38. falling for a friend
SAVANNAH ENCARAVA O teto do quarto de Amelia fazia pelo menos dez minutos. Ela já havia desistido de dormir — depois de revirar-se na cama incansavelmente, sem conseguir pregar os olhos nem por um segundo sequer, não parecia haver sentido em continuar tentando. Ela estava inquieta e duvidava que fosse conseguir relaxar o bastante para adormecer.
O motivo de tudo aquilo tinha nome e sobrenome: Peter Parker, claro.
A garota não tentou conter o sorriso que se formava em seus lábios. Seria um esforço inútil, no fim das contas. Ela havia descoberto fazia algum tempo que qualquer tentativa de desviar a mente do que havia acontecido entre ela e Peter resultava em fracasso. Ela simplesmente não conseguia, nem por um mísero segundo, parar de pensar no amigo. Não conseguia parar de pensar na sensação da boca dele contra a dela, nas mãos dele em sua cintura, no calor de seu corpo. Savannah ainda sentia o fantasma do toque dele, ainda sentia borboletas flutuando em seu estômago toda vez que se recordava dos — muitos — beijos que haviam trocado naquela noite.
Mesmo que algumas horas tivessem se passado desde o ocorrido, tudo ainda parecia surreal. Ela ainda não conseguia acreditar no que haviam feito, e sabia que somente tal sentimento a impedia de entrar por completo em uma espiral de apreensões. A jovem estava dividida entre sentir-se nas nuvens e afundar em preocupações sobre o que aquilo significava para a amizade deles. Ou o que aquilo significava em geral. Ela, certamente, não fazia ideia.
Mais cedo, Savannah e Peter haviam feito uma espécie de acordo silencioso de que eles não se preocupariam com o que havia acontecido e desfrutariam da companhia um do outro durante o restante daquela noite. E foi exatamente o que fizeram: eles tinham passado quase mais uma hora inteira no quintal dos Bennett, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Eventualmente, eles tiveram de voltar para a casa a fim de não levantar muitas suspeitas — afinal, não queriam ninguém xeretando algo que nem eles sabiam o que era, embora aquilo não os tivesse impedido de trocar olhares furtivos e sorrisos discretos até o fim da festa.
E, considerando que a noite tecnicamente ainda não havia acabado, o trato continuava em vigor; o que queria dizer que, por mais que alguns pensamentos teimassem em ultrapassar a sua barreira de entorpecimento, a garota os afastava tanto quanto podia. Não, ela poderia se preocupar depois.
Inquieta, Savannah rolou mais uma vez no colchão para consultar o relógio que repousava na mesa de cabeceira. Com um breve vislumbre, ela descobriu que já era por volta das cinco da manhã de domingo, quase duas horas depois do fim da festa. Com exceção dos resmungos ocasionais de Amelia, a casa agora estava mergulhada em escuro e silêncio, tão diferentemente de antes.
— Lia — não se aguentando, a adolescente sussurrou. — Lia. Você tá acordada?
— Não — foi o que a amiga respondeu, a voz grogue. — Cala a boca.
Savannah comprimiu os lábios, e alguns instantes se passaram antes que ela contasse para a escuridão:
— Peter e eu nos beijamos.
Mais do que imediatamente, Amelia sentou-se em um pulo.
— Vocês o QUÊ?!
A heroína enterrou o rosto entre as mãos, abafando a risada metade encabulada, metade divertida que escapuliu de seus lábios. Ela conseguia sentir as bochechas esquentando, e teve certeza de que seus esforços para esconder a vermelhidão foram em vão quando Lia acendeu o abajur na cômoda ao lado.
— Você não estava dormindo?
— Cala a boca e me conta tudo! — Disse a amiga ao puxar suas mãos para longe do rosto. — Quer dizer... ah, você entendeu!
Savannah riu mais uma vez, mas obedeceu. Ela contou tudo para Amelia: desde o episódio de sexta-feira no restaurante — o que significava que Lia agora tinha conhecimento da origem verdadeira do corte no seu braço, e, como era de se esperar, não ficou nem um pouco contente pela mentira do "acidente na cozinha" — até o que acontecera enquanto aprontavam a casa mais cedo, e, então, na festa.
Ela contou a versão resumida e não muito detalhada dos acontecimentos, claro. Algumas coisas ela preferiu guardar para si; algumas coisas eram apenas dela e de Peter, e parecia errado compartilhar tudo quando aquelas memórias não eram apenas suas.
— Eu sabia! Sabia que você gostava dele! — Amelia vibrou com vários risinhos. — Por que você nunca falou nada? Eu poderia ter tentado juntar vocês muito antes!
A heroína não conseguiu evitar revirar os olhos diante da afirmação. Naquela última semana, desde que Lia começara a suspeitar de seus sentimentos no dia em que voltara de Boston, ela havia mandado tantas indiretas para os dois que fora um verdadeiro milagre Savannah não tê-la estrangulado. Ela sabia que a amiga só queria ajudar, mas tamanha era a sua falta de tato às vezes que Savy ficava com vontade de cavar um buraco para enfiar a cabeça. Peter parecera não ter notado nada, ainda bem, porque a situação teria ficado muito constrangedora.
— Eu tenho quase certeza de que as suas indiretas desaceleraram muito as coisas entre nós — ela disse, arrancando uma exclamação revoltada de Amelia. — Lia, vamos lá, você sabe que você não é nem um pouco sutil. Você é péssima para disfarçar as coisas!
— Essa é a maior mentira de todas! Fala uma vez que eu soltei algo que não deveria.
— Bem, teve a vez em que você falou para o meu irmão que nós estávamos conversando sobre pornô só para disfarçar que a gente falava sobre a Major; também teve a vez em que você disse para o Peter que eu tinha curtido uma foto antiga do Instagram dele, sendo que essa proeza foi sua, só porque o clima estava ficando meio tenso; e, logo mais cedo, você tentou fingir não saber sobre a festa surpresa da pior maneira possível — a menina foi erguendo os dedos das mãos conforme enumerava os feitos da amiga e, ao terminar, balançou-os com um sorriso pretencioso. — Devo continuar? A lista é longa.
— Uau, você tinha essas respostas na ponta da língua — Amelia, meio emburrada, resmungou.
— Eu te amo mesmo assim — Savannah cochichou, como se estivesse compartilhando um segredo, e Lia revirou os olhos com um sorriso. — Só que... sei lá, não foi por isso que eu não disse nada. Não é que eu não quisesse falar para você... Era mais uma questão de admitir para mim mesma.
— Como assim?
Com um suspiro, a vigilante ajeitou-se na cama de maneira que estivesse encarando novamente o teto. As mãos repousavam em sua barriga e os dedos mexiam distraidamente no edredom felpudo da amiga, arrancando pequenos fiapos dele e descartando-os logo em seguida.
— A partir do momento em que eu dissesse para você que sinto algo pelo Peter, eu estaria confessando para mim uma coisa que estava tentando evitar. Não adianta mais negar agora, óbvio, mas... Não sei. — Ela balançou a cabeça para si mesma. — Ele é meu amigo. Eu adoro a companhia dele e as conversas que temos, e me preocupa que o que aconteceu vá arruinar o que nós compartilhamos.
Savannah fechou os olhos, somente por um breve instante, na tentativa de afastar aquilo de sua mente. Era quase assustador admitir tudo aquilo em voz alta, coisas que ela mal se permitira refletir sobre. Ao a adolescente perceber que estava reparando demais em Parker — coisa que vinha acontecendo com bastante frequência nas últimas semanas —, que estava pensando demais nele ou que estava sentindo as famigeradas borboletas no estômago, ela se repreendia e tentava parar. Mesmo que agora ela não conseguisse negar nem se quisesse. Afinal, eles deveriam ser apenas amigos, não deveriam?
Contudo, agora, eles haviam ultrapassado um ponto do qual seria difícil voltar. E se não conseguissem agir mais com naturalidade perto um do outro? Às vezes, quando eles acabavam próximos demais ou quando trocavam olhares demasiados demorados, aquilo acontecia; eles logo voltavam ao normal, mas e se daquela vez...
Ela, com certeza, não queria perder o que os dois tinham. Era incrível como a menina sentia-se tão à vontade perto dele, como sentia que eles podiam conversar sobre qualquer coisa a qualquer momento. E, caso ela precisasse suprimir todos os seus sentimentos para que a amizade deles sobrevivesse, ela o faria. Mesmo que aquela ideia doesse muito mais do que ela sequer se permitia imaginar. Porque Peter Parker era, simplesmente, importante até demais para Savannah Evans.
Entretanto, não era para ela estar pensando sobre isso no momento. Ela estava proibida segundo o trato silencioso!
— Eu me preocupo que as coisas vão ficar esquisitas de agora em diante e que nunca mais vão voltar ao normal. — Ela prosseguiu, ainda assim, incapaz de deixar aquilo de lado. — Eu nem sei se os meus sentimentos são realmente recíprocos, ou se agora ele se arrepende profundamente e... Você está rindo?
— Não! — Disparou Amelia, que claramente tentava conter suas risadas. — Quer dizer, sim, mas não pelo motivo que você pensa. Estou rindo de alívio. É bom ver você se preocupar com coisas tão... mundanas. Você passa tanto tempo imersa no mundo da Major que, às vezes, eu temo que vá deixar o restante da sua vida de lado.
Savannah precisava admitir que ela preferia lidar com os seus assuntos de Major do que com os seus sentimentos naquele momento; aquilo poderia parecer um pouco extremo, e talvez realmente fosse, mas confrontar a natureza de daquelas suas sensações conseguia ser mais intimidante do que qualquer bandido. Ela não achava que já tivesse se sentido daquele jeito antes, o que era algo aterrorizante por si só.
— E quanto a essas suas aflições... — Lia retomou ao parecer notar que ela estava entrando em pane. — Sabe, nessa última semana, eu andei observando vocês...
— Disse ela, como se não fosse esquisito.
— ...e, acredite em mim, é recíproco. — Ela ignorou o seu comentário. — Amigos não se olham do mesmo jeito que vocês dois. De verdade, é frustrante vocês não repararem nisso. Chega a ser irritante... de um jeito fofo.
Savannah bufou uma risada, ao passo que Amelia dava um tapinha em suas mãos para que ela parasse de cutucar o seu edredom. A heroína mal reparou naquilo, todavia, considerando que sua mente já vagava para longe, refletindo o que fazer. Certo, ela pensou, ansiosa. Amanhã. Veremos isso amanhã. Segunda-feira, quando ela e Peter se encontrassem na escola... sim, eles descobririam o que fazer lá. Ela só podia torcer para dar tudo certo, embora não soubesse o que "dar tudo certo" implicava exatamente.
Aquilo não era um plano de verdade, mas, ao menos, era o início de um. Só havia uma única coisa da qual Savannah estava certa naquele momento: dependendo de como as coisas corressem no dia seguinte, ela contaria a Peter sobre ser a Major. Ela confiava nele para guardar o segredo, e já estava pensando em revelá-lo para o amigo fazia um bom tempo. Ela decidiu, finalmente, que não queria esconder mais aquilo dele.
— Obrigada, Lia. Foi bom conversar sobre isso — ela disse por fim. A amiga sorriu, mas a expressão esmoreceu ao ouvir a continuação. — E, já que estamos neste tópico... Quer falar sobre você e Ned?
Foi a vez de Amelia suspirar e virar-se para encarar o teto. A vigilante esperou pela resposta da garota ao seu lado, fosse ela uma réplica direta ao seu questionamento, fosse ela um simples "Boa noite". De qualquer maneira, ela aguardou pacientemente, e, após alguns minutos de silêncio, a amiga começou:
— As coisas estão um pouco esquisitas ultimamente. Nós andamos um pouco distantes um do outro, como se houvesse entre nós algum tipo de barreira, uma que fica cada vez pior sempre que tentamos contornar — ela mexia em seu novo colar, passando o dedo pelo formato de seu nome em um sinal de nervosismo. — A gente nem se falou enquanto eu estava em Boston, acredita? Só fui me dar conta disso depois de voltar.
Savannah arqueou as sobrancelhas, surpresa com a revelação. Ela realmente não imaginava que as coisas estivessem daquele jeito; os amigos não demostravam indícios daqueles tipos de problemas quando estavam todos juntos, porém talvez fosse mais fácil esquecer as dificuldades de comunicação quando havia por perto outras pessoas com quem falar.
— Vocês estão assim faz muito tempo?
— Um pouco. Eu estava tentando ignorar para ver se passaria, mas... — Ela deixou a frase pairar no ar em uma clara indicação de que a situação não havia passado. — Às vezes, parece que não há nada para falar sobre. Aí vem essa pressão gigantesca para conversarmos, porque é melhor do que ficar sentado em silêncio, certo? Então nós tentamos forçar algum assunto e, no fim, fica tudo ainda pior.
Amelia balançou a cabeça para si mesma. Savy franziu o cenho, triste por saber que os amigos se encontravam naquela situação. Lia e Ned formavam um casal adorável, e ela se lembrava de como eles tinham agido no início do relacionamento, ou de como haviam ficado nervosos perto um do outro antes de sequer acabarem juntos. Saber que a magia deles estava desvanecendo era desconcertante, e a Major fez uma pergunta cuja resposta ela não tinha certeza de que queria saber:
— Você acha que vai terminar com ele?
— Não. Não sei. Argh! — Ela soltou um grunhido de frustração. — Eu adoro tanto o Ned, ele é incrível e um doce... Qualquer pessoa seria sortuda de estar com ele — ela abriu um sorriso triste. — Mas, em muitos momentos, parece que eu não sou essa pessoa. Parece que as coisas funcionariam muito mais se fôssemos só amigos em vez de um casal que não sabe o que fazer e racha sob pressão. — Lia soltou um muxoxo. — Ah, Savy, o que eu devo fazer?
— Você sabe que a única que pode decidir isso é você mesma. — Savannah disse, fazendo Lia soltar um gemido sôfrego que se assemelhava muito a "Eu sei, eu sei". — Você e Ned são meus amigos, e eu só quero ver os dois felizes. Se isso não está funcionando para vocês... Acredito que vocês têm que sentar e conversar sobre.
Com uma careta, Amelia rolou pelo colchão até o lado da amiga, praticamente jogando-se em cima dela com dramaticidade.
— Eu estava torcendo para que você não dissesse isso — a menina lamentou-se. — Quer dizer, eu sei que é a coisa certa a se fazer, mas... É uma droga.
Com um sorriso triste, Savannah deu tapinhas de consolo nas costas de Lia e repetiu:
— É uma droga.
✶
"Era difícil, na verdade, conseguir ver estrelas em Nova York em uma noite normal. A menos que estivesse em um ponto específico para observação, a luminosidade ofuscante e a poluição da cidade tendiam a abafar a beleza da noite. No entanto, naquela área residencial do Queens, o céu estava surpreendentemente limpo e era possível ver os astros piscando contra escuridão sobre suas cabeças.
Savannah e Peter, até então, estiveram brincando de dar nomes às formas que as estrelas logo acima formavam. Talvez fosse um pouco bobo, mas o jogo e seus desenhos improváveis já haviam rendido boas risadas dos dois.
Sentados na grama, eles encontravam-se apoiados contra a parede da casa, de modo que só poderiam ser vistos se alguém descesse para o quintal. Eles aproveitaram a privacidade para poderem, simplesmente, ficar lado a lado sem olhos curiosos para bisbilhotá-los. Nenhum deles queria incitar qualquer tipo de rumor, em especial quando não faziam ideia do que viria a seguir.
Eles não haviam exatamente falado sobre, mas haviam concordado, de certa maneira, que não mencionariam o que tinha acabado de acontecer. Pelo menos, não agora. Eles reservariam o restante daquele tempo para apenas aproveitarem a companhia um do outro. Era o que os dois estavam fazendo, no fim das contas: embora a conversa tivesse cessado fazia alguns minutinhos, Savannah ainda apoiava a cabeça no ombro de Peter, o qual, por sua vez, tinha um dos braços em volta de seus ombros.
Era de se espantar que não houvesse nenhum tipo de timidez ou vergonha entre eles, principalmente considerando o quanto já haviam se beijado. Mas era como se o entorpecimento de suas ações mantivesse as preocupações longe, tanto que o silêncio que havia se instalado entre os dois era o extremo contrário de desconfortável; os amigos estavam imersos em uma atmosfera agradável, uma que nem o frio da noite nem o questionamento do que aquilo era poderiam ultrapassar.
Savannah se perguntava se isso mudaria quando voltassem para a realidade de seu dia-a-dia.
— Você está fazendo aquela cara — Peter comentou de repente.
A adolescente afastou a cabeça do ombro dele para que pudesse mirá-lo, confusa.
— O quê?
— Aquela cara que você sempre faz quando está pensativa — ele explicou. — Você faz bastante, na verdade.
— Anda me observando, Parker? — Sua provocação fez as bochechas do rapaz enrubescerem. — Não é nada, eu só... — Savannah interrompeu-se por um instante, não desejando revelar as suas aflições. Provavelmente fazê-lo arruinaria o clima bom entre eles, e aquilo era tudo que ela menos queria. Então, ela apenas indicou o céu com o queixo. — Só estou tentando decifrar a forma daquelas estrelas.
Se Peter notou a mentira, não disse nada a respeito. Talvez ele também temesse o que fosse acontecer caso tocassem no assunto. Sendo assim, tudo que ele fez foi desviar os olhos, até então focados no rosto dela, para cima. Em seguida, ele retirou o braço que estava ao redor de seus ombros — a garota ajeitou-se em seu lugar, tentando ignorar o repentino frio que o afastamento dele trouxe — e usou-o para apontar para o alto.
— É um coelho — ele desenhou no ar um formato que era tudo, menos um coelho. — Claramente. Você está de lentes ou precisa dos seus óculos?
Ele balançou a mão na frente de seu rosto, como se checasse a qualidade da visão dela. Revirando os olhos, Savannah bufou uma risada. O amigo a acompanhou, e não protestou quando ela, ao contrário de apenas afastar a sua mão, segurou-a. Ela dedilhou a palma do rapaz de modo distraído, os seus dedos frios fazendo-o estremecer.
— Sabe, quando eu era menor, Kyle costumava me atormentar dizendo que, caso eu apontasse para estrelas, verrugas começariam a nascer descontroladamente em minhas mãos — ela comentou com um riso. — Ele dizia que elas cobririam toda a minha pele e eu teria que fazer uma cirurgia para tirar. E, se isso não resolvesse, teriam que arrancar minhas mãos antes que cobrissem o resto do meu corpo.
— Isso é bizarramente específico — Peter franziu o cenho. — E um pouco maldoso.
Savannah deu de ombros, mas anuiu. Kyle conseguia ser exagerado quando queria, e claro que costumava assustá-la sempre que podia quando ela era uma criança ingênua e ele, um adolescente irritante. Hoje em dia ele continuava um adulto irritante, só que sem tempo para tentar enganá-la. Não, agora o jogo havia virado e, ao que parecia, ela era a adolescente perspicaz que o mentia para o irmão.
— Um pouco — concordou. — Claro que não há nada de errado em ter verrugas, mas minha eu de sete anos tinha tanto medo de perder as mãos que até hoje eu não consigo apontar para estrelas, embora saiba que nada vá acontecer — ela balançou a cabeça para a bobagem de suas manias. — Alguns hábitos são difíceis de largar.
— É tipo quando sua mãe diz para não deixar o sapato virado ou ela vai morrer — Peter comparou. — Você sabe que é besteira, mas parece que você foi programado para não gostar de solas para cima.
— É exatamente assim! — A jovem exclamou com uma risada, a qual foi acompanhada. Porém, uma vez que os risos cessaram, ela levantou o olhar para o rosto do menino e perguntou com suavidade: — Você se lembra dela?
Por um momento, Savannah temeu ter sido invasiva demais. Apesar de ela e Peter não serem estranhos a conversas sobre suas perdas, foram poucas as vezes em que ele mencionara Mary e Richard Parker. Ela havia feito a pergunta por impulso e curiosidade, e estava prestes a retirá-la e pedir desculpas quando o amigo disse:
— Mais ou menos. É difícil me recordar de uma época em que não éramos só May, Ben e eu. Algumas coisas são nebulosas, enquanto outras são mais claras. — Respondeu, pensativo. — Mas eu lembro que minha mãe fazia chocolate quente sempre que chovia. Lembro também que o meu pai gostava de cantar, e eu achava que ele era o melhor cantor do mundo. — Ele olhou para ela. — Acho que eles teriam gostado de você.
Savannah comprimiu os lábios em um sorriso, sem saber muito bem o que dizer. Peter pareceu entender aquilo, pois somente sorriu de volta para ela e entrelaçou seus dedos, apertando-os de leve como se para dizer que ela não precisava falar nada. Por um instante, eles ficaram daquele jeito, quietos e apoiados um no outro, até que ele inquiriu:
— Você pensa nos seus pais biológicos?
Essa era a primeira vez em eu eles tocavam naquele assunto. Na verdade, era a primeira vez em que a garota refletia sobre em muitos, muitos anos.
— Antes, sim — ela admitiu. — Eu costumava me perguntar o motivo de ter sido levada para o orfanato. Me perguntava se algo havia acontecido com os meus pais ou se eles só tinham resolvido que não me queriam.
A adolescente se interrompeu por um momento. Ela evitava pensar sobre aquilo, pois sabia que a resposta, independentemente de qual fosse, seria dolorosa. E, de qualquer maneira, não importava mais. Já não importava fazia muito tempo. Ela estava feliz com sua vida, e se prender àqueles que a haviam deixado para trás soava quase como uma traição contra a sua família verdadeira.
— Até que, um dia, eu percebi que não valia a pena pensar sobre isso. Família não é sangue, e eu já tenho uma que me escolheu e que me ama — ela disse, cada uma daquelas palavras verdadeiras. — Hoje em dia eu não poderia ligar menos. Eu sou feliz e, se não tivesse sido adotada, quem sabe onde estaria agora? Talvez não aqui. — Um sorriso divertido curvou os cantos de seus lábios. — E a vida de vocês seria tão tediosa sem mim.
O amigo meneou a cabeça.
— Provavelmente.
Savannah afastou o olhar do de Peter, incapaz de impedir o sorriso de alargar-se em seu rosto, uma mistura de sentimentos borbulhando dentro de seu peito. Ela teve vontade de inclinar-se e beijar novamente o rapaz ao seu lado, porém, em vez disso, ela apenas encolheu os ombros enquanto soltava uma exclamação chocada.
O garoto empertigou-se, alerta.
— O que foi?
Ela levantou ergueu as mãos deles, ainda entrelaçadas.
— Acho que tem uma verruga nascendo no seu dedo.
Quando Peter gargalhou, Savannah teve plena certeza de que poderia ouvir aquele som para sempre."
A jovem foi arrancada de seus devaneios pelo toque estridente de seu celular. Ela deu um pulo de susto, quase derrubando o aparelho carregava nas mãos, mas conseguiu segurá-lo antes que caísse no chão e possivelmente trincasse ainda mais a sua película. Assim que viu que era Kyle quem ligava, ela não demorou para atender.
— Ei, cadê você? Está tudo bem? — Ela disse à guisa de um cumprimento.
Savannah estava aguardando pelo irmão no cinema. No sábado, antes de a menina sair para aprontar a festa de Lia, eles haviam combinado de assistirem a algum filme na tentativa de compensar o fiasco que acabara sendo o jantar de sexta-feira. Kyle deveria ter ido buscar a garota na casa da amiga, mas, devido a um compromisso, ele não conseguiu ir. A vigilante, então, teve de pegar um táxi até o lugar combinado, e fazia quase uma hora que ela estava esperando ali.
— Sim, sim, está tudo bem — foi o que ele respondeu, para o alívio dela. — Mas não vou poder ir hoje, Savy.
— Ah — ela franziu as sobrancelhas. — O que aconteceu?
— Estou com o Theo agora. Aconteceram umas coisas com ele e Megan e, bem, ele precisa de um amigo.
A Major passou a mão pelo rosto, um pouco cansada e irritada. Ela entendia, de verdade, o desejo do irmão de estar com o melhor amigo, mas gostaria que ele tivesse dito alguma coisa antes que ela gastasse praticamente uma hora ali. Não era como se ele não tivesse respondido as mensagens que ela mandara com "Tudo bem" e "Logo estarei aí", quando poderia ter simplesmente aberto o jogo e contado que não iria.
— Uau, ainda bem que você me avisou logo e eu não fiquei congelando aqui — ela espezinhou, sem fazer questão de esconder a secura na voz.
— Foi mal. Acabei me distraindo. — O irmão disse, embora não tenha soado muito arrependido. — Tenho que ir agora. Vejo você em casa, beleza?
A ligação foi encerrada antes que ela pudesse responder, e a garota murmurou para a linha muda:
— Beleza.
Com um suspiro, Savannah enfiou o celular na mala e começou a distanciar-se da fachada do cinema. Ela não veria filme algum nem se ainda quisesse, visto que estava sem dinheiro para comprar um ingresso. Ela tinha esquecido a carteira em casa — havia ficado determinado que Kyle iria comprar os seus bilhetes — e usara o dinheiro que encontrara perdido na bolsa para pagar o táxi. Ela ainda tinha o suficiente para a passagem de metrô, pelo menos.
A adolescente tentou não se sentir muito chateada, mas foi em vão; ela genuinamente estivera no aguardo de se divertir com o irmão, principalmente porque, nos últimos meses, eles mal haviam passado muito tempo juntos. E, apesar de aquilo ter sido cômodo para a sua vida de vigilante, ela sentia falta às vezes da companhia de Kyle.
Ajeitando a alça da mochila que pesava no ombro e olhando para o horizonte já escurecido, a heroína traçou o caminho que a levaria até a estação de metrô. Ela já estava andando fazia um bom tempo quando, de repente, ouviu um estrondo seguido por gritos, cujas palavras ela não conseguiu decifrar.
Savannah estacou de imediato no chão. Ao varrer os arredores com os olhos, ela percebeu que, dentre os muitos estabelecimentos já fechados naquela vizinhança, parecia haver certo movimento em um em particular: uma loja de eletrônicos. Ela conseguiu distinguir algumas silhuetas através do vidro fosco e soube, sem sombra de dúvidas, que havia um assalto acontecendo.
A vigilante sentiu uma descarga de eletricidade percorrer o seu corpo, bem como certa tensão acumulando-se em seu âmago. Caso ela escolhesse interferir, estaria em óbvia desvantagem — ela não estava armada e muito menos com o seu colete à prova de balas. Tudo que tinha era uma mochila pesada e, dentro dela, sua máscara de esqui e luvas. Seria burrice entrar naquela loja a fim de tentar parar o que quer que estivesse acontecendo.
Mas Savannah sabia que jamais conseguiria dar as costas para aquilo e ir embora. Não quando pessoas poderiam se machucar, não quando ela poderia ajudar. E ela já tinha se encontrado em situações piores, não tinha? Dois dias atrás, ela encarara os Vingadores Fajutos ao lado do Homem-Aranha com nada além de seu taser, e no fim dera tudo certo, não? Infelizmente, ela não tinha o Cabeça de Teia para lutar ao seu lado, mas tinha o elemento surpresa e aquilo teria de valer.
Ignorando a regra que impusera a si mesma de nunca caçar problemas sem um colete à prova de balas e algum aparato com o qual se defender, ela tomou a sua decisão.
Sendo assim, a Major, após certificar-se de que estava sozinha na rua, arrancou rapidamente a máscara e as luvas de sua bolsa a fim de vesti-las. Ela olhou em volta em busca de qualquer coisa que pudesse usar para brigar; acabou por avistar a tampa metálica de uma lata de lixo, e não pensou duas vezes antes de apanhá-la e correr para o confronto.
O sino que ficava na entrada do estabelecimento tilintou quando Savannah escancarou a porta com um chute. Uma vez do lado de dentro, ela deu de cara com um bandido apontando uma arma para o idoso atrás do caixa enquanto este, de olhos arregalados e dedos trêmulos, retirava dinheiro da caixa registradora. Mais adiante, havia uma mulher enfiando celulares em uma mala e outro homem movendo uma televisão de tela plana — só que a caixa estava erguida no ar por uma aura azul vibrante, proveniente do estranho e enorme aparato nas mãos do ladrão.
A menina soube na hora que aquela era uma das armas do Abutre. Mas ela não teve tempo para se surpreender ou repensar seu plano; sua entrada dramática havia chamado a atenção de todos, que pararam o que faziam para mirá-la. Coincidentemente, ela reparou, os três bandidos usavam máscaras de esqui para cobrirem seus rostos também.
— Ah, estamos combinando! — Ela apontou os seus disfarces, a voz repleta de falsa doçura.
Em seguida, Savannah lançou-se contra o assaltante mais próximo.
Ela e sua tampa de lixo atingiram com força o homem que ameaçava o caixa. Ele, cambaleante, agarrou-se no balcão para não cair, mas não conseguiu se segurar novamente quando a vigilante deu uma joelhada em seu estômago. Ele desabou, e ela só foi capaz de chutar a arma para longe de seu alcance antes que a mulher surgisse atrás dela e puxasse a alça de sua mochila, fazendo com que Savannah desse uma guinada para trás.
Debatendo-se, a Major deixou que as alças da mala escorregassem para fora de seus ombros. Uma vez livre, ela abaixou-se com rapidez e deu uma rasteira em sua agressora. Porém, mal ela havia atingido o chão e a heroína reparou, graças à visão periférica, que o homem que derrubara previamente já estava se reerguendo.
Savannah avançou em sua direção enquanto bradava para o senhor atrás do caixa:
— Sai daqui! Rápido!
A garota jamais teve a chance de ver o que ele fez. Antes que ela sequer alcançasse o bandido em sua mira, o seu corpo foi envolvido por aquela estranha aura azul, e, de repente, Savannah estava no ar, incapaz de mover um músculo sequer. Uma parte sua achou aquilo incrível e surreal — afinal, ela estava suspensa a centímetros do chão —, ao passo que a outra (a mais racional de si) desesperou-se.
Seus membros doeram com o esforço que ela fez, em vão, para se mexer. Os fios de cabelo que estavam para fora da touca flutuavam ao seu redor, e uma sensação estranhamente fria penetrava por suas roupas. Tudo isso chegou ao fim, entretanto, quando a Major foi arremessada na parede mais próxima.
O ar escapou por completo de seus pulmões quando seu corpo bateu no concreto. Em seguida, ela escorregou para o chão, a tampa da lata de lixo dolorosamente prensada contra seu tronco. Savannah arquejou e demorou alguns bons segundos para tentar se levantar, todas as células de seu corpo parecendo gritar um protesto a cada ínfimo movimento seu. Sua cabeça doía e tudo ao seu redor girava; ondas de náusea abatiam-se sobre a jovem toda vez que se mexia.
Ainda zonza, ela notou que havia sido lançada para trás do caixa, o que significava que agora havia o balcão entre ela e os criminosos. Não havia sinal do senhor que outrora estivera ali, e ela torcia para que ele já tivesse fugido. Ao menos ele ficaria longe do confronto, o qual, a heroína presumia, não seria favorável para ela.
Ela suspeitava que os assaltantes estivessem se divertindo com a sua situação; esse era o único motivo plausível para não terem ido atrás dela ainda. Eles sabiam que ela estava em desvantagem e provavelmente queriam ver o que faria a seguir. O que era, claro, algo que ela ainda precisava descobrir. O que faria a seguir?
Sua pergunta foi respondida quando ela olhou para as prateleiras ao redor.
— Vamos lá, garota — a mulher cantarolou de algum lugar da loja. — Não nos deixe esperando.
Em resposta, Savannah levantou-se de trás do balcão e jogou para frente o conteúdo inteiro da garrafa que achara. Como ela suspeitara, os ladrões a estavam esperando do outro lado, e eles somente riram com escárnio quando o líquido atingiu suas roupas e o chão. Certos de que ela não representava nenhum perigo, eles abaixaram suas armas.
— Sério mesmo? Isso era para fazer alguma coisa? — Disse o homem com quem ela lutara antes.
— Ainda não.
Mais rápido do que poderiam esperar, Savannah ascendeu o isqueiro que havia achado entre as prateleiras. Os bandidos berraram, alarmados, mas a garota já havia atirado o objeto aos pés deles. Ela se abaixou a tempo de escapar do primeiro tiro, o qual acertou a parede atrás dela.
Levaram apenas alguns segundos para que os assaltantes percebessem que o líquido com o qual a vigilante encharcara o piso não era nada inflamável e, sim, somente água — mas aquele foi todo o tempo que ela precisou. A Major apanhou o seu escudo improvisado e o lançou com toda força que conseguia no ladrão mais próximo, aquele que havia disparado a arma contra ela. Ele cambaleou para trás enquanto ela saltava o balcão, utilizando-o como apoio ao atingir o peito do homem com os dois pés.
Ele desabou, levando consigo a mulher que encontrava-se às suas costas, e Savannah mergulhou para o chão a tempo de escapar da investida da arma alienígena. Ela alcançou a tampa da lata de lixo mais uma vez antes de jogá-la nas canelas do homem. Aquilo não teria sido o suficiente para derrubá-lo, todavia, por sorte, ele caiu ao escorregar no piso molhado.
A heroína correu para pegar a arma do Abutre. Ela a arrancou das mãos do bandido, que, desorientado, não ofereceu muita resistência, nem mesmo quando ela se aproximou para incapacitá-lo com um soco entre olhos. Savannah, porém, não teve tempo de fazer muito além de se afastar do ladrão caído, visto que seus braços foram agarrados e puxados contra as costas com violência. O movimento foi tão brusco que o aparato de tecnologia alienígena escapou das mãos da menina, atingindo o chão com um baque.
Antes que alguém pudesse pôr as mãos no aparelho, a Major chutou-o para o outro lado da loja. Em seguida, ela reparou que o criminoso que carregava a pistola caminhava até as duas, mas, quando ele optou por guardar a arma no coldre, ficou claro que estava irritado o suficiente para querer resolver as coisas com os seus punhos.
Ele não chegou a fazê-lo, isso porque todos interromperam-se quando o tilintar de um sino ecoou pela loja e uma voz forçadamente grossa disse:
— Não acredito que vocês não me chamaram para a festa!
Savannah sorriu ao ver o Homem-Aranha parado na porta e aproveitou a distração para jogar a cabeça para trás, de modo que colidisse contra o nariz da mulher que a segurava. Ela xingou e cambaleou, assim soltando a menina. Quanto ao homem à sua frente, ele não teve nem chance de sacar a pistola antes de o Aranha lançá-lo para o chão com um chute.
A Major virou-se para os seus oponentes, olhando de esguelha para o seu antigo-quase-parceiro, agora ao lado dela. Ele lançou algumas teias nos criminosos para prendê-los ao chão, e a jovem não conseguiu evitar recordar a última vez em que o vira, no ataque ao restaurante dois dias atrás. Pelo jeito, ele havia recuperado as suas teias, as quais eram muito bem-vindas no momento.
— Chegou bem na hora, Cabeça de Teia — ela disse, ofegante e com a voz mais grossa também.
— Bem, o meu arrepio do Homem-Aranha disse que você estava com problemas — foi o que ele respondeu. — Mas parece que você já tinha dado conta do recado.
Arrepio do Homem-Aranha... O quê?
Savannah, de sobrancelhas franzidas, virou-se para encarar o rapaz. Ela havia escutado direito? Ele tinha realmente dito Arrepio do Homem-Aranha...? Como em... como em arrepio do Peter? Ou aquilo era apenas uma tremenda e esquisita coincidência? Aquela não era uma coisa comum de se falar, mas talvez fosse apenas...
— Enfim, que bom que eu encontrei você, Major — ele continuou, alheio à repentina confusão dela. — Queria me desculpar por aquele dia no banco. Eu agi feito um completo babaca e não deveria ter dito aquelas coisas para você... Eu nem sequer acredito nelas! Eu só estava irritado com toda aquela situação, e perdi a cabeça quando vi que tomaram May como refém, e então...
A garota perdeu o pouco fôlego que ainda tinha. May — ele tinha dito May. Ela sabia que o nome da mulher não havia sido divulgado em nenhum jornal, portanto, ele ter descoberto nas notícias estava fora de cogitação. E, mesmo que existisse a chance de ele ter descoberto a partir do depoimento que ela precisara prestar para a polícia, a vigilante sabia em seu cerne que não fora assim que o Homem-Aranha conhecera May Parker.
Savannah recuou alguns passos, atônita. E tamanho era o seu choque que, quando tornou a falar, ela não tentou modificar o seu tom de voz; nem ao menos recordou-se de fazê-lo quando, mesmo que já soubesse a resposta, inquiriu:
— Como você sabe a o nome dela?
Ela reparou quando o corpo do Homem-Aranha se retesou. Reparou quando as lentes de sua máscara se arregalaram. Reparou, devido ao tempo que ele levou para respondê-la, que ela havia sido descoberta também.
— Eu... O quê? — Ele balbuciou. — O que você disse?
E a voz dele, desprovida de qualquer forma de modulação, estava abafada, mas Savannah a reconheceria em qualquer. Seria impossível não reconhecer. Simplesmente não havia como confundir; afinal, pelos últimos dois meses, ela a ouvira praticamente todos os dias.
A voz que ela acabara de escutar... A voz nua e crua do Homem-Aranha? Era a voz, ela percebeu, de Peter Parker.
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[30/08/2021]
início de um sonho // deu tudo errado
oi, meus amores! tudo bem com vocês? espero que sim!
antes de qualquer coisa, queria me desculpar pela demora (sei que faço isso com frequência, mas não deixa de ser verdade kk), eu estava com um puta bloqueio criativo nesses últimos tempos, mas finalmente consegui postar, quem amou?
devo dizer que eu to apaixonada por esse capítulo. ele ficou bem grandinho, mas eu gostei bastante. RSRSRSRSRSRS EU TAVA TÃO ANSIOSA POR ESSE MOMENTOOOOOOOOOOO, VOCÊS NÃO TEM NOÇÃO AIAIAIAI só deus (e minha amiga camila) sabe o quanto eu surtei escrevendo esse cap, juro.
bem, eu tenho uma novidade muito legal para vocês! no fim desse ano, eu, a reh e a pam (escritoras de radioactive e young veins, respectivamente (inclusive leiam os livros delas, são perfeitos demais e moram no meu coração! <3)) vamos postar um crossover entre nossas fanfics! a história vai se chamar ALONE TOGETHER e em dezembro já estará disponível na nossa conta conjunta, trwnity. não percam o evento do ano rsrsrsrs vou deixar o teaser trailer aqui para vocês darem uma conferida!
[Deveria haver um GIF ou vídeo aqui. Atualize a aplicação agora para ver.]
[AVISO: glitch no fim que pode causar desconforto em espectadores fotossensíveis]
estou tremendamente ansiosa para postar essa história e sei que vocês vão amar! fiquem ligados para mais informações rs e nós criamos uma conta no instagram para a fic, onde estamos sempre postando novidades. o user é @/trwnity também, e vale a pena dar uma passada lá!
enfim. por hoje é só! espero que vocês tenham gostado do cap gente, e espero não demorar para lançar o próximo kk não desistam de mim.
beijos!
ps: o que vocês acharam do trailer de no way home? pelo amor gente, eu surtei TANTO, mal posso esperar para assistir ao filme!!!
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