CAPÍTULO 20



— Então, Zaden, nos atualize sobre Nova York. Como estavam as coisas por lá antes de você voltar? — Mamãe perguntou, enquanto saboreava uma taça de seu Chardonnay. — E Charles, como estava? Não tenho tido muito tempo para falar com ele ultimamente.

Chocante, pensei, com ironia, enquanto focava toda minha atenção em girar o garfo no spaghetti em meu prato. Era uma vergonha uma mãe ter que procurar um amigo para saber do próprio filho. O que só piorava quando se levava em consideração o fato de que já faz quase um mês desde que Zaden havia voltado para casa.

— Nova York está como sempre. Mais agitada até — não preciso olhar para o rosto de Zaden para saber que está com um dos seus sorrisos de canto de boca. Sinto-o em sua voz. — Não que eu tenha tido muito tempo para explorar a cidade nos meses em que estive por lá. A correria com os preparativos e ensaios finais da turnê da banda não deixava muito espaço para isso. Quanto ao Charles, da última vez que o vi, estava muito bem. Para falar a verdade, eu diria que de nós ele foi o que melhor se adaptou à vida em outra cidade. Apesar de ser visível que sente muita falta da irmã.

Não consigo impedir a mim mesma de voltar meus olhos em direção ao homem sentado ao meu lado quando o ouço dizer aquilo. O aperto de saudade que se faz em meu peito é forte o bastante para que eu não consiga nem mesmo controlar meu sorriso de agradecimento. Qualquer pequena notícia que seja sobre o meu irmão é sempre bem vinda.

— Eu também sinto muita falta dele — murmurei.

— Meus filhos são provavelmente os únicos irmãos do planeta que não vivem brigando entre si — papai deu uma risadinha, olhando para mim com carinho antes de limpar a garganta, prosseguindo em sua conversa. — Como Lucy ficou grávida de Alison pouco mais de um ano depois de Charles, os dois cresceram compartilhando basicamente a mesmas fases e os mesmos gostos por causa da diferença de idade quase inexistente. Além do mais, são personalidades que se complementam, então um estava sempre ensinando algo ao outro. Charles tentava fazer com que Alison aprendesse a ser mais paciente.

— Pobre Chuck. Conhecendo a Alis, ela deve tê-lo feito perder a própria paciência no meio do processo — Zaden comentou, fazendo com que eu revirasse os olhos, enquanto meus pais davam risada, divertidos. Se inclinando para mais perto, ele sussurrou para que só eu escutasse: — Mas não se preocupe. Eu não vou desistir de você tão fácil assim.

Chutei sua panturrilha debaixo da mesa, um golpe firme que o fez morder os lábios para não reclamar de dor. Abusado, pensei, enquanto enfiava na boca uma garfada de spaghetti ao molho de tomate, pimenta e manjericão.

— Você já tem previsão de quando vai poder retirar o gesso? — minha mãe indicou o braço imobilizado de Zaden com o queixo.

— Em pouco mais de um mês. Não vejo a hora de poder me livrar dessa tipóia — ele respondeu, a ansiedade vibrando em sua sua voz.

— Deve estar morrendo de vontade de voltar aos palcos. Lembro que você sempre trazia uma das suas guitarras quando vinha passar as tardes na nossa casa antiga. Nossa, a Alison adorava! — papai disse, todo animado, o que imediatamente fez um alarme disparar na minha cabeça. Tentei falar por cima antes que ele acabasse dizendo alguma coisa que me comprometesse, mas ainda estava muito ocupada mastigando a comida que tinha na boca. Droga, pai, por que tinha que trazer esse assunto à tona logo numa hora dessas? — Ela ficava falando durante horas depois que você ia embora o quanto achava bonito te ver tocando. Só tinha elogios quando se tratava de você.

Vamos, Alison, você pode mastigar mais rápido que isso.

— Sério mesmo? Disso eu não sabia — Zaden abriu um sorriso interessado, me dando um olhar malicioso antes de aproximar sua cadeira mais para frente. — Que tipo de elogios?

— Ah, não eram frequentes. Mas vez ou outra ela comentava sobre como gostava da cor dos seus olhos — meu pai deu uma risadinha, achando graça da vergonha alheia. — Pensando bem, sempre achei que no fundo ela tinha uma quedinha por você...

Engasguei, começando a tossir copiosamente.

— Por Deus, Alison, você está bem? — mamãe perguntou, em um tom mais irritado do que preocupado, enquanto eu cobria a boca com o guardanapo, os olhos lacrimejando.

— Aqui, beba um pouco — Zaden murmurou, me passando uma taça de água.

— Obrigada — agradeci, quase sem voz, dando um gole generoso.

— Disponha. Quem sabe não te ajuda a digerir melhor seus sentimentos por mim?

Quase engasgo outra vez, sentindo meu sangue ferver ao me deparar com o sorrisinho convencido que brilha despudoradamente no rosto dele diante da minha situação.

— Muito obrigada mesmo, Zaden. Você é um verdadeiro herói — sorri docemente. Me inclinando em sua direção, ergui a mão para sinalizar que havia algo em seu queixo. — Acho que você está sujo de molho. Calma, deixa que eu te ajudo — falei, passando o polegar no canto da sua boca, derramando minha taça cheia d'água de propósito bem na virilha dele, que com o susto ficou de pé no ato.

— Ah, meu Deus! Mas que bagunça! — mamãe se levantou imediatamente, correndo para pegar uma toalha. Ela não suportava desorganização. Quase me sinto culpada por causa dela. Quase. — Você está todo molhado!

Olhei para baixo, a fim de esconder o sorriso satisfeito sob o cabelo.

— Não entre em pânico, senhora Walters. Dou minha palavra de que não é xixi — Zaden brincou, me fuzilando com os olhos ao aceitar a toalha que mamãe lhe havia oferecido. Suas calças estavam pingando.

— Eu não apostaria nisso — caçoei, baixo o suficiente para que só ele conseguisse ouvir.

— Não é melhor você subir e vestir uma das calças do Charles? — meu pai sugeriu, indicando as escadas que levavam em direção ao andar superior.

— Ah, não, não precisa. Logo vai secar — ele recusou, pressionando a toalha contra a calça para que absorvesse um pouco a umidade do jeans. Tentei não dar na cara o quanto estava me divertindo, mas a cena era hilária: Zaden segurava a toalha de um jeito que a fazia parecer um babado bem na frente do seu zíper.

— Eu insisto — mamãe tocou as costas dele, encaminhando-o para o início dos degraus. — Não posso nem aguentar uma mancha do tamanho de uma gota numa blusa minha, quanto mais esse molhado enorme na sua roupa. Acho que se olhar por mais um minuto que seja vou ter uma síncope!

Era evidente de quem Charles acabou pegando o maldito TOC. Nossa mãe era uma maníaca por perfeição: a casa perfeita, o trabalho perfeito, a roupa perfeita, os filhos perfeitos. Acho que em grande parte era por isso que eu estava sempre buscando pela aprovação dela – se Lucy Walters aprovasse, então significava que estava perfeito. Se não fosse papai para dar uma equilibrada nessa maluquice, acho que tanto eu quanto Charles já teríamos surtado.

Observei contente Zaden sumir da minha vista enquanto caminhava escada acima todo ensopado. Bem feito. Quem mandou vir à minha casa bancar o engraçadinho?

— Acho que ele vai demorar. É melhor continuarmos comendo — falei, me voltando para o meu prato, ao passo que minha mãe o retirou da mesa no exato momento em que peguei o garfo na mão.

— Você, mocinha, vai esperar pelo Zaden. E não pense que não sei que você derramou água nele de propósito; conheço muito bem a filha que tenho, e ela não faz o tipo desastrada — disse, me lançando um olhar reprovador. — Além do mais, eu e o seu pai já estamos no limite do nosso horário. Temos que sair agora se não quisermos perder o voo. Peça desculpas ao Zaden por nós.

Fiquei de pé.

— Como assim, vocês já vão? Não podem nem terminar de almoçar antes de irem embora? — questionei, virando para papai em busca de apoio. — Faz semanas que não comemos juntos. Eu mal vejo o rosto de vocês. Nem parece que moramos na mesma casa.

— Sem drama, Alison. Por favor. — Mamãe pediu, pousando meu prato na mesa novamente e levando as mãos à cabeça para massagear as têmporas. — Todo o tempo que passamos trabalhando é para dar o melhor para você e para o seu irmão. Você sabe que não foi do nada que ficamos ricos, então pare de agir como uma garotinha mimada que sempre teve tudo o que quis de bandeja.

Mimada? — repito, perplexa. — Então quer dizer que sou uma garotinha mimada por querer passar algumas horas por semana ao lado dos meus pais? Nossa, mãe. Que ousadia a minha achar que tenho direito a esse privilégio — eu disse, cheia de sarcasmo e raiva.

— Não vou ficar aqui discutindo com você quando está claramente se comportando feito criança — ela disse, sacudindo a cabeça e saindo para sala de estar.

Vou atrás dela, com papai logo em meu encalço. Sei que ele quer aplacar a discussão, mas eu não vou abaixar a cabeça e ouvir em silêncio alguém falar coisas sobre mim que não são verdade só para tentar se absolver da culpa de ser uma mãe ausente que mal presta atenção nos filhos. E, como se para confirmar ainda mais o meu ponto de vista, quando adentro na sala dou de cara com mamãe checando suas malas de viagem, completamente prontas e bem posicionadas ao lado do sofá, só à espera da sua saída.

— Almoço em família, hein? — eu ri, amarga. — Você nem mesmo estava planejando se despedir. Só passou em casa para arrumar as malas e sair direto para o aeroporto para resolver seu contratempo no trabalho — acusei, a evidência de que estava certa em minha suposição vindo na forma de um lampejo de culpa no rosto da minha mãe. — Mas é claro. Com a visita inesperada de Zaden, aposto que quis pagar de boa anfitriã e inventou toda essa história de querer ter uma última refeição comigo antes de ir embora.

— Alison, as coisas não são do jeito que você está pensando... — ela tentou argumentar, no momento em que seu telefone apitou. Pelo modo como olhou para tela, eu já sabia que era sobre trabalho. — Escute. Sei que ainda não terminamos a nossa conversa, mas eu realmente tenho que ir. Essa é uma das coleções mais importantes da empresa e não posso simplesmente jogar tudo para o alto nas mãos de um subordinado por causa de um pequeno desentendimento familiar. Eu prometo que quando eu voltar...

Balancei a cabeça.

— Só vai embora, mãe.

— Alison...

Sem nem ao menos deixá-la concluir a frase, dou-lhe as costas, decidida a seguir seu exemplo e ir embora sem dizer adeus. Quando estou prestes a alcançar o primeiro degrau da escada em direção ao meu quarto, sinto uma mão segurar meu pulso delicadamente e me viro para ver papai me olhando com uma expressão consternada.

— Filha, eu sei que está chateada e que tem toda a razão do mundo para isso. Sua mãe nunca foi das mais presentes. Nem eu, na verdade, apesar de tentar compensar o tempo perdido sempre que posso. Sinto muito por você ter que passar por isso — ele suspirou, abrindo um sorriso triste. — Durante a viagem eu vou conversar com a sua mãe e sugerir uma pausa depois que os preparativos para o lançamento da coleção desta temporada estiverem encerrados. É o seu último ano no colégio, e queremos estar aqui por você.

Assenti, abraçando-o silenciosamente. Eu duvidava muito que mamãe concordasse com aquela pausa, mas não queria dizer em voz alta. Papai estava tentando, afinal de contas.

— Eu te amo, querida — falou, me dando um beijo na testa. — Estaremos de volta no final de semana.

— Eu também. Se cuida, pai — me despedi.

Acompanho com os olhos conforme ele vai até a porta que mamãe deixou aberta ao sair e, com um último aceno, vai embora.

Subo o restante das escadas para o andar superior me sentindo oca por dentro, pensando que teria sido melhor ter chegado e sido recebida pela casa vazia do que ter alimentado a ilusão de que passaria algum tempo de qualidade com os meus pais quando na realidade eles estariam partindo menos de uma hora depois. Às vezes era exaustivo amar alguém ao ponto de depositar esperanças nela. E todo esse esforço para quê? No fim, você sempre acabava decepcionada ou sozinha.

— Alison — uma cabeça loira surgiu no meio do corredor, fazendo com que eu gritasse de susto.

— Pelo amor de Deus, Zaden! — reclamei, com a mão sobre o peito. Eu havia me esquecido totalmente de que ele ainda estava aqui. — Quer me matar do coração aparecendo assim do nada? E por que diabos você colocou só a cabeça para fora do quarto? Saia daí de uma vez!

— Bem, eu até gostaria, mas acontece que... eu meio que não estou decente.

— Como assim, "não está decente"? — franzi a testa, cruzando os braços. — Você quer dizer que ainda não pegou uma calça do Charles para vestir em todo esse tempo que está aqui em cima?

Ele fez uma careta, seu cabelo caindo sobre seus olhos com o balançar assertivo de sua cabeça.

— Eu estou com só um braço livre, lembra? Já foi uma proeza e tanto ter conseguido tirar a calça que você molhou — ele enfatizou, fazendo questão de mostrar que a culpa era minha. — Sei que é meio constrangedor, mas você poderia chamar seu pai para me dar uma ajudinha?

— Hmm... acho que não vai dar — comecei, mordendo o lábio. — Meus pais acabaram de ir embora. Tiveram que pegar um voo para resolver uma emergência numa das filiais da grife.

— Ah.

Ficamos em silêncio por um minuto, olhando para todos os lugares, menos um para o outro.

Por fim, ele pigarreou:

— Eu vou dar um jeito sozinho — e então fechou a porta.

Soltei o ar, me encostando na parede ao lado da entrada do quarto de Charles. O que em nome da Beyoncé você está fazendo, Alison?, questionei a mim mesma, exasperada. Ontem você fugiu correndo desse cara e agora está de braços cruzados esperando para ver se ele vai precisar da sua ajuda para vestir a porcaria de uma calça.

A imagem de Zaden tropeçando para conseguir passar a calça pelas pernas preenche a minha mente de súbito, e eu nem tento conter o riso que escapa dos meus lábios. Sério, como alguém pode ser tão atrapalhado? Parecia que ele só levava jeito quando estava com uma guitarra na mão.

Ou dançando, uma parte subconsciente de mim logo completou, revivendo memórias que há muito estavam guardadas.

O ruído de algo sendo derrubado me arranca dos meus pensamentos.

— Tudo certo por aí, Zaden? — perguntei, dando umas batidinhas na porta. — Você não está desmantelando as coisas do meu irmão, está?

— Eu não... estou desmantelando... nada — foi a resposta sem fôlego dele. — Só não sabia que o Charles vestia um número menor que o meu.

Revirei os olhos.

— Isso não está óbvio? Sua cintura pode ser estreita, mas suas coxas são mais grossas do que as dele. Claro que vai estar apertado.

Ouço sua risada abafada.

— Andou prestando atenção nas minhas coxas, Alis?

Sinto meu rosto esquentar ligeiramente com a insinuação. Sim, mas não de propósito.

— Ah, vá se danar.

Ele respira fundo, e me assusto com o quão perto sua respiração parece.

Nem mesmo um minuto depois, Zaden abre uma fresta da porta, seus olhos azuis encontrando os meus de imediato.

— Muito bem. Eu de verdade não queria ter que chegar a esse ponto, mas você pode... Veja, eu só preciso que você... — ok, eu provavelmente não deveria estar sorrindo, mas a oportunidade de ver Zaden corando como uma garotinha tímida era algo que só acontecia poucas vezes na vida.

— Ai, chega pra lá e cala logo essa boca — eu interrompi seu discurso gaguejante, empurrando a porta que havia entre nós. — Eu te ajudo a vestir a bendita da calça. Você já deixou a toalha cair uma vez quando estava saindo do chuveiro da piscina, lembra? Se eu sobrevivi a isso, sobrevivo a ver você usando uma cueca.

— Pelo que me lembro, o tanto que ficou sorrindo mostra que você bem que gostou de me ver peladinho — ele provocou, saindo de trás da porta para ficar de frente para mim, mostrando o jeans embolado na metade superior das coxas.

Ignorando seu comentário, cheguei mais perto.

— Muito bonita a sua cuequinha — zombei, indicando sua roupa de baixo vermelha escura. Tentando não olhar demais para o conteúdo dela, só agradeci a Deus mentalmente por ele não estar sem camisa e tossi ruidosamente, clareando a garganta. — Ok, então você se apoia na parede e eu subo as calças de uma vez, certo?

Zaden assentiu, mechas douradas de cabelo mais uma vez obstruindo sua visão. Ele logo precisaria de um corte. Apesar de estar muito bonito do jeito que estava.

Tossi mais uma vez, me repreendendo pelo teor dos meus pensamentos.

Colocando as mãos na parte de dentro das laterais da calça, eu a subi em um puxão firme, erguendo-a até passar das coxas para os quadris do homem diante de mim, o impulso fazendo nossos corpos roçarem levemente um no outro. Prendo a respiração por um instante, uma onda de calor se elevando pelo meu pescoço quando sinto o toque de Zaden na minha cintura. Fico paralisada por alguns segundos, até recuar uma distância considerável para trás.

— Espero que você ao menos seja capaz de fechar o zíper sozinho — murmurei, cruzando os braços sobre o peito novamente.

Ele baixou o olhar, subindo o zíper da calça e prendendo o botão sem a menor discrição.

— Obrigado pela ajuda.

Pressiono os lábios, minha boca repentinamente seca.

— De nada — digo, antes de me virar e sair do quarto, precisando ir para um lugar onde houvesse mais ar para respirar.

— Alison. Espere um pouco — Zaden me chama, vindo logo atrás de mim.

— Quem te ajuda a se vestir quando você está em casa? — pergunto, tomando a vez de qualquer assunto que ele possa tentar iniciar.

— Joseph — respondeu, se referindo ao mordomo da família. — Normalmente eu consigo dar conta sozinho, mas se preciso de uma ajuda a mais, ele vem em meu auxílio — explicou, seus dedos tocando meu braço. — Nós precisamos conversar sobre o que houve ontem à noite.

— Zaden, por favor. Vamos parar por aqui, está bem? — pedi, sem encará-lo. — Já disse que é pra fingir que nada aconteceu. Faça um favor para nós dois e esqueça disso de uma vez.

— Você quis dizer um favor para você, certo? — esclareceu, erguendo meu queixo para que eu olhasse para ele. — Porque há anos que eu vivo atormentado com essa história de fingir que não sinto nada. Atormentado por passar todos os dias do seu lado e ter que me manter afastado como se tivesse uma ordem judicial para que eu não me aproxime de você. Sinceramente, eu não aguento mais viver assim, Alis. Por favor, por favor, vamos nos resolver.

— Para quê você quer que nós nos resolvamos? — inquiri, tirando sua mão do meu rosto. Toda a raiva e tensão acumuladas pela discussão com mamãe e o ressentimento por ter sido deixada em segundo plano pelos meus próprios pais volta com força total com a insistência de Zaden em desenterrar um passado de quase três anos atrás. — Para que você fique comigo às escondidas e depois saia pegando outras garotas a torto e a direito pelas minhas costas? Muito obrigada, mas minha resposta é...

— Mas que outras garotas, Alison? Nunca existiu nenhuma outra garota — ele disse, procurando meus olhos, a urgência soando tão palpável que quase chegou a me convencer. — E ficar com você às escondidas? Um dia antes do meu aniversário eu vim à sua casa perguntar para o seu irmão se ele tinha alguma coisa contra o nosso relacionamento. Eu nunca quis esconder nada, muito menos ficar com outra garota que não fosse...

— O que foi que você disse? — balbuciei, desorientada.

— Eu nunca quis esconder nada...

— Não, a outra parte.

Zaden se calou por um segundo. E então, como se entendendo o porquê do meu questionamento, repetiu:

— Um dia antes do meu aniversário eu perguntei a Charles se ele tinha alguma coisa contra eu te pedir em namoro. E ele respondeu que não poderia estar mais feliz de saber que gostávamos um do outro — abriu um sorriso melancólico. — Mas não foi isso o que você disse para mim naquele dia, foi?

Sinto o mundo ruir sob meus pés.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top