20. snooping around

SAVANNAH REALMENTE SE ESFORÇAVA para parecer concentrada em seu livro. Na verdade, ela queria, de fato, prestar atenção na leitura, mas sua cabeça só conseguia dar atenção para Kyle, que zanzava para lá e para cá. Largada no sofá da sala, as pernas em cima da mesinha de centro, ela mantinha os olhos pregados nas páginas e a visão periférica no irmão.

Aquela havia sido uma semana agitada tanto para a vigilante quanto para o detetive. Na sexta-feira anterior, depois de voltar de seu passeio com Peter, a menina — após dormir por horas — havia ido comprar dois celulares pré-pagos, cada um custando vinte dólares. Acabara usando um deles para enviar mensagens anônimas para Kyle na mesma noite: além de mandar a lista dos novos compradores de gasolina adulterada, ela havia lhe dito que a polícia estava comprometida, que não podia confiar em ninguém.

Também dera a entender que tinha contatos na delegacia e que fora assim que conseguira o celular do detetive. Porque, apesar de sentir-se culpada por deixar o irmão provavelmente ainda mais paranoico, ela sabia que não podia se dar ao luxo de deixá-lo imaginar como a Major havia conseguido o seu contato. Então, sim, aquilo era tremendamente arriscado, mas era a única maneira viável de falar com ele; se tivesse mandado as informações para a delegacia através de uma carta ou algo de tipo, haveria o risco de ser confiscada por policiais corruptos. Se tivesse deixado um envelope na caixa de correio, o homem teria surtado e corrido para achar outra casa para morar.

E, logo depois de mandar as mensagens, a jovem havia destruído o celular e o descartado bem longe de casa. Afinal, embora telefones descartáveis fossem mais difíceis de rastrear, a menina sabia que ainda era possível fazê-lo a partir do método de triangulação de antenas; sendo assim, queria o objeto bem longe de si. O outro aparelho estava escondido em seu quarto, longe dos olhos de Kyle, mas pronto para ser usado se necessário.

Pelo menos o irmão não parecera suspeitar nem por um segundo dela. E também não havia ignorado as mensagens: durante a semana que se seguiu, ele esteve a todo vapor investigando os novos compradores, interrogando suspeitos e tudo mais. Savannah estivera à espreita, prestando atenção em conversas e nas notícias. Pelo que tinha descoberto, todas as relações dos novos compradores com os fornecedores da gasolina tinham sido cortadas e as outras duas indústrias clandestinas que encontraram foram fechadas. Não houve nenhuma outra explosão de carros naquele ínterim. O dono do posto, Dean, estava bem. Aparentemente, o esquema de combustível batizado havia chegado ao fim.

Uma sensação inebriante de vitória tomava conta de Savannah sempre que pensava naquilo. Desaparecia, porém, quando lembrava que a Gata Negra, Englert e Montgomery haviam escapado. E naquelas últimas noites ela procurara por eles, tanto a ponto de chegar em casa e apagar de exaustão, mas não ouvira sequer um sussurro do paradeiro dos criminosos.

Em resumo, aquela fora uma semana bem corrida. Inclusive, em momento algum houve tempo para a adolescente se reunir com Peter a fim de estudar Química. Os dois, na verdade, estiveram ocupados demais, ele com o estágio e ela com as tarefas de vigilante e com os treinos extras de líder de torcida. Além de compensar aqueles em que havia faltado, precisava praticar mais as coreografias para o jogo de futebol que ocorreria naquele dia, sexta-feira.

Jogo para o qual a menina já estava pronta, mesmo que ainda fossem quatro horas da tarde e a partida só começasse às seis; as torcedoras sempre chegavam mais cedo para ensaiar, então Savannah somente aguardava Lia para ir para a escola. Aproveitou aquele tempo de espera, então, para espionar o detetive.

Ela fingiu prestar atenção no irmão de fato apenas quando ele fez uma série de barulhos ao descer a escada, as rodinhas da mala de viagem que arrastava atrás de si provocando estampidos nos degraus. A adolescente fechou o livro no colo, lançou um olhar por cima do ombro e observou o homem largar a bagagem na base da escada.

— E então, finalmente pode me dizer aonde vai ou ainda é confidencial? — ela inquiriu, apontando com o queixo para a mala.

Mais cedo naquele dia, durante as últimas aulas de Savannah, Kyle ligara para ela a fim de explicar que uma emergência havia surgido e que ele teria que viajar ainda naquele dia. Quando ela perguntara para onde ia, o detetive havia somente respondido que não podia revelar. A julgar pelo modo baixo como falava, ela sabia que ele não queria que ninguém indesejado na delegacia escutasse. E, ao chegar em casa, a menina tinha encontrado o homem em um frenesi tão grande que mal tiveram como conversar. Aquele era o primeiro momento do dia em que se falavam de verdade.

Kyle, diante de suas palavras, abriu um sorriso leve, apesar da evidente exaustão que emanava de cada poro do corpo dele.

— Estou indo para Portland, no Oregon, com o Theo. Ele e Megan devem chegar a qualquer momento. Ela vai nos levar para o aeroporto.

A adolescente meneou a cabeça de leve enquanto o homem seguia até a cozinha — entretanto, assim que ela absorveu de verdade as palavras, deu um pulo no sofá, os olhos esbugalhados.

— Ah, meu Deus, você vai falar com o Abutre, não vai?! — exclamou.

O irmão também arregalou os olhos.

— O quê? Como você sabe disso?

— Porque a Liz se mudou para o Oregon, mais especificamente para Portland, por causa do pai. Se ele está em uma penitenciária lá e são as armas dele que vêm causando toda essa confusão... é meio óbvio.

Kyle arqueou as sobrancelhas.

— Impressionante.

— Eu sei — ela não tentou conter o sorriso convencido que tomava os lábios. Porém, ele rapidamente desapareceu, e Savannah acabou franzindo a testa. — Pensei que não achasse que ele estivesse envolvido nisso.

— E não acho. Mas, ainda que todos os relatórios tenham mostrado que estou certo, tenho que conferir eu mesmo.

Claro. Porque agora ele sabia que não podia confiar em nada que outros policiais lhe apresentassem.

— E se ele não quiser falar com a polícia? — inquiriu, andando até a cozinha também.

— Isso é algo com que você não tem que se preocupar.

A jovem mordeu a língua para não fazer mais perguntas e insistir no assunto. Afinal, não poderia se deixar parecer suspeita nem por um minuto. Sendo assim, ela assentiu e se apoiou no balcão diante de si. Kyle a observou por uns instantes antes de dar a volta na ilha da cozinha e parar ao lado da irmã. Ele a puxou para um abraço, ao qual Savannah correspondeu na hora.

— Tome cuidado, Ky — ela murmurou contra o ombro do irmão.

Sentiu-o concordar com a cabeça, ainda a apertando contra si. Quando eles por fim se afastaram, o mais velho abriu um sorriso pequeno, depois bagunçou os cabelos da outra. Savy chiou ao desvencilhar-se dele, que somente riu.

— Você também, tampinha — o sorriso esmaeceu, substituído por um suspiro. — Queria poder levar você. Não queria que ficasse sozinha.

Savannah sabia o motivo de ele estar falando aquilo. Não era porque não confiava nela ou porque não acreditava que pudesse se cuidar, e sim porque havia ficado paranoico. Alguns dias atrás, ele contara a ela que não sabia em quem podia confiar na delegacia, que morria de medo de que pudessem tentar atingi-lo através dela. Pedira para que ela tomasse cuidado extra. E a menina somente arregalara os olhos, fingira surpresa, quando sabia exatamente do que ele falava. Ela sentia-se simplesmente péssima por ter deixado o irmão daquela maneira.

A menina pegou as mãos dele.

— Vou ficar bem, não se preocupe — garantiu.

— Qualquer coisa, você me avisa, ok? — seu tom transparecia urgência.

Sentindo uma culpa arrasadora sufocando-a, Savannah meneou a cabeça.

O detetive soltou suas mãos.

Naquele instante, uma buzina de carro soou do lado de fora. Por um momento, passou pela cabeça da Evans que Lia poderia ter enfim chegado para levá-la à escola — o pensamento desapareceu tão rápido quanto surgiu, porém, pois aquela não era a buzina do carro da amiga. Como Kyle, por sua vez, afastou-se até a sua mala de viagem após lhe dar um beijo na testa, só podia significar que era Theo.

Savannah, enquanto voltava para a sala de estar, observou o detetive abrir a porta de entrada. Do outro lado dela, ela podia ver Theodore e Megan, que dirigia o veículo. A adolescente acenou para o casal, o qual retribuiu o cumprimento. Depois, ela lançou um olhar de esguelha para o irmão; ele encarava o carro com uma expressão melancólica, mas esta logo desapareceu.

Kyle parou no batente da porta e se virou para ela.

— Fique à vontade para chamar uns amigos para cá, mas nada de festas!

A vigilante fingiu ficar desapontada.

— Você é um estraga prazeres! — Acabou por sorrir. — Boa sorte, Ky. Amo você.

— Também te amo.

E fechou a porta, deixando Savannah só na casa. Ela suspirou e se apoiou contra o braço do sofá, a quietude parecendo pulsar em seus ouvidos. Descobrira que havia momentos, como aquele, em que não aguentava ficar no silêncio, sozinha com os pensamentos — sem ter nada com o que se distrair, eles giravam em torno do irmão e das patrulhas noturnas; por um lado, achava que não ter Kyle ali tornava a sua vida de heroína mais fácil. Por outro, preocupava-se com o detetive e com toda a responsabilidade que assumia.

A Major também não pôde deixar de sentir-se triste com o fato de o homem não ir ver a sua apresentação como havia prometido no início da semana. Embora ela soubesse que ele possuía outras prioridades, que não havia feito aquilo de propósito... não deixava de magoá-la um pouquinho.

A adolescente balançou a cabeça, livrando-se dos pensamentos. Estava disposta a ver somente o lado positivo da situação por ora: com o irmão longe, não havia nada que pudesse impedi-la de xeretar um pouco as suas coisas... nada além do bom senso, mas Savannah já estava acostumada a ignorá-lo.

Assim, a garota desencostou-se do sofá e correu escadas acima a fim de invadir o quarto de Kyle. Ela afastou a culpa que ameaçava penetrar a sua cabeça à medida que adentrava o cômodo, e logo estava remexendo na escrivaninha. Era uma bagunça de papéis e pastas, informações demais para que ela lesse no momento; talvez fosse fazê-lo à noite, quando não tivesse um jogo com o qual se preocupar.

Savannah estava decidida a fechar a gaveta que bisbilhotava quando puxou mais alguns documentos para fora — embaixo destes, estava o laptop do irmão.

O coração dela acelerou. Adrenalina inundou suas veias. Evans parecia estar em um tipo de transe conforme puxava o computador para fora da caixa, seus olhos pregados no aparelho e a mente a mil.

Não faria mal dar uma olhada enquanto Amelia não chegava, não é mesmo?

Sem esperar que a prudência lhe dissesse o contrário, ela recolheu o laptop e os papéis e correu para o próprio quarto, onde se atirou na cama. Então, ela aguardou o eletrônico ligar, ansiedade corroendo os ossos; foi só quando havia acabado de colocar a senha — fazia algum tempo que descobrira ser "Johnlock" — que o som de uma buzina chegou aos seus ouvidos, fazendo-a dar um pulo de tão imersa que estava no que fazia. Ela reconheceu o barulho: era do carro de Lia.

De imediato, ela saltou da cama, disparou degraus abaixo e escancarou a porta de entrada. A primeira coisa que capturou sua atenção ao olhar para a rua foi o vermelho vibrante do Jaguar XE da amiga estacionado no meio-fio. Amelia abriu um sorriso ao vê-la e buzinou de novo, como se sinalizasse para que ela subisse no veículo. Todavia, Savannah chamou-a com um movimento de mão, gesticulando "Vem cá!" com a boca.

Bennett franziu o cenho, mas obedeceu. Assim que passou pelo batente da porta, Savannah agarrou a mão dela e a puxou para a escada com rapidez. Amelia, não esperando por aquilo, tropeçou nos próprios pés e quase espatifou-se no chão antes de sequer alcançarem os degraus.

— O que foi? — ela riu um pouco. — Tá tudo bem?

Lia não deve ter visto Evans anuir de leve, pois estacou no meio da escada. Devido ao movimento súbito, o corpo da heroína foi puxado para trás e ela quase caiu.

— Savy, tá tudo bem? — inquiriu, o tom sério agora.

Desde a sexta-feira anterior, quando a Major irrompera em lágrimas diante da parceira, chorando tanto que mal conseguia falar, ela havia se tornado mais cautelosa e preocupada com o bem-estar da outra do que de costume — ou seja, Amelia estava em um nível altíssimo de alerta. Porém, a verdade era que, talvez porque não tivesse tido tempo nem mesmo para respirar, Savannah não pensara tanto naquele assunto no decorrer dos dias. Quer dizer, claro que havia momentos em que ela tremia só de recordar da sensação do sangue nas mãos, momentos em que ela acordava suada e ofegante depois de um sonho ruim, mas parecia estar ficando um pouco mais fácil. Ela estava aprendendo a conviver com aquilo.

Toda a afobação desapareceu do corpo da garota, dando lugar a um sentimento quente de ternura no fundo do peito. Sua expressão suavizou-se. Amava a amiga por se importar daquela maneira, embora preferisse não ser um estorvo para ela, nem para ninguém.

— Sim, tá tudo bem. Não precisa se preocupar. — Voltou a andar. — E você?

— Tô bem, só confusa... — Sua voz morreu na garganta assim que elas adentraram o quarto de Savannah. Seus olhos percorreram a cama, sobre a qual estavam folhas espalhadas e o laptop. — O que é tudo isso?

— Lembra que eu disse que o Kyle ia viajar? — Um aceno de concordância. — Então, ele acabou de sair... e deixou o computador aqui.

— E você achou que seria uma boa ideia bisbilhotar. — Arqueou as sobrancelhas.

— Quando você coloca desse jeito, até parece que é uma coisa ruim.

— Talvez por que seja?

— Então não quer ver o que tem aqui?

— Eu não disse isso.

As garotas acabaram por rir, em seguida correndo até o colchão. Savannah, com Lia deitada de bruços ao seu lado, curvou-se sobre o notebook, que já havia sido desbloqueado e agora expunha a área de trabalho na tela. Não demorou muito para achar o ícone do aplicativo da polícia, e logo uma aba que requeria o nome de usuário e a senha foi aberta. Para a sorte das meninas, o usuário estava gravado. A senha, por outro lado, não.

A heroína suspirou, tensa.

— Certo, só temos três tentativas para acertar a senha. Na quarta, o aplicativo é bloqueado e uma mensagem é mandada para o telefone do Kyle — ela relatou. Diante da expressão questionadora de Amelia, Savannah começou a contar sobre o dia, algumas semanas atrás, em que estivera sentada com o irmão no sofá e ele não havia parado de bufar para o computador. Quando a garota perguntara o que tinha acontecido, ele havia explicado que a sua senha não estava indo e que bloqueara temporariamente sua conta. Até mesmo lhe mostrara a mensagem que tinha recebido no celular após a sua quarta tentativa. — Fui eu quem descobri que alguns botões do teclado não estavam funcionando. Mais especificamente, as teclas "s" e "h".

Bennett soltou um gritinho animado depois de perceber a linha de raciocínio da amiga.

— Então sabemos que há as letras "s" e "h" no código dele! — ela estreitou os olhos, para em seguida lançar à outra um olhar. — Pode ser o seu nome.

Por um momento, Savannah balançou a cabeça. Seria muito óbvio. No entanto, quanto mais pensava naquilo, mais se lembrava do quão ruim o irmão era com senhas... Então, rendeu-se, digitou o próprio nome e esperou os dados serem processados. Torcia fortemente para que fosse aquilo mesmo. No entanto, decepcionou-se quando viu as palavras "senha incorreta" aparecerem no monitor. Sentiu os ombros tencionarem; havia acabado de gastar a primeira das três oportunidades... É, ela devia ter esperado por aquilo.

— Aparentemente, ele não te ama tanto assim — a brincadeira de Lia arrancou um riso de Savy, mas ele parecia-se mais com um engasgo devido ao seu nervosismo. — E se for "senha"? É tão óbvio que ninguém anteciparia.

— Não, Kyle é um detetive, ele não faria isso — elas trocaram um olhar demorado e significativo. — É, pensando bem...

A jovem mordia os lábios à medida que seus dedos vagueavam pelo teclado para formar a palavra. Bennett aproximou-se mais do computador, ansiosa para ver o resultado — ela bufou quando o palpite não deu certo e rolou para o lado, reclamando que não ia mais dar sugestões já que o Universo claramente insistia em sacaneá-la. Savannah riu do drama da amiga, ainda que tivesse ficado ainda mais tensa. Afinal, tinham acabado de falhar em sua segunda tentativa. Restava apenas uma agora.

A Major encarou o notebook com compenetração, como se isso fosse fazer a palavra-chave surgir magicamente. Era besteira. Como ela poderia adivinhar? Por pior que fosse em lembrar de certas questões, não era como se Kyle usasse a mesma senha para tudo, era? Quem dera as coisas fossem fáceis daquele jeito...

Foi como se aquilo tivesse acendido uma lâmpada dentro da cabeça da garota; de repente, a mente dela pareceu estagnar, todos os pensamentos circulantes desapareceram, com exceção de uma recordação em especial. Empertigando-se no lugar, Savannah arriscou sua última chance: na caixa que exigia a código de acesso, inseriu as palavras "Sherlock Holmes" e apertou o enter.

O monitor ficou esbranquiçado por alguns segundos, um círculo azul girando lentamente no centro. Carregando bem como nas outras tentativas, antes de estas se mostrarem incorretas. Savy agarrou a mão de Amelia e mordeu os lábios, esperançosa. Tinha que ser aquilo! Se não fosse...

A tela foi substituída pelo banco de dados da polícia.

As adolescentes soltaram berros de comemoração.

— Como você adivinhou?! — Lia inquiriu.

— O Kyle é o maior fã do Sherlock Holmes que eu conheço! — ela praticamente gritou as palavras de tão feliz que estava. A amiga gargalhou. — Ele costumava usar essa senha em tudo antigamente!

Mais uma vez, as meninas soltaram risos excitados antes de voltarem-se para o laptop. A configuração do aplicativo policial não havia mudado em nada desde que Savannah mexera nele, tempos atrás, então não foi segredo algum para a jovem achar o que queria: primeiro, buscou pela lista de armas do Abutre que vira da última vez — quando achou-a, resolveu imprimi-la. Com o barulho da impressora soando ao longe, ela pesquisou "Montgomery".

Não havia muito com o que trabalhar, então tinha de se virar com o sobrenome do homem. Infelizmente, não foi de muita ajuda. Diversas fichas pipocaram pelo monitor, mas, como a heroína constatou depois de analisar as fotos em cada uma delas, nenhuma era a de quem procurava. Frustrada, ela decidiu buscar pelo nome "Englert". Novamente, obteve como resultado os documentos de várias pessoas. Porém, daquela vez, conseguiu achar a mulher que desejava após muito observar.

Na foto, Tina Englert estava com os cabelos diferentes do que Savannah havia visto, mas definitivamente era ela. Lendo apenas por cima, a garota descobriu que a mulher, na casa dos quarenta, fora presa por roubo quatro anos atrás, mas havia sido solta fazia cinco meses. Savy imprimiu a página para ler com calma mais tarde. Em seguida, inseriu "Gata Negra" na barra de pesquisas.

Apenas uma ficha surgiu no ecrã. Nela, havia pouca coisa além do que a menina já sabia. Não tinham conhecimento da identidade secreta da ladra, existiam somente alguns vídeos e fotos de câmeras de segurança em que ela aparecia e havia também a lista completa de todos os itens que furtara desde que iniciara as atividades escusas; não havia nada que a relacionasse a quadrilhas ou algo do tipo. Pelo que os policiais sabiam, ela trabalhava sozinha. Nunca se ouviu nem mesmo um sussurro de compradores dos objetos roubados, os quais nunca foram achados.

A Major não achava que pudesse confiar em nada que lia. Até onde sabia, criminosos infiltrados poderiam muito bem ter adulterado os dados contidos ali ou em qualquer outra ficha. Ainda assim, era melhor do que nada. Evans também imprimiu o documento.

— Foi ela que te deu uma surra, não foi? — Lia perguntou.

Savannah grunhiu. Embora não definisse o seu papel na luta como "ter levado uma surra" — afinal, a Gata Negra também apanhara —, seu orgulho estava, de fato, ferido. Na ocasião, ela estava cansada, ferida e acabara perdendo, e não havia nada de errado com aquilo. Porém, uma sensação amarga queimava em seu âmago ao pensar no seu desempenho. Ela não podia evitar; ainda que soubesse que não era capaz de prender todos os criminosos que via pela frente, sentia-se daquela maneira sempre que algum escapava. A vigilante odiava aquilo, bem como não suportava a vozinha dentro de sua mente que repetia "fracasso, fracasso, fracasso". Ela mandou o seu eu interior calar a boca, deu um aceno de desdém com a mão (pois duvidava que conseguisse proferir alguma coisa que não um grito descontente) e prosseguiu com a investigação.

Quando buscou pelos documentos da Gangue Fedora, tudo que achou foi uma página em branco. O arquivo que ela vira quatro semanas antes fora apagado.

O estômago da garota pesou. Suas mãos, antes contorcendo-se em cima do colo por ansiedade e nervosismo, congelaram. Ela pesquisou de novo através de diversas outras palavras-chaves, e mesmo assim não conseguiu nada. Por um momento, tudo se resumiu ao que ela via... ou melhor, ao que ela não via. Savannah, de tão focada no computador, mal reparou em Lia sentando-se no colchão com uma expressão alarmada no rosto.

— Isso não é bom — a amiga murmurou.

— Não, não é — concordou. — É péssimo.

Alguém havia deletado a ficha — mais uma prova de que existiam criminosos infiltrados na polícia de Nova York. Com um bufo, a Major deixou-se cair para trás, as costas atingindo os travesseiros macios, as mãos espalmando o rosto enquanto ela segurava um gritinho de frustração.

Será que ninguém havia reparado naquilo? Será que não imaginavam que a Gangue Fedora e o esquema de gasolina adulterada estavam conectados, e assim nem ao menos checaram aquele arquivo, pois acreditavam que o caso dos ladrões estava encerrado?

Foi Amelia quem retirou as mãos da garota de cima do rosto. Savannah piscou algumas vezes antes de olhar para a melhor amiga, sabendo que o semblante estava contorcido em uma careta desconcertada. Bennett tentou lhe dar um sorriso encorajador ao dizer, suavemente:

— Olha, Savy, eu sei que isso é uma droga — deu um leve aperto em seus dedos —, mas não é o fim do mundo. Você tem muitas informações com as quais pode trabalhar. Não precisa das fichas policiais! — Enquanto falava, ela puxava a jovem para cima. A heroína queria apenas ficar na cama e murchar, entretanto, deixou-se ser erguida. — Além disso, não há como ter certeza de que foi apagada de propósito. Pode ter sido um erro do sistema.

Ainda que nem ela parecesse estar convencida daquilo, a julgar pela expressão vacilante no rosto, Savannah apreciou a tentativa de ajuda. Por isso, forçou um sorriso e assentiu.

— Tudo bem — começou. — Acho melhor encerrarmos por aqui. Não quero me atrasar para o ensaio final. Maddie vai me matar se eu fizer isso de novo.

Lia sorriu.

— Realmente. Líderes de torcida são umas doidas.

[19/12/2019]

oi, gente, tudo bem com vocês?

aiai, kyle é cadelinha demais do sherlock...... mas quem não é?

eu só tenho um pedido para vocês: ouçam fine line, o álbum novo do harry styles. é maravilhoso e eu to apaixonada-

acho que esse é o último capítulo do ano!!!! não sei se vou conseguir postar antes de 2019 acabar — socorro gente a década tá acabando eu to- —, então já vou desejar aqui um feliz natal e um feliz ano novo para todos! que 2020 seja um ano incrível para vocês!

enfim, espero que vocês tenham gostado! até a próxima!

beijos!

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