12. a couple of cupids
ENQUANTO O ELEVADOR SUBIA até o apartamento de Betty, Savannah aproveitou para se dar uma última olhada no espelho. Ajeitou os cabelos castanhos, os quais caíam como uma cascata sobre seus ombros cobertos pela habitual jaqueta de couro. Por baixo desta, estava uma blusa branca com as inscrições "MILLENNIUM FALCON" logo acima de um desenho da nave em si. Porém, ela não sorriu para o seu reflexo; ao mesmo tempo em que se sentia feliz por ter aquela folga — seus músculos, em especial, estavam gratos por não terem que engajar em nenhuma luta naquela noite —, ela também se sentia culpada.
Como poderia estar ali, indo a uma festa, quando algo relacionado às armas alienígenas poderia acontecer? Antes, não tinha pensado naquela possibilidade, visto que estivera tudo muito tranquilo durante a semana, mas agora só a tinha em mente. Embora tentasse tranquilizar-se dizendo que ainda havia o Homem-Aranha para guardar as ruas da cidade, aquela ideia ainda a incomodava profundamente.
Em contrapartida, Lia, escorada na parede do elevador, estava bem mais calma, tanto com a "situação Ned" quanto com a falta de vigilância. Sendo assim, ao reparar no estado de espírito da amiga, ela interrompeu o que dizia e se aproximou.
— Somos apenas Savannah e Amelia por hoje, lembra? — Ela disse com um sorriso leve. — Vamos aproveitar a festa sem pensar em você sabe o quê.
Evans olhou-a pelo espelho, para em seguida assentir algumas vezes. Respirou fundo, decidida a recompor-se e aproveitar a festa, afinal, tinha feito algumas manobras para estar lá — como faltar ao treino de torcida para poder cobrir o expediente no trabalho mais cedo — e não deixaria que fossem em vão. Além do mais, tinha uma missão a cumprir ali. Por isso, forçou um sorriso e deu as costas para o seu reflexo.
Naquele momento, as portas do elevador abriram-se, e as garotas encontraram-se diante de uma única porta entreaberta, música escapando pela fresta. Savannah e Lia adentraram, então, o apartamento, grande o bastante para ocupar um andar inteiro; havia jovens espalhados pelo lugar, todos comendo, bebendo ou conversando. A jovem observou o ambiente à sua volta, ainda um pouco incerta em estar lá. Amelia apertou sua mão por um breve momento, como se para conferir-lhe coragem, e depois indicou com o queixo Betty, que se aproximou delas com um sorriso e as cumprimentou com rápidos abraços. Ela indicou onde estavam as comidas e bebidas e as três garotas conversaram um pouco até se dispersarem: a anfitriã foi para um lado, enquanto Lia ia falar com algumas líderes de torcidas em um canto e Savy encaminhava-se para a mesa de comida.
Lá, além de atacar alguns doces, ela acabou papeando um pouco com Nora Watson, com quem tinha aulas de Geografia, antes de encontrar Lia mais uma vez, agora junto às suas amigas do time de torcida. Savannah cumprimentou-as, e as garotas ficaram um bom tempo jogando conversa fora — foi quando, em meio às risadas, Madison Fitz, a capitã do time, soltou animadamente:
— Vocês viram o vídeo novo da Major, aquele em que ela finalmente revela o nome?
Savy terminava de comer um cupcake de chocolate quando aquelas palavras chegaram aos seus ouvidos. Pega totalmente de surpresa, ela acabou engasgando, e coube à Amelia bater em suas costas para ajudá-la.
A vigilante sabia que era suspeito reagir daquela maneira estranha toda vez que era mencionada, mas não conseguia evitar! Ouvir falarem deliberadamente de sua outra identidade era surreal; quando começou com tudo aquilo, nunca imaginou que seus feitos tomariam aquelas proporções, muito menos que seriam tema de conversas em seu círculo de amizades. É, ela precisava mesmo aprender a lidar com aquilo ou acabaria estragando o disfarce.
Ao finalmente conseguir parar de tossir, ela tentou passar a maior naturalidade possível diante dos olhares sobre si. Pigarreou, fez um joinha e então um sinal para que Maddie prosseguisse. Foi a garota ao seu lado, Harriet, no entanto, que o fez.
— Eu vi! O modo como ela derrotou aquele bandido e depois falou o nome dela?! — a menina emitiu um ruído no fundo da garganta. — Adorei!
— Vocês têm noção de como é legal ter mais uma heroína por aí? As únicas que a gente conhece são a Viúva Negra e a Feiticeira Escarlate — completou Ava. — Dá até vontade de também sair por aí salvando as pessoas e impedindo bandidos!
As meninas, então, embarcaram em uma discussão animada sobre a Major e outras figuras femininas de poder. Evans, entretanto, falou apenas algumas coisas aqui e ali; ocupando-se entre terminar o cupcake e tentar esconder um sorriso, percebeu que Lia estava certa, no final das contas: não importava quantas pessoas não a achassem necessária, havia aquelas que achavam. Escutar suas amigas falarem daquela maneira dela, sobre como pensavam que a heroína ajudava de fato, fez a menina sentir-se cheia de alegria.
Eventualmente, o assunto mudou, e agora elas debatiam sobre o campeonato de torcida cada vez mais próximo que teria como palco a cidade de Boston. Savannah, ligeiramente avoada, deixou que seus olhos corressem pela festa. Por algum acaso do destino, eles encontraram Peter Parker e Ned Leeds conversando em um canto da sala. Peter parecia tentar acalmar o amigo, que mexia nervosamente na gola da blusa e no chapéu que usava. O olhar dele cruzou com o dela — Savy o saudou com um aceno, ao passo que o rapaz lhe ofereceu um sorriso nervoso.
Ela soltou um sorrisinho, para em seguida cutucar Amelia. Quando obteve sua atenção, indicou os garotos com o polegar. Tendo-os visto, Lia arregalou os olhos, os quais se voltaram para Evans, como se pedindo ajuda.
— Ai, socorro — resmungou com uma careta. — Como é que eu tô?
Savannah botou as mãos na cintura, lançando a ela um olhar sério.
— Sério que acabou de me perguntar isso? Você tá linda! — deu uma piscadela. — Agora, vamos!
Depois de se despedirem das líderes de torcida, a heroína agarrou a mão da amiga e começou a puxá-la pelo apartamento, abrindo caminho em meio às pessoas. Pela visão periférica, pôde ver Lia respirar fundo e abrir um sorriso brilhante. Quase podia ver as engrenagens rodando em sua cabeça conforme repassava o plano que haviam bolado a caminho da festa: assim que vissem os meninos, iriam aproximar-se e quem sabe conversar um pouco. Em dado momento, Savy puxaria Peter para que Ned e sua Amelia pudessem ficar sozinhos.
As meninas por fim alcançaram os adolescentes, e Leeds parou abruptamente de se arrumar.
— E aí, gente? — Savannah cumprimentou com um sorriso. — Gostei do chapéu, Ned!
O garoto levou a mão à peça na cabeça enquanto abria um sorriso.
— Obrigado! — ele disse, animado.
Lia, ao seu lado, permaneceu calada, os olhos grudados em Ned e o sorriso ainda presente. Como não viu nenhuma menção de que a outra iria falar, Evans deu-lhe uma cotovelada nada discreta no braço, o que pareceu acordá-la. Ela balançou a cabeça, pigarreou e mexeu no bolso da calça, tímida. Sinceramente, Savy pensou. Só o Ned mesmo para deixar a Lia desse jeito.
— Hm... oi — murmurou.
— Oi...
Após Leeds pronunciar aquilo, os dois ficaram fitando-se, sorrisos bobos emoldurando seus rostos. Savannah e Peter trocaram um olhar, ambos esforçando-se de maneira evidente para não rir; era até cômico observá-los daquela maneira, visto que no dia do encontro estavam tão falantes.
A vigilante limpou a garganta, pronta para colocar a segunda fase do plano em ação.
— Puxa, que sede — comentou sem se preocupar em parecer natural.
— Quer pegar alguma coisa para beber? — Peter entendeu rapidamente o que ela estava fazendo.
Savannah aquiesceu, e sem demora os dois estavam se distanciando do casal. Eles nem ao menos se deram ao trabalho de espiar os amigos por cima do ombro, uma vez que estavam ocupados demais rindo da cena que haviam presenciado. Logo, alcançaram a cozinha, onde Parker pegou dois copos coloridos da pilha em cima do balcão de granito.
— Tomara que aqueles dois não fiquem só se encarando — ele falou, rindo. — Ou o nosso plano de juntá-los aqui na festa não vai funcionar.
A menina riu mais um pouco enquanto incumbia-se de encher os copos de refrigerante. Ela sabia que Lia e Ned iriam acabar perdendo a timidez e conversariam sem parar, como haviam feito no dia em que saíram — ainda assim, era engraçado observar o comportamento atrapalhado dos dois, especialmente quando tinha alguém com quem compartilhar aquilo.
— Cara, você já viu aquele filme antigão, Operação Cupido? — Savy questionou do nada assim que a história surgiu em sua mente. Levando em conta o que estava fazendo, não podia deixar de se sentir dentro do enredo.
— Aquele com as garotinhas ruivas que tentam juntar os pais divorciados? — ele replicou, e em seguida arregalou os olhos. — Socorro, somos as garotinhas ruivas, não somos?
O som da gargalhada de Savannah foi encoberto por um barulho estridente vindo da picape de DJ, a vários metros de distância. Atrás dela, estava Flash, com headphones ao redor do pescoço, tentando remixar músicas. (Só que tudo que tinha feito até o momento havia sido horrível. A garota não sabia, honestamente, como Betty não o tinha arrancado de lá.) Agora, porém, ele possuía um microfone em mãos, o que fez com que suas palavras ecoassem pelo apartamento inteiro.
— Pinto Parker! — o garoto exclamou, debochado. — Trouxe o seu amigo Homem-Aranha dessa vez? Ou ele estava ocupado demais com a sua namorada imaginária?
Novamente, aquele ruído agudo ecoou pelo lugar, como se tivesse a função de fazer as palavras de Thompson parecerem cômicas em vez de ridículas. Algumas pessoas ao redor riram, enquanto outras tiveram a decência de ignorar o jovem atrás da picape. Tanto Savannah quanto Peter reviraram os olhos, embora o último não tenha rebatido o comentário. Era evidente o desconforto dele naquela situação.
A vigilante, que sentia vontade de tacar alguma coisa na picape de DJ daquele idiota, limitou-se a bufar.
— O Flash é um idiota — ela soltou. — Vamos sair daqui, que tal?
Parker não demorou para concordar. Assim, os dois seguiram até a sacada panorâmica da casa, e Savannah fechou a grande porta de vidro atrás de si, dessa maneira abafando todo o falatório, as provocações e péssimas remixagens de Flash. Havia poucas pessoas no lugar, as quais mal olharam para eles conforme avançavam até o parapeito. Apoiada na estrutura, a garota conseguia sentir a brisa noturna soprar em seu rosto ao mesmo tempo em que observava Nova York, com luzes piscando e refletindo nos prédios, sinfonias de buzinas soando ao longe. Savy sempre amou contemplar a noite, mas os únicos pensamentos que vinham à mente eram relacionados aos possíveis crimes que poderiam estar ocorrendo no momento.
A menina balançou a cabeça para expulsar aquelas ideias. Deu um grande gole em seu refrigerante, para então voltar a atenção para Peter, este que, por sua vez, olhava para baixo, tenso, observando a cidade como se esperasse que alguma coisa fosse explodir de repente. É, eu te entendo.
— Você parece nervoso — Savy quebrou a quietude entre eles. — Se for por causa do Flash, só ignore. Ele está apenas desesperado por atenção e ninguém liga para essas coisas que ele faz.
— Ah, eu sei — o rapaz, balançando a cabeça, levantou os olhos para o rosto dela. — Ele é um idiota.
Savannah assentiu e ergueu o seu copo em um gesto de concordância. Em seguida, ela se abaixou, sentando-se com as costas contra o vidro do parapeito. Peter encarou-a de sobrancelhas arqueadas.
— Não se preocupa, o vidro não vai quebrar — explicou e deu tapinhas no piso ao seu lado. —Eu acho.
O garoto riu levemente, mas se juntou a ela no chão. Savy bebericou mais uma vez o conteúdo em seu copo e, antes que caíssem novamente em um silêncio, inquiriu:
— Posso fazer uma pergunta? — Parker assentiu. — Você realmente conhece o Homem-Aranha ou o Ned só falou aquilo para impressionar a Liz?
Tinha de admitir que estava realmente curiosa, mas logo percebeu que talvez aquela não tivesse sido a melhor coisa a se falar. Ela abriu a boca para dizer que não era necessário responder, mas, de maneira surpreendente, o menino o fez.
— Conheço. — Falou, vago. — Por causa do estágio na Stark. Gente boa, ele.
Savannah teve vontade de debochar, mas se conteve.
— Então ele trabalha com o Homem de Ferro?
Peter confirmou com um aceno de cabeça. Evans virou o rosto para que ele não a visse revirar os olhos diante daquilo. O cara trabalha com um super-herói sem poderes, e ainda vem falar de mim. Quanta hipocrisia. A menina tomou um grande gole de refrigerante, engolindo junto ao líquido todas as suas reclamações e indignações. Sem assuntos da Major por hoje, lembrou-se.
— Você gosta de Star Wars?! — O rapaz soltou ao enfim reparar na camiseta que Savannah usava. Agora, apontava surpreso para a peça. A menina meneou a cabeça com um sorriso. — Isso é irado! Não imaginava que você gostasse!
— Tenho surpresas que você nem imaginaria — a menina deu uma piscadela. — Qual é o seu episódio favorito?
— Hmmm... Acho que O Retorno do Jedi — respondeu. — E o seu?
— O Império Contra-Ataca, é claro! — ela replicou.
— Cara, teve uma vez eu que dei uma ideia baseada no... — o jovem, apesar de ter começado empolgado, parou de falar abruptamente. Evans franziu o cenho. — Ah, deixa pra lá. Mas, enfim! Eu...
E, então, os dois embarcaram em uma conversa animada não só sobre Star Wars, mas sobre outros filmes, antigos ou não, séries, livros e músicas; enquanto Savannah descobria que Peter era viciado na série The X-Files e amava Dana Scully, ela revelou ser apaixonada por Brooklyn Nine-Nine e Stranger Things. Os dois gostavam de Imagine Dragons, Shawn Mendes e Panic! at the Disco, e também discutiram sobre o melhor gênero de filme existente — foi aquele tipo de conversa em que se fala de tudo, ri-se de tudo e, mesmo que as opiniões divirjam, não se para de papear.
Durante aquele momento, Savy não pensou em armas alienígenas, crimes ou heróis. Na verdade, ela nem mesmo viu o tempo passar de tão absorta que estava nos assuntos falados. Sentia-se realmente como uma adolescente normal, somente conversando com o seu novo amigo.
Todavia, toda aquela leveza que a menina estava sentindo foi substituída por uma sensação incômoda ao desviar o olhar de Peter, que dizia algo sobre um autor que gostava, para a festa que ocorria do outro lado da porta e encontrar alguém observando-a. O sorriso desapareceu imediatamente de seu rosto ao ver Felicia Hardy, perto de algumas de suas amigas líderes de torcida, mirá-los por trás do vidro.
Savannah sabia que Felicia não desviara o olhar tão cedo, o que significava que, a menos que ela quisesse ficar presa em uma discussão silenciosa — que era a última coisa que ela gostaria de fazer no momento, principalmente enquanto tinha uma conversa tão boa com Peter —, ela teria que ser a primeira a fazê-lo.
Por isso, ela olhou para outro lado com um suspiro. Achou que ignorar Felicia agora que tinha conhecimento de que estava sendo observada seria difícil, mas aquilo se provou ridiculamente fácil quando, varrendo a sala com o olhar, ela viu Lia e Ned se beijando no sofá.
Seus olhos esbugalharam-se e sua boca escancarou-se. Ela estava completamente chocada... e feliz também! Mal conseguia acreditar no que via — o plano tinha dado certo!
De imediato, Savannah deu tapinhas no braço de Peter, que estava ocupado terminando o seu copo de refrigerante, no intuito de chamar a atenção dele.
— Peter — balbuciou. — Ned e Lia estão se beijando. Eles estão se beijando!
Como ela, o rapaz arregalou os olhos.
— O quê?!
Ela, então, indicou o lugar em que eles estavam. Parker olhou para lá por alguns instantes antes de tornar a encará-la, tão surpreso quanto; os dois encararam-se, atônitos por um segundo, para então começarem a comemorar, com direito a gritinhos e risos. Savy apertou bem Peter quando o abraçou, animada.
As poucas pessoas que estavam na sacada com eles os encararam como se fossem loucos, mas os dois estavam ocupados demais para ligar.
✶
Já era perto da uma da manhã quando Lia deixou Savannah em casa, logo depois de deixar Peter e Ned nas deles. Os quatro haviam conversado bastante antes do fim da festa, quando a música já não tocava mais e tudo que restava para fazer era papear e comer; essa lembrança fez Savannah sorrir enquanto ela entrava em casa, com cuidado para não fazer barulho e acordar Kyle.
Agora, tudo que ela queria fazer era dormir. Precisava admitir que era bom, de um jeito estranho, estar cansada por causa de uma festa, e não por uma noite de vigilância. Porém, a vontade de se jogar na cama continuava igual a sempre.
Estava subindo os degraus da escada em passos ligeiros quando a luz do corredor de repente foi acesa. A claridade repentina desnorteou a garota, que quase tropeçou nos próprios pés e teve de se agarrar ao corrimão para não cair. Ela piscou algumas vezes, vendo Kyle no topo da escada. Por um momento, pensou que fosse levar uma bronca por chegar tarde em casa, mas isso até ver que o irmão estava vestido e com o distintivo pendurado por uma corrente ao redor do pescoço, como geralmente fazia.
— Kyle? — estranhou. — Por que está acordado? É quase uma da manhã.
Quando ele falou, a voz evidenciou todo o cansaço e irritação que estava sentindo.
— Eu que deveria te perguntar isso.
Savy revirou os olhos, petulante. O irmão desceu os degraus, passando por ela para ir até o andar debaixo. A menina apoiou-se na parede de braços cruzados.
— Disse que ia para uma festa — falou um pouco mais alto para que ele a ouvisse.
— Disse que ia voltar cedo — replicou. — Amanhã tem aula, não pense que vai faltar.
— Não estava planejando — resmungou de volta. Ela desceu, então, a escada e o observou encher uma xícara de café até a boca. — O que aconteceu?
Pela cara cansada do homem, era claro ele que ele estivera dormindo até poucos minutos atrás, tanto que agora precisava de toda aquela cafeína para despertar totalmente. Além disso, havia um mau humor evidente em suas feições.
Ela não pôde deixar de pensar consigo mesma o quão injusto aquilo era. Kyle trabalhava dia e noite, pegava turnos a mais, casos extras, dava tudo de si para um emprego que não o deixava nem ao menos dormir? Seu irmão estava cada vez mais exausto, e aquilo a incomodava profundamente.
— Chamada urgente na delegacia. — Revelou entre goladas. — Duas viaturas explodiram.
Savannah sentiu os músculos retesarem naquele momento. Tecnologia alienígena!, seu cérebro pareceu berrar, o que fez a cabeça dela latejar. Culpa foi a primeira coisa que sentiu depois da tensão: se não tivesse ido à festa...
Interrompeu-se antes que pudesse se arrastar para uma espiral de autojulgamento. Assim, pigarreou e voltou a atenção para o detetive, que já estava terminado o café.
— Alguém se machucou? — ao ver o irmão negar, uma onda de alívio abateu-se sobre a garota. A próxima pergunta que fez foi em um tom mais cauteloso. — Foram as armas alienígenas, não foram? Pensei que tivessem apreendido a que... explode coisas.
— É, mas aparentemente mais delas explodem coisas. — Disse, seco.
Savannah ergueu as sobrancelhas diante do comportamento de Kyle. Ela poderia começar uma discussão dizendo que ele não precisava ser um idiota com ela, que não tinha culpa do que tinha acontecido. Mas ela não o fez; estava com um bom humor depois da festa, e o irmão estava cansado, no final das contas. Era plausível estar irritado. Por isso, ela suspirou e se aproximou dele.
— Ky, está tarde. Por que você não vê isso de manhã?
O olhar lançado a ela foi tão hostil que a fez recuar um passo.
— Você está brincando, não é? — soltou uma risada sem humor. — É o meu trabalho, não posso deixar de lado.
— Não estou dizendo para você deixar de lado, estou dizendo para descansar! — argumentou. — Como é que você vai conseguir trabalhar se está exausto? Não tem outra pessoa que possa cuidar disso?
— Não — pousou a caneca na pia sem delicadeza. — Duas viaturas explodiram em frente à delegacia. Isso diz respeito ao meu caso.
— Mas você pode deixar isso para alguém do turno da noite, não precisa...
— O que eu não preciso é de você para me dizer como devo viver a minha vida, Savannah. — Sua voz era dura. — Boa noite.
Dito aquilo, ele lhe deu as costas e se dirigiu para a porta que levava à garagem. A menina observou-o se afastar, perplexa com a maneira com que fora tratada. Surpresa, com raiva, mas também preocupada — seu irmão raramente agia daquela maneira com ela.
Ainda assim, ele estar exaurido não significava que podia comportar-se daquele jeito, especialmente quando ela só estava tentando ajudar. Dessa forma, a raiva falou mais alto no momento, e Savannah soltou um grunhido de frustração antes de subir para o quarto.
✶
[12/07/2019]
kyle eu te amo mas às vezes não tem como te defender
oi, gente! tudo bem com vocês? espero que sim! to orgulhosa de mim mesma, nem demorei tanto, viram? hihihihi
ai mano meus casais nesse cap............. simplesmente amo saver e amed and that's it
E GENTE SHHEHEVEUEVSHSBIS FFH SINCERAMWNRE- QUE FILME MARAVILHOSO. EU AMEI DEMAIS, SÉRIO. O FINAL- fiquei tão chocada. ai mano................
ok chega de surto porque eu vou acabar dando spoiler e não queremos spoilers aqui.
bem, espero que vocês tenham gostado do capítulo! rezemos para o próximo sair logo né ahshdbsjsbsj
beijos!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top