Tribunal dos Tolos
O teto do meu quarto na base parecia ser muito mais interessante do que realmente era, mantive os braços cruzados atrás da cabeça olhando para o alto e refletindo sobre os acontecimentos mais recentes.
Reunidos no meio dos escombros da minha antiga casa, Marx começou a manipular sua mana usando o feitiço de Mémoire Absolue para tentar descobrir algo sobre meu passado e os segredos do meu pai.
Infelizmente não era possível manter a consciência enquanto ele usava essa técnica então teria que acreditar em Julius sobre qualquer que fosse o resultado.
Não sei ao certo quanto tempo se passou, mas quando retomei a consciência a lua estava no ponto mais alto do céu, Marx estava visivelmente cansado, e Julius mantinha a postura reta e rosto congelado numa feição séria.
Minha mente ainda ficou confusa por algum tempo até que consegui raciocinar apropriadamente e questionar os homens sobre os resultados. Marx pareceu frustrado e fechou as mãos ao lado do corpo
- Não conseguimos nada - respondeu.
-Como assim?
-Suas memórias voltam até o dia do acidente - ele disse - E depois tudo que aparece é uma tela escura sem imagens, porém estranhamente o tempo continua correndo. Desculpe por não poder ajudar.
Balancei a cabeça - Não se preocupe, foi uma tentativa. Agradeço de qualquer forma.
Marx nos deixou a sós, entendendo que ainda precisávamos de um momento para conversar.
-Suponho que nem você esperava esse resultado - comentei para o mais velho.
-Realmente não cheguei a cogitar essa falta de memórias. - o loiro respondeu - Meu receio sobre pedir para Marx olhar sua mente era talvez descobrir coisas sobre Ettori que nunca imaginei e arruinar a sua lembrança dele como pai.
-Eu sou uma menina crescida Julius - rebati - Não quero nada além da verdade, se o que ele fez, se é que fez; foi certo ou errado, deixo para decidir depois.
Julius sorriu - Você se tornou uma maga esplêndida [Nome].
-Claro que sim - me virei - Afinal, você que me ensinou.
Respirei fundo e fechei os olhos, ainda levaria algumas horas para amanhecer meu sono sequer deu indícios de aparecer, e provavelmente não iria.
Sentei rapidamente pensando que ficar ali só me deixaria mais inquieta, então jogando a capa vermelha por cima das minhas vestes noturnas abri a janela e me lancei na noite, não me importando em ser vista por alguém. A vassoura ficava tão no alto que no máximo veriam minhas capa de esquadrão.
Com as informações recentes era fácil chegar a algumas conclusões, a mais provável delas sendo a de que o resquício de magia proibida foi o que impediu Marx de ver minhas memórias. Por mais que eu tentasse encontrar respostas sempre acabava chegando no mesmo lugar.
Não tinha nenhum lugar específico em mente enquanto voava pelo reino, mas novamente de maneira inconsciente segui em direção às ruínas da mansão Coldciani, mesmo depois de tanto tempo meu coração ainda considerava aquele local abandonado minha casa, um lugar para voltar.
Geralmente o lugar parecia ainda mais solitário durante a noite, porém dessa vez escondido nas sombras da madrugada havia uma figura se esgueirando pelas colunas caídas, mesmo do alto os cabelos longos e claros eram de fácil identificação. Baixei a vassoura o suficiente para que pudesse pular dela.
-Espero que tenha uma boa explicação para estar andando pelos terrenos da minha família.
Nacht se virou devagar suas íris cor de cerúleo reluzindo sob o brilho prateado da lua enquanto as mãos estavam nos bolsos da calça e na boca dançava seu característico sorriso sarcástico.- É claro que tenho - seu olhar desceu - Belos motivos.
Imediatamente puxei a capa cobrindo a frente do meu corpo, sentindo o rosto esquentar - Que você é esquisito eu já sabia, mas ser um pervertido é novidade.
Nacht riu e cobriu os olhar com uma das mão enquanto levantava a cabeça para o céu - Uma dama não sai com seus robes noturnos durante a noite. Você é uma garota bem sem noção. - e então afastou alguns dedos para me encarar com apenas um dos olhos - Deve ser por isso que é tão interessante.
-Não deve ter sido seu "interesse" que te trouxe até aqui, muito menos as belezas das ruínas.
O homem suspirou alto - Não tenho interesse nas pedras, mas no que está escondido embaixo delas.
-Então você mentiu pra mim, sobre ter algo na casa. - concluí.
-Em partes - respondeu gesticulando com as mãos - Não tive certeza do que tinha sentido até algumas noites atrás.
-Quer dizer que você anda invadindo a propriedade com frequência? Esperava mais de você.
-Para fins de pesquisa não por vontade própria, que fique bem claro. E devo dizer que chegou em boa hora. - Nacht esperou a lua se esconder entre nuvens para continuar.
Srta. Coldciani - com uma certa elegância ele estendeu a mão em minha direção, como se estivesse me pedindo a permissão para uma dança. - Me concede a honra dessa dança entre sombras?
O tom em sua voz possuía uma animação sombria que combinava com o brilho em seus olhos e a mão estendida aguardava ansiosa pelo meu próximo movimento. Seria ali que eu aceitaria sua proposta de uma vez por todas ou colocaria tudo embaixo dos panos e continuaria minha vida cercada de dúvidas.
Senti sua mão fria sob a minha antes mesmo que pudesse pensar em desistir e num movimento rápido Nacht me puxou segurando minha cintura por cima da capa e encarando meu rosto, uma posição clássica de início de valsa - Não há volta depois de mergulhar no desconhecido [Nome].
-Eu não me importo.
-Nesse caso - começou a falar deixando a frase solta nisso sua mana fez um círculo sombrio embaixo de nosso pés - Bem-vinda ao meu mundo.
N/A: Ai ai Nacht, qual é a sua homem? Lembrando que, pelo menos é o que eu acho, antes da "coisa" acontecer com o Morgen ele era mais serelepe. Ficando sério e mais centrado nos anos seguintes.
Pelo menos é uma energia mais caótica que ele passa no flashback, então vou seguir da minha imaginação.
Obrigada por ler até aqui! Xx
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