Capítulo IV - A preposição correta

Flore Grandis não havia se acostumado com a solidão.

Desde o desaparecimento de sua filha, a mulher não conseguia dormir direito. Fazia três dias que Laura Grandis sumiu sem deixar vestígios, assim como o seu sono. Tudo apontava para a mesma explicação: a menina foi até a floresta. Era a única possibilidade plausível, mas a senhora se recusava a aceitar isso. Era um absurdo, não havia motivo para sua filha fugir daquele jeito. Ainda mais, seria uma baita de uma ironia...

Flore estava desolada. Aquela era sua única filha, e sem ela sua vida fazia menos sentido do que a explicação para o desaparecimento. Ela já havia passado da idade para que pudesse ter outro filho, mas sequer pensava nisso. Nada que fizessem poderia substituir a filha que perdera.

A mulher chegou a considerar até mesmo a possibilidade de se mudar. Enquanto continuasse a viver perto daquela floresta, o fantasma de Laura nunca iria embora. Poderia ser a melhor solução fugir daquilo tudo. Mesmo assim, algo a impedia de fazer isso. Talvez fosse esperança, esperança de que sua filha estivesse bem, que tudo não passasse de um engano.

Enquanto não tinha certeza de nada, Flore não podia tomar medidas drásticas. Além disso, não estava totalmente sozinha: não dava pra criar uma menina como Laura sem ajuda.

Kevin Grandis era comerciante no mercado de Dancourt. Estava frequentemente visitando fazendas vizinhas para comprar legumes e revendê-los, mas, desde o desaparecimento da filha, não saiu mais do vilarejo e apoiava a ideia de se mudar dali. Seu irmão morava por perto e ofereceu sua casa enquanto não encontrassem um lugar para morar, mas a mulher ainda estava indecisa. No entanto, conforme o tempo ia passando, menos esperançosa Flore ficava, e não levaria muito tempo para decidir se mudar de vez.

Não podia se permitir pensar em Laura o tempo todo, por isso a mulher tentava ocupar sua mente cozinhando. E estava justamente na cozinha preparando um bolo de laranja quando ouviu alguém bater à porta. Flore olhou para seu marido, sentado em uma cadeira ao seu lado, e ele a olhou de volta. Quem seria? Provavelmente, mais algum vizinho indo lá para prestar suas condolências e fingir que estava profundamente abalado pela perda. Já haviam recebido várias visitas desde o sumiço da menina e Flore não aguentava mais chorar todas as vezes.

Kevin se levantou e foi atender a porta, enquanto a mulher terminava de preparar o bolo. Caminhou pela sala e girou a maçaneta, surpreendendo-se ao ver que, do lado de fora da casa, havia um homem ruivo com uma boina verde e amarela.

— Posso entrar? — perguntou Lawrence.

O senhor ficou surpreso ao ver aquele homem. Lawrence não conseguia entender por que todos tinham aquela reação ao vê-lo, no entanto, aconteceu mais uma vez. O casal não estava presente quando ele e Thomas Kitt chegaram à cidade, portanto não tinham ideia de que ele era um detetive. Se bem que os demais habitantes também não sabiam disso...

Bem... não sabiam ainda.

O sr. Grandis deu um passo para o lado e Lawrence entrou. De imediato, Lawrence percebeu a presença de alguns retratos pendurados à parede e em cima de móveis. Foi quando viu a tal Laura pela primeira vez. Branca, de cabelos negros, com um sorriso de canto a canto em todas as fotografias, desde as da infância até mais recentes. Era uma bela menina e parecia feliz, o que tornava toda aquela situação pior do que já estava.

Em um dos retratos, Lawrence podia ver Laura abraçada a duas meninas. Uma era Giselle Gray, já a outra o detetive não sabia dizer quem era. Pareciam ser grandes amigas.

Flore Grandis apareceu naquele momento.

— Boa tarde. Posso ajudar?

Suas mãos cheiravam a bolo.

— Saudações, senhora. — Lawrence tirou sua boina e fez uma reverência. — Sou Lawrence Knopp, detetive particular. Não devem ter presenciado a pequena cena que se desenrolou lá fora, agora há pouco, então preciso explicar por que estou aqui: fui chamado para investigar o desaparecimento de sua filha.

Os olhos da mulher brilharam por um momento, mas o detetive não sabia dizer se era felicidade ou o surgimento de lágrimas. Provavelmente era a segunda opção, mas Flore ainda assim conseguiu dar um sorriso.

— Ah, sim, claro, senhor. Sente-se, por favor. — Ela então sentiu o cheiro de suas mãos e se lembrou: — Estou com um bolo de laranja no forno, você aceita?

Após ter certeza de que a senhora não oferecia apenas por educação — ainda que fosse aceitar independentemente disso —, Lawrence e Kevin se sentaram à mesa. Sentia vontade de comer algo com chocolate, mas não recusaria comida, ainda mais comida de graça.

Enquanto isso, Kevin encarava o detetive, com receio. O comerciante ainda estava um pouco incomodado com a presença do homem em sua casa e sabia que sua esposa também. A investigação não levaria a nada, nunca levava. Lawrence só serviria para lembrá-los de sua filha e fazer Flore chorar mais uma vez. No entanto, Kevin era educado demais para mandá-lo embora.

Flore juntou-se a eles alguns minutos depois com o bolo, sentando-se ao lado do marido.

— Então, senhor Lawrence... O que gostaria de perguntar?

Ela não conseguia encará-lo. Não chegou nem a tentar. Em vez disso, procurava qualquer outro lugar para fixar a vista que não fosse os olhos do homem.

— Gostaria, antes de mais nada, que contassem algumas coisas sobre sua filha — disse ele, cortando o primeiro pedaço com uma faca. — Como ela era, sua personalidade, o que gostava de fazer... Coisas assim.

Flore fechou os olhos e suspirou. De que aquilo adiantaria?

— Nossa filha era... muito especial — contou Kevin, percebendo o desconforto da esposa. — Ela era muito curiosa, vivia saindo para brincar com os amigos do bairro. Nos mudamos há pouco mais de dois anos e viemos para cá, deixando tudo para trás, mas isso não a abalou. Laura era bastante otimista e curiosa, não levou um dia para fazer novas amigas na escola. Comecei a trabalhar no mercado e todos os dias ela ia me visitar, perguntava se eu estava bem, quando eu ia para casa... Nós gostávamos muito dela, e ela gostava da gente também.

O senhor Grandis ia continuar, mas uma rápida olhada para sua esposa o fez parar. As barreiras que Flore levantou haviam desabado. Seu rosto estava encharcado de lágrimas. Kevin abraçou sua mulher.

— Acho melhor falarmos de outra coisa, senhor Knopp.

— Também acho.

Lawrence esperou enquanto Kevin acompanhava sua esposa até seu quarto. Ele estava lidando com aquilo melhor que ela, mas tudo ainda era muito recente. Mesmo o marido estava com dificuldades para segurar as lágrimas.

Quando voltou a se sentar, o mercador tratou logo de perguntar:

— Por que veio aqui?

Lawrence perdeu o fio da meada e olhou para ele, confuso. Kevin repetiu a indagação.

— Disse que foi chamado para investigar o desaparecimento de Laura, mas todos sabemos o que aconteceu. Não acredita nas histórias sobre a floresta?

O detetive refletiu.

— Não é essa a questão — disse. — Quero saber se vocês acreditam nessas histórias.

Foi a vez de o comerciante pensar sobre isso.

— Não... — respondeu. — Eu, particularmente, não, nunca fui de acreditar em maldições e essas coisas, apesar de concordar que há algo de errado com a floresta. Já Flore tem convicção de que o fantasma de Abelone está por trás disso tudo.

Disse isso com um inconsciente revirar de olhos. Lawrence fingiu não reparar.

— E Laura? — O detetive voltou a tocar naquele assunto. — Ela acreditava em coisas sobrenaturais?

— Sim, bastante. Influência da mãe, tenho certeza, mas ela não sentia medo. Quando chegamos aqui, nos contaram sobre a maldição. Ficamos um pouco preocupados, mas Laura não. Achou divertido, dá para acreditar? Ela era bastante curiosa...

— Laura era bastante curiosa... — repetiu. — Você acha que foi por isso que ela entrou na floresta?

Kevin riu de modo irônico e sem humor.

— Ninguém entra na floresta de Manoury sem um bom motivo. Nós não sabemos por que ela fez isso, mas, se aconteceu, foi por algo além de simples curiosidade. Nossa filha não era burra, senhor Knopp.

Lawrence não tinha muita certeza daquela afirmação, mas optou por não ofender em voz alta a filha daquele homem.

— Você tem alguma ideia do que possa ter sido? — indagou. Kevin fez que não. — Não reparou se Laura já havia entrado na floresta antes desse dia? Talvez tenha descoberto algo interessante e voltou para ver outra vez.

O homem sequer cogitou a possibilidade.

— Você não está entendendo. Não há como sair vivo de lá de dentro. Depois que Abelone, ou o que quer que haja lá dentro, decidiu começar a matar, ninguém mais conseguiu sair vivo uma vez que já estava lá dentro. — O homem fez uma pausa. — Na verdade, tem uma pessoa...

Lawrence se interessou subitamente.

— Uma pessoa o quê?

Antes de ouvir a última frase, o detetive estava prestes a perguntar o que ele queria dizer com "depois que Abelone decidiu começar a matar", mas aquela parecia uma indagação melhor a ser feita.

— Tem uma pessoa que entrou na floresta e conseguiu sair de lá viva. Talvez você deva tentar falar com ela.

— E quem é?

— O padre. — Kevin estava praticamente expulsando Knopp de sua casa, o que não era uma surpresa para o detetive. Estava acostumado com isso. — Se há alguém que pode te explicar sobre tudo o que acontece naquela floresta, esse alguém é ele. Deve estar na igreja nesse momento. Se não estiver, procure na casa logo em frente, é onde ele mora.

Lawrence assentiu e se levantou, pegando mais uma fatia do bolo.

— Muito obrigado pelo tempo, senhor Grandis. Garanto que darei o meu melhor nessa investigação.

O mercador ainda não levava muita fé, mas sua boa educação o impediu de externar o pensamento. Acompanhou o ruivo até a porta da frente.

— Desejo-lhe sorte com ela.

— Muito obrigado — respondeu. — E obrigado pelo bolo. Estava uma delícia, e eu estava com fome.

Kevin riu. Lawrence podia ser inconveniente, mas era divertido. Mesmo assim, Grandis desejou que fosse embora logo, o que não tardaria mais de dois segundos para acontecer.

Dois segundos depois, ambos se despediram e o detetive deixou a casa.

O ar do lado de fora estava mais frio do que antes. A tarde já estava quase no fim e havia pouco mais de uma hora de luz solar restante. O detetive olhou em volta, procurando pela igreja da qual o homem falara. Não demorou muito para encontrá-la, não era uma tarefa difícil encontrar qualquer coisa naquela vila. Lawrence seguiu até lá, atravessando pelo mercado, pelo pequeno hospital e por algumas casas aleatórias até que chegou ao seu destino.

A construção em si não era grande coisa, aliás nada naquela vila era. Não passava de uma cabana de madeira de algumas dezenas de metros quadrados, com um teto pontudo e uma cruz no topo. Knopp não ficou muito impressionado. No entanto, se comparada às demais construções de Dancourt, a igreja era até bem chique, pelo menos do lado de fora.

O ruivo bateu à porta, esperando que o padre estivesse lá dentro. Suas preces foram ouvidas: logo um homem abriu a porta. Parecia possuir cerca de setenta anos, evidenciado por seus cabelos grisalhos e rugas no rosto. Era de fato o padre, o detetive percebeu por suas vestes e o colar de cruz em seu peito, o que não era uma dedução muito difícil de ser feita.

— Pois não?

— Com licença, senhor — disse Lawrence. — Eu gostaria de falar com o padre.

— É o próprio.

— Sim, eu sei — respondeu. — Só queria contextualizar minha visita.

Vendo que o homem franzia a testa, Lawrence se calou. Talvez tivesse sido um pouco grosseiro, embora não fosse a intenção. Um silêncio constrangedor se instalou entre os dois por alguns segundos.

O clérigo pigarreou.

— Hã... Você quer entrar?

Knopp engoliu a vontade de dizer que era a sua intenção desde o início, apenas assentindo no lugar. O padre assentiu de volta e levou o detetive para dentro da igreja.

O lugar era muito mais bonito por dentro que por fora. Alguns bancos foram arrumados para que os habitantes se sentassem para assistir às missas. Caberia cerca de trinta pessoas sentadas ali e mais algumas dezenas em pé, quase o bastante para acomodar todo o vilarejo de uma vez. Uma mesa foi improvisada de forma a virar um altar. As celebrações ali pareciam ser bem informais, apesar de sérias. Havia um tapete no chão logo na entrada, o que Lawrence achou muito conveniente. Ele limpou suas pantufas de gato e seguiu o sacerdote.

Ambos caminharam até os assentos mais próximos do altar, sem um motivo aparente. Poderiam ter se sentado no fundo, sem problema algum, mas Knopp deixou para lá. Sentar-se mais à frente dava uma sensação de poder e ele gostava disso. Os dois se acomodaram nos assentos.

— Sou o Pe. Josué Larousse — apresentou-se, em voz tão lenta quanto seus passos, o clérigo para o detetive. — E quem é você?

— Me chamo Lawrence Knopp.

— Nunca te vi por aqui — comentou. — É novo na cidade?

Lawrence disse que era detetive particular e explicou por que estava ali, desde que Thomas o contou sobre o telefonema de Giselle até a visita aos Grandis. Também disse que ficou sabendo que era o único na cidade a sobreviver após ter entrado na floresta — ao menos, segundo Kevin, o único após Abelone "decidir começar a matar", o que quer que aquilo significasse.

— Gostaria de saber mais sobre a maldição — o detetive concluiu. — Desde a sua origem. Acredito que você seja a pessoa certa com quem conversar.

Josué não parecia muito confortável com o assunto. Olhou de lado e tentou desviar o rumo da conversa.

— Já é sábado. — O padre olhou para o relógio na parede, apesar de ele não informar o dia da semana. — Adoraria conversar, mas tenho que preparar a missa de amanhã. Se me dá licença...

Já ia se levantando quando Lawrence o encarou com um olhar que dizia "eu sei onde você mora, acho melhor me contar o que está acontecendo".

— Eu sei onde você mora, acho melhor me contar o que está acontecendo — o detetive traduziu seu olhar, vendo que seu interlocutor não estava familiarizado com ele.

Pe. Larousse, contrariado, tornou a se sentar.

— Tudo bem. O que quer saber, exatamente?

— Quero que me conte o que achou da floresta.

Josué estremeceu.

— Não podemos falar sobre algo mais leve? — O detetive repetiu o olhar. — Tá bem, tá bem, eu conto.

Ele inspirou fundo, buscando suas memórias daquele dia. Lawrence virou-se no banco, ficando bem de frente para o homem.

— Foi o pior dia da minha vida — Josué contou, no que Lawrence o escutou, atento. — A floresta já é assustadora por fora, mas é muito pior por dentro. Eu não estava pronto para o que eu veria lá dentro, e acho que ninguém desta vila está pronto para isso. Acredite, você nunca vai querer entrar lá.

— Por que eu faria isso? — perguntou o detetive, brincando, mas seus olhos tinham um tom sério. — Mas quero que me dê uma descrição mais detalhada. O que mais o assustou quando entrou lá?

O padre estremeceu com a lembrança.

— Os sons — disse ele. — Eu ouvi vozes, Knopp. Sussurros, vindos de todos os lados e de lugar nenhum. Pareciam demônios falando de dentro da minha cabeça.

Lawrence franziu a testa. Não haviam lhe dito sobre aquilo, e era um fato curioso.

— Sussurros? — o detetive perguntou, recebendo como resposta um balançar positivo de cabeça. — Na floresta?

O balançar foi negativo desta vez.

— Sussurros da floresta, filho — corrigiu. — As próprias árvores sussurravam. De todos os lados. Eu não tenho como descrever a sensação e por isso não peço ao senhor que a imagine, só rezo para que nunca passe por isso assim como eu passei.

A descrição do padre o fez estremecer. Ele realmente não queria nem imaginar.

— Não poderiam ser sons de animais?

— Não — disse ele, após mais algum momento de hesitação. — Aquilo não era um animal. Pode ser tudo, mas isso não. Era muito pior.

A voz lenta do padre causava tensão à história que contava, o que assustava Knopp ainda mais.

— Como... como ele era?

— Enorme — respondeu Josué, com os olhos arregalados. — Peludo e com garras afiadas, há marcas suas nas árvores. Não era um urso. — Ele se adiantou à próxima pergunta do detetive. — Não sei dizer o que era, não existe um nome que possa descrevê-lo. Só posso pensar em uma forma de chamá-lo: um demônio!

Lawrence engoliu em seco.

— Mas espere... O que há lá dentro, afinal? — ele perguntou. — O espírito de Abelone ou esse tal... demônio?

— O mal age de diversas formas, meu filho. — Foi a resposta do padre. — Os dois são reais, eu tenho certeza, e não duvido que haja algo a mais. Não tenho intenção de descobrir mais alguma coisa.

O detetive, mesmo que amedrontado, ainda não estava convencido.

— Como pode ter certeza disso? — ele questionou. — Pode ser apenas uma lenda. E ninguém me contou nada sobre isso, sobre esse demônio, os sussurros... Lamento, Pe. Larousse, mas ainda estou um pouco cético quanto a isso tudo.

A expressão "um pouco" não poderia ter sido melhor utilizada: o ceticismo do detetive era de fato pouco, bem pouco, mas ainda restava desconfiança dentro dele.

O padre apenas moveu as sobrancelhas. Parecia que, para ele, Lawrence era apenas uma criança fazendo birra, que hora ou outra cairia na real.

— Você já entrou na floresta, senhor Knopp?

O detetive franziu as sobrancelhas, o que expressou bem sua surpresa. Não esperava por aquela pergunta.

— Não, senhor — disse. — Eu lhe contei isso.

Josué assentiu.

— Pois eu já.

Lawrence não poderia julgar o homem pela grosseria da resposta, pois havia feito o mesmo assim que chegou na igreja. No entanto, ao contrário do detetive, ser ríspido parecia ser exatamente a intenção do padre, o que surpreendeu o ruivo.

Josué não lhe deu tempo de se sentir ofendido, prosseguindo com o que estava para dizer:

— Eu já estive lá dentro — repetiu. — Cara a cara com o demônio. Vi coisas que nenhum outro habitante de Dancourt viu e vivi o que ninguém mais é capaz de descrever. Porque essas pessoas morreram, Lawrence. Elas morreram. — Ele apontou para o próprio peito. — Mas eu não. Eu testemunhei todos os horrores da floresta e estou aqui, vivo. — Ele agarrou o crucifixo em seu peito. — De todo mundo que já perdeu a vida naquela floresta maldita, eu estou aqui. Não sei qual o plano que Deus tem para mim, mas eu estou vivo por uma razão. O mínimo que eu posso fazer é evitar que mais pessoas entrem naquele lugar amaldiçoado. — Ele então se levantou e olhou nos olhos do detetive. — Pois acredito que esse seja o plano de Deus para mim.

O padre Josué Larousse deu as costas para Lawrence e caminhou em direção à porta da igreja com seus passos lentos.

— Por que você entrou na floresta?

Durante meio segundo, Knopp teve a impressão de ver o padre interromper sua caminhada, mas ele não podia dizer com certeza. Apenas quando o idoso chegou abriu a porta e se virou para ele que Lawrence percebeu que não teria uma resposta para sua pergunta.

O detetive levantou-se e seguiu os passos de Larousse.

— Pare com esta investigação — aconselhou o clérigo, acompanhando-o com os olhos e de cabeça baixa. — Por favor, não traga mais problemas ao nosso vilarejo.

O detetive parou no meio do trajeto, fazendo o outro levantar a cabeça, surpreso.

— Isto está fora de cogitação, padre Larousse — respondeu o detetive, veemente, deixando o padre boquiaberto. — Não faz parte de meu trabalho desistir. Existe algo dentro daquela floresta, algo que está matando pessoas, e você me pede que deixe de investigar o caso? Com todo o respeito, senhor, você diz que Deus lhe deu uma missão. Pois creio que Ele tenha outros planos para mim, e dar as costas para Dancourt e ir embora não faz parte deles.

Pe. Larousse estava incrédulo.

— O que está dizendo?

Lawrence olhou através da porta entreaberta, para longe. Olhou para as centenas, milhares de árvores que se estendiam até se perderem de vista. Não acreditava que estava para dizer aquilo, no entanto, parecia a única maneira de desvendar o caso.

— Eu vou entrar na floresta.

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