Capítulo Único
》Não revisado
》BakuDeku. Se não gosta, não leia.
》Yaoi
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Seus olhos, de segundo em segundo, erguiam-se até os orbes esmeraldas do homem à sua frente. Talvez, só talvez, estivesse encantado com esta nova versão e, por isso, sempre estava ali, mesmo que não gostasse tanto de agulhas.
Sentia a pinça de aço cirúrgico contra a sua língua, o frio do instrumento só fazia a ansiedade do loiro aumentar cada vez mais. O olhar do esverdeado também fazia isso, oh sim...
O cateter para aplicação estava entre os dedos dele, sendo segurado levemente, sem muita força. Esterilizou o objeto e o posicionou no local. Seus olhos se encontraram novamente e um sorriso se formou nos lábios de Izuku, não mostrou os dentes, mas contava como um, certo?
Já havia marcado onde seria, agora faltava somente a perfuração. Bakugo parecia confiante quanto a isso, mesmo após ouvir os riscos e cuidados. A voz suave de Midoriya cortara o silêncio que antes habitava no local, somente um pedido saiu de sua boca.
— Coloque a língua para fora — Parecia abalado. Por que Katsuki sabia disso? Aprendeu a decifrar as expressões do esverdeado — 1... 2... 3...
Contou e perfurou o local. Com uma gaze, limpou a saliva que insistia em escorrer da boca do loiro. Retirou a agulha, deixando apenas o caráter. Fez a assepsia e posicionou o piercing no cateter, tirando-o e posicionando a joia em seguida.
— Pode abrir os olhos — Deu uma risada baixa e curta — Os cuidados você já sabe, foi o que eu disse no início.
O loiro se levantou, espreguiçando-se em seguida. Observou Deku guardar a caixa de joias e esterilizar os outros objetos.
— Tem compromisso? — Perguntou colocando sua mochila nas costas, estava voltando da faculdade quando resolveu fazer a perfuração.
— Não. Na verdade, eu já estava indo para casa quando me ligou — Guardou o material e colocou seu celular na mochila, tirando e jogando a luva de látex no lixo em seguida.
Bakugo assentiu com a cabeça e olhou para o chão. O jeito que ficava estranho próximo ao Izuku era, no mínimo... insólito? O esverdeado seguiu até a porta e colocou a chave no trinco.
— Quer dormir aí hoje? — Disse num tom irônico vendo o amigo revirar os olhos e o seguir até a saída.
Andaram até uma ponte juntos, Bakugo sempre preferia levá-lo até aquela praça, Midoriya mudava ao encontrar com Katsuki. Sua pose onipotente e onipresente se esvaia e somente restava o garoto brincalhão e liberto.
— Está tudo bem? — Indagou Katsuki ao vê-lo se sentar no banco de madeira que desbotava a cada dia, de vermelho ia para um laranja — Parece alheio.
Midoriya pareceu pensar um pouco. Ajeitando seus óculos no rosto, cruzou as pernas e passou seus dedos pelos fios de cabelo, demonstrando inquietação.
— Bom... eu e Todoroki terminamos há duas semanas, nem mesmo a amizade que tínhamos se faz presente agora.
Mesmo que com expressão neutra, Bakugo estava feliz, mesmo que fosse um pouco, estava feliz.
— Ele é um idiota.
— Não, não é... eu não fui capaz de compreender sua dor, ele tinha problemas. Nenhum de nós estávamos prontos para ter um relacionamento naquele momento. Éramos novos e imaturos, eu havia acabado de perder minha mãe — Olhou para as cicatrizes que eram cobertas pelas tatuagens em seus braços. No esquerdo, uma linda fênix era visível; para Inko, ela tinha um significado especial, por isso Izuku a fez.
Sentiu Katsuki abaixar à sua frente, passando seu polegar por suas tatuagens - consequentemente, pelos relevos que suas cicatrizes fizeram. Bakugo sempre quis perguntar o que era e quem havia feito, mas sempre pensou que seria muita invasão de privacidade.
Era visível a culpa que o esverdeado sentia ao falar sobre não ter compreendido o ex-namorado. Mas, sinceramente, Todoroki também nunca entendeu Midoriya. Sofreram em silêncio por anos e somente agora perceberam que somente prejudicaram a si mesmo e a relação que tinham.
— Quer ir ao fliperama? Tem um perto da minha casa — Após sua fala, Izuku riu. Era engraçado, pelo menos na cabeça dele.
— Katsuki Bakugo curte fliperama? — Riu nasalado.
— Aprendi com Kirishima.
— É a cara dele...
Suspirou. Um suspiro cansado.
Bakugo e Midoryia se conheciam há tempos, estudaram juntos e suas mães sempre foram muito amigas. Reconheciam quando precisavam de um tempo, ou quando a única coisa que queriam era um abraço. A mãe de Izuku morrera há 2 anos, poucos realmente ligaram para a situação. Ao receber a notícia de que estava com um tumor, Izuku já era emancipado, tinha seu próprio apartamento e emprego, mesmo que com 15 anos de idade. Alguns meses depois, sua mãe faleceu.
Se afastou de tudo e todos, morou um tempo no interior, trancou a faculdade e começou a fazer alguns cursos. Abriu seu estúdio a alguns quilômetros de seu apartamento e trabalha lá até hoje, tendo algumas franquias pelo país e viagens para concursos vez ou outra.
A senhora Mitsuki havia se assustado com a mudança de seu menino, mas sabia que ele precisava disso. Sabia que mudando o que lhe fazia mal, uma parte de seu passado foi deixada para trás... uma parte.
— Eu adoraria, mas tenho que ir para casa, meu ônibus já passou — Colocou as mãos no rosto suspirando novamente.
— Vem para a minha casa, idiota — Estendeu sua mão para o amigo, virando seu rosto para o lado oposto, impossibilitando o esverdeado de ver a carranca no rosto dele.
Midoriya se levantou e se pôs ao lado do amigo. Katsuki inalou o cheiro do perfume amadeirado do mais novo, dando um pequeno sorriso.
— Se lembra quando estávamos no fundamental...
— Não quero me lembrar, Deku... — Cortou-o. Raramente tocava neste assunto. Naquela época ele era uma pessoa terrível, sem coração e egocêntrico. Queria, e achava que podia ser o centro do universo — Fiz tanto mal à tantas pessoas... principalmente a você. Cheguei ao ponto de dizer coisas terríveis, que outras pessoas talvez levassem a sério, já mandei você...
Katsuki parou de caminhar, Izuku fez o mesmo ao perceber.
— Izuku, eu nunca te pedi perdão — Droga. O loiro olhou-o nos olhos, podendo ver toda a tristeza que o amigo sentia no momento, sentindo toda a energia negativa que o outro carregava nas costas — Como, Izuku? Como aguentou tudo isso? Como pude ser tão imbecil? — Riu sem humor, colocou suas mãos nos bolsos de seu casaco.
— Eu sou incrível, Bakugo. Suas ameaças vãs nunca me machucaram — Mentiu — Você não tem culpa de toda esta merda — Mentiu novamente.
— Você é um péssimo ator, Deku — Voltou a caminhar.
O menor suspirou pesadamente e apressou o passo, chegando ao lado do maior.
— Eu te perdoo, não merece carregar este fardo nas costas, não deve.
— Eu o coloquei aqui — Segurou a mão alheia puxando-a, consequentemente, trazendo o amigo para perto de si — Me dá a mochila — Diz segurando-a, mesmo que ainda estivesse nas costas de seu dono.
Izuku não protestou, estava cansado, o material de seu novo curso estava dentro da bolsa e suas pernas queimavam de tanto andar, assim como seus ombros.
Bakugo para em sua frente e pediu para que ele subisse em suas costas. Hesitou, mas no fim, acatou ao pedido. Encostou a cabeça nos músculos fortes e bem definidos do loiro, apenas sentindo o mesmo se mover até seu apartamento.
Lembrava de todas as vezes em que Katsuki o carregava, eram pouquíssimas, apenas quando seus colegas não estavam por perto ou quando se sentia culpado. Percorria todo o caminho calado, não ousava proferir uma palavra sequer.
O braço tatuado de Midoriya caiu sobre o ombro de Bakugo - roçando em seu abdômen coberto enquanto se movia -, indicando que, provavelmente, havia se entregado ao cansaço. Algumas notificações em seu telefone chegavam, muitas de grupos, outras de amigos próximos.
Chegando no edifício, subiu sem falar com o porteiro, o mesmo também não se importou, conhecia o loiro explosivo. Adentrou ao elevador, apertando o número da cobertura. Não se passaram 60 segundos antes de chegar lá. Com uma das mãos, pegou a chave e girou-a no trinco.
Abriu a porta e entrou. Sem nenhum esforço, colocou Midoriya cuidadosamente no sofá, dizendo que voltaria após terminar de arrumar a cama em que dormiria quando Izuku abriu seus olhos por alguns segundos.
O sono também tentava o derrubar, mas se mantinha acordado para que pudesse ajudar seu amigo. Arrumou sua cama, e embaixo, montou outra, colocou o colchão e as roupas de cama.
Desceu as escadas novamente. Encontrou o esverdeado já acordado, porém cambaleante. Ofereceu apoio a ele para subir que foi aceito sem pensar duas vezes, Katsuki o guiou até sua cama.
Retirou seus sapatos o deixando apenas com suas meias, tirou a jaqueta do menor e os acessórios que poderiam o machucar durante a noite.
— Deku, cê tomou remédio para dormir? — Perguntou franzindo o cenho.
— Você sabe que sim — Não demorou muito para voltar a dormir.
— E ainda queria ir embora sozinho — Colocou roupas mais confortáveis e estirou-se sobre o colchão macio no chão.
Mesmo com sono, tardou em realmente entregar-se a ele. Pensava bastante no amigo que repousava em sua cama. Tinha ciência de tudo que tinha feito, e sabia que fez o mesmo com Kirishima e por isso o perdeu. Não aconteceria novamente.
Será mesmo que Katsuki Bakugo, o grande, estaria se rendendo aos encantos do novo e evoluído, Izuku Midoriya?
...
Kon'nichiwa, Tenshi-tachi! A história pode, ou não acabar aqui. Posso deixar este final em aberto. Mas posso fazer uma continuação e outra one mostrando o que aconteceu no passado, vocês que decidem.
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