The Elevator Boy

"Nem sempre é fácil sorrir
quando, na verdade,
está chorando por dentro..."
— Michelisilvadark

Eu fitava aquela frase no teto do meu quarto: "Eu nunca pedi para nascer, não fiz questão de existir". Olhei para o lado, para o meu caderno escolar. Lembrei de como foi o dia, de Connor, o Merlin, o Draco Malfoy, o Jack Frost. Tirei seu bilhete do bolso da calça e contemplei a sua perfeita caligrafia.

Meu telefone tocou, e eu tive que atender. Era a minha mãe pedindo para eu levar uma pasta de documentos para a empresa dela.

Quando desliguei o telefone, me levantei e fui até o seu escritório. Achei a pasta e liguei para o meu motorista vir me buscar. Não demorou muito e Billy apareceu com a sua BMW. Entrei no veículo em silêncio, e chegamos na empresa em silêncio também.

— Pode me esperar? Talvez eu não demore. — pedi.

Billy balançou a cabeça positivamente e eu entrei no enorme edifício. Me aproximei da recepcionista.

— Eu quero entregar isso para a minha mãe, onde ela se encontra? — ergui a pasta.

A mulher olhou para mim com uma certa dúvida. Tinha os fios loiros presos em um coque desarrumado e sardas muito claras no rosto. Usava um terninho e um piercing no nariz. Seus lábios estavam cobertos de gloss e seus cílios, de rímel. Poderia compará-la até com uma boneca, se não tivesse me respondido:

— Como alguém como você pode pensar que sua mãe trabalha aqui?

Respirei fundo.

— Ah, sim... As faxineiras... Sua mãe não está aqui, entre pela porta lá nos fundos, onde tem o lixo, que você estará indo para a parte de funcionários de limpeza. É só sair e dar a volta no prédio. — a moça apontou para a porta de entrada/saída.

— Por acaso você está brincando com a minha cara? — me inclinei no balcão de mármore. — Eu acho que tenho autorização para te demitir.

— Quantos anos têm? Treze? Catorze? — a moça cruzou os braços.

— Não importa. O que importa é que você não precisa ser tão ignorante.

— Ignorante? Veja só! Um garoto que quer entrar na empresa para encontrar a mãe faxineira...

Peguei meu telefone e disquei o número de minha mãe. Em três "bips" ela atendeu.

— Onde está? — perguntei.

— Indo para a recepção. — respondeu.

— Estou na recepção, mãe. Te encontro aqui. — desliguei o celular e olhei para a moça. — Logo você conhecerá a minha mãe.

Ela revirou os olhos e ficou lixando a unha. A porta do elevador se abriu e minha mãe saiu acompanhada por duas mulheres que, aparentemente, eram de classe muito alta. Minha mãe veio na minha direção e me abraçou, e eu abri um sorriso diabólico para a recepcionista.

— Obrigada, Jonas. Salvou a minha pele! — minha mãe me beijou no rosto e pegou a pasta.

— De nada, MÃE. — enfatizei o "mãe", olhando para a recepcionista arrogante, que estava encolhida na cadeira. — Eu estava demitindo uma funcionária daqui, mãe.

Minha mãe seguiu o meu olhar.

— A recepcionista? — perguntara.

— Ela me tratou muito mal. Perguntei por você e ela disse que estaria na parte de funcionários da limpeza. Ela me humilhou e te humilhou. Acho que pessoas com esse nível profissional não deveriam estar aqui...

Minha mãe fitou ela com uma certa raiva.

— Que seja feita a vontade do meu filho.

— Mas eu preciso desse emprego! — a recepcionista lamentou.

— Não posso fazer nada. — minha mãe me pegou pelo braço e me puxou para o elevador. — Preciso que leve uma coisa para casa, Jonas. — apertou no botão do terceiro andar.

— Sim, senhora.

Eu detestava ser marionete de minha mãe. Ela tinha mil empregados e poderia mandar todos fazerem tudo o que quisesse. Mas ela sempre optava por me escolher.

Fomos para a sala dela, e ela me entregou uma caixa de biscoitos italianos. Segundo minha mãe, queria comê-los assistindo um programa de televisão. Assenti e me retirei da sala. Chamei o elevador e me surpreendi ao vê-lo dentro.

Connor.
Merlin, o mago.
Jack Frost.
Draco Malfoy.
Connor Merlin Walter.

Quase pulei de susto, mas engoli a seco e entrei no elevador.

— Oi. — ele me cumprimentou.

— Ah, oi. — cumprimentei de volta.

Apertei a caixa do biscoito contra o meu peito e vi que a opção "T" de térreo já estava selecionada. Eu estava tenso.

Vendo-o assim de perto, percebi que sua pele era bem alva e seus olhos eram tão claros, que pareciam ser transparentes. Passei a mão pelo cabelo e disfarcei meus olhares.

Quando eu estava prestes a comentar algo sobre um jogo de futebol da noite anterior, o elevador parou e as luzes desligaram.

— Ah, não... Merda! — Connor gritou.

— O que foi? — perguntei, tentando enxergá-lo naquele escuridão.

— Um blecaute. Só pode ser. — me respondeu. Ficou tateando a porta, mas nada aconteceu. — Seu celular está carregado?

Peguei meu celular: 13%.

— Ahn... Não muito. E o seu? — liguei a lanterna.

— Zerado. — me respondeu. Ele apertou no botão de abrir porta e nada. Logo depois, no botão de "chamada", para chamar o técnico. — Ei, estamos presos aqui! — bateu na porta.

Me sentei no canto do elevador e fiquei em silêncio. Connor gritou, pressionou os botões e ainda tentou abrir a porta. Havia se passado minutos e nada de termos respostas. Derrotado, Merlin se sentou de frente para mim, no outro canto do elevador.

— Eu odeio tudo isso. — falei, após alguns minutos de silêncio.

— Eu odeio todos. Odeio todos esses filhos da mãe que não nos ouvem. — Merlin me respondeu.

A lanterna do meu celular desligou, e soubemos que ele havia descarregado.

— Estamos ferrados. — Connor lamentou-se.

Eu não estava em pânico. Ao contrário, eu estava muito calmo. E seria até interessante ficar preso no elevador com Connor. Apenas eu e ele no elevador.

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