𝐋𝐔𝐂𝐈𝐃𝐈𝐓𝐘
❝Cada um se mata o
suficiente para ficar vivo.❞
— O fogo nas Vísceras.
A dor no meu braço era insuportável. O corte profundo, aberto e exposto, ardia como se alguém tivesse jogado sal sobre a ferida. A cada passo que eu dava, a dor latejava, pulsando junto com o ritmo acelerado do meu coração.
O sangue escorria pelo meu antebraço, quente e pegajoso, fazendo minha cabeça rodar ainda mais. Minha visão começava a ficar turva, as bordas do mundo ao meu redor pareciam desfocar, como se estivesse em um sonho lúcido do qual eu não conseguia acordar.
Eu mal conseguia me concentrar em Thomas e Minho à minha frente. Suas vozes pareciam distantes, abafadas, como se eu estivesse ouvindo tudo através de um véu grosso.
A febre subia, consumindo meu corpo, fazendo minha pele queimar por dentro. O suor escorria pela minha testa, misturando-se ao frio úmido do labirinto.
Meu corpo todo tremia, como se a febre estivesse tentando me derrubar a cada segundo.
Senti o colar de prata em forma de coração queimar contra minha pele, como se estivesse reagindo ao calor de meu corpo.
Tentei afastá-lo com a mão trêmula, mas o contato com o metal só parecia aumentar a ardência.
A voz, aquela maldita voz que sussurrava no fundo da minha mente, misturava-se à dor.
— Kenzie... não confie na garota. Eles não sabem o que você sabe... você e Thomas são a chave... — dizia a voz, cada vez mais insistente. — A morte está marcada em sua pele.
Era difícil distinguir o que era real e o que minha mente febril estava criando.
O corte no meu braço parecia abrir mais a cada movimento, e eu podia sentir a pele rasgando, o músculo dolorido contraído.
— Kenzie! — gritou Thomas, me puxando bruscamente para fora do transe. Sua voz parecia vir de longe, como se estivesse em outro mundo.
Eu olhei para ele, meus olhos pesados, quase sem forças para responder.
Tudo ao meu redor estava começando a desmoronar, como se eu estivesse presa entre o sonho e a realidade.
Isso é real? Papai?
Mas a dor... a dor no meu braço era real.
Eu estava febril, o mundo ao meu redor oscilava como se estivesse em uma montanha-russa. As paredes do labirinto giravam, e a única coisa que eu conseguia sentir com clareza era o latejar das feridas.
Minho olhou para mim com preocupação, os olhos apertados.
— Você e Thomas... são a chave... Não confie na garota... A morte está marcada em sua pele — continuava a voz, repetitiva, penetrante.
Agora, com meu corpo lutando contra a febre e o cansaço, era difícil saber se eu estava realmente ouvindo-a ou apenas sucumbindo ao delírio.
— Kenzie, me escuta! — a voz de Thomas estava urgente, os olhos dele fixos em mim.
— Eu... eu também ouvi. Não sei o que é isso, mas... a gente precisa sair daqui, antes que seja tarde.
Eu tentei processar o que ele disse. Thomas também tinha ouvido a voz?
Eu não estava ficando louca?
— Precisamos... descobrir a verdade. Agora
— murmurei, minha garganta seca e minha visão se embaralhando de novo.
Antes que eu pudesse reagir, Minho apareceu na minha frente, os olhos arregalados de preocupação.
— Você enlouqueceu? — ele balançava a cabeça, quase incrédulo. — Tá falando sozinha, Kenzie! Com uma tal de 'voz'! Tá delirando! — Ele olhou para Thomas, esperando que ele confirmasse a insanidade da situação, mas Thomas permanecia sério, preocupado.
Minho se aproximou, olhando diretamente para mim. — Precisamos pegar o Alby e se mandar daqui! Qual é, Kenzie? Olha pra você, tá pálida! Parece uma plong de Mértila.
Ele segurou meu braço com firmeza, mas com cuidado, sentindo o tremor que percorria meu corpo. — Você precisa sair daqui, agora. Se continuar assim, vai acabar morta no meio desse maldito labirinto.
— Minho, espera — Thomas interveio, a voz tensa. — Ela não tá inventando, cara. Eu também ouvi. A voz, ela disse... coisas sobre nós, sobre o labirinto. A gente precisa entender isso antes de sair correndo.
Minho o encarou, descrente, mas havia uma pontada de incerteza em seus olhos. Ele olhou de volta para mim, sua expressão endurecida, mas ainda tomada pela preocupação.
— Thomas, a gente não tem tempo pra teorias agora. Se ficarmos aqui mais tempo, vamos acabar mortos! — ele disse, claramente impaciente.
— Kenzie, por favor, você tá péssima. Precisamos sair daqui enquanto ainda temos chance e vida.
Eu sabia que Minho estava certo.
Eu estava delirando por conta da inflamação do braço, virei a cabeça lentamente para ver a ferida, que já estava com algumas veias pretas, como o de Ben.
Quando eu fui picada? Eu não me lembro, não posso delirar!
Tossi, ignorando o pensamento e voltando a linha de raciocínio.
A voz era real. Algo maior estava acontecendo, e eu não podia simplesmente ignorar.
Com dificuldade, olhei para Thomas. Ele assentiu de leve, como se entendesse o que eu estava sentindo.
Mas o olhar preocupado de Minho não me deixava escolha.
— Vamos sair daqui. Pegamos o Alby e descobrimos depois — Murmurei, tentando reunir a pouca força que me restava.
Minho suspirou aliviado, mas o nervosismo ainda estava presente.
Eu só esperava que estivéssemos fazendo a escolha certa.
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A única coisa que consigo me lembrar foi de me agarrar em alguém antes de ouvir Chuck gritar que estávamos vivos.
O labirinto finalmente havia ficado para trás, mas a sensação de segurança ainda parecia distante.
Meu corpo estava exausto, e o sangue escorria do corte profundo no meu braço, misturando-se ao suor que me encharcava. Minha visão oscilava, e tudo ao meu redor parecia girar enquanto as vozes ecoavam, chamando os med-jecks para Alby e para mim.
Senti braços fortes me segurando, e quando consegui focar, vi Gally me carregando. Ele estava sério, o rosto endurecido, mas havia algo mais em seu olhar.
Thomas e Minho estavam à frente, suados e ofegantes, mas vivos. Alby, no entanto, estava estirado no chão, inconsciente, e o pânico ao redor dele crescia.
Thomas, visivelmente irritado, se aproximou, não gostando nada da cena.
— E aí, Gally? — provocou ele, a voz carregada de sarcasmo. — Decidiu bancar o herói agora? Ou só gostou da ideia de carregar a Kenzie?
Gally lançou um olhar cortante para ele, ainda me segurando com firmeza. — Se eu não tivesse feito isso, ela estaria desmaiada no chão agora. Alguém tinha que fazer algo.
— Claro, porque carregar ela resolve tudo, né? — Thomas rebateu, cruzando os braços com um sorriso de desdém. — Ou você só queria uma desculpa pra parecer o cara que resolve as coisas.
— Não fui eu que coloquei a vida dela em perigo. — retrucou Gally, cerrando os dentes. — Diferente de você, eu me importo com essas mértilas de regras que você ama ignorar.
A tensão entre os dois era palpável, até que Minho se cansou e interveio, irritado.
— Parem de agir feito uns trolhos, vocês dois! — gritou Minho, gesticulando em direção a Alby. — Alby tá morrendo ali e Kenzie mal consegue se manter de pé
Temos que levar eles pros med-jecks antes que seja tarde demais!
Newt, que estava ao lado de Alby, levantou a cabeça e olhou para mim, a preocupação evidente em seus olhos.
— Minho tá certo. Temos que tirar todos daqui, agora. O Alby não vai durar muito mais tempo se não fizermos nada.
Eu me forcei a levantar a cabeça, lutando contra a dor e a fraqueza, e murmurei com a voz trêmula.
— Me deixa sair, eu... eu posso ajudar o Alby.
Gally hesitou, claramente preocupado, mas me deixou descer de seus braços.
Eu tremia, mas tentei me manter firme.
Dei três passos em direção a Alby, determinada a fazer algo, qualquer coisa, mas o mundo à minha volta estava girando cada vez mais rápido.
De repente, minhas pernas cederam, e eu caí no chão com um baque surdo.
A náusea tomou conta de mim, e antes que eu pudesse reagir, vomitei um líquido preto, espesso, que se espalhou pela terra.
O silêncio que se seguiu foi de puro choque. Todos pararam, boquiabertos, até mesmo Thomas e Gally, se entreolharam, espantados com o que tinham acabado de testemunhar.
Chuck, sempre o mais rápido em falar, deu um passo para trás, os olhos arregalados.
— Galera... acho que não dá pra ela ajudar o Alby... — Ele falou com uma voz alta e cheia de nervosismo, quase sem acreditar no que via.
E então, antes que alguém pudesse reagir, o som estridente e ensurdecedor do alarme da Caixa ecoou por todo o Lugar.
O barulho invadiu o ar, alto e agudo, como se anunciando algo terrível.
Tudo à minha volta começou a desvanecer, minha visão ficou turva, e a última coisa que senti foi meu corpo desabando no chão enquanto o mundo escurecia.
Talvez a morte não fosse tão ruim.
001. Essa garota só sofre, nunca vi.
002. Os plots estão
vindo , haha.
003. Dois dias postando por aqui??
Milagres acontecem.
XOXO
yas.
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