Capítulo 18: Não se meta no meu caminho!

Demorou um pouco pra colocarmos a casa em ordem. Enquanto Daya arrumava seu quarto, Amberly e eu limpamos o resto dos cômodos a começar pela sala onde tudo tinha acontecido. Amby comprou produtos de limpeza enquanto eu jogava algumas coisas no lixo e depois passamos minutos esfregando o chão. Não tiramos todo o sangue, por isso coloquei um tapete que minha mãe tinha guardado na garagem. Além de servir na decoração ele ajudou a tapar tudo o que precisava e deu um ar mais novo pra casa.

Deixamos tudo arrumado e agora estamos jogadas no sofá respirando um pouco antes de tomarmos banho.

- Parece que conseguimos. - Amberly bebe a água que tinha levado pra ela.

- Eu vou limpar toda sexta. - digo, me ajeitando no sofá - Ninguém merece limpar tanto assim.

Ficamos alguns minutos relaxando e dando risada da situação, até Matt aparecer em casa com uma sacola na mão.

- Ok, então é o seguinte - ele começa a falar - Já que eu tive que chorar para o juiz deixar vocês virem pra cá, vão ter que colocar isso. - Matt entrega a sacola com uma caixa de câmera de segurança. Amberly o olha confusa enquanto abre a embalagem - Depois das coisas que aconteceram com a Amelie, Kellerman exigiu que colocassem uma vigilância.

- Que saco - Amberly bufa.

- Eu sei. Sinto muito.

- A ideia de vir pra cá era um pouco de paz enquanto o julgamento não acaba, e não ser vigiada. - digo cruzando os braços.

- A câmera é pra segurança das três. - Matt responde colocando as mãos no bolso - Se algo acontecer vocês terão provas por meio das filmagens e elas poderão ser usadas. Mais uma coisa. - Matt faz uma breve pausa antes de me 'encarar'. - O Conselho Tutelar entrou em contato comigo. Disseram que você fez um acordo pra dar a Daya pra adoção. - Amberly me olha inconformada e o sangue começa a subir.

- O que? É mentira. - disparo - Eu nunca nem falei com eles. Nunca daria Daya pra adoção.

- Só porque eu falei que não tinha como piorar - Amberly fala baixo.

- Mas têm. - Matt se vira pra ela - Vou tentar reverter isso. Mas em todos os casos, fiquem de olho. Coloquem a câmera, é melhor.

Matt vai embora e Amberly sai pra colocar a câmera. Só consigo ficar parada respirando fundo pra controlar minha raiva pra não fazer uma besteira. Mas o único nome que me vem à mente é Guimarães.

Sem pensar por mais tempo, pego meu boné e saio de casa as pressas.

- Amelie!

Ignoro Amberly completamente, não porque quero, mas algo em mim bloqueia pra que eu volte e escute-a. Em menos de dois minutos chego à casa de Guimarães já entrando pelo portão da frente sem me importa com a ordem de parar dos guardas.

- Parada!! - um dos guardas tenta atirar. Lanço minha teia na arma jogando-a na parede e prendendo os guardas no muro.

Assim que entro na casa já me deparo com uma garagem enorme com dois carros conversíveis e mais à frente uma piscina enorme e uma porta enorme de madeira aberta dando direto para dentro da casa.

- Senhorita Parker. - Guimarães aparece com um copo de uísque na mão quando entro - A que devo.. O prazer da sua visita inesperada? - cerro meus punhos me segurando pra não voar em cima dele. - Receio que meus guardas possam dar queixa da senhorita. Foi muito bruta com eles.

- Seu desgraçado! Eu disse que não faria nenhum acordo. - ando em sua direção. Guimarães não da nenhum passo pra trás mostrando-se não estar intimidado.

- Amelie, Amelie. - ele cantarola colocando o copo de uísque na mesa de madeira gigante do cômodo - Esqueceu que não tem controle nenhum da sua vida? Você é nossa. Fazemos o que bem entendemos. Você, minha querida, nunca vai deixar de ser nossa marionete.

Dou um soco em seu rosto fazendo-o dar alguns passos pra trás.

- Forte - Guimarães sorri passando o dedo no canto da boca pra limpar o sangue. Tento dar outro soco, mas ele segura meu pulso e da uma joelhada na minha barriga. - Amelie, não aprende. Anos nesse negócio e ainda não aprendeu seu lugar.

- Assim como você não aprendeu o seu. - viro dando uma cotovelada em seu rosto - Kellerman vai saber a verdade, igual a todos naquele lugar.

- Eles não acreditarão.

- Estão acreditando agora. - empurro-o contra a parede - Vocês não vão tomar a Daya de mim. Vai ligar para o Conselho Tutelar e desfazer a mentira que armou.

- Nos traiu, Amelie. Matou seu líder. E ainda acha que tem direito de pedir clemência? - Guimarães chuta meu joelho fazendo com que minha perna cicatrizada vacile e me prendendo contra a parede segurando meu pescoço dificultando minha respiração - Assim que o júri der a pena de morte, Daya vai para o Conselho Tutelar, Mateo fica com a filha e aí pensamos se pouparemos sua namoradinha.

Dou uma cabeçada em Guimarães para me soltar e pra não o deixar pensar muito, transfiro um soco em sua mandíbula que tenho certeza que ouvi algum ossinho quebrar fazendo-o gemer de dor. Aproveito e pulo em seu pescoço, tento jogá-lo no chão, mas Guimarães firma seu peso segurando em minhas costas e me jogando em cima de uma mesa de madeira.

Resmungando de dor ainda tento sufocá-lo com as pernas e dou mais um soco em seu nariz. Sinto as forças de Guimarães começarem a ser escassas e seu rosto vermelho tentando se soltar. Ele soca minha costela e mesmo com dor não solto.

- Não. - prendo suas mãos com minha teia impedindo-o de me socar mais uma vez. Esse cara não desiste. - Se você parar, eu paro.

Guimarães balança a cabeça e solto minhas pernas me arrastando de cima da mesa e deixando-o recuperar o fôlego.

- Covarde. - ele diz tentando se levantar. - Não pode me matar. Se fizer sua vida acabou.

- Tá blefando.

- Quer testar, Amelie? - Guimarães levanta a voz - Testa e quando chegar em casa a primeira coisa que vai encontrar é o sangue da sua filha escorrendo nas paredes.

- Se você chegar perto da minha família vai morrer antes de bater no chão. - seguro seu pescoço fazendo com que me encare - Acha que me conhece? Mas não! Não faz ideia do que eu sou capaz e se você se atrever.. - aperto um pouco - Vai se arrepender de ter se metido no meu caminho.

Ainda segurando seu pescoço dou dois socos em seu rosto fazendo-o cair e ficar jogado no chão resmungando.

.

Fiquei um tempo em cima de um prédio tentando aliviar a dor do corpo. Parece que tem fogo queimando minhas veias. Assim que me recupero, vou direto para casa. Entro dando de cara com Amberly sentada no sofá mexendo no celular com o semblante amarrado. Aproveito pra subir direto para o banheiro e lavar meu rosto e minhas mãos. Só então percebo que os ossos dos meus dedos estão desfolados pela luta.

- Oi - digo pra Amberly quando desço.

- Oi - ela me responde seca.

Respiro fundo e me sento ao seu lado cruzando os braços pra esconder as mãos.

- Desculpe. - digo - Eu estava tão nervosa que nem escutei você me chamando.

- Tudo bem. Já coloquei a câmera. - ela responde.

- Terminei o quarto - Daya anuncia de cima da escada e Amberly já se levanta pra subir.

- Nós já vamos. - digo. Não seria totalmente justo esconder de Amberly aonde exatamente eu fui. Mesmo não contando tudo, acho que ela merece saber pelo menos o motivo de ter ignorado-a. Respiro fundo e mostro minhas mãos desfoladas pra Amberly.

- O que você fez? - Amberly pega minhas mãos.

- Acho que fiz besteira. - respondo e ela me olha.

- Amelie, o que você fez? - mesmo tendo que contar respiro fundo várias vezes pra criar coragem.

- Fui à casa do promotor. - respondo olhando pras mãos e me sento novamente - Ele queria fazer um acordo comigo no dia da audiência. Disse pra que eu entregasse Daya pra adoção. Eu disse que não, e agora isso.

Prefiro contar entre partes a verdade por trás disso tudo.

- Então por que o Conselho Tutelar veio atrás do Matt?

- Não sei. Não sei.

- Você ainda não disse o que fez.

- Fui tirar satisfação. Acabamos brigando feio.

- Quem ganhou? - Amberly pergunta e a olho - Ele morreu??

- Não! Mas vou ficar surpresa se ele não der queixa. - digo. Ficaria muito surpresa, aliás. O que ele quer ver é eu me ferrar, seria um álibi perfeito para o júri me considerar uma incapaz.

- Ah Mel. - Amberly diz - Isso vai ser horrível.

- Se ele der queixa.. Não tem mais volta.

- Ele vai. Com certeza vai.

Se Amberly estava tentando me acalmar falhou miseravelmente. Estressada, passo a mão em meu rosto pensando na probabilidade e pra tentar ao menos relaxar, dou um chute na mesinha fazendo-a arrastar no tapete.

- Ei! Descontar sua raiva nas coisas não vai adiantar. - Amberly diz e abaixo meus ombros. - Não há nada que possamos fazer agora - ela se agacha na minha frente. - Apenas esperar. - balanço minha cabeça concordando e respiro fundo - Vamos distrair Daya.

- Tá bom. - tento dar meu melhor sorriso. Fraco, mas o melhor.

- Quem sabe você se distrai também.

Amberly segura minhas mãos e subimos as escadas pra ver o quarto de Daya. Deixamos que ela arrumasse do jeitinho dela, o que ficou bom. Enquanto ela mostra o quarto, deixo minha mente viajar. Nem consigo prestar atenção direito nas coisas que ela diz.

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