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Skyler Henderson

Essa foi a maior surpresa que eu recebi, a mãe do meu namorado veio pessoalmente me conhecer e nunca senti tão nervosa como eu conheci o próprio Kevin. O medo que senti de que ela não gostasse de mim e dissesse que eu não sou uma boa opção para o filho foi do tamanho do país. Mas ela é um amor de pessoa, e bem informada de tudo sobre mim e as garotas, conhece as nossas músicas, de onde viemos, a Ann é a nossa fã número um.

Depois do jantar que eles fizeram para nós, eu pensei em uma coisa: dormir. Por mais que seja a melhor turnê que estou fazendo - pois agora eu danço algumas músicas -, estou ficando esgotada e o pior é que, estou dormindo pouco e hoje é o dia de compensar e só acordar no outro amanhecer.

- Sky? - Me viro para o lado e estava o Kevin na porta. - Estava vendo se você está acordada ou não.

- Oi. Precisa de alguma coisa? - Fiquei olhando pra ele que pensava no que iria perguntar.

- O que achou de ter conhecido a minha mãe? Ela amou você, sério! Tipo, muito mesmo.

- Ah, ela é demais. O sentimento é recíproco. - Sorri pra ele e bocejei, não posso fechar o olho senão, não escuto mais nada. - Aliás, pode ser desnecessário a minha pergunta, mas... ela sabia da Wendy?

- Soube no dia que eu terminei com ela. - Respondeu tentando não se lembrar muito. - Daqui a pouco me juntarei a você, okay? Tenha uma ótima noite de sono.

- Valeu, Kev. - Ele sorriu e fechou a porta, deixando o cômodo todo escuro de novo.

Eu disse que era só eu fechar os olhos que não iria ouvir mais nada. Quando eu me senti mais descansada, senti uma mão acariciar o meu rosto, tirando alguns fios do meu cabelo e também senti um olhar, foi daí que abri os meus olhos, me deparando com aquela imensidão azulada.

- Você dorme muito.

- Eu já estava esperando um "bom dia, Sky! Sonhou comigo?" - Respondi e Kevin começou a rir comigo.

- Quis mudar um pouco. - Disse ainda me encarando. - Mas sonhou comigo?

- Eu nem me lembro. - Digo ainda rindo. - Ainda é cedo?

- Se isso é cedo pra você... - Ele se sentou na beirada da cama e amostrou o despertador. - São três horas da tarde.

- O QUÊ?! EU PERDI GRANDE PARTE DO DIA!

- Pior que não, viu? Todo mundo dormiu e acordou perto do almoço, mas você bateu o recorde. - Sorriu. - Mas eu fiquei preocupado.

- Awn... eu precisava dormir mesmo, sabe? Eu tenho que aproveitar esse tempo que estou aqui em casa. - Me sentei e estiquei os meus braços que estão todos marcados dos lençóis.

- Eu sei, Sky, mas... tenho medo que possa ser exaustão e eu posso falar para o Tyler para por mais dias de folga pra você. Não quero te ver ficar doente, meu bem.

Ai meu Deus aijsnakorzmajakamajzb. Eu mal acordei e escuto essa coisa linda falando isso, que fofo meu Deus! Que fofo! E eu tô fazendo o quê?! Nada! Surtando mentalmente e sorrindo pra ele como fosse nada. Às vezes é difícil de acreditar de que eu sou dele, que eu sou a namorada do Kevin!

- Eu estava pensando agora mesmo, nesses dias eu posso fazer qualquer coisa pra você, pra te deixar cem porcento descansada.

Aquela frase que a Margo falou na festa me definiu agora.

- Faça o que achar melhor, Kev. - Eu o abracei, ficando intoxicada por esse cheio maravilhoso que ele tem. - Mas se for coisas difíceis pra você, eu posso fazer isso.

- Okay, Sky. - Ele pegou em meu rosto e despejou um selinho em meus lábios, me abraçando um pouco mais apertado. - Sabia que eu já tinha me esquecido do quão maravilhoso é dormir com você? De que tudo fica mais confortável?

- Eu digo o mesmo, eu me sinto protegida com você. - Eu senti ele sorrir com isso, o seu coração tá batendo forte. - Já as meninas, faltam me fazer de travesseiro.

- Os rapazes já me fazem de travesseiro quando estamos em turnê. - Respondeu e comecei a rir. - Olha, eu preparei uma refeição maravilhosa pra você, cheia das suas frutas favoritas.

- Sério?! - O moreno assentiu. - Nossa, eu vou me arrumar! Não deixe ninguém comer senão eu mato!

- Tudo bem. Estou lá embaixo te esperando, okay? - Kevin beijou a minha testa e de afastou, saindo do quarto.

Arrumei a cama e abri as cortinas, vendo um pouco do Salvation Mountain, bem longe como um pontinho. Tomei banho e me vesti, descendo até a sala. Daí o Kevin apareceu com o prato, com as frutas bem cortadas e vários cereais misturadas com sorvete.

- Nossa, que profissional. - Nick disse olhando para o prato e olhou para o mais velho. - As minhas panquecas são melhores.

- Nunca foram. - Howie retrucou no canto, todo encolhido.

- O que vocês estão fazendo? - Perguntei vendo a maioria sem se mexer.

- Brincando de "o mestre mandou". - Clover respondeu paralisada. - E o mestre é a Faith.

- Vão ter câimbra. - Digo ligando a televisão, procurando algum conteúdo. - Olha, filme de comédia!

- O mestre mandou não rir. - Faith chega a ser pior do que os meninos. - Mas eu não disse que podia se mexer, AJ. Já perdeu.

- O meu nariz tava coçando! Mereço um desconto.

- E eu tenho cara de cupom?! Se junta com o resto que perdeu.

- Poxa, Faith. Consideração existe.

Quando eu dei a segunda colherada na minha refeição, a campainha tocou e o Ray foi correndo até a porta.

- O mestre mandou vocês descansarem. - Faith disse, indo para a cozinha.

Ray abriu mais a porta e senti a minha garganta deixar o pedaço de goiaba descer de vez, quase me entalando. Eu não acredito que ele descobriu aonde estou.

- Quem é esse?! - Howie perguntou curioso.

- Me chamo Steven Henderson, sou o irmão da Skyler.

- E qual é a razão de você estar aqui, hein?! - Kevin se aproximou e cruzou os seus braços, encarando o mesmo.

Alguém segura ele antes que tenha porrada?

- Eu preciso esclarecer as coisas com a minha irmã. - O loiro se mexeu para o lado, me ver. - Skyler, eu sei que eu sou a última pessoa da Terra que você quer ver, mas é algo importante.

- Como assim importante, Steven? - Pergunto e o mesmo suspirou. - Seja direto, por favor.

- A nossa mãe, Skyler. - Steven abaixou a cabeça e respirou fundo, voltando a me encarar. - Ela morreu. Dois meses depois que você foi embora, ela ficou muito doente e eu levei ela para o hospital.

- Ela estava com o quê? - Fico olhando pra ele, tentando situar o que está acontecendo.

- Câncer terminal. Já era tarde demais e... ela se foi há algumas semanas, tentei contatar contigo, mas estava fazendo show e outras coisas, aí não quis atrapalhar.

- É... com licença, nós vamos deixar vocês dois conversarem a vontade. - Brian disse tentando puxar o Kevin que nem se mexia. - Vamos, Kevin.

- Não ouse tocar nela. - Ouço o mais velho falar isso bem baixo.

Steven se sentou no outro lado do sofá e mexeu nos seus cabelos, procurando como continuar.

- Sky, dias antes dela partir, me disse todas as razões de ter sido péssima conosco.

- Conosco?! Você sempre foi o preferido! - Digo com receio dele fazer alguma coisa aqui.

- Eu e você éramos tratados do mesmo jeito, Skyler. - Respondeu. - Ela era assim por causa do pai, sempre foi ele! Ela me deixava em um lugar e você em outro sozinhos para fugir da vida que estávamos encarando, mas éramos crianças não entendemos isso. Ela já sofria dentro de casa, não conseguia se impor contra ele e... você não faz ideia do quanto eu me sinto podre por ter batido em você sem nenhuma razão.

- Sério?! Eu tinha que mentir para os professores ou esconder por causa dos hematomas, Steven! Se você se sente podre, o que acha como me sinto quando essas lembranças vêem na minha cabeça?!

- Ele me ameaçava dizendo que iria fazer algo pior contigo se eu não obedecesse, Sky. Ele deixava esses bilhetes no meu quarto. - Steven estava prendendo as suas lágrimas enquanto abriu a sua mochila, me entregando dezenas de papéis com a caligrafia daquele ser que é o nosso pai. - No dia que você foi embora pra sempre daquele lugar, ele fez isso comigo.

O mesmo levantou a manga longa da sua camisa, amostrando várias marcas de queimadura em seu braço esquerdo.

- Ele tacou fogo em mim e estou tratando desde daquele dia. - Ele passou as suas mãos sobre o seu rosto. - Eu não vim aqui só pra te contar essas coisas, eu vim porque eu quero, de coração, recomeçar o nosso relacionamento. Eu sei que não vai me perdoar, mas deixar eu pagar por tudo o que fiz contigo. Por favor?

- Steven. - Me aproximo dele e pego em suas mãos. - Só me prometa uma coisa... se esqueça desses dias e procure alguma coisa para o seu futuro?

- Isso é mais do que uma promessa. - Sorriu. - Acho bom eu ir, estou na casa dos outros...

- É a minha casa, irmão. - Sorri de volta e ele olhou em volta.

- Nossa. Quanto você ganha?! Sério, esse sofá deve custar uns... cem mil?!

Eu ri para fazer ele se esquecer do que acabou de me contar, até pra mim mesma. Eu perdi a minha mãe biológica e descobri de que o meu próprio irmão era ameaçado se não me machucasse. O Steven deve estar sem rumo.

- Nem me lembro. - Respondi. - Aliás, ainda está morando lá?

- Naquele inferno?! - Retrucou. - Não, eu... estou dormindo no hospital que faço o tratamento das queimaduras. O meu dinheiro se foi com o tratamento da mãe.

- Sério?! - Eu tive uma ideia. - Hum... vê só. Eu vou conversar com o pessoal e se toparem, o Ray te levará para comprar tudo o que você precisa, okay?

- Okay.

Por mais estranho que pareça, eu o abracei e ele, assustado, ficou sem reação. Por um momento, senti os seus braços me envolverem de volta e nos afastamos. Steven chorava, como eu nunca tinha visto antes.

- Não saia daqui.

Fui correndo com o meu prato e deixei na cozinha, depois saí para o lado de fora, vendo todo mundo reunido. Kevin se levantou com sangue nos olhos.

- Ele tentou fazer alguma coisa com você?!

- Não, tá tudo bem, Kevin. - Sorri. - Ele me provou tudo e quer recomeçar.

- Pela sua cara, acabou de ter uma ideia. - Margo afirmou sorrindo pra mim.

- O Steven está sem moradia, emprego e outras coisas. Eu posso hospedar ele aqui por um tempo até encontrar um apartamento e um trabalho bom.

- Não é melhor deixar ele morar aqui?! Tem só um quarto desocupado no segundo andar. - Jackie sugeriu. - E gente, ele precisa de um trato naquele cabelo!

- E ele pode trabalhar com você, Sky. Na comissão. - Tyler disse comendo o seu querido pretzel.

- E ele está de fato sem casa?! - Ray perguntou e assenti. - Okay, eu saio com ele pra comprar algumas coisas.

- Eu posso ajudar ele a ter um senso de moda...

- Você?! - Nick riu do AJ. - Já viu como se veste? Parece que vai para uma balada e ainda usa óculos escuros de noite!

- E você já viu como muitos caras se vestem como eu por aí?! - McLean retrucou olhando incrédulo para o mais novo. - Pior tu que só usa roupa que cabem dois de você!

- É estilo!

- Então fique calado, criança!

- Tá bom vocês dois. - Ann olhou para ambos que pararam de discutir. - É melhor ser a própria Sky a ajudar o irmão com isso. Eu e a Ash vamos fazer alguma coisa pra ele e Kevin, você vai arrumar o quarto dele.

- Está bem. - Acho que ele não gostou muito da notícia. - E o restante?

- Procurem agradar o rapaz. - Ela respondeu sorrindo. - Ele faz parte da família agora.

- Ótimo, eu vou preparar o carro. - Ray saiu andando e eu e a Jackie fomos andando.

Kevin segurou o meu braço e me levou com calma até um dos corredores. Vai fazer perguntas.

- Não acha que está se precipitando demais? O que ele fez contigo... não tem perdão! Como... como consegue deixar alguém como ele viver debaixo do mesmo teto que o seu?!

- Kevin. - O interrompi. - A decisão foi minha e foi não precipitada. Ele é o meu irmão e me provou com tudo o que tinha pra mim! Ele não tem aonde ficar, tá sem renda... por mais que ele tenha me ferido tanto por dentro quanto por fora, eu não posso devolver no mesmo troco.

- Mas com a Wendy foi...

- Ela colheu o que plantou, Kevin. - Respondi olhando para o mesmo. - Eu sei o que estou fazendo e tem o Tyler e o Ray por qualquer coisa. Não precisa se preocupar...

- Sky, e se o que ele estiver fazendo é por causa de dinheiro?!

- Eu não queria tocar nesse tipo de assunto, mas... você ainda está preso com o que ela fez contigo. - Eita, ele ficou zangado. - Pode ter se desapegado, mas as feridas ainda não se curaram.

- Se ele fizer a mesma coisa, o que vai ser de você?! Me diz. - Odeio quando ele fala nesse tom.

- Eu não vou permitir que alguém passe a perna por mim, tá entendendo?! Eu sei que você não gosta dele por causa do que fez comigo, mas... ele continua sendo o meu irmão e ele quer recomeçar. E isso só acontece quando alguém do mesmo sangue está apoiando ele, ou seja, eu. O Steven está bem consciente sobre a própria decisão, ele mesmo escolheu e se errar, haverá consequências que não podem ser evitadas.

- Eu entendo, Sky! Eu só não... - Suspirou. - Não quero que algo ruim aconteça contigo.

- Eu sei, Kevin. Mas nem tudo dá pra impedir. Coisas ruins acontecem com todo mundo, não importa quem seja. - Peguei em seu rosto e o acariciei. - Seja gentil com ele por mim, por favor? Ele está devastado.

- Sky, não chora.

- E eu o odiava mais do que a minha mãe.

- Calma. - Ele me puxou para um abraço. Meu Deus, ela fazia aquilo por uma razão, mas... por que não passou a tutela para a Ashley?! - Tá tudo bem, Sky. Lembra que eu farei qualquer coisa por você. O Steven vai ser bem recebido aqui.

- Obrigada. - Limpei o meu rosto e ouvi a Jackie me chamar aos gritos. - Volto logo.

Limpei o meu rosto novamente e fui andando, sorrindo para a mesma que me esperava na porta.

- O que ele queria?

- Foi tirar dúvidas comigo sobre o meu irmão. - Respondi e entramos no banco de trás, daí o Ray começou a dirigir.

- Quando anos você tem, Steven? - Jackie perguntou, quebrando o silêncio.

- Vinte e dois. - Ele respondeu. - E você?

- Dezessete.

- Sério? Pensei que você tinha a mesma idade da Sky. Aliás, a maioria eu achei que tinha a mesma idade. - Comentou. - Ai meu Deus, agora eu me lembrei!

- Do quê? - Ray, eu e Jackie perguntamos ao mesmo tempo.

- Aqueles caras não são a sua boyband favorita, mana?! Os Backstreet Boys?!

- Com muita certeza. - O respondi e ele riu.

- Nossa, eu achei aquele do cabelo de cuia engraçado. Sei lá, ele tem cara de zoar com tudo.

- Amigo, acertou em cheio. - Jackie disse rindo. - Às vezes é um idiota, uma criança... às vezes uma dor de cabeça.

- É Nick o nome dele, né? - O loiro perguntou e fizemos que sim. - E pelo visto, a minha irmã é próxima do mais velho, que tinha uma cara que iria me matar.

- É o Kevin. - Ray sorriu e parou no sinal vermelho. - Seu cunhado.

- E é?! Como assim, meu cunhado??

- Eu e o Kevin namoramos há um ano, Steven.

- Ah... será que ele vai gostar de mim?

- Eu espero. Mas olha, quando voltarmos, eu apresento você ao resto do pessoal.

- Tudo bem e... o que vamos fazer agora?

- Comprar roupas, ajeitar o seu cabelo... coisas básicas. - Jackie respondeu. - Vai ser divertido.

- Eu não quero ser oferecido, mas, vamos lanchar?

O Ray olhou pra mim pelo retrovisor e rimos.

- Pelo visto, o velho Steven está voltando. - Ray sorria, era de alegria e de alívio. - Você sempre perguntava a mesma coisa quando saímos para algum lugar.

- Verdade. Nossa, quando nós três saímos pois a Ash levava a gente... sempre foram os meus dias mais felizes.

Como eu pude me esquecer dos finais de semana com os Schneider?! A Ash e o Ronald, pai do Ray, levavam nós três para um passeio diferente todos os finais de semana. Íamos até para outros estados próximos, mas depois que o senhor Schneider teve que se mudar para Indianápolis por causa do trabalho, só íamos para os arredores de Los Angeles e algumas cidades vizinhas. Bons tempos.

De noite, depois de lotar o porta malas com as coisas do Steven, voltamos para casa e os rapazes se apresentaram para ele, as garotas também. Eu nem queria saber do jantar mais, só comi umas besterinhas e me arrumei para dormir. Mas ouvi a porta do quarto bater, era o Kevin.

- Oi. - Sorri pra ele.

- Oi, Sky. - Ele sorriu de volta e me abraçou. - Me desculpa. Eu... você... só veio lembranças daquela conversa que tivemos, na véspera de ano novo. Fiquei com medo e... muito nervoso. E não pensei duas vezes em olhar feio e ameaçar o seu irmão, ele deve estar achando que eu sou louco!

- Calma, Kev. - Digo e o mesmo se desculpou de novo. - Tá convivendo demais comigo. Olha, eu posso te contar agora o que ele falou pra mim, o motivo de ter feito aquelas coisas...

- Mas você está pronta para dormir...

- Eu aguento mais dez minutos. - Digo e o Kevin encostou a sua testa na minha, sorridente. - E eu posso te ajudar a sarar as suas feridas.

- Eu sei que você é capaz de tudo, Sky.

Ai me segurem que eu vou cair! Chega o coração acelera em mil quilômetros com uma simples frase desse cara! Alguém sabe como controlar o que sinto? Ou será que tenho desde que eu nasci?

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