Perguntas Vazias


Nacth estava sentado num dos escombros enquanto eu andava em sua frente de uma lado para o outro, processando a informação que tinha recebido. Deixando o cigarro entre os dedos ele apenas se manteve calado.

-Não tem como descobrir o que é essa maldição ou sei lá o que que você disse.

-Assinatura, não necessariamente você tem uma mancha de magia proibida mas pode ter sido afetada em algum ponto. Como um resíduo, tem algum efeito em você mas não te torna amaldiçoada, entendeu?

-Entendi desde a primeira vez que me disse - rebati - O que eu quero saber é se tem como rastrear isso?

Um sorriso maléfico se estendeu pelo rosto dele - Talvez, dependendo do que você está disposta a sacrificar.

O rapaz pulou do pedaço de pedra em que estava sentado apenas para vir em minha direção e quando tinha pouco espaço nos afastando inclinou o rosto para perto do meu.

-Está entrando num território obscuro e proibido Coldciani, tem certeza de que quer continuar? - ele soprou a fumaça no meu rosto.

Era uma linha muito fina em odiar por completo o homem e aceitar sua ajuda, franzi o cenho - Sou uma garota crescida Faust, sei tomar minhas próprias decisões.

No mesmo movimento que ele fez soprei uma névoa gelada vindo das propriedades da minha mana, apagando a ponta do cigarro dele e o deixando congelado.

-A escolha é sua, lembre-se disso - comentou antes de virar as costas - Me avise o próximo dia em que estiver de folga.

Nacth saiu andando como se já conhecesse a propriedade, assim que sua figura desapareceu, me deixei sentar no chão de pedra e colocando as duas mãos no rosto respirei fundo.

Minha mãe mal saia da casa recebendo clientes numa sala lateral. Os criados nunca demonstraram qualquer tipo de interesse, sempre usavam de suas magias para auxiliar em suas tarefas. A única pessoa que tinha a possibilidade de mexer com magia proibida era meu pai, mas o que ele poderia querer com esse tipo de pesquisa?

Já era um nobre com um cargo alto e de certo respeito. Teria feito essa jornada por conta própria ou a mando de alguém?

Porque eu não me lembrava de nada sobre o Reino Spade até o ataque?

Não teria nenhuma resposta para isso a não ser que confrontasse Julius diretamente, me levantei decidida a falar com o capitão dos Cervos Cianos ainda hoje. Mesmo que tivesse que aguardar até seu retorno.

O caminho até a base deles foi longo, mas quando cheguei o sol ainda estava no céu apesar de estar já próximo ao horário do pôr do sol, fui barrada na entrada visto que ainda estava com roupas de civis. Então quando questionada sobre a minha presença ali precisei dizer que tinha assuntos com o capitão.

-Julius não está na base hoje. - um deles respondeu. - Está em missão.

Só faltava ele estar com uma placa escrito "mentira". Coloquei o meu melhor sorriso no rosto - Engraçado quando encontrei com Yami e Morgen mais cedo me disseram que ele foi encontrar com o rei mago.

Se o cavaleiro pudesse, tenho certeza que ele se esconderia debaixo da terra.

-Srta. [Nome] - Willian veio até a entrada - Capitão Julius vai te receber, desculpe por isso recebemos ordens para que não o incomodasse.

Olhei para as janelas altas vendo Julius parado contra o vidro, ele deve ter me visto e autorizado a interrupção no que quer que estivesse trabalhando.

O jovem me acompanhou pelo prédio até que estivesse no corredor que levava até a sala do mais velho.

-Acredito que conheça o caminho a partir daqui - comentou os olhos brilhando com gentileza por trás da máscara colorida que tinha no rosto.

-Certamente, obrigada Willian - ele acenou com a cabeça e se virou me deixando para seguir sozinha. Apesar de segurar uma expressão amigável no rosto assim que ele se virou, deixei que as verdadeiras emoções me tomassem.

A porta estava aberta, me aguardando provavelmente, não precisei me anunciar apenas a fechei atrás de mim.

O escritório de Julius não era um lugar desconhecido, mas mudou de aparência conforme os anos se passaram. Apesar de organizado tinha livros, coleções e todo tipo de material armazenado por ali, nem mais espaço vago tinha nas prateleiras ou em sua mesa.

-É um pouco difícil você vir me visitar - disse com um sorriso forçado que logo soube que era falso.

Julius podia ser várias coisas, mas burro com certeza não era uma delas. Não tinha porque eu fazer rodeios ao redor do homem, nos conhecíamos a tempo demais ele cuidou de mim por tempo demais.

-O material que meu pai guardava no escritório. Suas pesquisas e registros, onde está?

Como esperado sua expressão se tornou séria e o olhar levemente triste, se sentando na cadeira Julius cruzou as mãos em cima da mesa entrelaçando os dedos e erguendo os olhos para mim em seguida.

-Não sei.

E antes que eu pudesse questionar o mais velho continuou - Sente-se, imaginei que essa conversa chegaria um dia mas não achei que seria tão cedo.

Assim que me ajeitei em sua frente o loiro resolveu contar a versão dele do que aconteceu anos atrás.

-Nunca vou esquecer o que aconteceu naquele dia ou nos que veio nas semanas predecessoras dele. Mas antes disso precisa entender [Nome] algumas escolhas nos levam a caminhos sombrios...

-E Ettori escolheu o pior deles.

O ar travou na minha garganta, então realmente meu pai estava envolvido com magias proibidas.

Num segundo a imagem que tinha criado em minha mente de um herói tremeu e se rachou. Dependendo do que Julius me contasse poderia ser perdida para sempre.

-Não esconda nada de mim - minha voz saiu falha - Bom ou ruim.

-Pois bem - o capitão se encostou na cadeira - O que aconteceu foi o seguinte...











N/A: Estamos de volta com as atualizações regulares, ou toda semana ou no máximo eu pulo uma.

Vamos embarcar numa nova jornada!

Até mais, Xx.

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