🎶 43

Nick Carter

Eu fui andando até a lanchonete vendo o cardápio, nem sei com quem vou dividir o lanche.

— Pipoca amanteigada, por favor. — Olhei para o meu lado e era a Jackie, olhando para as opções de refrigerante. — Qual você quer?

— Oi? — Perguntei confuso. Acho que ela percebeu eu olhando pra ela.

— O refrigerante. — Respondeu com a voz baixa.

— Coca cola. Sem gelo. — Digo e vou para a parte de guloseimas. — Eu quero M&M’s, alcaçuz, balas de tutti frutti e ursos de gelatina.

— E a senhorita vai querer o quê? — O atendente perguntou.

— O mesmo dele, tirando o M&M’s e as balas. Coloca três Kit Kat no lugar, por favor.

— Deu quinze pratas. Com cinco dólares vocês podem comprar um brinde do filme que vão assistir.

— Eu quero o brinde da Múmia. — Digo entregando a célula, recebi um pôster e um copo temático do filme. — Quer ficar com um deles?

— É seu. — Disse inexpressiva, pegando as suas guloseimas e saiu andando, recebendo o seu ingresso.

— A sua namorada deve estar mal com alguma coisa…

— Ela não é a minha namorada. — Lhe interrompi e fui andando pra evitar uma discussão.

— Aqui o seu ingresso, Nico. — Sky me entregou jogando um pouco de pipoca na sua boca. — Tá sentindo alguma coisa?

De que estou me quebrando mais ainda vendo a Jackie me ignorar? Sim.

— Deve ser o efeito do xarope. — Respondi.

Nós fomos andando até a fila central da sala, do meu lado esquerdo estava a Jackie e do meu lado direito, ninguém. Droga, vou poder comentar com ninguém.

— Você foi incrível cantando Your Song, sabia? — Digo tentando quebrar o gelo e senti ela olhar pra mim.

— Não parecia. Você saiu andando quando a música acabou. — Retrucou, pegando um pouco de pipoca.

— Eu só precisava me estabilizar…

— De quê?! Você tá gripado, não com asma.

— Se eu caísse desmaiado naquela espelunca, você não falaria assim comigo.

— Ah, por favor. Deixa de novela, Carter. Não entendo por que você quer ser agradável agora.

— Agradável?! Ah me economize, Davidson. — Revirei os meus olhos e coloquei uma bala em minha boca. — Já fui demais com você no passado.

— Eu sabia. — Resmungou e os trailers pararam de passar.

O filme começou e fui comendo a pipoca, de pouquinho. Como eu tava sentindo falta de comer esses lanches, duas semana só comendo verduras, legumes e tomando sopa apimentada, estão destruindo o meu gosto alimentício.

— Vish, o nome do cara é Benny. — Ouço o Howie comentar.

— Pelo visto é covarde também. — Brian disse entre risadas da turma.

— Benny é um tremendo idiota… — Digo sozinho, pegando a pipoca e acabei tocando em uma mão delicada, tinha me esquecido da sensação. — Foi mal.

— Foi horroroso. — Ele disse e olhei para a mesma que estava com um olhar de raiva.

— Meu Deus, foi só um acidente!

— Nick, fala baixo! — AJ reclamou lá do meio da fila, entre Faith e Howie, completamente empolgado com o filme que mal começou.

— E por eu ter me apaixonado por você foi outro! — Jackie se levantou, saindo da sala fazendo barulho.

Senti uns grãos de milho bater na minha cabeça, era o Steven chamando a minha atenção.

— Vai lá falar com ela. — Disse baixo e neguei com a cabeça. — Nick, ela tá sofrendo por sua causa, você tem que ir pra lá!

— Só vou piorar as coisas e não é problema meu.

— Você não se importa com o estado dela?! Isso é uma atitude muito imprudente da sua parte.

— Imprudente?! Eu não sou mais nada dela, ponto final.

— Se você diz… todas as noites ela se tranca, se acabando em lágrimas por sua causa! — Ray se intrometeu na conversa e jogou mais pipoca na minha direção. — Vai falar com ela!

— Tá bom! — Digo dando o balde com o Steven e vou andando para o lado de fora.

O corredor estava vazio. Eu fui andando até a entrada do cinema e nada da Jackie, comecei a ficar preocupado. Entrei de novo e passei de novo no corredor, até ouvir uns soluços, vindo do banheiro feminino.

Encostei a minha mão e o meu ouvido na porta, ela estava encostada na mesma também.

— Jackie… — Chamo com calma. — Jackie, nós podemos conversar?

Ela me ignorava e eu me sentia mais vulnerável. Nick, você é um merda.

— Por favor…

— Vai embora. — Respondeu e fiquei pensando. — Já conversamos, está bem?! Não temos mais nada a se tratar.

— Está enganada. Você sabe que precisamos conversar e é hoje. Não sabemos o que pode acontecer amanhã.

— O que você quer dizer com isso?!

— De que você não está sofrendo por isso sozinha. As meninas se preocupam com você, o Ty, Ray e Steven fazem de tudo pra você se sentir bem, os meninos querem animar você e… eu… eu quero esclarecer as coisas. Então, abre essa porta, por favor? Se eu não fizer isso, eu vou me arrepender amanhã. E eu não quero que isso aconteça.

Ouço a porta destrancar e me afasto, vendo a mesma me encarar, com muita raiva agora.

— Esclarecer o quê?! Você deixou claro pra mim de que seria capaz de fazer isso de novo! — Ela me empurrou várias vezes, bem forte. — Só veio contar a verdade pra mim depois de se arrepender! Eu não vou cair nessa de novo, Nick!

— Pare. — Digo e seguro as suas mãos, que estavam prontos para me agredir. — Pare de falar essas coisas! Você não sabe como estou me sentindo desde que contei tudo. Eu falei porque era certo, não posso esconder as minhas atitudes o tempo todo! Eu precisava colocar pra fora e você foi a primeira que veio na minha cabeça. Eu sei que estou te fazendo sofrer, mas era… o jeito de me livrar desse peso e eu já estava me odiando fazendo você de boba…

— E por que não falou isso tudo quando a gente se conheceu?! — Jackie gritou e se soltou de mim. — A gente não estaria lidando com isso! Eu não estaria aqui louca pra pegar aquele extintor e bater na sua cabeça!

— Quer saber?! Outro acidente foi eu não ter tirado o seu rosto, o seu sorriso, o seu sotaque… tudo de você da minha cabeça! — Droga, eu gritei. — Está resolvido agora, um vai sofrer pelo outro até o mundo acabar!

Ela bateu no meu rosto, ficou ardendo.

— Eu deveria ter destruído aquela droga de guitarra na sua cabeça quando era tempo! Eu odeio você, Nick Carter. — Ela saiu andando e peguei em seu braço. — Me deixa em paz!

— Estava falando da Fender de setecentas pratas com os nossos desenhos nela?! — Sorri. — Garota… você teria que destruir tudo o que eu dei pra você também, incluindo aquele urso idiota. Se me odeia tanto, por que não fez isso no mesmo dia que terminamos?

— Você… — Ela levantou a sua mão que tinha uns anéis de pedrinhas, essa vai marcar. — Como sabe disso, seu babaca?!

— É uma palavra engraçada chamada intuição. E também, eu sei como você é, Jackeline.

— Não me chame de Jackeline de novo, se não…

— O quê?! Vai me bater? — Sorri de novo. — Deita a mão nesse rostinho lindo, vai!

Ela ficou respirou fundo, por várias vezes e virei o meu rosto apontando o mesmo com o meu dedo. Meu Deus, eu tô rindo na cara da morte. Mas é por um bom motivo, eu mereço.

O que eu não esperava era que ela acertou em cheio e não tô falando do meu rosto. Eu vi uma galáxia.

— Acho que isso vale mais do que uma Fender. — Jackie sorriu e foi andando plenamente até de volta a sala.

Jackie Davidson

Aquela joelhada foi pouco do que ele merecia, acho que estou me sentindo melhor.

— Ô Benny! Você está levando os cavalos para o lado errado do rio!

— Que droga.

Eu e o resto da sala rimos. Graças a Deus não estamos assistindo a bruxa. Dez minutos depois, Nick voltou meio manco até o seu lugar, em silêncio.

— Cadê os meus doces? — Perguntou olhando pra mim.

— Eles enjoaram de você. — Respondi me acabando na pipoca e no refrigerante.

— Vocês comeram?!

— De novo, Nick?! — Kevin reclamou e joguei umas pipocas nele. — Cala a boca.

O filme foi passando e ele fazia uns comentários referente a protagonista, como provocação. Acho bom dar o gosto do próprio remédio.

— Pena que até agora não tem uma cena do Brendan sem camisa. — Digo baixinho e ouço o Steven rir fracamente do meu lado. — Aliás… o Taylor já apareceu sim nos ajustes e meu Deus, para um garoto…

— Aquele peixinho dourado?! Pelo amor de Deus! — Ele retrucou olhando pra mim. — Agora a minha nova dançarina, é uma maravilha.

— Aquela Dakota?! Por favor!

— É Denise!

— Ah, não importa se o nome dela é Debby, mas agora eu me lembrei… o JC é… um gostoso, gente do céu e aquele abraço que ele me deu na festa… foi o melhor aniversário que eu já tive, eu deveria falar com ele por mais tempo.

Ele se calou na mesma hora. As suas mãos estava apertando o apoio do banco e aposto que o rosto dele tá vermelho e se mordendo de ciúmes. É aquele ditado, é disso que eu gosto.

Já na metade do filme, quando o Imoteph, eu acho que é assim que se escreve, estava perto de recuperar a sua aparência; eu fui para o banheiro e depois fui limpar o meu rosto, me lembrando do que aconteceu mais cedo e comecei a rir.

— Achei você. — Apareceu um reflexo de uma garota, possivelmente mais velha do que a Margo. — A autora de todo o desastre.

— Quem és tu?! — Me virei para ver ela. Ela lembra a vaca, só que loira.

— Danielle. Fui demitida por sua causa, princesa!

Ela tá com cara de que vai me bater. Espera, é a outra vaca! A groupie que estava com Nick na festa de ano novo! Tenho que fazer alguma coisa e rápido.

— Eu nem te conheço, querida.

— Mas você conhece o seu querido namorado. — Ai ai. É ex. — Tivemos uns amassos recentemente, mas fomos flagrados e me demitiram.

— Tá. E aí? Foi bom? — Perguntei.

— Você não está… surpresa?!

— Querida, é o Nick Carter. — Sorri. — Eu acho que não foi bom pra você, mas comigo é outra história…

— Sua…! — Misericórdia, ela tem um canivete. — Isso é por você ter ter destruído a minha meta!

Deus, já estou em suas mãos. E que mulher estranha, viu? Querendo me matar por algo que nem tenho haver! Deveria matar o Nick.

— Vê como o sabonete deixou a minha mão macia. — Faço uma voz fofa e sonsa, a boba se aproximou.

Apertei a tampa do sabonete líquido em direção dos seus olhos e corri para o lado de fora, batendo de frente com um peitoral forte.

— O que foi?! — Ah, é o Nick. Meu Deus.

— Uma tal de Danielle tá com um canivete no banheiro.

— Vai chamar os seguranças, eu mesmo resolvo isso.

— Você tá doido?! Qualquer vacilo você se machuca, mesmo eu querendo que você morra!

— Vai, Jackie! — Ele gritou e fui correndo até o lado de fora, mas a mulher foi pra cima de mim, me derrubando no chão. — Jackie!

Eu senti algo frio passar raspando no meu braço e dei uma cabeçada na mesma e a empurrei. Quando eu ia lhe dar uns supapos, os seguranças do cinema a levaram.

— Você está bem… o seu braço! — Nick mudou de expressão e me levantou, me levando até o banheiro feminino. — Ainda bem que não é profundo.

— Nick, tá tudo bem. Já me machuquei pior do que isso. — Digo e ele me deixa em cima do balcão, começando a lavar o corte.

— E se tiver alguma coisa naquela lâmina que poderia fazer uma infecção?! — Ele disse ficando desesperado. — Droga, droga!

— Que foi?!

— É tudo a minha culpa. — Gene deu as costas pra mim e olhei para o meu ferimento, ainda sangrava. — Por que eu fui tão… droga, é tudo eu.

— É mesmo, viu?! — Digo olhando pra ele. — Só aparece louca nesse mundo querendo coisa com gente nada a ver e aliás, chama a Keira.

— Não vou te deixar aqui sozinha, Jackie!

— Ela leva uma bolsa com coisas para esse tipo de situação, chama ela seu ridículo!

O loiro assentiu e saiu correndo o mais rápido que podia. Voltou um tempinho depois com a bolsa e me entregou. Peguei o remédio de feridas e passei por cima, já que o outro estava tremendo.

— Pronto, agora é só colocar a gaze e o esparadrapo para estancar…

Senti os seus lábios se pressionarem contra os meus de repente, eu fiquei sem saber o que fazer. Eu… senti falta. Não do beijo, mas dele. Mesmo com raiva desse idiota.

Eu o empurrei com a minha mão esquerda, para não forçar o meu outro braço.

— Não faça isso de novo e nunca mais…

— Por que não?! — Disse olhando pra mim. — Por que não damos mais uma chance?

— Pra acabarmos mais machucados do que agora?! Não. É melhor não, Nick. Deixa como está.

— Jackie, por favor… — Ele se aproximou de mim e ficou encarando os meus olhos. — Você pode estar dizendo uma coisa, mas os seus lindos olhos dizem outra. Você quer voltar pra mim, você quer dar uma chance pra mim, você me quer como nunca e me ouvir te chamar de princesa, de Jackeline, de amor da minha vida. E eu vou ser real com você dessa vez, Jackie. É só dizer sim.

— E se isso acontecer de novo? — Senti os meus olhos ficarem quentes de tantas lágrimas que lutam para descer. — E se você descobrir de que não era a melhor opção?

— Que se fodam os “e se”! Eu só quero você, Jackie. Você é uma em um milhão. — Ele limpou o meu rosto e sorriu. — Se eu não te amasse, eu nem teria ido para o show. Eu saí porque… eu vi como eu te deixei e pensei que já tinha partido pra outra, que eu tinha virado passado pra você.

— E o Tyler foi atrás de você…

— Ele me disse que eu deveria conversar com você e tentar entender os nossos lados. Jackie, eu te amo mais do que tudo e eu quero ver você feliz, eu quero te fazer feliz. Eu fiquei sonhando por várias noites de você chorando, deixando tudo o que tem aqui. Eu delirei chamando por você, eu neguei você achando que iria me fazer te esquecer, mas as lembranças de nós dois juntos, fazia o meu coração quebrar cada vez mais.

Eu não sabia mais o que falar. Não sei quem estava chorando mais, eu ou ele. Eu ainda o amo, mas eu fico um passo para trás, pois é ele e ele pode fazer de novo, como bem disse quando confessou tudo.

— Por favor, me diga o que quer? Não me faça sofrer mais sem a sua resposta. — As suas enormes mãos tocavam o meu rosto e depois acariciavam o meu cabelo. — Eu faria qualquer coisa por você, eu mudarei por você e isso não é uma promessa. Por favor, Jackie, eu suplico, me dá uma chance?

Fiquei em silêncio ainda, guardei as coisas e saí de cima do balcão ajustando a minha blusa e a minha calça, e fui andando de volta para a sala, ver o resto do filme que perdi.

And you can tell everybody… this is your song. — Nick começou a cantar e parei no meio do corredor, prendendo novamente as minhas lágrimas. — It may be quite simple, but now that it's done. I hope you don't mind, I hope you don't mind that I put down in the words. — Por que não consigo andar?! — How wonderful life is while you're in the world…

Senti que ele estava bem atrás de mim. Fechei os meus olhos com força, pensando muito, deixando o mesmo esperar. Me virei para ele e fiquei olhando em seus olhos e me lembrei quando o vi pessoalmente pela primeira vez, na festa do Brad. O jeito que ele foi gentil e atrevido ao mesmo tempo comigo foi estranhamente encantador naquela noite, ele me fez rir da sua piada idiota e sem graça, dançou comigo com o pé quebrado… a minha vida ficou maravilhosa quando ele pegou na minha mão e despejou um beijo quando nos apresentamos um ao outro. Ele foi real, como deve está sendo agora.

Quando eu ia me pronunciar, vi algumas pessoas passarem por nós e algumas garotas passaram falando com o Nick, mas ele não ligou, ele não tirava os olhos de mim.

— Você quer mudar?

— É o único jeito de me redimir. — Respondeu limpando o seu rosto e sorriu.

— Eu te ajudo. — Sorri fracamente, eu vou conceder de novo. — Mas…

— Mas…?

— Não significa que eu vou te perdoar e nem voltar pra você. — Digo e o mesmo murchou na hora. — Eu sinto muito, Nick. Mas eu não posso fingir que nada aconteceu.

Nick Carter

Jackie passou por mim, olhando pra baixo. Fui andando de volta para a sala, firme e forte. O filme ainda não terminou, devolvi a bolsa para a Keira e continuei assistindo o mesmo, comendo o resto da pipoca que sobrou. Agora que eu me lembrei de que estava indo comprar uns chocolates quando trombei com ela.

— Cadê a Jackie? — Faith olhou para o banco vazio. — Você viu ela, Nick?

— Acho que ela não demora a voltar. — Respondi voltando a assistir o filme.

Tinham várias cenas cômicas nesse final, só ouvia as risadas da Sky, Margo, AJ, Faith, Howie, Brian e Clover. Acho que eu dei um breve cochilo, esse xarope que o médico passou dá uma sonolência.

— Nick?! — Sinto uma mão sacudir o meu ombro e quando abri, era o Brian. — O filme acabou, vamos pra casa.

— Já? — Digo me levantando, derrubando o balde vazio de pipoca. — Eu não quero ir pra casa.

— São uma hora da manhã e você não vai pra lugar nenhum, temos o que fazer mais tarde. — Disse e nós dois fomos andando até a frente do cinema. — O que achou do filme? Eu adorei!

— Perdi grande parte, mas foi bem divertido. — Digo e fico olhando em volta. — Cadê as meninas?

— Foram atrás da Jackie. — Disse. — Provavelmente ela voltou para o hotel sozinha.

Eu não sabia o que falar, ela disse que só vai me ajudar. Bem, significa que eu vou falar com ela, mas não vou compartilhar o que sinto, o que eu realmente quero… Jackie nunca mereceu alguém como eu em sua vida, já eu… muito menos.

Eu só fiquei ouvindo o diálogo entre os rapazes que não paravam de falar da Múmia até chegarmos em casa. Sinto de que vou me abalar a qualquer segundo, então subi para tomar um banho quente e tentar dormir.

Vesti um dos moletons e saí do banheiro, dando de cara com o Kevin que estava esperando.

— Está pálido. Tem alergia ao xarope?

— Não, Kev. Não é nada. — Tento entrar no quarto, mas ele me bloqueia. — Kevin…

— Você conversou com ela, não foi?

— Conversei. A Danielle apareceu e machucou a Jackie com um canivete e… — Pisco os meus olhos várias vezes. — Ela disse que vai me ajudar ser alguém melhor.

— Mas ela está bem, não é? — Assenti. — Ainda bem. E sobre ela te ajudar, isso é bom.

— Não, não é. — Tento falar firme. — Não vai haver mais nada além disso, ela disse na minha cara de que nunca vai me perdoar! Disse que não vai voltar pra mim! Kevin… eu simplesmente… a perdi.

— Nick, eu entendo o que você está se passando, mas você precisa dar tempo e espaço pra ela. Nem tudo é o que você quer.

— Eu sei disso, okay?! — Gritei e vi os outros olharem pra mim. — Mas eu sinto falta da presença dela!

— Nick…

Entrei no meu quarto e bati a porta, a trancando em seguida. Fiquei respirando fundo por um tempo, daí veio os soluços.

— Nick, fala com a gente. — Ouço o Howie dizer do outro lado da porta.

Vi uma foto minha com a mesma lá em New York, no natal, tomando chocolate quente com marshmallows.

— Nick, você tem que desabafar para o seu próprio bem…

— Me deixem em paz! — Jogo o porta retrato com a foto contra a porta, quebrando o vidro.  — Eu não quero falar com vocês, somem!

Ouvi eles mexerem maçaneta de novo. Que teimosos!

— VÃO EMBORA! — Jogo outro objeto que estava também no criado mudo contra a porta.

Peguei os troféus da escola e fui jogando contra as paredes e a estante em que estavam; derrubei uma cômoda; esmurrei com toda a força do mundo no espelho, que machucou o meu punho. E isso não era o suficiente. Vi uma moldura com o desenho que eu fiz dela na parede e a peguei, jogando o objeto contra o espelho e tirei o papel, cortando outra parte da mesma mão. Rasguei em pedaços e as suas últimas palavras comigo vinham em minha mente.

Os meus joelhos se enfraqueceram quando lembrei do “eu sinto muito”. Eu perdi a Jackie, mesmo sabendo que ela ainda me ama.

— Por que?! — Digo fracamente e deixo as lágrimas saírem com fluidez. — POR QUE, JACKIE?!

Como eu faço pra não sofrer mais por isso?! Aquilo… foi o nosso último beijo? Foi a última vez que vi a esperança crescer?! A única certeza é que… ela é uma em um milhão.

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