Chapter Three
𓈒 🗓️𖧚 ග . ⁕ 𑇛
⠀⠀ Olá, meus queridos leitores!
໑𓈒ʿʿ𖧷 ⵓ Hoje lhes trouxe mais um capítulo desta longfic na categoria do drama/Sad, é um enorme prazer estar dando continuidade neste trabalho que por muito esteve em longa pausa.
໑𓈒ʿʿ𖧷
— Você está uma graça com essa fita presa na cintura, Taylor — proferi ironicamente, arrumando um pouco o terno do segurança.
— Eu não sou pago para isso! — murmurou, entre os dentes. Ele até mesmo cogitou apontar um dedo, mas meu arquear de sobrancelhas fora hostil o suficiente para impedir a concretização do ato.
— Tem certeza disso? — permaneci no tom inicial.
Quando o rosto de Taylor começou a ficar vermelho enquanto ele tentava controlar-se para não me responder, rolei os olhos, retornando à brincadeira inicial de tentar apertar a parede sob meus dedos. Se paciência fosse a única virtude dos humanos que lhes garantisse a entrada no céu, eu estaria queimando no inferno agora mesmo, por mais que ainda não estivesse morta.
Uma gota de suor escorregou pela lateral de meu rosto, e tentei passar o tempo deslizando a jaqueta lentamente para fora do corpo até que, enfim, o celular vibrou em minha cintura.
Joguei a peça de couro sobre Taylor e deslizei a tela.
"Está feito."
Chequei o corredor branco. Aqueles idiotas haviam demorado tanto, que foi uma surpresa ver que o alvo ainda estava no mesmo local. Dei o primeiro passo devagar para que o barulho estivesse totalmente calculado antes da ação.
E estava.
— Ei, Josh! — chamei-o, para que ele não tivesse o privilégio de me descobrir.
— Clarice? — O pequeno livro que lia foi fechado. — O que você está fazendo aqui? — O baterista do One Direction deu um passo para trás.
Soltei uma risadinha divertida, apesar dos vestígios de amargura.
Fiz um gesto de cabeça para Taylor, que compreendeu de prontidão. Agradava-me bastante o seu porte imponente, que trabalhava em conjunto com um tipo de semblante ameaçador inflexível. Ele puxou a fita adesiva com rapidez, provocando um ruído que conferiu presunção ao meu sorriso.
Josh olhou para os lados, mas não havia saída.
— Te substituindo.
Como de praxe, eu era a única mulher no palco quando Harry fez a contagem que dava início à Midnight Memories e, consequentemente, ao show. O estádio histérico gritou até estremecer, levando o próprio sistema nervoso à beira de um colapso para só então começar a cantar junto, ainda aos berros descontrolados.
Apesar disso, estar na bateria do One Direction foi... agradável. Ela fazia um belo par com a guitarra, e as vozes dos meninos viriam a ser um surpreendente complemento. Entretanto, eu não poderia dizer o mesmo sobre a The Breath Takers, porque em minha banda, a voz de Pierre servia para amaciar sua alma, preparando-a para a vibração que viria em seguida. Lá, o som dos instrumentos era tão entorpecente, que sua capacidade de roubar essências mal é notada. Nós não só éramos ladrões de fôlego, afinal; esse era apenas o termo eufemista para um descarado roubo de almas. Porque quem quer que nos ouvisse, seria inteiramente nosso.
Os outros instrumentistas não tardaram a notar que havia algo estranho na banda. Foi engraçado acenar para eles e acelerar o ritmo da bateria uma ou duas vezes, visto que não havia para quem denunciar minha presença, e tudo o que poderiam fazer era me seguir. Mas então, ao fim da terceira música, fui localizada por Zayn.
Ele estava com as costas coladas às de Liam, os olhos fortemente cerrados, denotando a concentração em sua perfeita nota, longa e altíssima. Por algum motivo, seu campo visual ampliou-se até mim quando retomado, e Zayn Malik parou de movimentar os lábios, dando passos impulsivos para a frente, em um misto de incredulidade e aflição.
Tendo o cuidado de afastar o microfone antes, ele inquiriu:
— O que você está fazendo aqui, porra?
Seu corpo magro não trajava nada além de uma regata do Batman, jeans surrados e all star. Eu me perguntei, por um momento, como poderia levá-lo a sério, até mesmo cogitei a possibilidade de manter meu sorriso instantâneo e apenas continuar tocando.
— Você não ligou... — Meus lábios desenharam, por fim, e dei de ombros.
Então Harry começou a cantar algo sobre ir devagar e se entregar pela noite. Era a minha música favorita da banda — Why Don't We Go There —, principalmente porque a voz de Styles incrustada nela fazia com que tudo soasse mais doce e estupidamente arrepiante. Eu estiquei o pescoço à procura dele; não foi muito difícil identificá-lo com o montante de cabelo preso por um troço azul, e sobre os ombros, algo xadrez. Ainda que nada daquilo me agradasse, Harry em si constituía o mais adorável ser. No instante seguinte, meus olhos aproveitaram-se do fato de ele estar de costas e fixaram-se em seus ombros. Eu os amava.
Quando a voz de Malik ressoou pelo estádio, porém forte e rouca, a parte livre de minha atenção voltou-se para ele. Não que tenha durado muito, pois Josh estava bem atrás, com dois seguranças flanqueando-o.
— Puta que pariu! — exclamei, impulsivamente.
Com a respiração um pouco mais pesada por ter sido pega de surpresa, tentei chamar o nome de Zayn baixo o suficiente para que mais ninguém escutasse, mas a tarefa não foi fácil. Só quando ele também notou o baterista original — e isso ocorreu somente no fim de sua estrofe — deduziu a merda que eu havia aprontado.
Os dois seguranças foram gentis ao me tirar da bateria, e aproveitei a deixa para erguer-me com uma pose de dama recatada da alta sociedade. Malik havia apressado o passo para me resgatar, e eu estendi-lhe a mão direita com um singelo sorriso.
Mão essa que foi pega por Liam.
Ele me sorriu de um modo ligeiramente sujo, e em uma resposta imediata, impulsionei meu cotovelo um pouco para trás. Antes que finalmente aceitasse sua ajuda, meus lábios ainda vibraram indecisos entre um sorriso e uma careta. Os dele, quando próximos o suficiente, roçaram em meu ouvido com uma risada rápida.
— Você está ótima, Clarice... — Liam despejou em seu sotaque carregado, antes que eu pudesse me afastar.
Zayn já havia começado a andar para trás, sua atenção oscilando entre a música e minhas atitudes. Antes que eu pudesse me virar para Josh, ainda registrei seu total desespero: como não poderia parar de cantar para dar um berro, apesar de sua voz soar uma oitava mais baixa para dar destaque à de Liam, suas mãos o fizeram, projetando-se bem abertas em um gesto mundialmente conhecido como "pare".
Eu não fui impedida, contudo.
— Au revoir — despedi-me do baterista original, mandando um beijo no ar, em conjunto de uma risadinha presunçosa.
Josh limitou-se a lançar-me um olhar enfezado; eu soube que ele desejava poder proferir algum tipo de ameaça, mas ninguém ousaria enfrentar a maldita Clarice Lefevre.
Até porque não havia nada que pudessem fazer contra ela.
Girei em meus Louboutin, rindo à toa. Foi só aí que me dei conta de que Harry havia começado a cantar o refrão, e o fazia diretamente para mim, aproximando-se de modo que cada passo seu estimulasse as batidas tépidas de meu coração. Gostava de sua maneira de cantar aquela música, pronunciando os finais dos versos com palavras alongadas que faziam-no segurar a barriga na altura do diafragma e cerrar seus belos olhos. Absolutamente encantador.
Quando ele puxou minha mão e entrelaçou nossos dedos, já de frente para mim, senti que meus tímpanos estourariam por conta do delírio da plateia.
— Por que você não vai lá comigo? — indagou, sugestivo, sem perder o ritmo.
— Eu vou para onde você quiser, mon amour. — Deslizei as mãos por seus braços até alcançar seus ombros, e por fim, os lados de seu pescoço, que acariciei enquanto Hazz apertava minha cintura, pronto para me beijar.
Eu cheguei a sentir sua respiração em meu rosto, no entanto, antes que o ato fosse consumado, porém, uma mão puxou-me depressa pelo pulso. Meu tronco chocou-se brevemente com outro, e ao abrir os olhos, deparei-me com o irlandês sorrindo ladino.
— Olá! — ele saudou antes de levar o microfone à boca. — Ela não vai porque... Ahn, eu não vou deixar, Styles... — E moveu as sobrancelhas de um jeito divertido para o resto da arena.
Enquanto Zayn puxava Harry na direção contrária, Niall me empurrou devagar, colocando-me atrás de si. Quando ele começou a cantar, virou-se imediatamente para mim, fazendo uma espécie de dancinha, ao estalar os dedos. Eu improvisei, dando batidinhas ao longo do corpo ao ouvir a palavra "viciado".
Horan continuou me guiando para longe e segui-o, movendo os quadris de um lado para o outro e jogando os cabelos para trás. Entendendo aquilo como animação, ele me ofereceu o microfone. Aproveitei a série de "nãos" para balançar o indicador, e agradeci mentalmente por não ter havido insistência. Afinal, eu não havia herdado a voz de meu pai ou meus tios, só a presença de palco e alguma coordenação motora, aprimorada até ser o suficiente para a bateria.
Na borda contrária à nossa, Louis enfim começou a cantar. Aquela fora a deixa para Niall sussurrar que eu devia ir, também me indicando a direção. Assenti, apenas minimamente contrariada, e depositei um beijo suave em seu rosto, acenando para a plateia apenas por não ter ouvido um xingamento sequer.
Os gritos intensificaram-se só mais um pouquinho, fazendo com que os outros meninos virassem para checar se eu não estava fazendo alguma outra merda. Aproveitei a fugaz conexão visual para soprar um beijo para Louis, um com extremo ar de "bitch, I'm back".
Ao passo que atravessava o palco para poder deixá-lo, Harry e Zayn travavam uma batalha épica de empurra-empurra, contrastando comicamente com a letra da canção. Ao fim do último verso, Malik liberou um suspiro teatral, a mão livre nas costas de Harry, que no meio das palmas, após curvar-se, livrou-se do microfone e saiu correndo.
Em minha direção.
Eu queria ter dito para que parasse, mas não pude. Hazz não disse uma palavra sequer; seus lábios apenas colidiram com os meus em um beijo cheio de saudade. Ele me puxou contra seu corpo, e a voracidade foi tanta, que perdi o fôlego depressa enquanto ameaçava me afastar, sendo de prontidão impedida por uma de suas mãos enterrando-se em meus cabelos. Sorri de lado, correspondendo de maneira tão ou mais intensa.
Harry escorregou os lábios úmidos para meu ouvido direito, aproveitando para me abraçar enquanto sussurrava:
— Me desculpe pelas manchetes...
— Você sabe que pode me maltratar de verdade quando quiser. — foi o que respondi, mordendo seu lábio inferior e puxando-o para mim.
Ele riu, dando um tapinha discreto em minha bunda.
— Mas, falando sério... — Suspirei. — Eu vim te pedir desculpas pelas manchetes. Não queria ter te causado tantos problemas.
— Ah, e não deveria mesmo — Harry usou um tom audacioso. — Eu ainda estou pensando no que vou fazer com você, Clarice. E não pretendo pegar leve dessa vez.
— Vou me preparar psicologicamente para isso — prometi.
Ele selou nossos lábios uma última vez, e nos primeiros acordes de Rock Me, seguimos caminhos contrários.
Embora soubesse que parte de sua essência estava entre meus dedos, isso não significava que nosso contato físico não havia resultado em uma troca mútua. Rolei os olhos, mas havia a droga de um sorriso fixo em meus lábios trêmulos.
Harry me tinha em suas mãos.
Por inteiro.
Que filho da puta.
Três horas mais tarde, ainda naquela noite, meu namorado irrompeu por seu próprio quarto de hotel, pisando firme. Suas bochechas estavam vermelhas, e a primeira coisa que ele fez foi arrancar o casaco, o paninho de sua cabeça e esfregar o rosto com as mãos. Ele sequer checou se era mesmo eu na cama redonda, apenas jogou-se de costas no móvel também.
— O Josh está tentando me convencer a deixar te matar — ele murmurou. — E eu estou realmente tentado a não só permitir, mas a ajudá-lo. Você é louca!
Sentei-me, liberando uma risadinha. Precisei engatinhar um pouco para alcançá-lo e acariciar o lóbulo de sua orelha. Harry olhou-me de soslaio por um momento durante meu gesto, então voltou a encarar o teto.
— Você não vai me seduzir, sabe?
— E por que eu ousaria, huh? — Desci os dedos lentamente por seu pescoço, deixando que minhas unhas arranhassem o local levemente, antes de alcançarem a gola de sua camisa.
— Clarice, você é uma pessoa horrível... — ele me acusou, uma de suas mãos encontrando a minha e estimulando-a a continuar descendo, o que me fez rir alto antes de esticar ainda mais o corpo e beijar seus lábios.
Harry segurou meu rosto como podia, visto que estávamos com as cabeças em lados opostos. Senti o anel em seu polegar roçar em minha bochecha, e então uma mordida leve em meu lábio superior antecedeu o contato entre nossas línguas, que brincaram em uma característica intimidade ávida.
Usei seu peito de apoio para uma mão; a livre ocupou-se em subir por sua blusa e escorregar por sua barriga, ao mesmo tempo em que as pontas das unhas ameaçavam invadir o caminho para dentro de suas calças. Styles grunhiu alguma palavra indecifrável, colocando meus cabelos para trás e segurando-os para que não voltassem a cair. Aquilo acabou fazendo com que minha cabeça ficasse inclinada, deixando meu pescoço à mostra.
Não contive um gemido rouco quando os beijos foram estendidos até o local, logo se transformando em mordidas cínicas que arrepiaram-me todo o corpo.
— Você sabe que não deveria ter vindo, 'né? — ele murmurou contra minha pele.
— Uhum... — concordei, longamente. — Mas não é como se você não tivesse gostado.
Ele teve o cuidado de afastar-me o suficiente antes de levantar em um rompante, recobrando a consciência.
— Mas que inferno, Clarice, você tem que parar de aprontar assim! — Harry deslizou os cachos por entre os dedos, balançando a cabeça negativamente e rindo incrédulo. — Terça-feira soa como fim de semana para você?
— Ecoute, mon amour... — Abracei-o por trás, falando bem perto de sua orelha. — O que mais eu poderia ter feito diante daquele escândalo? — Beijei o canto de sua boca. — E, além do mais, não tive tempo para combinar nada com o Josh... Eliminá-lo foi a solução mais viável.
Styles chegou a segurar meus braços para livrar-se deles, mas sua risada interrompeu o ato, e ele deslizou as mãos até alcançar as minhas, entrelaçando-as.
— Você é louca! — disse mais uma vez.
— E você me ama mesmo assim...
Não obtive uma resposta.
Hazz apenas virou-se tão rápido, que só senti minhas costas chocarem-se contra a cama e o peso dele sobre mim. Nós nos beijamos como animais famintos um pelo outro, enquanto ele puxava minha cintura para melhor pressionar o quadril contra o meu. Em instantes, sua blusa voou longe, e deparei-me com os rabiscos em seu peito, rolando os olhos para a maldita borboleta na altura do estômago.
Harry notou, e para tirar minha atenção dali, apertou meus seios por cima do sutiã. Sem paciência, porém, puxou a peça para baixo com força, quase quebrando o fecho frontal.
— Eu precisava te pedir — ele despejou, ofegante — para não fazer nada assim até sexta — continuou. — Mas acho que não importa se acontecer de novo. Quando você bem entender.
Ele ergueu-se para abrir o cinto, puxando, em seguida, o jeans para baixo até metade de suas coxas, repetindo o ato com minha meia-calça, e ouvi o som do tecido fino se rasgando.
— Harry! — o repreendi, mas ele já estava sobre mim outra vez, procurando o caminho para um pouco mais além.
Livrei-me de minha própria blusa e Styles não tardou a enterrar a cabeça em meu colo, fazendo com que eu jogasse a minha para trás ao afundá-la no travesseiro, enquanto ele movia o quadril devagar sem consumar o ato por inteiro, apenas na base das ameaças.
Foi quando um som estridente nos despertou, e Harry concentrou-se nele por um momento. Ao reconhecê-lo, pulou para fora da cama, erguendo a calça e retirando o aparelho celular do bolso.
— Alô? — atendeu prontamente, e eu soube que tratava-se de alguém da gestão quando ele afastou o objeto do ouvido, fazendo careta.
— Mas não se pode nem... — parei antes de concluir a frase, pois ele estendeu a mão livre e balançou-a o mais rápido que pôde. Revirei os olhos em frustração, mas meu namorado já estava indo na direção do banheiro, quietinho, e ainda fechou a porta.
Eu atrevi-me a esperar, mas não o fiz por mais que cinco minutos; deixei a cama, retirei o que restara de minha meia-calça e larguei os dois pedaços pelo chão do quarto. Então fui atrás do menino apavorado.
— Eu sei disso! — ele explodiu com a voz levemente alterada assim que espiei pela fechadura. — Eu pedi um tempo.
Harry apertou o celular com tanta força que me perguntei, por um momento, o estrago que aquela raiva poderia causar no meu corpo mais tarde. Daí meneei a cabeça, encostando a testa na porta para rir de como eu era idiota.
— Então me dê a porra de um tempo, caralho! — ele berrou, e como um mar furioso, derrubou tudo o que havia em sua frente. O barulho repentino através da madeira fez-me afastar depressa, mas logo retornei: eu era uma banhista insana, jogando-se de braços abertos em um tsunami. — Eu não vou discutir essa merda de novo, está me ouvindo? — Harry soltou um riso debochado e eu franzi o cenho, curiosa. — É o meu tempo!
Contudo, eu não estava mais prestando atenção, porque o que tinha ouvido, por mais que estivesse um pouco desprovido de coerência, havia sido o suficiente para constatar que ele estava fazendo algo próximo a reagir. Caí na gargalhada sozinha, e joguei-me na cama, de braços abertos, respirando com alguma dificuldade. Era simplesmente inacreditável.
Harry Styles não disse nada quando voltou ao quarto, mas a tonalidade de seu rosto gritava por si mesma: ele estava puto. E foi nesse contexto que tiramos as roupas e mergulhamos um no outro a noite inteira.
Um estrago.
Eu acordei na manhã seguinte quando uma súbita rajada de vento atingiu minhas costelas. Murmurei alguma coisa desconexa, mas levei algum tempo para conseguir abrir os olhos; ao fazê-lo, a primeira coisa que registrei foi a janela semiaberta e, consequentemente, as cortinas afastando-se e voltando para seu lugar de origem em um ritmo incansável.
— Harry? — murmurei, minha voz tão sonolenta que, em parte, soava rouca. — Eu espero que um paparazzo invada o quarto e fotografe sua bunda — praguejei.
Ao virar-me para o lado da cama onde ele deveria estar, só haviam, porém, os lençóis bagunçados e um vazio demográfico. Tal constatação fez-me levantar depressa, o frio facilmente alastrando-se pelo resto de meu corpo nu e dolorido. Quando pus as pernas para fora da cama, tudo só piorou. Foi como se eu as tivesse enfiado dentro de um freezer, e para completar, a parte interna de minhas coxas doía como o inferno.
A primeira peça de roupa que encontrei foi a blusa xadrez que Harry usava noite passada. Passei-a pelos braços e, sem muita paciência, abotoei alguns botões no meio do caminho para o banheiro, onde escovei os dentes preguiçosamente e joguei um pouco de água no rosto.
Ainda lerda demais para começar a viver, tudo o que fiz foi colocar a cabeça para fora da janela e desafiar o sol a brilhar. As nuvens dançavam no céu, impedindo que a luz se propagasse o suficiente para aquecer os infelizes de Amsterdã. Foi por uma breve fração de segundos que um único raio solar acariciou meu rosto, e precisei semicerrar os olhos durante a ousadia.
— Eu ouvi você.
Dei um pulinho vergonhoso ao som da voz grave. O sotaque carregado do dono moldou as palavras a seu bel-prazer, transformando-se em uma risadinha presunçosa ao notar o impacto causado.
Zayn.
Ele estava apoiado no parapeito da varanda a pelo menos cinco metros de onde eu estava, seus cabelos escondidos em uma touca preta e tinha um cigarro entre os dedos indicador e polegar.
— Mas eu não disse nada... — respondi um pouco alto para que ele pudesse ouvir, mas num tom calmo e inocente.
Quando Malik sorriu de modo cúmplice para mim, tive certeza de que estava se referindo à noite passada. Aquilo me fez rir e balançar a cabeça, porque sabia que ele estava apenas blefando.
Eu e Harry ao menos sabíamos como não chamar atenção audivelmente.
— Quer um cigarro? — ofereceu. — West. Do mentolado.
Eu não disse nada dessa vez, mas ele havia me convencido. Enfiei-me em um short desfiado e botas sem salto, limitando-me a fechar apenas mais três botões e arregaçar um pouco as mangas da camisa durante o trajeto até Zayn, que não vestia nada além de uma calça jeans de lavagem escura. Por conta disso, dei de cara com seu peito magro, circundado por diversas tatuagens. Mas ele estava magro demais, e não contive um murmúrio desapontado, porque sabia o que aquilo significava.
— Você está fazendo um concurso para entrar na lâmpada? — não pude evitar a piadinha, apesar de ter mantido a expressão séria. — Ficaria melhor de Aladdin...
Toquei uma de suas costelas, e Zayn não ofereceu resistência até que cutucasse sua barriga, fazendo cosquinhas.
— Para de abusar de mim, sua louca! — ele disse, esquivando-se. — Segurança!
— Não brinca com isso.
Apoiei os cotovelos no parapeito, retirando um cigarro do maço. Quando coloquei a droga entre os lábios, Malik acendeu-a com um isqueiro do Nirvana, e logo traguei profundamente, não pensando muito no fato de que, mais cedo ou mais tarde, aquilo me mataria; o foco, afinal, era a sensação tranquilizante, antes que eu tivesse de expirar a fumaça.
— Seu cabelo está uma merda — o moreno criticou, fazendo-me virar para olhá-lo no mesmo instante, indignada.
— Ei! Você não vai falar assim comigo não, queridinho!
Mas ele já havia deslizado sua touca pela minha cabeça, chegando a cobrir metade do meu rosto.
— Bem melhor, Clarice.
— Seu idiota! — Tentei empurrá-lo, mas fui segurada pelos pulsos. Não demorou muito para que Zayn levantasse a touca até minha testa e seus olhos capturassem os meus, enquanto ele sorria de modo travesso.
— Deveria escutar a voz da experiência, mademoiselle. — Disse-me, ao mesmo tempo em que arrumava os próprios cabelos esparramados pela testa.
Eu quase não vi, mas seus lábios haviam se comprimido em um biquinho adorável quando ele proferiu a palavra em francês. Balancei a cabeça, rindo, e resolvi dar atenção ao meu cigarro.
— Você sabe onde o Harry está? — indaguei, entre uma tragada e outra.
Zayn colocou um cinzeiro entre nós, livrando-se de suas cinzas. Fiz o mesmo, aproveitando para virar-me e ficar apoiada nos antebraços, de modo que minhas costas fossem minimamente curvadas para a frente.
A melhor parte daquele hotel eram os muros frontais, os quais debruçavam-se de maneira curvilínea até encontrarem-se no topo do prédio principal. Restava-nos, portanto, apenas a visão da parte interna do local, privando-nos do transtorno gritante que os meninos costumavam chamar de fãs. Em vez disso, havia uma piscina redonda no andar de baixo, e praticamente todo o resto do espaço era verde.
— Vieram buscá-lo bem cedo... — Quando Zayn falou, a fumaça fluiu junto. — Pelo que ouvi, teremos uma reunião. — Ele riu, porque era assim que lidava com a situação patética na qual eram submetidos.
— Eu me pergunto como vocês conseguem.
— Você quer dar uma olhada no meu saldo bancário? — ele sugeriu, realmente considerando aquela justificativa como uma plausível para a privatização total de sua vida. — Tenho umas vinte contas igualmente obesas. E faço o que gosto.
— Você trabalha com o que gosta — vi-me obrigada a corrigi-lo.
— Sempre soubemos que seria assim nos primeiros anos — ele rebateu.
— O que não torna o fato menos pior — insisti. — Mas pelo menos vocês não fazem parte da Disney.
Ouvi seu riso rouco ao meu lado.
— É sério! Você não faz ideia do que... — parei no meio da frase, travando o ímpeto que fez-me inicia-la. Malik arqueou uma sobrancelha, aguardando, mas movi a cabeça de um lado para o outro em um pedido oculto para que deixasse para lá. — Volto para a América ainda hoje — comentei, para dispersar o assunto anterior.
Quando mal tinha a capacidade de permanecer segurando o cigarro, dei uma última tragada profunda antes de girar sua ponta dentro do cinzeiro, apagando-o. Meu companheiro de fumo já estava na metade de seu segundo, mas também o apagou ao notar meus braços estendidos.
Zayn Malik me abraçou de um jeito tão terno que meus lábios ergueram-se sozinhos em um sorriso satisfeito. Encostei a cabeça em seu peito, este meramente gélido, e concentrei-me nas batidas calmas e compassadas de seu coração, por um tempo curto. Assim que ameacei dar-lhe as costas, porém, o boybander segurou-me firme pelo pulso, mantendo-me em sua direção.
— Clari?
Desta vez seu olhar penetrou o meu, como se buscasse algo ou até mesmo tentasse transmiti-lo. Foi totalmente invasivo, e demonstrei meu desconforto com uma risadinha, antes de interrogar:
— Oi?
Mas Zayn apenas sorriu sem mostrar os dentes, afrouxando os dedos antes presos em minha pele.
— Bon voyage — ele disse, batendo continência.
⸺ ❍̶ʾʾ𓈒 ໑ 🧾❀𝆬 𐦔
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⸺ ❍̶ʾʾ𓈒 ໑ 🧾❀𝆬 𐦔
⠀Considerações finais da autora!
໑𓈒ʿʿ𖧷 ⵓ Sou extremamente grata a você leitor que chegou até aqui, espero o encontrar em um novo capítulo.
Até breve querido leitor!
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