𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒
❝Enquanto uns temem
as mudanças, eu as anseio..❞
A aparência de Minho era péssima. O garoto asiático se jogou no chão sujo e empoeirado do longo corredor em que nos encontrávamos, logo após de ter colocado Alby sentado cuidadosamente. Eu e Thomas repetimos o processo, exaustos e sem fôlego.
Era visível o olhar de decepção que Minho lançava para mim e para Thomas. Aquilo me irritou profundamente.
— O que é, Minho? — Encarei o asiático com firmeza. — Só estávamos tentando ajudar e não venha me olhar com essa cara como se tivéssemos feito algo errado. Eu apenas tive empatia, me coloquei no lugar de vocês, e provavelmente se eu estivesse na mesma situação gostaria que alguém fizesse o mesmo.
Minho forçou uma risada amarga, que ecoou no corredor vazio. — E provavelmente vão morrer aqui, juntamente conosco. Vocês são idiotas, isso sim.
— Idiotas? — Thomas retrucou, a voz cheia de indignação. — Estamos todos no mesmo barco, Minho. Se alguém aqui não colaborar, estamos condenados de qualquer maneira.
Minho olhou para nós, seus olhos escurecendo de frustração e cansaço. Ele passou a mão pelos cabelos sujos, suspirando pesadamente.
— O que aconteceu? — Thomas perguntou, tentando deixar de lado a raiva.
— Não quero falar sobre isso. — Respondeu Minho, enquanto me olhava verificando a pulsação de Alby e inclinava-me sobre o peito dele para ouvir seus batimentos. — Vamos dizer apenas que os Verdurgos sabem se fingir de mortos muito bem.
Essa afirmação nos pegou de surpresa.
— Não brinca. — Respondo incrédula.
— Vocês tem muito que aprender. — Foi tudo o que Minho se dignou a dizer. Revirei os olhos juntamente com Thomas, ja estávamos cansados de sermos chamados de novatos, como se fossemos crianças burras. — E infelizmente não irão aprender mais nada, porque estamos mortos.
— Seu otimismo é contagiante, Minho. Quero que saiba disso. — Debocho do garoto que sorri de forma sarcástica, agradecendo.
Levantei depois de minutos em total silêncio. Não podíamos ficar apenas parado esperando para morrer.
— Tá, antes de sermos dados como mortos precisamos ao menos tentar sobreviver, certo? Não somos tão covardes ao ponto de darmos nossas vidas de mão beijada para esses bichos nojentos. — Falei enquanto pegava a mochila de Minho. Ele não protestou, apenas concordou em silêncio, o olhar ainda carregado de cansaço e frustração.
Só pode ser brincadeira.
— Sério que você traz barras de chocolate para o labirinto mas não traz uma única corda? — Perguntei incrédula, revirando o conteúdo da mochila. Minho se levantou, dando uma risada curta.
— É pra dar energia. — Ele respondeu, dando de ombros.
— Era só o que me faltava. — Thomas riu juntamente com Minho, quebrando um pouco da tensão que pairava sobre nós.
Peguei o único objeto útil da mochila de Minho: um canivete suíço. Examinei a lâmina afiada sob a luz fraca, uma ideia começando a se formar na minha mente.
— Podemos cortar um pedaço dessas trepadeiras e amarrá-las a Alby. Podemos tentar sustentar o corpo dele lá em cima, para ele se esconder entre as folhas. — Sugeri, já me dirigindo para as grossas trepadeiras que serpenteavam pelas paredes do corredor.
Thomas se aproximou das cipós, avaliando o tamanho e a grossura de cada um com um olhar crítico. Ele passou a mão por uma das trepadeiras, testando sua firmeza.
— Dá para tentar. — Ele disse, assentindo. — Eles são firmes, com certeza aguentam o peso de Alby.
Minho e eu nos juntamos a Thomas, começando a cortar e puxar as trepadeiras com o canivete suíço. O som da lâmina rasgando a vegetação era quase reconfortante, um lembrete de que estávamos agindo, fazendo algo para mudar nossa situação.
Minho segurou uma das trepadeiras e começou a amarrar uma ponta ao redor do tronco de Alby, enquanto Thomas e eu trabalhávamos juntos para posicionar Alby no alto.
— Pronto, agora precisamos levantá-lo. — Disse Thomas, enxugando o suor da testa.
Com um esforço conjunto, levantamos Alby e o posicionamos entre os galhos e folhas densas. Ele precisava estar mais no alto do muro.
— Isso deve mantê-lo seguro por um tempo. — Disse Minho, respirando com dificuldade. Olhando para o labirinto escuro, parecendo que estava vendo algo perturbador.
— Temos que continuar. — Disse eu, olhando para o mesmo lugar que o garoto. — Cada minuto conta.
Logo após um grunido, seguido por um som de metal rasgando o ar, nossos corpos se congelaram. Aquele barulho sinistro ecoou pelo corredor, fazendo o medo tomar conta de nós. Minho, Thomas e eu trocamos olhares desesperados, cientes do perigo iminente.
O pânico se instalou rapidamente enquanto tentávamos, com renovada urgência, colocar Alby mais alto nas trepadeiras.
Minho murmurou algo inaudível enquanto afrouxava o cipó, e meu corpo cambaleou sob o peso iminente.
— Calma lá, Minho, não faz isso. Estamos quase conseguindo. — Thomas falou, sua voz um pouco perturbada, mas ainda tentando manter firmeza na trepadeira.
A corda voltou a ficar firme, trazendo um breve alívio, até que Minho gritou e largou a corda completamente. Um baque violento nos atingiu, sacudindo o corredor e fazendo os cipós queimarem em minha mão.
— Precisamos ir agora! — Gritou Minho, o pânico evidente em sua voz.
— Minho, não faz isso! — Thomas gritou, também afrouxando a corda em um reflexo de choque.
Minho havia desaparecido entre os correrdores escurtos.
Toda a situação se desenrolou muito rápido. Os cipós se soltaram em uma cascata de movimentos desordenados, e Alby despencou das alturas. Eu fui lançada contra a parede de pedra pontiaguda, sentindo um rasgo violento cortar minha blusa.
A dor foi avassaladora. Senti o corte que estava com pontos em meu braço direito se abrir novamente, uma onda de agonia percorrendo meu corpo. Uma pontada pontiaguda atingiu a parte de baixo do meu seio, e gritei de dor, o som ecoando pelo corredor vazio.
Tudo parecia em câmera lenta enquanto eu tentava recuperar o fôlego, as lágrimas borbulhando nos meus olhos de dor e frustração. Thomas se aproximou rapidamente, rosto cheio de preocupação e culpa.
— Você está bem? — Thomas perguntou, as mãos tremendo enquanto ele olhava para os meus ferimentos.
Eu apenas assenti, a dor latejando por todo o meu corpo. A situação era terrível, mas não podíamos parar agora. Com cuidado, Thomas me ajudou a me levantar, apoiando meu peso enquanto eu lutava para ficar de pé.
— Vamos, ainda temos que continuar. — Eu disse, a voz trêmula, tentando achar um jeito de puxar Alby sem que meu corpo inteiro doesse, era impossível.
Thomas assentiu, e juntos seguimos adiante, cada passo uma batalha contra a dor e o medo.
As gotículas de sangue escorriam do meu braço, formando uma poça vermelha no chão.
O som da minha própria dor ecoava no corredor vazio, misturando-se com o guincho metálico estridente que ressoava próximo de onde estávamos escondendo Alby.
Cada gota de sangue que caía parecia uma batida desesperada, um lembrete constante da nossa vulnerabilidade.
Olhei para Thomas, o rosto pálido de preocupação enquanto ele tentava controlar a respiração acelerada. Seus olhos refletiam o mesmo temor que eu sentia, uma mistura de angústia e completo terror.
Thomas assentiu, seu rosto tenso revelando a batalha interna que travava para manter a calma. Ele olhou para onde Alby estava escondido entre as folhas, e então para mim, seus olhos transmitindo uma mistura de preocupação.
— Alby já está alto suficiente — Ele disse, sua voz firme, mas carregada de uma tensão contida. Era como se estivesse tentando se convencer tanto quanto me tranquilizar.
Eu assenti, forçando um sorriso fraco para mostrar que concordava com ele. Mas antes que pudéssemos trocar mais alguma palavra, um grunhido cortou o ar, fazendo-nos congelar em uníssono.
Nossos olhares se encontraram, espelhando o mesmo terror que se acendeu em nossos rostos.
Um corpo monstruoso, deformado e grotesco, como se fosse o resultado de um experimento que dera terrivelmente errado, dobrava a esquina do corredor.
Sua pele era uma massa disforme e irregular, coberta de pústulas e protuberâncias, era metade animal e metade máquina. Seus olhos brilhavam com uma luz ameaçadora, cheios de malícia e crueldade.
Um arrepio percorreu minha espinha enquanto eu observava aquela criatura se aproximar lentamente, cada passo pesado seus ferroes ecoando pelo corredor.
Era como se o próprio labirinto tivesse dado vida aos nossos piores pesadelos, lançando-os contra nós.
Cada movimento nosso era uma dança entre a vida e a morte.
001. Boa tarde besties!!
002. A cena mais trabalhosa de
ser escrita está chegando 😭.
003. Agradeço MUITO por mais de
500 visualizações em SURVIVE, estou tão
feliz!!
004. Votem muuuito e comentem
bastantee, amo ler cada
comentário <33
XOXO
yas.
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