Quando Julius disse que era em conjunto, com certeza deveria ter ido mais a fundo nos questionamentos perguntando, em conjunto com quem. Erroneamente supus que era apenas com os Cervos Cianos, mas o nobre de vestes claras e o emblema da águia estava ali para provar o contrário.

Era a primeira vez que me encontrava com Nozel depois do seu retorno, havia apenas visto seus irmãos e a pequena Noelle - que ia a mansão Vermillion se encontrar com a prima, Mimosa.

Logo nos primeiros dias tinha tomado um certo gosto por ficar com as duas menores, e a menina Silva parecia grata por isso. Já que aparentemente todos na casa Silva a ignoravam ou culpavam pela morte de Acier-sama.

Realmente não entendia o que se passava na mente daquela família.

Além dele, Yami, Willian e um garoto que havia se apresentado como Morgen, me lembrava dele de algum baile feito para nobres da capital.

-Infelizmente não vou poder acompanhar vocês nessa missão – Julius disse – O capitão responsável será Nozel.

-Oh, liderados pelo cara da trancinha. Tem certeza que você consegue ver? – Yami perguntou fazendo com que eu segurasse uma risada. E também temesse pela a minha vida.

Aquela era uma das piores combinações existentes.

Nozel levantou o queixo – Tome cuidado com suas palavras estrangeiro, nunca se sabe o que pode acontecer com você numa masmorra.

-Assustador – respondeu sem nenhum sentimento enquanto cutucava a orelha – Então vamos logo senhor capitão trança.

Num segundo ele pulou na vassoura e começou a voar, Willian soltou um suspiro e Morgen levantou uma mão em pedido de desculpas pelas atitudes do companheiro.

-Ele deve conseguir se virar – comentei – Então aonde é a masmorra?

-Na região esquecida, ao norte de Holden.

Ele estava nervoso julgando pela resposta seca e controlada, mas fazer o que o monstrengo era um espírito livre. Até demais.

Em poucos momentos já estavam cruzando o céu com o pequeno grupo, era um pouco longe mas nada muito extremo.

-[Nome] – Morgen me chamou ganhando a minha atenção – Já esteve em uma masmorra antes?

Balancei a cabeça negando – Não, será a primeira. Embora já tenha ouvido relatos do tipo de coisa que tem.

Pesquei Nozel me olhando pelo canto de olho com uma careta, devia estar pensando algo como "um estrangeiro e uma novata".

-Mas não se preocupem, eu posso me cuidar sozinha.

-É verdade que você ficou todo esse tempo na região de mana forte?

-Sim, treinando intensamente.

Eles entenderam a minha dica de que não queria mais falar, então ficamos em silêncio novamente, Nozel também parecia querer acabar com aquilo o mais rápido possível então acelerou o passo guiando até o local da missão.

Honestamente Julius já deveria ter falado para Yami onde a masmorra era já que ele partiu na nossa frente sem olhar para trás. Não duvidada que quando chegássemos metade já estivesse destruído, afinal ele era um bruto.

Mas agora pensando em Julius... Me pergunto se devia ter comentado sobre o incidente no vilarejo e sobre os soldados de Spade havia passado a situação para os superiores dos Leões Carmesins mas mesmo assim não tinha certeza de que essa informação chegaria no rei mago... Talvez devesse comentar com ele casualmente depois.

Foi mais algum tempo até que chegássemos a masmorra e como esperado Yami já havia entrado.

-Desleixado como sempre – comentei.

-Nosso objetivo é inspecionar a masmorra já que surgiu recentemente, nada mais que isso. Vamos nos separar, vocês dois vão junto. E você... Me acompanhe.

Nozel era tão simpático que quase me fazia ter vontade de chorar.

Dei de ombros e apenas o segui para dentro, estava bem informada sobre os perigos que geralmente esse tipo de lugar tinha. E provavelmente Yami havia desarmado a maioria das armadilhas, o que era uma coisa boa.

Masmorras eram como tumbas que guardavam relíquias da antiguidade, se tiver muita sorte poderia encontrar algum segredo sobre magias poderosas ou artefatos mágicos raros. Por conta disso era comum que pessoas tentassem entrar e roubar os locais.

-Que tal acelerarmos um pouco as coisas? – perguntei e conjurei os Clones de Nilflheim – Vamos cobrir uma área maior em menos tempo. Armadilhas que tiverem serão desarmadas quando os clones passarem.

Cerca de uns dez deles correram e se espalharam.

Ele ainda não havia dito nada, suspirei.

-Sabe Nozel, não faz mal conversar um pouco. Não consigo saber o que se passa na sua cabeça se você não falar.

-E porque deveria?

Virei os meus olhos e passei por ele andando em sua frente – Porque você claramente está incomodado de ter feito dupla comigo. Poderia ter ido sozinho se quisesse.

Não ouvi ele me seguindo até estar a alguns passos de distância.

-Você se foi por dois anos.

Parei e me virei para encarar seu rosto, os olhos gélidos me encarando de certa forma raivosos – Sim, eu sei.

-Porque eu deveria dar alguma satisfação então?

Aquele tom de voz, era ríspido mais tinha algo a mais escondido por trás. – Você está chateado.

Quando eu parti mal me despedi dos Vermillions assim como Mereo, não achei que tinha algum tipo de relacionamento, se é que podia falar isso, com o primogênito da casa Silva a porte de avisar que eu iria sumir por algum tempo.

-Sejamos honestos um com o outro Silva – puxei alguns fios de cabelo na minha nuca antes de o confrontar – Pra mim você sempre foi o rival do Fuegoleom que me odiava. A nobre média que de repente foi colocada no patamar de realeza.

Minha sinceridade pareceu o deixar em choque por alguns instantes. Ele abaixou a cabeça de leve voltando a me olhar – Minha mãe respeitava Ettori, e a todos os Coldciani carrego esse respeito em sua memória.

-Só por conta de Acier-sama não é o suficiente – respondi – Se você quer minha amizade, tudo bem.

-Mas não ache que é um fardo que você tem que carregar pela sua mãe, se for apenas por isso fique tranquilo.

Virei as minhas costas andando para onde um dos clones tinha seguido, deixando o nobre para trás.

-Não deve absolutamente nada a mim.

N/A: Ih Nozel, deu ruim pra ti. Bad move.

Obrigada por ler até aqui.

Até a próxima! Xx