𝐀𝐂𝐐𝐔𝐀𝐈𝐍𝐓𝐀𝐍𝐂𝐄


❝Loucura achar essa
merda normal.❞ 



Abri os olhos lentamente, tudo parecia embaçado, como se estivesse tentando enxergar através de uma névoa densa. Minha cabeça doía um pouco, e cada movimento parecia uma onda de tontura. Levei um momento para me situar, tentando me ajustar a luz.

Que bom, não tem ninguém aqui. Penso analisando o local onde estava, revelando uma cabana com equipamentos médicos típicos de uma enfermaria.

Uma lembrança intrusiva veio em minha mente,  vi-me novamente em uma sala branca asséptica, cercada de médicos. O cheiro metálico do sangue enche o ar, enquanto meus gritos ecoavam pelas paredes.

De onde vinha aquelas memórias, eu não sabia.

Meu coração acelerou quando avistei um facão jogado descuidadamente no chão ao meu lado. Instintivamente, estendia a mão e o agarrei, sentindo o seu peso sólido em minha palma suada. Antes que pudesse processar completamente a situação, ouvi passos se aproximando rapidamente.

— Calma, Calma, Calma... — meus dedos apertaram um cabo do facão com firmeza enquanto estendi o braço em direção ao garoto de cabelos lisos que se aproximou, seu rosto se transformou em uma máscara de choque e surpresa.

Ele deu um passo vacilante para trás, erguendo as mãos em sinal de rendição, seus olhos regulados fixos no facão em minha mão firme.

— Jeff, chame o Alby. Ela acordou. — Sua súplica soou no ar da cabana, enquanto eu permanecia ali, com um facão ainda apontado em sua direção. O brilho pouco enferrujado da lâmina refletia em seu rosto.

— Quem é você, quem são vocês e onde diabos eu estou. — Questionei com minha voz firme, ainda olhando para ele.

Antes dele responder Alby chega dando um sorriso de canto — Muitas perguntas para alguém que acabou de acordar não acha, bela adormecida?

— Sou o clint, o guardião dos Med-Jacks, praticamente um socorrista. — Ele interrompeu o homem moreno que havia entrado na sala. — Passamos a madrugada cuidando de seus ferimentos. — O mesmo ponta para faixa enrolada em meu braço direito, indicando silenciosamente resultado dos cuidados deles.

Senti um nosso se se formar em minhas garganta ao seguir os gesto dele olhar olhar para o espelho. Abaixei a lâmina ao ver os inúmeros cortes marcando meus braços, cada um uma lembrança dolorosa de um passado que eu não conseguia lembrar.

O silêncio pesado parava sobre nós enquanto eu absorvia a visão.

— Está tudo bem. — Ele tranquila tranquiliza— Você acabou desmaiando pela perda de sangue, achei que teria que amputar seu braço.

Dei um leve sorriso com a piada.

— Alguns cortes são profundos, a maioria são apenas arranhões, vai ficar tudo bem. — Ele diz chegando mais perto.

— Sou Kenzie. — Estendo a mão como se a cena anterior da ameaça com facão fosse algo comum.

— Clint! — Retribuímos o aperto um do outro.

— Bom, Kenzie, agora que estamos começando a se entender vou te apresentar a sua nova casa, beleza?— Assenti com a cabeça — Mas antes, preciso do facão. — Alby estende a mão e eu lhe entrego o objeto pesado.

Enquanto Alby caminhava pela clareira explicando para mim sobre o local e suas regras, conseguia sentir cochichos e olhares inesperados para nós.

— E por último e o mais importante: nunca ultrapasse aqueles muros em hipótese alguma. Caso contrário será jogada lá e nunca mais irá voltar, entendida?— Olhei pra direção que o mesmo apontou. Um grande muro cobria a clareira inteira, deixando apenas quatro pequenas brechas.

Eu simplesmente não ligava de ser expulsa caso entrasse lá.

— Lá não seria uma passagem para sair daqui? — Sigo o menino asiático com os olhos vendo ele entrar correndo para dentro do labirinto.

— Aquele cara lá é o Minho, o líder dos corredores. Ele mapeia aquele lugar é três anos e até agora não encontramos nada. — Alby acelera o passo.

- E o que tem lá? — Pergunto com a curiosidade só aumentando.

Por algum motivo aquele lugar me atraia.

— Por hora isso não interessa.

— Mas e... — O mesmo me olha com um semblante firme, me interrompendo.

— Assunto encerrado fedelha. — Ele diz de forma bruta.

O silêncio se instala entre nós, mas não dura muito tempo por conta minhas perguntas.

— Por que sou a única garota daqui? — Encaro o mesmo e ele suspira.

— Olha fedelha, ninguém sabe, como eu disse os criadores só te jogaram aqui, igual fizeram com todos nós, e mandaram dois fedelhos no mesmo mês, algo que NUNCA havia acontecido.

— Não tenho uma lâmpada de cristal e muito menos não sei todas as respostas, igual o Gally não sabe como te conhece e igual você e o Thomas não sabem dizer de onde se conhecem, entendeu? — Enquanto ele falava, apontou para Gally, cujo olhar penetrante parecia sondar os meus pecados.

Não desviei o olhar.

═════════════════

Depois de Alby ter desfilado comigo pela clareira inteira, paramos em uma plantação com figuras familiares como a de um garoto louro que caminhava até nós.

— Novata, esse é o Newt. Quando eu não estou por aqui, ele que manda. — O mesmo ri.

— Mas você esta sempre por perto. — O louro estende a mão como um cumprimento. — Então você é a Kenzie não é? Nos deu um grande susto essa madrugada. — Aperto sua mão com um sorriso.

— Causei uma boa impressão, então. — Me viro para Alby.

— A melhor que poderíamos ter. — Os dois falam em um único som.

Observo um garoto gordinho de bochechas rosadas vindo até nossa direção, junto com o único garoto que eu sentia certa intimidade, mesmo não sabendo como nos conhecemos, Thomas.

— Caramba garota, você tem cortes sinistros nos braços. — Chuck fala tocando alguns cortes com seus dedos gentis.— A propósito, sou o chuck.

— Kenzie — Falo cumprimentando-o com um hi five.

— Ainda bem que você está vestida agora, ontem o Gally foi o maior babaca por ter arrancado sua blusa. — Ele revira os olhos e eu também, a cena ainda estava fresca na memória. — Não conte pare ele
que eu disse isso.

— Qual é o problema daquele garoto? Sinceramente ele não é normal. — Rio com sarcasmo juntamente com Chuck.

Me viro para Thomas, na esperança dele falar qualquer coisa para puxar assunto comigo. Ele apenas me encara, tentando puxar algo na memória sobre como se conhecemos. — Esse é o Thomas, ele não é de ficar mudo. É o maior tagarela que tem, tenho certeza que você já sabia disso, por que vocês se conhecem, né?

— Eu não sei... — Minto.

Mentirosa, Mentirosa.

Todos nos olham esperando que algo acontecesse, mas para a decepção de muitos, não houve nada. Até Alby quebrar o silêncio.

— Bom pessoal, direto aos trabalhos. Vamos deixar os novatos tentarem se comunicar por telepatia. — Todos que estavam ali nos deixaram perto da sombra de uma árvore. — Bem vinda a clareira. — Sua ultima despedida é anunciada.

— Você está bem?— Thomas quebra o silêncio constrangedor.

— O que? Os cortes? — Ele assente. — Ah, sim. Não foi nada, eu acho, não lembro quando fiz eles... — O encaro.

Eu tenho certeza que ja vi aquele olhar antes.

Thomas me observava com intensidade, seus olhos percorrendo cada detalhe do meu rosto como se estivesse tentando decifrar um enigma. Sua expressão era de concentração absoluta, como se a qualquer momento eu pudesse desaparecer diante dele.

Enquanto ele me analisava, eu pensava sobre como nós poderíamos nos conhecer antes daquele momento e por que algumas memórias fragmentadas estavam vindo à tona agora em que eu estava com ele.

Embora mudo, a presença de Thomas ao meu lado me trazia uma sensação de conforto e segurança, mesmo estando em um lugar completamente desconhecido com um conhecido bem desconhecido do meu lado.



001. Oioi muchachos.

002. Seus comentários e suas estrelinhas são
mais que bem-vindas <3.

003. Aceito criticas construtivas e
sugestões.


XOXO

yas.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top