Capitulo 20: Desativado
Viemos para um dos hotéis mais chiques da cidade, que Emmett também mexeu uns pauzinhos, deixando todos nós nos últimos quartos da cobertura. Um quarto enorme que eu havia visto só em filmes, muito maior nos que eu tinha ficado algumas vezes.
O quarto está um alvoroço desde que chegamos. Eles começaram instalando todos os equipamentos e verificando as armas. Negan estava no controle e Emmett - com toda confiança no amigo - se recostou numa das poltronas e ficou analisando o computador enquanto Negan dava ordens.
Tinha trazido meu uniforme também, o mesmo que Peter me deu. Emmett queria que eu usasse um que ficasse de acordo com os dos outros homens, mas depois de muita insistência, ele me deixou trazer.
Estou agora na frente do espelho vendo meu reflexo com o uniforme e pensando no que a aranha no meu peito significava.
- Querendo ou não, ela te salvou.
Tinha esquecido completamente do que Peter havia dito, tentei deixar meu passado para trás nesses meses, viver minha vida intensamente. Havia deixado meu uniforme guardado e Emmett invadiu minha casa para buscá-lo. Tudo estava voltando, todas as peças se encaixando. Minha vida nunca seria normal, mesmo se eu quisesse, sempre haverá um fantasma em minha vida que terei que enfrentar.
- O laboratório é vigiado 24 horas. - Negan diz juntando todos para ouvir. Me recosto na batente da porta de braços cruzados, sentindo os olhos de Emmett me queimando. - Precisamos do doutor Rodriguez para abrir a ala química. - a foto do homem aparece no computador, um homem gorducho de bigode e calvo. - Ele costuma trabalhar o dia todo, vai embora sempre as 22 horas. Vamos agir nesse horário.
- Nosso objetivo não é causar mortes - Emmett se levanta - Mas se for necessário, atirem pra matar. Amelie vai entrar na ala por cima - Emmett mostra a planta prédio, uma entrada por cima me daria acesso. - Você é bem flexível, querida. Vai passar pelos infravermelhos antes de chegarmos lá, vai nos poupar tempo.
.
Estamos na van à caminho do laboratório. Respiro fundo várias vezes tentando ao máximo me controlar para não demonstrar nenhuma atitude suspeita, mas sinceramente, está difícil.
A van para nos fundos do prédio, Negan passa mais algumas informações antes de nos mandar descer. A parte de trás do prédio é completamente escura, como se fosse um beco, sem movimento algum, tirando alguns ratos que circulam as lixeiras.
Observo os homens se dividirem envolta do prédio enquanto fico de frente a parede que preciso escalar.
- Espero que você esteja aí, Maya.
Fechos meus olhos e respiro profundamente antes de pular e começar a escalar. Preciso de tempo, e usar minhas teias agora para me ajudar a subir não seriam benéficas.
Maya disse que eu sentiria quando o chip fosse desativado. Sentiria um desconforto, algo como uma leve tontura. Ela está monitorando a missão dela de Chicago e sabe qual o momento certo para agir. E eu, estou escalando esse prédio para não perder esse momento.
Resmungo baixo quando minha visão fica turva me obrigando a parar de escalar e piscar várias vezes. O sinal era esse, eu espero.
Quando miro meus olhos para cima e não vejo ninguém no terraço do prédio, pulo para o solo e agacho para me recuperar até a tontura diminuir. Mas não parece que o sinal é apenas esse, já que uma dor de cabeça insuportável começa.
- Por que não está lá em cima?
A voz grossa de Negan invade meus ouvidos e quando levanto meus olhos, ele está apontando a arma pra mim com o dedo no gatilho pronto para atirar. Com as mãos levantadas me ergo do chão devagar e atenta aos seus movimentos. Negan deve ter voltado para verificar se eu estava fazendo meu trabalho, momento errado.
- Eu te fiz uma pergunta, Parker.
Meus sentidos se aguçam quando percebo que Negan irá apertar o dedo no gatilho, saco minha arma e atiro no mesmo momento que ele o acertando na perna e saio correndo ouvindo-o gritar no comunicador, seguido de alguns tiros em minha direção.
Pela primeira vez depois de muito tempo uso minhas teias para voar entre os prédios, mas a ardência na minha coxa incomoda bastante. Preciso achar um ponto de fuga, alguma rodoviária ou aeroporto, alguma coisa. Mas antes preciso me esconder e esperar que eles cansem de me procurar. Porém, não tenho certeza quanto tempo o controlador e o rastreador vão ficar desativado.
Avisto um prédio abandonado há alguns quilometros de distancia do laboratório. Ao lado, uma lojinha de consertos de celulares. Depois de quebrar a janela e rouba um telefone descartável, vou até o prédio abandonado procurar por abrigo até a poeira baixar.
Sento encostada num dos pilares do prédio. O cheiro de mofo é predominante aqui, tirando algumas paredes quebradas e janelas.
Havia percebido a ardência da coxa, mas não o que estava ocasionando. Um tiro que atravessou minha perna e está escorrendo sangue como se fosse uma cachoeira. Tento manter a pressão com a mão, mas preciso de um pedaço de pano. Algo que não tem nesse lugar evidentemente.
- Vamos vamos vamos.
Ligo o celular esperando algum sinal telefonico. O celular é descartável e peguei um chip qualquer. O desespero para ligar para Peter é grande, mas não lembro o número, já que meu querido primo troca de chip a cada dois meses por causa de alguma garota.
Só há uma pessoa para quem ligar, e espero que dessa vez ela me atenda.
- Alô?
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