Estranho


Era o terceiro boneco de treino da base dos Leões Carmesins que eu destruía em sequência e antes mesmo de colocar o quarto Fuego segurou meu braço me forçando a parar e olhar para ele. Os olhos preocupados, mas o rosto se mantendo sério.

-Não sei o que está se passando na sua cabeça – começou - Mas destruir o campo de treinamento não vai adiantar.

O Vermillion bateu na minha testa como se fosse colocar as minhas ideias no lugar novamente, mas pelo contrário só me fez franzir o cenho e o empurrar para longe. – Não tem nada de errado.

-Eu te conheço melhor que você mesma, [Nome]... O que aconteceu?

Mesmo que fossemos amigos eu não sabia o quanto eu podia compartilhar com ele sobre a questão da família Silva, o conhecendo era capaz de que ele intervisse pelo senso de justiça extremamente forte. Me limitei a suspirar e a cruzar meus braços na frente do corpo escolhendo ignorar essa parte da pergunta – Senhor "me conhece melhor do que mim mesma" se importa em me dar o dia de folga? Antes que eu congele o quartel inteiro.

Fuegoleon sorriu e apertou meu ombro – Tire o tempo que precisar, e se for necessário sabe onde me encontrar.

Coloquei a mão por cima da dele agradecendo silenciosamente o apoio, de alguma forma sua pele sempre estava mais quente devia ser uma característica de todos os leões, me desvencilhei a fim de tirar a capa vermelha dos ombros e sai andando em direção ao prédio principal. Seria mais um dia em que me faria de civil, sem títulos, sem nomes, apenas uma pessoa com incertezas andando pelas ruas.

De alguma forma estranha entendia a paixão de Julius em relação a se disfarçar e andar anonimamente entre os moradores da capital.

Depois de me colocar em vestes comuns, e uma capa simples, tracei o meu destino. Uma visita à biblioteca pessoal dos Vermillions não faria mal, quem sabe colocar qualquer outra coisa na minha cabeça me fizesse esquecer a expressão de Nozel e o jeito que ele tratou a pequena Noelle naquele dia. Pelo menos o suficiente para que eu não invadisse o castelo Silva.

Os servos me deixaram entrar sem problemas depois que me identifiquei e tomando o caminho conhecido logo eu me vi de frente com duas grandes portas lustrosas de madeira avermelhada e atrás delas prateleiras e mais prateleiras de livros, alguns provavelmente sem ser lidos a séculos tamanha a variedade e quantidade existia

Não sabia o que procurava mas tinha certeza de que algo antigo seria mais interessante, então logo me dirigi às estantes mais afastadas. Capas de couro escuro quase mofadas e símbolos estranhos que nunca havia visto antes, me parecia o tipo de coisa perfeita para ocupar a minha mente.

Peguei os três livros mais estranhos que eu pude encontrar e levei para uma das mesas localizada próxima a entrada. Colocando meu próprio grimório para o lado abri o primeiro deles, na capa havia uma dedicatória na contra capa.


"Amigo, espero que tenha uma leitura satisfatória – A.F"

- Seres mágicos e malévolos que habitam o submundo –

Vol. 1


Estranho, não me parecia o tipo de coisa que simplesmente estaria aqui disponível para ler. O texto era denso, se é que poderia ser chamado disso. Estava longe de ser algo agradável, um mundo sombrio onde a única diversão vem em forma de tortura.

Em algum ponto da minha vida já tinha escutado sobre magias proibidas, sobre como seu uso altera diretamente a alma e a magia de seus usuários. Olhei para o teto do local tentando buscar alguma lembrança da onde eu havia visto algo parecido.

Mana sinistra, pedras mágicas...

Então me acertou, uma das vezes que eu invadi o escritório de meu pai anos atrás ele estava estudando sobre isso. Foi uma das únicas vezes que eu o vi tão bravo eu não entendia o que estava acontecendo mas agora parecia fazer mais sentido. Mas porque ele estaria pesquisando sobre isso?

Abri os outros livros para ver seus conteúdos, e nenhum deles pareciam ser tão sombrios quanto esse. Os guardei em seus respectivos lugares mas o presente de "A.F" ficaria comigo por mais algum tempo, talvez tivesse alguma coisa nos documentos recuperados do quartel dos Cervos Cianos.

Ainda tinha meu quarto na mansão de fogo, então se tivesse algo guardado estaria em algum dos baús. Ninguém me questionou por estar andando apressadamente pelos corredores e para ser sincera nem eu mesma entendia o porquê de sentir meu estômago revirar dessa maneira.

Me ajoelhei ao lado do recipiente a madeira de carvalho branco ainda reluzia e os entalhes em prata pareciam novos e o brasão da minha família cuidadosamente esculpido no topo. Todas as lembranças da família que um dia eu tive estava ali dentro, algumas jóias que não foram saqueadas, coisas aparentemente inúteis que foram deixadas para trás.

Entretanto não havia nada dentre os pertences deixados para trás no quartel do esquadrão... Julius se tivesse alguém que soubesse sobre o que eram as pesquisas que meu pai estaria fazendo era o capitão.

Ninguém parecia estar ligando pra mim, então folheei algumas páginas do livro mesmo em público até que alguém esbarrou em mim. Me fazendo derrubar no chão, parecia alguém da minha idade e surpreendentemente familiar.

Vestia preto da cabeça aos pés, bem ignorando os cabelos que eram claros. Os olhos de um azul límpido e uma expressão debochada. Mantinha um cigarro na boca e as mãos nos bolsos.

Me abaixei para pegar o livro e ao mesmo tempo mais duas figuras apareceram e se aproximaram.

-Cubo de gelo e punk. O que é isso um encontro? – Yami vinha andando na nossa direção junto de Morgen. Imediatamente virei o rosto para que pudesse encarar o desconhecido, agora sabia da onde ele me era familiar.

- Não – respondi – Apenas esbarramos, estou esperando pelo seu pedido de desculpas a propósito.

-Não sou eu que estava andando pelas ruas, lendo algo que não deveria.

O segundo servo pareceu sorrir fraco – Peço desculpas em nome de meu irmão [Nome], o que te traz a essa parte da cidade?

-Cansou de brincar de cavaleiro mágico?

-Yami – comecei – Faça um favor a todos nós e se mantenha calado sim? – voltei a encarar a única pessoa educada ali no meio. – Preciso falar com Julius estava indo para o quartel de vocês, estou de folga dos Leões Carmesins.

-É uma pena, capitão Julius saiu para se encontrar com o rei mago – disse enquanto Yami jogava os braços atrás da cabeça e continuava seu caminho – Deve voltar apenas no fim do dia.

-Morgen temos uma missão, não fique de papo furado.

O rapaz balançou a cabeça e se despediu seguindo o brutamontes, bem de volta à estaca zero.

-Então vai me falar o porquê está lendo sobre demônios?

-Deveria? – rebati – Não é o tipo de coisa que se fala em plena luz do dia na capital do reino.

Ele riu com escárnio – Mas ler é perfeitamente aceitável não é? Me siga [Nome], tem um lugar onde podemos conversar.

-Não pode esperar que eu simplesmente te acompanhe, não é? Conheço seu irmão mas não significa que posso confiar em você.

-Faça como quiser – o irmão de Morgen deu os ombros, virou de costas e saiu andando mas não antes de parar e dizer – A propósito o nome é Nacht.










N/A: Oi oi! Ainda não tirei a história da espera, mas achei que valia a pena atualizar. Não esqueci dela pessoal, só terminando a arrumação!

Esse capítulo não tem tanto conteúdo mas abre um bloco importante no enredo

Se quiser acompanhar as atualizações não esqueça de adicionar a biblioteca.

É isso! Até mais, Xx

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