Forte George
Agatha jogava as coisas dentro do baú, ansiosa e andando de um lado para outro. Katie a ajudava, pegando coisas no escritório de Haytham, em sua maioria livros, e trazendo para ela.
–Não acha que está levando coisas demais para apenas uma semana? –John olhou por cima do ombro dela para dentro do baú quase cheio.
–Não. Na verdade, eu acho até que estão faltando alguns livros. –ela pegou mais um par de livros das mãos de Katie, os arrumando cuidadosamente entre as roupas, sapatos e algumas outras coisas. Fenrir pulou sobre o baú quando Agatha o fechou, rosnando para John quando ele tentou o abrir.
–Certo. Esse bicho deve ir junto e eu realmente espero que você não esteja deixando nada para trás. –Agatha sorriu para ele, enquanto fazia que não com a cabeça. Ele se virou para Katie, sorrindo. –E você, já arrumou suas coisas?
–Eu não posso ir, John. –ela disse baixinho, enquanto mantinha o olhar baixo. –Tenho meu trabalho aqui e o sr. Kenway não disse nada sobre eu ir junto.
–Também não disse nada sobre não te levar. –ele sorriu para ela, enquanto pegava suas mãos e a beijava. –Vamos Katie. Você sabe que a Agatha vai precisar de você lá...
–E que ele vai morrer naquele lugar se deixar você aqui sozinha. –Agatha completou para ele, sorrindo de uma orelha a outra enquanto encarava o casal. –Vamos Katie, qualquer problema eu assumo a responsabilidade e resolvo com o sr. Kenway.
–Está bem... –ela sorriu, beijando rapidamente o loiro e sumindo pela porta.
–Ela é minha amiga... –John se virou ao ouvir a voz de Agatha. –Se a magoar, eu castro você... Entendidos?
–Sim, senhorita. –ele não pode evitar uma risada, enquanto saía do quarto a procura de Katie.
–Você devia parar de ameaçar as pessoas. –a voz de Connor a fez dar um pulinho, se virando para a janela, enquanto ele pulava e acariciava as orelhas de Fenrir. –Eu realmente preferiria que você não fosse para tão longe. Mas, sei que não vai adiantar nada tentar te convencer do contrário.
–Que bom que você me conhece tão bem... –ela sorriu, passando os braços ao redor dele, o abraçando. –Queria que você pudesse ir comigo, sem que eu precisasse me preocupar com alguém te perseguindo ou gritando: "Matem o Assassino!".
–Seria algo interessante. –ele passou os dedos pelas mechas vermelhas, lhe beijando o topo da cabeça. Agatha começou a o encarar e a olhar para o baú, o que o fez rir. –Pare com isso.
–Isso o quê? –ela o encarou, com os olhos de oceano brilhando.
–Você está pensando em me esconder no baú. Pare com isso. –ele sorriu, a beijando enquanto ela dava ombros, ficando na ponta dos pés. –Você sabe tão bem quanto eu que isso não daria certo... É melhor assim.
–Tem razão... Você é grande demais.–ela olhou para o baú uma última vez, o que o fez rir. –É melhor que quando eu voltar você esteja bem, ouviu? Caso contrário, eu mesma dou uma surra em você...
–Eu vou ser cuidadoso... –ele sorriu, lhe dando um ultimo beijo apaixonado, antes que ouvissem passos no corredor. –Me prometa que tomará cuidado...
–Sim, eu prometo... –ela o seguiu até a janela, o beijando. A porta foi aberta e Agatha riu, ao ouvir os homens gritarem 'O Assassino!' e saírem correndo atrás de Connor.
John olhou para trás uma última vez, torcendo o nariz para a pequena bagunça de carroças atrás deles.
–Idiotas. –ele desceu do cavalo, empurrando o homem para longe, enquanto Samuel e Richard se aproximavam, o ajudando a arrumar a pequena bagunça. –Não vou sentir nem um pouco a falta desse lugar.
Fenrir rosnou quando alguém chegou perto demais de seu osso, fazendo com que Samuel desse um passo para trás e John risse. Agatha e Katie estavam sentadas, lado a lado atrás da pequena carroça, conversando animadas.
–Acho melhor ele ir com vocês duas. É um risco a menos. –John olhou para Agatha, a encarando surpreso enquanto ela simplesmente chamava pelo lobo, que foi trotando até elas, com o enorme osso nos dentes. –Um dia descubro como ela faz isso... Richard, você leva as garotas.
–Será um prazer. –o mercenário ruivo e sardento cumprimentou as duas mulheres, antes de se sentar e atiçar os cavalos, tomando a frente na pequena comitiva.
–Pronto, vamos logo. Eu já perdi tempo demais aqui. –John ficou alguns instantes observando seus homens tomarem posição, antes que o assobio de Katie chamasse sua atenção, o fazendo galopar rapidamente até elas. –Tudo bem?
–Eu tenho uma pergunta... –Agatha o encarou, os olhos estavam tempestuosos. Ela estava irritada. –Desde quando temos patrulhas aqui?
–Desde que o Kenway foi embora. Você não notou por eles são realmente bem cuidadosos. Mas isso são ordens do Lee. Creio que o seu amado patrão não faça nem ideia disso. –John olhou para o par de duplas de faziam rondas em direções opostas. –Por isso arrumei um disfarce para ele. Eles não sabem como ele é, apenas como se veste.
–Obrigado. –Agatha sorriu para ele, antes de voltar sua atenção para a floresta, acenando para o Assassino, que saía de entre as árvores. –O que faz aqui?
–Eu quase me esqueci... –ele diminuiu o ritmo do cavalo, ficando lado a lado com a carroça, entregando um embrulho para Agatha. –Um presente para você. Ficou pronto essa manhã, mas com a correria que estava eu quase me esqueci de te entregar.
Agatha soltou as cordas, afastando com cuidado o tecido de tons marrons do arco de detalhes entalhados e da aljava. John nunca vira uma mulher tão feliz por ganhar uma arma... E possivelmente nunca mais veria.
–Garoto, geralmente elas preferem jóias. –ele sorriu para Connor, que continuava a encarar Agatha, à espera que ela dissesse algo.
–É lindo... –ela o encarou, com os olhos brilhando animados, o que fez John sorrir.
–Bem, agora você tem como praticar. –Connor sorriu para ela, se aproximando e lhe dando um delicado beijo. –Eu realmente preciso ir agora. Até a próxima semana...
Ele esporeou o cavalo, enquanto a ruiva acenava para ele, apenas voltando sua atenção para o arco quando ele já estava fora do alcance da visão dela.
–Um dia ainda vou entender você. Uma dama inglesa, que doma cavalos, domestica lobos, tem um caso com um Assassino Mohawk e fica feliz ao ganhar um arco, ao invés de uma joia. –John riu, quando Katie jogou qualquer coisa nele, o repreendendo pelo comentário. Mas ela não pode evitar sorrir, afinal ele estava certo.
Agatha olhou para o forte, apertando um pouco o braço de Haytham, que não pode evitar uma risada.
–Esse lugar é bem maior que nossa casa. –ela olhou ao redor mais uma vez, se assustando com uma carroça que passou perto demais. –Acho que não quero mais ficar aqui.
–Eu sei que multidões te assustam... –ele apertou carinhosamente a mão dela, sorrindo de modo tranquilizador para sua protegida. –Mas eu realmente preciso de você aqui. Não se preocupe, vai se sentir mais à vontade no escritório.
–Espero que lá não tenha tantas pessoas. –ela apertou o passo, enquanto eles seguiam para o novo escritório de Haytham. Agatha passou dedos pela mesa de madeira escura, bem entalhada e com diversas gavetas, olhando para as prateleiras recheadas de livros, a maioria volumes novos.
–Tenho certeza que você vai se distrair bem facilmente com todos esses volumes. –Haytham a encarou, sorrindo enquanto ela lia encantada os títulos dos volumes expostos nas prateleiras. –Vamos começar?
Agatha puxou uma cadeira, se sentando de frente para ele e começando a redigir a resposta às cartas, a maioria acumulada de semanas atras, da última visita dele ao forte. Antes que eles percebessem a noite havia chegado.
–Espero que John tenha trago um bom número de homens. –Haytham acompanhou Agatha até o quarto, sorrindo quando ela se jogou sobre a cama, abraçando Fenrir. –Tenha uma noite.
–O senhor também. –ela sorriu, enquanto ele fechava a porta e encarava Richard parado do lado de fora do quarto, com um livro em mãos.
–Preocupado com alguma coisa? –ele disse sem tirar os olhos das páginas amareladas.
–Apenas um mau pressentimento. –Haytham encarou a porta do quarto por mais alguns instantes. –O seu grupo parece maior. No começo vocês eram apenas seis.
–Agora somos dez. –ele sorriu, fechando o livro e encarando Haytham. –John recrutou alguns de seus homens. Ele gostou deles e fizeram um excelente trabalho. Passaram nos testes de confiança dele. Ele vem fazendo isso já há alguns meses, e os manda para fazerem trabalhos rápidos. As coisas vem fluindo muito bem por aqui para nós.
–Bem, melhor assim. E fico feliz de saber que seu negócio vem dando... frutos. –ele acenou para o homem, antes de se retirar, satisfeito com a recente informação.
Agatha cobriu os olhos, resmungando qualquer coisa por causa do barulho e da luz que entrava em seu quarto. Fenrir rosnou quando alguém passou pela porta, mas voltou a se aninhar contra a dona, enquanto Richard gritava com quem quer que fosse do lado de fora.
–Que inferno... –ela cobriu a boca logo após dizer as palavras, ouvindo em sua mente Jennifer a repreender. Ela se levantou, se espreguiçando e olhando o arco sobre a mesa. –Hummm... Acho que vou praticar um pouco.
Connor havia deixado um pequeno estoque, com 10 flechas para ela, na aljava. Agatha pegou o arco, arrumando a aljava em suas costas, como ele havia a ensinado dezenas de vezes, saindo para o espaçoso pátio do forte.
–O que ela está fazendo? –John a encarava a uma certa distância, com Samuel e Katie ao seu lado, enquanto ela disparava algumas flechas no alvo improvisado.
–Acho que está treinando... –Samuel virou um pouco a cabeça, olhando com atenção os movimentos dela. –Ela realmente sabe o que está fazendo. Aprendeu com um profissional.
–É, ele é muito bom com o arco. –a voz de Haytham fez com que todos se virassem, enquanto ele encarava sua protegida, em sua habitual posse com as mãos às costas. –Então foi assim que começou...
–Ela é boa. Mas vai precisar de mais flechas. –Samuel olhou para John, que concordou com um aceno, enquanto o moreno se retirava.
–Eu estou surpreso que ela não tenha matado ninguém... ainda. –Haytham sorriu, orgulhoso, enquanto dava mais alguns passos a frente, tentando olhar mais de perto o desempenho de Agatha.
–Bem, não foi por falta de razões ou oportunidades, senhor. –Katie sorriu, encarando a amiga. Agatha passou os dedos pelo cabelo, os afastando do rosto e colocando o arco as costas, do mesmo modo como Connor fazia.
–Então... –Haytham colocou a mão no ombro dela, a fazendo dar um pequeno pulinho, assustada. Ele sorriu para ela, olhando para o arco e a aljava. –Era isso o que você fazia na floresta?
–É... Bem... –ela torceu uma mecha do cabelo entre os dedos, nervosa, o que o fez rir.
–Quando você arrumou isso? –ele apontou para o arco, enquanto Agatha o acompanhava até a cozinha.
–Bem... Enquanto estávamos vindo para cá... Eu ganhei de presente. –ela sorriu, enquanto Haytham apenas balançava a cabeça.
–Só tente não matar ninguém. –ele sorriu para ela, enquanto eles tomavam o desjejum, antes de irem para o escritório.
Haytham olhou para Agatha pela janela, sorrindo ao vê–la passear pelo forte com Fenrir e Katie ao seu lado. Ele não pôde evitar rir, quando Fenrir rosnou para Charles Lee, quando ele passou por elas.
–Odeio esse bicho. –ele passou pela porta, bufando e se sentando de frente para Haytham. –Ainda não entendo por que você deixou que ela trouxesse essa... fera.
–Ele a protege. E ele é o companheiro dela. –Haytham sorriu, enquanto voltava sua atenção para as anotações sobre sua mesa. –Acho que está tudo pronto... Posso mandá–los de volta para o outro forte.
Charles acenou com a cabeça, se levantando e o deixando a sós, enquanto Agatha passava pela porta e Fenrir rosnava para ele. Ela riu, fazendo com que Haytham levantasse os olhos, a encarando.
–Bem, eu imagino que vocês devam ter me causado alguns problemas... –ele se levantou, colocando as mãos às costas, um hábito do qual Agatha havia sentido falta. Aquilo era tão... inglês.
–Não tantos quanto o John por causa da Katie. –ela sorriu de modo doce para Haytham, olhando para os papéis sobre a mesa. –Precisa de ajuda sr. Kenway?
–Apenas se as suas coisas já estiverem arrumadas. –ele a encarou por alguns instantes, enquanto ela fazia que sim com a cabeça e se aproximava da mesa, organizando os papéis por datas e nomes. –Você realmente faz muita falta. Pelo excelente trabalho, mas principalmente pela companhia extremamente agradável.
–Obrigado, senhor. –ela levantou os olhos para Haytham e por um instante ele quase entregou a caixa a ela, mas a súbita aparição de John, o interrompeu.
–Estamos prontos para partir. –os olhos verdes do homem foram de Haytham para Agatha. –Melhor partimos, antes que fique tarde demais. Não quero passar a noite na estrada.
–Ele tem razão, Agatha. –Haytham colocou suas mãos sobre a de sua assistente, que olhava para os papéis, estática. –É perigoso viajar a noite.
–Eu... –ela levantou os olhos para Haytham, suspirando pesadamente. –Tudo bem.
Haytham sorriu para ela, enquanto a acompanhava até o portão. Ele não pôde evitar rir ao vê–la brigar com um rapaz que mexia em seu arco, que o largou e recuou ao ver o enorme lobo ao lado dela, rosnando de modo ameaçador.
–Tome cuidado, está bem... –ele a puxou para si, a abraçando forte, sorrindo quando ela enterrou o rosto em seu peito, quase desaparecendo sob sua capa.
–Sim, senhor... –ela disse em um tom triste, antes de subir na pequena carroça e eles sumirem no horizonte.
–John... –Agatha olhou para trás novamente, esticando o corpo. –JOHN!
–Mas que diabos! O que foi? –ele olhou para ela, enquanto ela apontava para a enorme coluna de fumaça. –O Forte.
–Temos que voltar... –ela olhou desesperada para ele. –O sr. Kenway...
–Agatha... Eu... –ele a encarou por alguns instantes, enquanto Fenrir se levantava, mexendo as orelhas e uivando. Até ele notara que algo estava errado. –Tudo bem, vamos dar uma olhada, mas vocês duas ficam fora da zona de perigo... Certo?
–Sim... Rápido. Por favor... –ela sentiu o coração apertar à medida que eles voltavam para o forte e se apercebiam da batalha que ali acontecia. Foi quando ela viu aquele vulto familiar passar correndo, em meio aquela enorme confusão. –Connor...
–Agatha, não! –Katie tentou a segurar pelo pulso, mas ela já corria por entre a bagunça de homens, destroços e balas de canhão, sendo seguida de perto por Fenrir, enquanto John e seus homens corriam atrás dela.
Uma bala de canhão passou próximo a ela, a fazendo cair no chão com a lembrança que lhe invadia a mente, a mente misturando os dois eventos. Fenrir parou de frente para ela, a puxando pela saia do vestido e a fazendo se levantar, enquanto ela tentava se acalmar se focando no presente e olhando ao redor a procura de Haytham ou Connor...
Foi quando ela viu... Os dois homens que ela mais amava... Lutando um contra o outro...
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