30. fugitive
SAVANNAH ODIAVA AS aulas de Francês.
Bem, na verdade, ela odiava o seu professor. Particularmente, a garota adorava a língua; havia certa musicalidade nela, e ela achava hilário quando provocava Peter em francês e ele rebatia em espanhol. Entretanto, todo e qualquer carinho que sentia pelo idioma desaparecia assim que começava a ouvir o Sr. Faure falar. A sua voz monótona, o seu ritmo lento e o desgosto que parecia nutrir por todos os seus alunos fazia com que aquele período fosse praticamente insuportável.
Era quinta-feira, dois de novembro. Naquele instante, a jovem lutava contra a gigantesca vontade de dormir — se Savannah fosse vista cochilando novamente durante alguma aula de Francês, seria o seu fim. Por isso, ela tentava manter-se atenta e anotar a matéria que o professor passava no quadro, mas tudo parecia contribuir para a sua desatenção. Sentada na fileira da janela, o lado de fora da sala parecia bem mais interessante do que o de dentro.
Com os olhos passeando pelo estacionamento deserto do outro lado da janela, a menina permitiu-se perder-se em pensamentos de todos os tipos. Os principais giravam em torno da viagem que faria daqui a apenas algumas horas: no final daquela tarde, Savannah e a equipe de torcedores embarcariam em um ônibus que as levaria para Boston, onde ocorreria o torneio interestadual de animação de torcida.
Sempre foi um desejo do time se classificar para os campeonatos anuais de outono, e somente naquele ano a escola lhe concedeu permissão. Portanto, aquela era uma oportunidade imensurável, da qual os torcedores vinham falando por meses. Porém, para ser sincera, Savannah não se encontrava tão animada assim para a viagem. Não só porque estava apreensiva em deixar Nova York com tudo que vinha acontecendo, mas também porque torcer simplesmente não lhe agradava tanto mais. Fazia um tempo que já não se interessava tanto pelo seu antigo hobby — ela tinha novos afazeres e prioridades, então, ser uma líder de torcida não era mais algo tão importante.
Às vezes, a heroína realmente considerava sair do time, "aposentar-se" da torcida. Afinal, ela sentia que mal tinha tempo para exercer a ocupação. Por mais que, em geral, odiasse desistir das coisas, uma parte sua reconhecia que aquela era a decisão correta a se fazer, levando em conta como andava desgastada. A verdade era que ela só não o fazia por conta de Lia; a amiga gostava tanto daquilo, e era bom compartilhar a experiência com ela.
Bem, independentemente de todas as suas preocupações, ela participaria do campeonato. Mesmo que não fosse mais importante para ela, ainda era para Lia e para o restante do time. Não importava que Savannah tivesse tão pouco interesse naquilo que até mesmo havia se esquecido por completo do assunto até aquela semana — ela havia se comprometido, e talvez não fosse fazer mal sair da cidade só por alguns dias.
Ou talvez fosse. Esse era um dos outros muitos pensamentos da garota: será que algo terrível aconteceria enquanto estivesse em Boston? Será que algum outro ataque ocorreria, ou o Homem-Aranha precisaria da sua ajuda, mas ela não poderia responder ao chamado porque estaria a quatro horas de distância? Pensar nessas possibilidades a deixava ansiosa; havia muitos "e se?", cujos resultados nunca eram bem-vindos.
Por isso, Evans preferia voltar sua mente para assuntos mais agradáveis. Mais especificamente, para as lembranças que tinha do Halloween: a festa com o Homem-Aranha e o sucesso da missão, o passeio pela vizinhança com Peter para pedir doces.
Aquele Dia das Bruxas havia sido consideravelmente bom, apesar dos machucados que adquirira. Tinha encurralado o bandido e se divertido com o amigo, então a heroína não via motivo algum para reclamar. Claro que ela havia pagado o preço no dia seguinte — na quarta-feira de manhã, Peter e Savannah pareciam tão exaustos que, segundo Ned, olhá-los era cansativo —, mas, se tivesse a chance, faria tudo de novo.
Evans ainda estava perdida em devaneios quando sentiu o celular começar a vibrar. De volta à realidade, a adolescente tirou o aparelho do bolso do blusão e viu que Lia havia acabado de lhe enviar uma mensagem cheia de emojis raivosos, xingamentos e um link.
Curiosa, Savannah clicou nele. Rapidamente, foi encaminhada para o site oficial do Clarim Diário, mais especificamente para uma matéria a respeito da performance da Major e do Homem-Aranha na festa à fantasia de dois dias atrás.
A menina não precisava ler a reportagem para saber o que ela dizia. Se a irritação de Amelia na mensagem já não dissesse o suficiente, a reputação do Clarim bastava para sanar todas as suas dúvidas. O jornal nunca perderia uma chance de detonar os vigilantes e distorcer suas ações.
Uma onda de raiva alastrou-se por seu corpo, embora ela soubesse que já devia estar acostumada; os jornalistas e a polícia os pintavam como os vilões da história, quando tudo o que faziam era ajudar e visar pelo bem da população mais do que ninguém. Era simplesmente frustrante!
Subitamente, um pigarro soou próximo a Savannah, causando-lhe um sobressalto. O Sr. Faure, com uma cara de poucos amigos, estava ao lado da estudante, alternando o olhar entre ela e o telefone que segurava.
— Mademoiselle Evans, é isso um celular que eu vejo em suas mãos?
Ainda que não fosse adiantar de nada, a garota enfiou o aparelho de volta no bolso. Ela tentou dar um sorriso inocente, fazendo-se de desentendida.
— Não...?
Algumas pessoas riram ao seu redor. O professor revirou os olhos com aquilo, o desgosto aparentemente ainda maior.
— Já deixei bem claro que celulares não são permitidos em sala. — Um falso sotaque francês acompanhava cada sílaba proferida pelo homem. — Mas talvez a senhorita estivesse dormindo quando falei isso; parece que é algo que vem fazendo muito durante as minhas últimas aulas.
Mais alguns risinhos ecoaram ao fundo. A garota comprimiu os lábios na tentativa de impedir uma resposta espertinha de escapar. Ela sabia que havia agido errado, mas odiava quando o Sr. Faure falava com tal superioridade.
Assim, ele prosseguiu:
— A senhorita pode refletir sobre isso na detenção essa tarde, que tal?
Savannah sentiu indignação inflar no peito. Ela abriu a boca para protestar, para explicar que não tinha a menor chance de ficar no castigo com a viagem logo no fim da tarde. Todavia, o professor lhe lançou um olhar cortante.
— Não era uma sugestão, Evans. — Disse com secura. — Da próxima vez, pense melhor antes de agir.
Ele lhe deu as costas, dando continuidade à aula sem cerimônias. Em compensação, a Major afundou em sua cadeira, descontente. Em qualquer outra aula, ela receberia apenas um aviso, talvez uma advertência, mas claro que o Sr. Faure a tinha colocado no castigo.
Ela suspirou. Bem feito, Savannah. Quem mandou, não é?
Pelo menos a aula já estava no fim, o que significava que a adolescente não teria que aguentar aquilo por muito mais tempo. Tão logo o sinal tocou, Savannah já disparava para fora da classe, ansiosa pelo período vago que teria a seguir.
Ao invés de seguir para a aula de Literatura, a garota desceu alguns lances de escada para chegar ao campo aberto da escola. Ele estava praticamente vazio, com exceção de algumas poucas pessoas espalhadas pela grama e outras, sentadas nas arquibancadas. Savannah avistou Amelia no alto da construção, no cantinho de sempre. Sem mais delongas, ela começou a subir os degraus.
— Você acredita — falou assim que chegou ao topo — que o Faure me deu detenção?
Amelia, que vinha observando-a escalar a arquibancada, abriu um sorriso de lado.
— Claro que sim, esse homem é péssimo — replicou. — O que você fez?
A menina largou-se ao lado da amiga e recostou-se na grade de metal atrás de si. Já era meio que uma tradição das duas ir para lá durante as aulas vagas que tinham em comum; a vigilante não lembrava-se de como aquilo havia começado, mas agora já era automático ir para lá na primeira chance que tinham. Dali de cima, dava para ver tudo. Savannah sentia-se imponente e livre. A sensação era a mesma que tinha quando acabava em telhados durante as patrulhas.
— Estava mexendo no celular. Vendo a sua mensagem, na verdade. Então, tecnicamente, a culpa foi toda sua. — Ela brincou com uma risada. Lia riu também e lhe deu um empurrão leve. — Não sei o que é pior: aguentar o Faure ou o bigodudo do Jameson pegando no meu pé.
— O Faure, com certeza. Aquele sotaque falso dele é uma ofensa ao verdadeiro sotaque francês. É de dar nos nervos — a garota falou com um bufo. Savannah não conseguiria discordar nem se quisesse. — Mas e aí, quando o castigo vai acabar? Temos a viagem à tarde.
— Geralmente, termina às seis — ela deu ombros. — É bem quando o ônibus sai.
Ainda bem que chegar atrasada não era algo com que Savannah precisaria se preocupar. Para a sua sorte, a mochila que tinha preparado para a excursão estava em seu vestiário; Maddie, a capitã dos torcedores, havia exigido um treino extra antes de irem para Boston, de modo que não renderia ir para casa, pegar a bagagem e voltar a fim de ensaiar.
A detenção faria a garota perder aquele ensaio, mas ela poderia lidar com a fúria de Maddie depois. Pelo menos ela não teria de faltar ao trabalho, uma vez que havia trocado de turno e cumprido o seu horário no dia anterior. Evans havia se preparado para ficar direto na escola, e estava quase tudo indo de acordo com os seus planos. O que era um pouco incomum, porém, quem era ela para reclamar, não é?
Savannah, de repente, sentiu o estômago roncar. Ainda faltava um tempo para o almoço, então a garota começou a revirar a mochila em busca da barra de chocolate que sabia estar perdida em algum lugar. Lia, por sua vez, desviou os olhos para o seu celular, que não parava de vibrar, e aí soltou um grunhido.
A vigilante não comemorou quando encontrou o chocolate. Em vez disso, inquiriu:
— O que foi?
— Minha mãe ataca novamente — Amelia respondeu com uma risada sem humor. Evans, claro, sabia o que aquilo significava: já não era de agora que a doutora Maia Bennett vinha insistindo que a filha fizesse faculdade de Medicina, e Lia já estava farta daquilo. — Como se não bastasse passar o pouco tempo que temos juntas falando sobre o meu futuro, agora ela fica me mandando um monte de artigos e opções de faculdade! Que inferno!
Ela bufou, a frustração óbvia em cada movimento seu. Savannah mordeu os lábios, sem saber ao certo o que falar. Então, ela abriu o pacote que tinha em mãos, quebrou um pedaço do tablete e o ofereceu à amiga, que aceitou sem pestanejar.
— A única pessoa que tem o poder de decidir o seu futuro é você mesma — tentou aconselhar. — Sua mãe quer o melhor para você, mas ela acha que o melhor é o que ela quer. Você sabe que isso não é verdade.
— Sim — Lia disse entre uma mordida de chocolate e outra. — Mas você não entende... é tão frustrante ouvir somente isso dela, como se eu fosse ser uma decepção se escolhesse outra área.
De fato, Savannah não entendia. Nem Kyle nem sua mãe pareciam ter interesse algum em seu futuro profissional. Não era por mal: eles tinham tantas coisas com as quais lidar que não havia realmente tempo para sentar e conversar sobre suas opções de faculdade. Ou a falta delas.
— Como você poderia ser uma decepção, Lia? Há tantas coisas que você já faz, e são todas incríveis. E daí que não vai virar médica? Sua mãe vai entender. — Ela viu Amelia fazer uma careta, como quem dizia "Até parece." — É sério. Se você quiser, eu posso começar a jogar indiretas para ela. Você sabe que eu sou ótima em julgar os outros.
Lia riu.
— Por favor, não.
— A oferta ainda está de pé, se quiser aceitar — ela piscou, então completou: — Não esquenta com isso, tudo bem? Só a ignore. Você sabe que eu sempre vou ter orgulho de você, sério. Independentemente do que faça.
Savannah jogou os braços em torno da amiga em um abraço desajeitado, ao qual Bennett retribuiu brevemente antes de arrancar a barra de chocolate dos dedos da Major. Com um ruído ultrajado, Savannah fingiu-se de ofendida. Lia somente riu e, enquanto enfiava um pedaço do doce na boca, refletiu:
— Eu sei que praticamente todo adolescente deve se sentir assim, mas, sei lá, eu me sinto toda perdida quando penso no futuro. — Soltou um suspiro. — Você já pensou em alguma coisa?
O grunhido de Savannah foi resposta o suficiente.
— Quem me dera ser uma vigilante fosse um emprego remunerado — resmungou. — Mas parece que tudo que eu ganho é irritação.
Ela soltou uma risada cuja única função foi mascarar o fato de que não tinha a menor ideia do que faria com a sua vida. Quando parava para pensar, a única coisa que vinha à sua mente era ser a Major. Nada mais parecia lhe trazer propósito; bem como Lia, ela sentia-se perdida. Ela sabia que não era nenhuma exceção, que muitos jovens encontravam-se na mesma situação, mas... Savannah realmente evitava pensar no futuro. Ela havia acostumado a se focar somente no presente, e era difícil imaginar como sua vida seria daqui a alguns anos.
Verdade fosse dita, se ela pensasse nas consequências a longo prazo de suas ações, jamais teria se tornado uma vigilante. "Vou lutar hoje e me preocupar com o que acontecer comigo amanhã": era assim que vinha vivendo os últimos meses, os últimos anos — desde a morte de seu pai. Apresentada à realidade do um amanhã desconhecido, viver o momento tornou-se a sua prioridade. Porém, apenas se dera conta de seu erro quando percebera que havia se focado tanto no agora que não tinha perspectiva alguma para o futuro.
Ela permitia-se preocupar-se com o que os bandidos fariam a seguir. Ou com as provas da semana seguinte. Ou com as coisas que teria de fazer até o fim do mês. Com o futuro de sua família e amigos, com o futuro da cidade e de seus habitantes. Mas com o seu? Não, nem pensar. Ela odiava aquilo. Odiava porque sabia que eventualmente teria de tomar responsabilidades que não desejava. Odiava porque não sabia o que fazer com a sua vida.
Ela verdadeiramente desejava poder ser a Major para sempre. Desejava poder se preocupar apenas com a luta de agora. Não queria preocupar-se com nada mais além da escola e das vigílias.
Mas sabia que aquilo não seria possível. O tempo passava. Ela cresceria. E a vida mudaria.
— Talvez você devesse pedir um emprego para os Vingadores — Lia brincou, sem perceber a sua mudança repentina de humor.
A heroína, voltando-se novamente para a melhor amiga, enfiou um pedaço de chocolate na boca e se forçou a afugentar aqueles pensamentos antes que a deixassem ansiosa.
— Será que o que restou dos Vingadores ganha salário? Pois eu adoraria. — Ela falou. — Mas me recuso a assinar os Acordos. Não, obrigada.
Amelia acenou com veemência, como se a Major fosse realmente um dia se tornar uma Vingadora e ser obrigada a escolher entre assinar os injustos Acordos de Sokovia ou tornar-se uma fugitiva como a Viúva Negra, o Falcão e o Capitão América e todos aqueles que se opuseram ao tratado.
Savannah soltou um suspiro e voltou-se para frente, os olhos pregados no horizonte além da arquibancada. Honestamente, a única coisa da qual queria fugir no momento era o seu futuro.
✶
— E aí, pegou castigo, não é? Pisou na bola. Sabe que agiu errado. A pergunta é, como...
Aquela era a segunda vez que o vídeo educacional feito pelo Capitão América rodava na televisão. O treinador Wilson, encarregado de tomar conta da sala, não fez menção alguma de parar o filme, o que significava que os poucos alunos ali teriam de aguentar outra hora inteira do sermão de Steve Rogers.
Savannah franziu o cenho para a TV. Por que as escolas ainda eram obrigadas a rodar aqueles vídeos se o herói era um fugitivo procurado mundialmente? Os estudantes ao seu redor não pareciam se importar; se a jovem não estivesse tão entediada e desesperada por algo para fazer, ela também não se importaria. O castigo está fritando os meus dois únicos neurônios, pensou.
Com um suspiro, a garota concluiu que havia coisas piores do que ouvir o Vingador falar tudo de novo; a sala poderia estar mergulhada em silêncio, e Savy, em pensamentos. Por isso, até se sentia grata pela bronca que levava de Steve Rogers, a única coisa entre ela e o barulho de sua mente. Era fácil ficar quieta em vigílias, visto que tinha coisas com as quais se preocupar. Porém, em qualquer outra ocasião, podia ser insuportável.
Balançando as pernas freneticamente, Savannah olhou em volta. Ela havia escolhido um assento no fundo da sala, de onde podia ver os alunos dormindo, o professor mexendo no computador e Michelle Jones, próxima a ela, rabiscando alguma coisa em seu caderno. A heroína inclinou-se na direção da colega de classe.
— O que você tá desenhando? — cochichou.
Tentou não parecer muito xereta, mas a curiosidade acabou por vencê-la. Por um momento, Michelle apenas a encarou, e então ergueu o caderno para lhe mostrar. Evans apertou os olhos para o rascunho, surpreendendo-se ao reconhecer-se na folha.
— Pessoas em crise — ela respondeu simplesmente.
— Muito bom — elogiou. — Mas não estou em crise.
Michelle ergueu as sobrancelhas. Savannah meneou a cabeça, dando-se por vencida com um suspiro.
— Justo. — Disse, daí sorriu. — Gostei do desenho. Você é muito boa.
O fantasma de um sorriso pareceu surgir no rosto da menina, o qual logo foi substituído pelo franzir de seu cenho. Em seguida, Michelle apontou para um ponto além de Savannah. Curiosa, a vigilante virou-se para ver o que a colega indicava e acabou encontrando ninguém mais, ninguém menos que Amelia no visor da porta.
A amiga acenava freneticamente do outro lado do vidro na tentativa de fazer alguém reparar nela. Ao perceber que tinha a atenção da Major enfim, parou e gesticulou algo com a boca. Quando Savannah disse "O quê?" silenciosamente, ela repetiu. Evans balançou a cabeça com uma careta confusa, o que pareceu tirar a paciência de Lia. Daquela vez, ela sinalizou enfaticamente que deveria ir até lá.
Savannah olhou para o professor.
— Treinador, posso ir ao banheiro?
Após o homem assentir, sem nem mesmo encará-la, Savy não perdeu tempo. Disparou para fora da sala e, uma vez no corredor, caminhou até o canto para o qual Amelia havia ido. Antes que pudesse questionar o motivo daquilo, a amiga foi direto ao assunto, estendendo-lhe um celular. Mais especificamente, o celular pré-pago da Major.
— Você deixou no meu carro — ela explicou. — E você-sabe-quem mandou mensagem.
Savannah abriu um sorrisinho ao ouvir o codinome usado para se referir ao Homem-Aranha.
— Não acredito. Como foi que o Voldemort conseguiu o meu número? — Ela brincou.
Mas Lia não riu de sua piadinha, o que fez a vigilante estranhar... Até que se desse conta de que provavelmente estava tensa. Afinal, havia certa gravidade naquele fato; se o rapaz a contatara, aquilo só podia significar uma coisa.
Balbuciando um agradecimento, pegou o telefone. Ela desbloqueou-o e clicou no aplicativo de mensagens, encontrando uma única conversa disponível. O número era bloqueado, mas claramente era do seu quase-parceiro. Ele havia informado que, ficando de olho no traficante, descobriu que haveria uma venda aparentemente importante daqui a três horas. O herói passou o endereço do local, e então finalizou com duas mensagens: "Aliás, aqui é o Aranha [...] O Homem-Aranha", como se ela possivelmente conhecesse outra aranha que pudesse digitar. Savannah quis rir, mas descobriu que sua garganta estava subitamente seca.
O recado havia sido mandado duas horas atrás. O que significava que ela tinha apenas uma hora para encontrá-lo.
— Você tem que ir — Lia disse enquanto estudava o seu rosto preocupado.
— A viagem...
Ela foi interrompida pela risada incrédula de Amelia.
— Você tá brincando, né? A viagem não é nada em comparação a isso!
— Mas é importante para você! — Savannah respondeu. Ela não ligava para a viagem, não ligava para o troféu do torneio nem para as apresentações. Ligava somente para seus amigos e em como aquilo era significativo para eles. — Para você, para o time. Eu não quero decepcionar ninguém.
Lia piscou, sua expressão passando de desacreditada para compreensiva em poucos segundos.
— Você não vai nos decepcionar. — Tentou tranquilizá-la, mas ambas sabiam que aquilo era mentira; Maddie ficaria uma fera se um de seus torcedores não aparecesse. — Mas você não é obrigada a ir para essa venda, sabe? Pode dizer para você-sabe-quem que está ocupada, sei lá. Só que a questão é, Savannah... Você conseguiria se perdoar se não fosse?
A garota desviou o olhar, e aquilo foi resposta o bastante.
— Eu sei que isso é muito importante para você. Sei que trabalhou duro para conseguir chegar até aqui, sei que essa pista pode mudar tudo. — Ela colocou as mãos em seus ombros, obrigando a heroína a encará-la de novo, e olhou bem em seus olhos. — Savy, vai! Eu te dou cobertura.
Sentindo o peito apertar, Savannah mirou Amelia de volta. A amiga estava certa, ela sabia daquilo. Se as pessoas certas estivessem naquele encontro, se ela e o Homem-Aranha ouvissem as informações corretas... eles poderiam chegar mais longe do que já haviam chegado. Mais perto do fim daquilo. Mais perto de Montgomery.
Se tudo desse errado e ela não estivesse lá... Ela havia dito que o Aranha poderia chamá-la quando precisasse, e a culpa seria dela se tudo sobrasse para ele. Lia sabia daquilo, e ela também.
Ela poderia lidar com a equipe de torcida depois; sua melhor amiga a compreendia, e aquela era a única coisa que importava no momento.
Savannah puxou Lia para um abraço.
— Você acha que pode atrasar a saída do ônibus? — ela questionou. Ainda pretendia ir para a viagem, de uma maneira ou de outra. Chegaria tarde, mas se recusava a quebrar aquela promessa. — Se tudo correr bem, não devo demorar.
Elas não falaram sobre o que aconteceria se as coisas não fossem tão boas quanto a Major antecipava. Ela contava com o otimismo para o funcionamento de seu plano.
— Vou dar o meu melhor. — Prometeu. — Tome cuidado.
Elas se afastaram enquanto Evans assentia e tentava dar um sorriso confiante.
— Obrigada, Lia. Vejo você daqui a pouco.
Amelia sorriu também, e então elas tomaram rumos diferentes: Lia desapareceu pelo corredor, ao passo que Savannah voltou para o castigo. Porém, ela não se sentou de volta em sua cadeira, não se preocupou em inventar uma desculpa para o professor liberá-la. Simplesmente, sem se importar com nada, ela pegou sua mochila e correu para fora da sala de detenção.
✶
[06/09/2020]
a amizade dessas duas é tudo pra mim honestamente. perfeitas demais af.
aliás oikk adivinha quem deu as caras depois de quase três meses sem atualizar a história
realmente sinto muito, de verdade :( não era para passar tanto tempo sem postar, mas acabou juntando a escola + questões pessoais + um puta bloqueio criativo e eu simplesmente empaquei nesse capítulo. mas enfim consegui terminar, e devo admitir que, apesar de ele não ter tido ação, gostei dele. eu gostei bastante de explorar esse lado da savy e da lia.
mas, olha, não fui totalmente inútil nesse período em que estive fora. eu fiz o trailer da segunda temporada da fic KKKKKKKKKK eu sou mto apressada SIM. infelizmente ainda não posso compartilhar com vcs, poréééém, posso mostrar essa abertura que eu fiz para a história, inspirada na de friends!
[Deveria haver um GIF ou vídeo aqui. Atualize a aplicação agora para ver.]
eu honestamente não curto a série tanto assim, mas essa abertura é icônica e eu precisei fazer........ eu sou apaixonada por ela.
bem, acho que é isso. vou tentar não demorar tanto para postar o próximo cap.
beijos!
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