ANGUSTIA
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Milagres acontecem
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Capítulo 9 — Angustia
— O que aconteceu depois? — Perguntou para o feiticeiro que parecia confuso.
— O que?
— Depois, depois que vocês saíram naquele lugar. O que aconteceu? — Jimin suspirou em compreensão ao entender a pergunta e Jungkook riu pelo nariz, ansioso pela resposta do seu feiticeiro.
— Jungkook me arrastou até um bordel na cidade vizinha, onde ficamos hospedados por quase um ano, enquanto eu estava paralisado. Precisei de muitas sessões de cura para recuperar os movimentos das pernas e lá era um lugar onde ninguém fazia perguntas.
Explicou, se lembrando com pouca saudade das noites difíceis que passou. Com dores, poções, medos e Jungkook sendo Jungkook.
— Foi uma época divertida. — O demônio resmungou para Will. — Não tinha algemas, Jimin precisava de mim para tudo e por isso era menos mandão. E o Le Noir era um bordel realmente agradável, se é que me entende. — Will franziu o nariz, negando.
— Não. Eu não entendo.
— Uma pena, as mulheres daquela época eram mais dispostas a agradar. — Continuou com um tom nostálgico que fez Jimin se enojar.
— Certo. Jungkook é um pervertido nojento, mas essa não era a lição do dia. — Jimin insistiu olhando para seu aprendiz. — Queria lhe mostrar que não é o poder que faz você, é você quem faz o poder. Fogo pode sim ser dor e destruição, mas também pode ser mais do que isso se você quiser que seja.
Will concordou, respirando fundo e desejando que fosse mais. Seria ótimo chegar em um dia em que não temesse acordar sozinho em uma casa incinerada.
— Por favor, me ensine.
//~//
— Você está cansado, talvez eu devesse cuidar disso para você. — Thom resmungou para Will, massageando a base de seu pescoço com carinho, enquanto o feiticeiro ajudava o irmão a fechar a loja.
— Não precisa, amor. Pode ir para dentro, estamos finalizando e logo vamos também. — O feiticeiro sorriu para o namorado, antes de dar um beijo em seus lábios e um sorriso sincero.
Jimin observou a cena, carregada de amor e afeto e sentiu seu peito pesar em pura inveja, um sentimento feio e corrosivo, algo que estava a cada dia ficando ainda mais presente em sua vida.
Todos naquela casa eram malditamente felizes e apaixonados. Todos pareciam viver um conto de fadas, um amor verdadeiro e bonito. Jimin sentia que poderia morrer às vezes.
Era como mostrar um brinquedo a uma criança e depois queimá-lo na sua frente. Era como negar comida a um faminto ou passar álcool em uma ferida aberta. Era destrutivo e corrosivo.
— Estávamos pensando em ver um filme mais tarde. O que acha? — Isaac questionou para Jimin. O mestiço gostava do novo feiticeiro, ele estava ajudando seu irmão e parecia gentil e amigável, queria que ele se sentisse mais confortável em sua casa, já que às vezes, Jimin parecia miseravelmente infeliz.
— Acho melhor não... — Murmurou em um tom baixo e indeciso. — Na verdade, estava pensando em dar uma volta hoje.
— Uma volta? Onde? — Jungkook questionou confuso, já que Jimin não havia comentado nada sobre e muito menos lhe perguntado.
— Eu não sei. Ainda estou pensando. — Respondeu em um tom neutro, que fez Jungkook crispar a boca.
— Não me falou que iríamos sair. — Jogou verde, tentando ter certeza de sua teoria.
— Pretendo ir sozinho. — Respondeu indiferente, mas Jungkook se irritou ao ter sua confirmação. Sabia bem o que o feiticeiro queria e não gostava nada daquilo.
— Fique em casa. — Resmungou mal humorado. — Não existe nada lá fora para você.
— Bom, eu só vou saber se eu procurar. Certo?
Errado. Pensou Jungkook.
Odiava quando Jimin resolvia se arriscar. Sabia que o mundo não era mais como antes e que não teria que salvar o menino de homens cruéis, violentos e hipócritas, mas tinha pesadelos com aquilo e ainda não havia se decidido o que era pior, quando eles o espancavam ou quando o tocavam, Jungkook odiava as duas opções e para sua infelicidade em momentos como aquele, Jimin não pensava em uma terceira opção.
— Posso conversar com você um segundo? — Perguntou entre dentes.
— Agora não. Estamos terminando de fechar. — Jimin negou, fingindo que não sabia sobre o que Jungkook queria discutir.
— Ah, não se preocupe. A gente fecha. — Isaac afirmou com um tom gentil, tentando ser prestativo, o que fez Jimin suspirar ao sentir o demônio segurar seu pulso e o arrastar para dentro da casa.
Assim que chegaram no quarto em que estavam ficando, Jungkook o encarou com a raiva contida, mas permaneceu em silêncio.
— O que foi?
— O que foi? — Repetiu irritado, irritado pela situação e por Jimin fingir não entender a situação. — Eu que pergunto o que foi? Porque quer sair?
— Porque ao contrário do que você pensa, eu não sou seu prisioneiro. — Respondeu com calma e paciência, enquanto andava pelo quarto em direção ao guarda roupa, que havia encantado para conter tudo o que precisava a um movimento de mão.
— Jimin. Você sabe o que acontece sempre que você sai. — Jungkook resmungou com falsa paciência.
— Não estamos mais no século XV. Ser Gay não é mais um crime com pena de morte. Pelo menos, não para todos. — Resmungou como se tivesse a razão ao seu lado, mas Jungkook discordava.
— Você não é só gay, é um submundando. Para muita gente deveria estar morto só por existir.
— Isso também não é mais um problema, lembra? — Jungkook rosnou, irritado por não ter mais aquele argumento ao seu lado.
— Te fiz gozar uns dias atrás, não é o bastante? — Questionou frustrado.
— Costuma ser o bastante para você? — Rebateu com outra pergunta e Jungkook engoliu a resposta mal criada que entregaria a verdade patética que escondia com tanta vontade.
— Fique e faremos de novo. — Ofereceu, como se aquela fosse a solução, mas Jimin sentiu o peito apertado e o ar lhe faltou por um segundo.
Se sentindo exausto de repente, fechou o armário e caminhou a passos lentos até o demônio no meio do quarto. Segurou suas mãos e o levou até a cama, para poder conversar olhando em seus olhos.
— Não. — Respondeu com a voz fraca, o que frustrou ainda mais o demônio.
— Está sendo ridículo.
— Você não tem que fazer isso por mim toda vez. Isso só piora nossa situação. — Explicou com calma, com um tom de voz suave que só irritava ainda mais Jungkook. — Você tem necessidades e eu entendo, mas você também tem que me entender.
— Não é seguro. — Rebateu como um mantra, como se aquele fosse seu único argumento e não soubesse mais o que poderia dizer para impedi-lo.
— Eu sou grande o bastante para me proteger sozinho. — Insistiu, mas Jungkook negou. — Você sabe que eu sou. Não é mais como antes. O mundo não é mais o mesmo e eu também não.
— Já ouvi tudo isso antes e sempre acaba do mesmo jeito. — Debochou irritado. — No final, quando um deles te machucar a ponto de quase te destruir, estarei lá para te salvar e fazer o que deveríamos ter feito desde o começo. Porque será para sempre assim.
— Até não ser.
— O que quer dizer?
— Que você estará lá para me salvar até não ter mais do que ser salvo. Que voltarei para você até não ter mais para quem voltar. — Jimin suspirou, desviando o olhar. — Você não quer mais do que... isso? — Questionou indicando ao redor deles, e mesmo que fosse ambíguo sabia que Jungkook havia entendido.
— Não.
— Tenho pensado sobre isso. — Admitiu com a voz trêmula. — Em tudo isso. Neles e... bom, em nós. — Deu de ombros, tentando disfarçar o próprio desconforto, mas quando encarou Jungkook nos olhos, soube que ele sabia. — Talvez...
— Talvez o que? — Perguntou irritado e frustrado com Jimin, com todo aquele assunto e com a hesitação do feiticeiro.
— Eu não sei, Jun. Eu só... acho que, isso não é mais o suficiente. — murmurou engolindo em seco. — Ter você a cada século, em noites vazias de pena e condescendência nunca me pareceu certo, e eu...
— Eu não tenho pena de você. — O interrompeu mal criado, mas Jimin continuou.
— Eu sei que você acha ridículo e que eu sou idiota por insistir no erro quando o mundo todo já me mostrou que nunca terei mais do que isso, mas se eu não tentar, estarei concordando que não mereço mais, estarei desistindo da única chance em um milhão que eu posso ter.
— Você não tem. — Interrompeu. Odiava a ideia de Jimin amar outro, dele encontrar outra pessoa, uma que conseguiria suprir tudo o que Jungkook era incapaz.
— Eu posso ter. — Tentou novamente, sorrindo fraco. — Sei que... é difícil pra você, e é pra mim também, mas... Vou tentar mais uma vez. O mundo mudou e talvez agora eu consiga, pelo menos, um pouco do que eles têm.
— Você tem a mim. — Rosnou, transbordando amargura e descontentamento e Jimin não respondeu com palavras, porque provavelmente choraria ao afirmar que nunca teria o demônio da forma como queria.
//~//
Jungkook observava tudo o que acontecia no lugar. Estava com as garras fincadas na armação de ferro que sustentava a iluminação do bar. Para sua sorte, seu posto era escuro o suficiente para ninguém enxergar o corvo, mas estava infeliz o suficiente para ver Jimin entre tantos homens.
Um bar gay. Um bar para homens gays encontrarem outros homens gays. Aquilo deveria ser um pesadelo.
Jungkook se lembrou da época calma em que não tinha que se preocupar com algo como aquilo, porque era inaceitável aos olhos da sociedade.
Se recordou com desgosto da primeira vez em que Jimin se arriscou em algo como aquilo. Após quase um ano preso em um prostíbulo, sendo cercado por mulheres com pouca roupa, o feiticeiro não pensou direito ao se arriscar com o primeiro homem que lhe deu segundos olhares.
Para sorte de Jungkook, foram pegos antes que o homem pudesse entrar nas calças de Jimin. O irmão do homem fez um escândalo com a cena e o homem não pensou duas vezes antes de acusar Jimin de seduzi-lo. Foi a primeira vez que Jimin foi acusado de bruxaria por homens que simplesmente não admitiam seus próprios desejos sujos.
E após deixar Jimin levar uma pequena, mas em sua opinião merecida, surra, o salvou dos homens que pareciam decididos a matá-lo.
Depois disso Jungkook o arrastou para o quarto, onde tentou provar seu ponto de que Jimin não deveria voltar a se arriscar daquela forma, e que se fizesse, não deveria pensar duas vezes em matar para se proteger, mas o feiticeiro tentou de novo e de novo. O que só irritava ainda mais o demônio.
— Sua insolência ainda vai matá-lo. — Gritou para o menino, que com dor, tentou se sentar na cama. Havia tentado lutar contra os homens que o atacaram, sem usar magia para não despertar ainda mais alarde, mas havia apanhado muito até Jungkook chegar para ajudar. O demônio por sua vez, não fazia tanta questão de esconder o que eram. — Desista dessa merda e viva sua vida medíocre em segurança.
— Eu não consigo. — Jimin resmungou com lágrimas e ressentimento na voz. — Não consigo. Eu tentei dormir com elas, mas não funciona para mim. — Afirmou com um tom desolado. — Acredite, queria mais do que tudo ser normal, mas não sou. Eu continuo voltando para isso e...
— Que inferno. — Gritou irritado, batendo com raiva no armário de madeira maciça. Cansado daqueles argumentos de sempre. — Estou preso para sempre a um maldito pirralho hormonal. — Jimin se encolheu, machucado por dentro e por fora.
Havia passado os últimos anos vendo Jungkook quebrar seu coração dia após dia. E havia notado seu erro tolo e infantil, ao ter idealizado um futuro que nunca aconteceria.
Havia tentado ser amigo dele, mas o demônio não parecia disposto a ser amigo de alguém que possuía tanto poder sobre si. Sempre o afastando, sempre o negando, sempre deixando claro o quanto o desprezava e no fundo Jimin tinha medo de que suas palavras fossem verdadeiras, porque gostava do demônio e pensar que, não apenas não era recíproco, como era o contrário, quebrava seu coração.
Jimin não demorou tanto assim para perceber que havia cometido um erro. Que se prender ao homem que não o retribuía era uma tortura e que estava condenado a uma vida a beirada. Desejando algo que nunca teria. Que sempre desejaria mais de alguém que nem sequer lhe daria o mínimo.
Jungkook estava infeliz. Jimin podia ver pela forma irritada como ele estava, frustrado por permanecer ali.
No primeiro ano, paralisado, Jimin precisava dele para sobreviver. Nos anos seguintes, precisava dele para se adequar e se proteger, mas agora, Jungkook era mais um desejo do que uma necessidade. E o feiticeiro se sentia egoísta por mantê-lo ali contra sua vontade.
Poderia correr perigo ou ser morto, sinceramente, ele não tinha certeza se se importava ao todo em viver ou morrer naquele ponto. Já havia fugido, já havia conseguido os anos de liberdade com os quais tanto havia sonhado e já havia se frustrado ao ver que aquilo não era o suficiente para ser feliz como inocentemente havia imaginado.
— Passarei a eternidade limpando sua bunda, como... — Jungkook se calou ao sentir o elo ser quebrado, como uma corrente que se soltou e assustado encarou o feiticeiro. — Que porra foi...
— Não precisa ficar. — Murmurou com a voz firme, mesmo com lágrimas nos olhos. — Pode ir se quiser.
— Você é... maluco se acha que sobrevive um dia sem mim. — Gritou o demônio, parecendo ainda mais irritado e confuso.
— Eu te chamo se precisar. Você não precisa ficar aqui se não quiser. — Repetiu, com o coração apertado, se recusando a chorar na frente dele.
Observou o demônio lhe encarar com indignação e raiva, e bater a porta ao sair. Sozinho, machucado e exausto, Jimin se permitiu chorar em silêncio, encolhido em uma cama dura em um quarto frio.
Deixou para pensar o que faria no dia seguinte, quando a conformidade da solidão fosse mais concreta e seu coração tivesse aceitado a realidade, mas quando acordou no dia seguinte, com dor de cabeça pelas horas de choro e o peito transbordando de angústia, encontrou Jungkook no poleiro, como se nunca tivesse ido a lugar nenhum.
| SWEET DEMON |
Ainda tem alguém lendo?
Vocês gostam dessa história?
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