28. dancing with a vigilante

NO INÍCIO DAQUELE DIA, Savannah havia dito a si mesma que não iria para nenhuma festa de Halloween.

Cara, como estava errada.

Assim que a Major e o Homem-Aranha aterrissaram na fachada decorada da casa em que, segundo o drone do parceiro, o traficante havia entrado, a heroína logo recordou-se do porquê de não querer comparecer a celebrações naquele ano; inicialmente, a ideia de invadir uma festa lhe parecera interessante, mas, agora que desviava de adolescentes no gramado, a situação não lhe era mais tão atraente.

Por mais que adorasse festas, as coisas agora estavam diferentes. A heroína tinha uma responsabilidade e, sendo assim, precisava focar-se na missão para garantir que nada ali desse errado — o que significava que não poderia deixar-se levar pelo clima festivo, independentemente do quanto quisesse.

Savannah tomou cuidado para não pisar em uma lápide de papel machê na entrada da casa, ao passo que o vigilante ao seu lado pulou uma abóbora. Algumas pessoas lançavam olhares para eles conforme passavam, porém a maior parte os ignorava. Uma das vantagens de se estar em uma festa de Halloween: os dois se passariam por meros adolescentes fantasiados em vez de serem reconhecidos como os justiceiros dos jornais.

— O Drone-Aranha achou o nosso cara ou...? — a frase pairou no ar enquanto a menina esticava o pescoço para conferir as redondezas.

Drone-Aranha? — O rapaz havia desligado o modulador de voz para poder se misturar na festa, e agora também forçava a voz para ficar grossa. Aquilo não impediu a diversão de ficar explícita em seu tom. Porém, ele não tardou a ficar sério para continuar: — Não, não achou.

A garota anuiu lentamente. O drone do Homem-Aranha havia seguido o carro do traficante até aquela festa, porém, perdera o criminoso de vista assim que ele entrara na casa. Segundo o herói, tinha pessoas demais ali, e o equipamento não conseguia mais encontrar o bandido no aglomerado. Ou seja, os vigilantes teriam de achá-lo sozinhos.

Eles passaram pela porta de entrada escancarada: a música, esta que já podia ser ouvida do lado de fora, ficou infinitamente mais alta, e luzes coloridas piscaram diante de seus olhos. Pessoas amontoavam-se pelo espaço; algumas dançavam, outras comiam, bebiam ou conversavam. De fato, havia muita gente ali. Não era de se surpreender que o drone não fosse capaz de distinguir o traficante em meio a todos.

— Acho que vamos ter de nos virar com o plano, então — ela falou tão baixo quanto o som ao redor lhe permitiu. — A gente se vê por aí.

Com uma piscadela, Savannah deu as costas ao Homem-Aranha e abriu caminho por entre a multidão. Enquanto caminhava, preocupou-se em manter sua postura relaxada. Afinal, tinha de parecer que pertencia àquele lugar — se desse um indício sequer de que era a verdadeira Major, e não uma fã fantasiada, poderia afugentar o bandido. Ou pior: ele poderia ficar agressivo e colocar aquelas pessoas em risco era a última coisa que a jovem desejava.

Sendo assim, ela tomou para si uma aparência despreocupada, mas sem nunca deixar de prestar atenção nos arredores, procurando por qualquer um que fosse suspeito. Por fim, depois de bons minutos rondando e fingindo dançar, Savannah resolveu aprimorar a busca. Ela dirigiu-se para a cozinha da casa, na esperança de encontrar alguém disposto a responder algumas perguntas. Porém, todos que via pareciam ocupados demais para sequer reparar nela, quanto mais ajudá-la.

Com suspiro, ela apoiou-se na mesa principal do cômodo, repleta de comidas e enfeites de Halloween. Evans considerou desviar-se brevemente da missão apenas para empanturrar-se de guloseimas e repor as energias — mas isso mudou quando viu um grupo falante de adolescentes aproximar-se.

Eles, imersos em uma conversa animada, pareceram não notá-la enquanto serviam-se de comida; determinada a não desperdiçar aquela chance, a vigilante pegou um copo de plástico azul de uma das pilhas na bancada, para em seguida mergulhá-lo na tigela de ponche. Depois, recostando-se no balcão, voltou-se para os jovens e exclamou:

— Oi, gente!

Seu tom soou fino dessa vez, um tanto diferente de como era nas vigílias, e até mesmo de sua verdadeira voz. Ao escutá-la, todos viraram-se para observarem-na, parecendo ligeiramente confusos por aquela total estranha estar puxando assunto com eles. Savannah forçou uma risada, como se estivesse achando graça da situação.

— Gente, sou eu, a Mary! Sabe, da aula de Cálculo — disse como se fosse óbvio.

Ela tinha usado o nome mais comum em que conseguiu pensar. Para o seu azar, porém, parecia haver mais de uma Mary na classe daquele grupo. Uma garota com uma alegre fantasia de abelha inquiriu:

— Mary Lou, Mary Jane ou Mary Sinclair?

— Mary Jane — ela não se permitiu demorar para responder.

Pareceu ser convincente o bastante, pelo menos. Todos soltaram uma exclamação coletiva, passando a cumprimentar com animação quem acreditavam ser a tal Mary Jane. O suspiro aliviado que Evans soltou foi abafado pela música alta e pela máscara. Então, ela aproximou-se alguns passos, o copo de ponche intocado nas mãos.

— Festa legal, né? — Começou antes que alguém pudesse fazer uma pergunta específica demais para que ela conseguisse responder.

— Sim! — uma menina vestida de pirata concordou com muita veemência. — A Glory realmente se superou dessa vez.

Mesmo que Savannah, obviamente, não fizesse ideia de quem Glory fosse, assentiu com um ruído satisfeito. Ela deu uma breve olhada em volta, apenas para conferir os arredores antes de dar continuidade ao seu esquema.

— Ah, mas sabe o que tornaria ainda melhor? — Sua voz tornou-se mais baixa e, ao mesmo tempo, maliciosa. — Alguma coisa para relaxar.

Ao seu lado, um garoto vestido também de pirata — provavelmente ele e a outra menina usavam uma fantasia de casal, mas era difícil saber — pareceu vibrar com a insinuação.

— Você tem aí alguma coisa com você?

— Na verdade, estava esperando que um de vocês soubesse onde encontrar.

Os jovens trocaram um olhar decepcionado e balançaram a cabeça em negação. Savannah precisou reprimir um grunhido frustrado, mas, felizmente, logo foi distraída do fracasso do plano quando o outro rapaz do grupo, cuja fantasia a heroína não sabia discernir muito bem o que era, exclamou:

— Mary Jane, eu adorei a sua roupa!

— Sim, eu também! — falou a menina vestida de abelha. — A Major é tudo!

A vigilante sentiu algo esquentar no peito com as afirmações. Sempre que alguém a elogiava — elogiava a Major —, ela não conseguia evitar sentir-se nas nuvens. Era fácil deixar comentários maldosos como os de J. Jonah Jameson abalá-la, então escutar pessoas falando daquela maneira, mostrando que apreciavam o que ela fazia... era realmente muito, muito bom.

Com um sorriso enorme oculto pela máscara, ela estava prestes a agradecer quando a menina de pirata se pronunciou:

— Hm, não sei, prefiro o Homem-Aranha. — Ela deu uma golada em seu copo de ponche. — Mas sua fantasia tá bem realista! Até parece sangue seco de verdade!

Apontando para uma mancha escura que Savannah não havia conseguido tirar do uniforme de maneira alguma, ela espremeu os olhos e aproximou-se ligeiramente da falsa Mary Jane. Esta, por sua vez, soltou um riso nervoso, deu uma desculpa qualquer e afastou-se dos adolescentes antes que eles descobrissem que aquilo era, de fato, sangue seco de verdade.

Depois disso, ela continuou vagando pela festa, olhos e ouvidos atentos. Falou com mais algumas pessoas — para aquelas que perguntavam, seu nome era Mary Jane —, mas não obteve nada muito substancial. A única pista que conseguiu veio de um garoto extremamente bêbado, o qual balbuciou algo sobre alguém com chifres de demônio estar distribuindo pacotes por aí.

Infelizmente, metade das pessoas ali usava tiaras de chifres de demônio. Era uma fantasia comum, mas pelo menos agora Savannah sabia em quem prestar atenção.

Naquele momento, ela encontrava-se na pista de dança, balançando o corpo no ritmo de uma balada eletrônica qualquer e fingindo não prestar atenção no rapaz vestido de diabinho no canto mais próximo. Ela não conseguia enxergar o rosto dele naquela escuridão, mas, mesmo se pudesse, de nada adiantaria; havia visto somente as costas do traficante nas docas e, até onde sabia, o seu informante embriagado podia ter cometido um equívoco.

Quando o menino desviou os olhos para ela, Savannah voltou sua atenção para a frente — assim dando de cara com o Homem-Aranha, o qual abria espaço entre a multidão para chegar até ela.

— Ok, eu tenho uma pista, mas não sei se é confiável — ela falou quando ele estava perto o suficiente para escutá-la sem que precisasse gritar. Sua voz estava grossa mais uma vez. — Precisamos ficar de olho nos garotos com tiaras de chifres.

— Se for assim, acho que eu encontrei quem procurávamos — foi o que respondeu. — Rápido, às dez horas.

Savannah conteve a vontade de virar-se de imediato para o lugar indicado, pois sabia que seria muito indiscreto. Em vez disso, ela continuou a dançar, esperando um pouco para dar um giro lento no lugar; dessa forma, ela conseguiu enxergar um rapaz encostado de braços cruzados na parede. Em sua cabeça, havia uma tiara de chifres vermelhos vibrantes.

— Não consigo vê-lo direito daqui — ela falou uma vez que voltou a sua posição inicial. — O que ele está fazendo, exatamente?

— Nos encarando. E muito. — O Aranha respondeu. — Ele vem me observando faz um tempo já.

Uma sirene pareceu disparar na cabeça da Major, tão alta quanto a música. Mas ela não permitiu que o medo a congelasse e estragasse o disfarce, estragasse tudo. Ela somente aproximou-se do parceiro e demandou:

— Dance comigo.

— O quê?

— Precisamos nos misturar, ou ele pode suspeitar de alguma coisa. — Sibilou. — Então, dance.

De maneira tímida, o justiceiro fez o que ela mandou. Evans fez o melhor para manter a fachada, mas, verdade fosse dita, das coisas que tinha imaginado que poderiam ocorrer naquela noite, dançar com o Homem-Aranha definitivamente não fora uma delas. Aquilo era estranho demais. Mas lá estava ela, pulando tanto que o ponche quase saltava para fora do copo, mexendo os quadris junto à canção no fundo e segurando a mão do Aranha, de modo que ele acabava se balançando com ela.

— Ele está se movendo — o parceiro reportou. — Está indo para as escadas.

Logo, o possível traficante entrou no campo de visão de Savannah. Agora debaixo das luzes coloridas, ela conseguia visualizá-lo melhor, e pôde ver que ele os encarava sem parar. A expressão era indecifrável, e a menina era incapaz de dizer se ele suspeitava ou não dos dois.

Atrás dela, de repente, alguém bradou:

— Todo mundo sabe que o Homem-Aranha e a Major se odeiam! Nada a ver essa fantasia de casal!

A dupla parou de dançar naquele mesmo instante. Sentindo as bochechas esquentarem, Savannah voltou-se para a garota que dissera aquela ideia absurda. Sim, absurda, porque eles não eram um casal, mesmo que provavelmente estivessem parecendo namorados fantasiados de super-heróis. Por um instante, a jovem ficou desconcertada demais para pensar em algo para dizer, mas se obrigou a soltar uma risada — apesar de soar muito falsa, foi o melhor que ela conseguiu no momento.

— Chame de licença criativa!

A desconhecida deu de ombros e voltou a aproveitar a pista de dança. Ao lado dela, um rapaz disse:

— Eu gostei! — exclamou, a voz meio embolada. — Major-Aranha é simplesmente incrível... Mas só acho que as fantasias de vocês podiam ter ficado mais realistas.

Uma risada incrédula escapou dos lábios de Savannah, e ela cobriu os cobriu por cima da máscara de esqui em um reflexo. Honestamente, ela não sabia se ficava desconfortável pela menção do casal que haviam criado em torno dela e de seu parceiro ou se ficava ofendida por terem dito que seu uniforme não parecia bom o bastante para ser o original. Sem saber como reagir, ela somente girou para frente, onde encontrou o Homem-Aranha parecendo tão desorientado quanto ela.

Quase que ao mesmo tempo, eles deram um passo para trás, pigarreando. Aquela distração havia deixado os dois encabulados, mas era hora de retomar a missão. Só que, ao a heroína voltar o olhar para o lugar em que o rapaz de chifres estava, não o encontrou.

— Merda — xingou, precisando resistir à vontade de jogar seu ponche nos estranhos que os distraíram. — Ele sumiu.

— Vamos nos separar para encontrá-lo. — O Homem-Aranha sugeriu um pouco rápido demais, o que levou Savannah a crer que ele havia ficado envergonhado com as insinuações sobre os dois e queria fugir daquela situação o quanto antes. Ela não o culpou. — Quer dizer, quem sabe quanto açúcar de fada ele já não vendeu a essa altura. Precisamos pará-lo.

Evans anuiu, até porque também estava ansiosa para escapar daquilo.

E foi o que fez. Enquanto o Homem-Aranha dirigia-se para a escadaria, ela seguia para o lado oposto, para o mais distante dele. Caramba. A vigilante desejava não ter se sentido tão desconfortável com aquele comentário sobre os dois; afinal, eles estavam representando um papel ali, mas, ainda assim... havia sido esquisito.

Savannah soltou um suspiro e largou o seu copo no aparador mais próximo, sentindo-se sufocada naquele uniforme quente.

— Então, é você a garota que está me procurando?

A menina piscou um pouco, surpresa. Quando olhou para o lado, deu de cara justamente com o seu suspeito. Ele estava parado a poucos passos dela, as mãos enfiadas nos bolsos, o rosto ostentando um sorriso que condizia com a sua fantasia. A heroína não se chocou ao notar que era realmente novo, até mais do que ela havia imaginado nas docas. Afinal, precisavam de alguém jovem para se infiltrar em uma festa repleta de adolescentes, e ele não parecia ter mais de dezenove anos.

— Depende do que você tiver para mim — respondeu, subitamente nervosa.

Suas mãos, coçando para pegar o taco preso às costas, alcançaram os bolsos do próprio uniforme. Ela agarrou-se ao que encontrou lá, girando o objeto em mãos para se tranquilizar.

— Apenas o melhor, é claro — revelou sem desfazer o sorriso prepotente. — Açúcar de fada.

Savannah sabia que precisava enrolá-lo, enganá-lo, ou então o plano iria por água abaixo. Mas as pessoas ao seu redor, o tanto de gente que poderia se ferir caso dissesse a coisa errada, fazia com que ela se sentisse um poço de ansiedade.

— Por que tem esse nome? — controlou a voz fina para que não subisse uma oitava.

— Experimente para ver. Vai descobrir que ele é mágico.

Ela forçou uma risada, esta que morreu assim que viu o rapaz puxar do bolso um pacotinho de conteúdo branco dentro. Ela tirou as mãos dos bolsos e as esticou para receber a droga — entretanto, antes que sequer pudesse aproximar-se o bastante, o telefone do traficante tocou. Ela precisou conter um grunhido quando ele guardou o açúcar de fada e tirou o celular do bolso.

Com um sorriso carismático, o traficante distanciou-se para atender. Savannah aguardou alguns segundos antes de embrenhar-se na multidão atrás dele, seguindo-o na direção da escada da casa. Ela estava com os olhos cravados nele, atenta a qualquer movimento brusco...

De repente, alguém esbarrou nela. Ponche de groselha molhou o colo da Major, que chiou ao afastar-se. Porém, a garota mal escutou as desculpas do estranho que a ensopara, pois, quando olhou para frente, o bandido havia desaparecido. De novo.

Savannah murmurou um "tudo bem" distraído à pessoa com quem trombara, e em seguida começou a abrir espaço pela multidão. Ela xingava baixinho enquanto empurrava pessoas para fora de seu caminho; aquelas que reclamavam eram ignoradas. A prioridade era Savannah encontrar o traficante antes que ele sumisse definitivamente.

Ela havia chegado na base da escada quando escutou gritos vindos do andar de cima. Seu sangue gelou conforme disparava pelos degraus — ao mesmo tempo em que sua visão periférica captava o Homem-Aranha, a poucos metros de distância, tombar do guarda-corpo do segundo andar.

Praticamente a festa inteira berrou ao observá-lo despencar em direção ao chão. Mas ele foi rápido em lançar uma teia no teto para amparar a queda; assim, o herói aterrissou em meio à pista de dança, caindo com força entre alguns adolescentes assustados.

Enquanto isso acontecia, a Major alcançou o topo da escada. Ela viu o traficante, debruçado contra o corrimão, puxar da calça uma arma e apontá-la na direção do Homem-Aranha. De imediato, a jovem avançou contra o bandido, bem a tempo de bater o braço no dele; o tiro destinado ao Aranha foi desviado para cima, assim atingindo o grandioso lustre que jazia sobre a sala de estar.

Os sons de gritos e vidro estilhaçando-se foram abafados pela adrenalina pulsando nas veias de Savannah. Quase mecanicamente, ela acertou o cotovelo no nariz do criminoso e torceu o pulso dele. A mão do rapaz ficou frouxa o suficiente para que a heroína conseguisse arrancar a pistola de seus dedos, desarmando-a com uma rapidez incrível.

Ela jogou a munição longe somente alguns segundos antes de o traficante agarrar seu braço e usá-lo para jogá-la contra a parede. Evans atingiu o concreto com força, e o seu corpo escorregou para o chão. De imediato, um pé veio em sua direção, mas ela conseguiu agarrar a bota do atacante, os braços tremendo ao conter o impacto.

O traficante cambaleou ao conseguir se soltar. Logo que recuperou o equilíbrio, ele fez menção de atacar novamente, mas pareceu desistir da ideia quando o Homem-Aranha e suas teias pularam o guarda-corpo de volta à luta. O bandido, então, pôs-se a correr, e nenhum deles o perseguiu.

A Major ergueu-se do chão com facilidade.

— Tudo bem? — o parceiro questionou.

— Sim — respondeu. — E você?

Ele meneou a cabeça, mas os seus ombros caídos denunciavam sua frustração.

— O cara simplesmente me atacou. Acho que percebeu quem eu era, e não notei até que ele estivesse me empurrando.

Savannah soltou um suspiro.

— Não se culpe. Provavelmente alguém descobriu o que fizemos nas docas e o avisou do perigo. — Falou, lembrando-se da ligação que o traficante recebera quando estivera tentando lhe vender açúcar de fada. Então, ela aproximou-se do guarda-corpo no limite do andar, observando a festa completamente vazia abaixo. Música ainda tocava e luzes coloridas ainda piscavam, mas ninguém mais estava à vista agora. O lustre de cristal da casa estava pendurado pela metade, sendo mantido no lugar por teias; o restante havia sido quebrado pela bala perdida, e o que não havia se estilhaçado estava grudado nas paredes. — Alguém se feriu?

— Não. Consegui evitar que o lustre esmagasse todo mundo e ajudei aqueles que se machucaram tentando fugir, mas... — Quando o Aranha tornou a falar, sua voz estava carregada de culpa. — Não consegui plantar o rastreador nele.

Savannah deu um tapinha no ombro do rapaz como tentativa de consolo. Ela realmente entendia como era frustrante não conseguir realizar o que tinha planejado.

— Veja pelo lado positivo. O plano foi um sucesso.

Ele assentiu, parecendo um pouco mais animado agora, e Savannah não conseguiu evitar sentir orgulho de si mesma. Mais cedo, antes de chegarem à festa, eles haviam combinado um esquema: visto que as operações dos traficantes estavam sofrendo mudanças e que a Major e o Homem-Aranha haviam prendido os bandidos que encontraram nas docas, aquele que estavam seguindo até a festa poderia ser a única chance dos heróis de ficarem de olho nas novas atividades dos criminosos. Portanto, eles tentariam colocar um rastreador no rapaz para ver aonde aquilo os levaria.

O Homem-Aranha havia se comprometido a plantar o localizador no garoto, mas havia dado um dos pequenos dispositivos à parceira para o caso de emergências. Ela havia enfiado o objeto no bolso para usá-lo quando tivesse a chance, a qual surgiu durante a luta: depois de ter sido jogada contra a parede, Savannah conseguiu tirar o rastreador do bolso e o grudar na sola do sapato do traficante quando ele tentou chutá-la.

Por esse motivo, nem ela nem o Aranha — que provavelmente soube, graças à sua tecnologia, o que ela tinha feito assim que o criminoso saiu correndo — haviam se dado o trabalho de ir atrás do bandido quando ele fugiu.

— Isso é verdade. Você foi ótima! — ele elogiou. Savannah agradeceu, sorrindo mesmo que ele não pudesse ver. — Como conseguiu colocar o rastreador?

Ela deu de ombros.

— Ele tomou a péssima decisão de tentar me chutar — explicou brevemente. — E, ei, você também foi ótimo! Conseguiu achar o nosso traficante sem problemas!

Aquilo pareceu confortar um pouco o Aranha. Ele, arrumando a postura, pigarreou, a voz agora soando mais séria quando falou:

— Vou ficar de olho na atividade dele. Quando alguma coisa importante surgir, aviso você.

A Major sorriu. Ficava contente por agora os dois estarem na mesma página: quanto mais trabalhassem juntos, mais descobririam sobre o grande esquema de crimes de Montgomery. E, dessa maneira, logo poderiam acabar com aquele submundo de uma vez por todas.

— Combinado, Cabeça de Teia.

[29/04/2020]

oi gente! como vocês estão?

era para esse cap ter ficado maior, mas eu já estava demorando pra postar, então resolvi dividi-lo ao meio. enfim, eu espero que vocês tenham gostado!

não se esqueçam de lavar bem as mãos, e até logo!

beijos!

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