei. Sicut vis. — Jimin murmurou com rapidez, as palavras já conhecidas de conjurações anteriores. E sentiu seu poder renovado assim que Jungkook se submeteu ao seu poder.
Sem pensar quebrou o círculo que os prendia e iria se voltar para Eryx na tentativa de prendê-lo novamente, mas antes que pudesse, o chão se moveu debaixo de seus pés e seu corpo se afundou. Em meio às pedras.
A dor o atingiu, esmagando seus ossos e comprimindo sua carne, tirando o ar de seus pulmões, em uma dor cruciante que parecia lhe matar aos poucos.
— Você foi um erro, Jimin. Irei matá-lo com prazer, assim como deveria ter feito a muito tempo. — As palavras carregadas de ódio ecoaram pelo porão e Jimin procurou com os olhos por Jungkook, na esperança de que o demônio o ajudasse naquele momento em que estava indefeso e machucado, mas Jungkook não estava mais lá. — Ele foi embora, assim como eu disse que ele iria.
— Está errado. — A voz trêmula e assustada saiu de sua boca, incerta e apavorada.
— Estou? Você lhe prometeu poder no dia de sua morte, como um tolo faria. E tudo o que ele precisa é esperar que eu te mate para que tenha o que deseja, acha mesmo que ele voltará para te salvar? Ele estará livre no momento em que você sucumbir.
Jimin sentiu seus olhos tremendo, as lágrimas escorrendo em um medo crescente, mas pelo menos morreria sabendo que havia o libertado, que ao menos Jungkook estaria livre e forte o bastante para não voltar para aquele porão. Ele poderia não ser livre por muito tempo, mas pelo menos não estaria mais com Eryx.
— Acha mesmo que sou eu quem está errado? — O Feiticeiro perguntou com prazer em sua voz ao ver o menino desolado e sozinho. Com o olhar vazio ao ser atingido por tristeza e conformidade.
Jungkook nunca havia lhe prometido nada, muito pelo contrário, sempre afirmou que o deixaria morrer se pudesse. O demônio não havia o enganado, Jimin havia se enganado sozinho ao achar que merecia algo em troca, ao acreditar por um segundo, que era digno de felicidade.
— É, você está errado. — A voz do demônio surgiu ao mesmo tempo em que Eryx gritou em agonia, ao sentir o aço perfurar seu peito, direto no coração.
Jimin mal acreditou ao ver o corpo cair sem vida e chorou ao sentir a força que o prendia ao chão sumir aos poucos. Jungkook estava de pé, atrás do feiticeiro o encarando com rancor e desgosto.
— Consegue sair daí? — Questionou sem realmente se preocupar, mas Jimin confirmou soltando a terra ao seu redor para conseguir mover os braços e então o mover para cima. Mas mesmo solto, era incapaz de se mover completamente.
— Não sinto minhas pernas. — Jimin admitiu, com a voz fraca e chorosa, e logo ouviu o demônio bufar.
— Vou te ajudar.
Assim que a lembrança acabou, Will se viu novamente de frente para Jimin e Jungkook em meio a um campo aberto. Estava ofegante e confuso, com o peito apertado pelo que havia visto.
— Aquilo... — Tinha muitas perguntas e não sabia como fazer nenhuma delas, mas Jimin foi mais rápido, lhe lançando um sorriso doce e sincero ao acrescentar com um tom suave e acolhedor.
— Todos os elementos podem ser perigosos e essenciais se usados da forma certa. O fogo não é mais perigoso do que a água, ou do que a terra. Tudo depende de como você utiliza o poder que tem. Tudo depende do que você decide ser.
| SWEET DEMON |
Quem pegou a referencia de avatar?
(Sim, eu amo a Katara e sua dominação de sangue)
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