17 - LOUCURA DIAGNOSTICADA
Opa! Acho que deu certo... Jadir voltou!!! E voltou só soltando bombas!!! Confiram o que está acontecendo. Mas, lembrem-se: na vida acontecem várias coisas ao mesmo tempo. Muitas vezes alegres e não. Quais pesarão mais?
Beijos, seus lindos!!!
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Credo! Que horror! Que sonho estranho! Ah sei lá... Nem lembro direito! Só sei que eu preciso parar de ser tão melindroso. Estou até parecendo uma criancinha chorona!
— Não foi tentativa de suicídio, te garanto. — Eu ainda estava zonzo, recebendo medicamentos pelo acesso pelo qual eu não conseguia identificar. Minha visão estava terrível! Era noite, claro que era noite. Mas, eu estava bem desperto. Não dormiria tão cedo...
— Não brinca, Jadir. Sua pressão arterial estava nas alturas... Numa próxima você pode ter um AVC ou infarto. Tem que se cuidar.
— Eu tento, mas a vida nem sempre colabora... — Não resisti o humor diante do Cláudio, o médico que estava me atendendo.
— Pois, precisa tentar mais. Você ainda é muito jovem e, caso você tenha algum mal súbito do coração, as chances de sobrevivência são mínimas. Você sabe disso...
— Eu sei, eu sei... Já passou. Eu me sinto bem melhor agora.
— Agora — reiterou. — De qualquer maneira te encaminharei para o doutor Cena, o psiquiatra.
— O quê?! — Assustei-me e quase que me sai o acesso. — Aquele sádico? Tô fora...
O doutor Cláudio fez que não ouviu, terminou de escrever os garranchos dele e saiu. "Pois, se ele me achava um mala como funcionário, como paciente eu seria muito pior. Ele que me aguardasse"... — Sorri com o pensamento, mas estaquei logo em seguida ao me lembrar da próxima "cena". Aquela sim não teria graça...
— O que aconteceu, Jadir?
Adriel estava lá, escorado no canto do quarto - em pé sempre, e ainda não havia falado nada desde que eu despertara. Claro que esperava o momento oportuno, aquele em que não teríamos testemunhas.
— Aí cara, não esquenta. Vai pra casa e...
— Por que você fez isso?
— Isso? - ri nervoso. — Isso o quê?
— Pouco antes de vir, você falou que exagerou na morfina.
— E você acreditou? Adriel... Adriel... Eu não tenho "livre acesso" a medicamentos, ainda mais esses tão fortes. O que eu tive foi uma crise hormonal. Sabe... Muito cortisol no sistema.
Ele me olhou desconfiado. Achei engraçado.
— O que é, cara? Não acredita em mim?
— Você não costumava ter crises assim... Por que do estresse?
Não resisti a cutucada:
— Ah, é meio "pós traumático". O maluco do meu psiquiatra falou que sofri por muito tempo calado, principalmente enquanto na graduação. E... Você já sabe do resto, não é?
— Sei... — sua seriedade era característica. Esse "sei" estava mais para um "murmúrio" do que de uma aceitação do fato. Ele sabia que eu não perdia a oportunidade de incomodá-lo. — E vai agir assim para sempre?
— Ah não... — fingi pensar. — Só até que eu vá...
— Norberto, você sempre falou que eu tinha que mudar a minha atitude. Mas, você nunca pensou em mudar a sua?
— Eu? Qual é? Vai me dar lição de moral agora? Será que devo te lembrar do que você falava para algumas das minhas colegas nas sessões de fisioterapia?
Adriel ficou mais tenso, mas ainda assim soltou:
— Vai continuar se escondendo atrás do que eu fiz ou faço?
— Não — fingi desinteresse e bom ânimo. — Tenho mais o que fazer.
— Deve ter — falou baixo, mais do que de costume. — Senão, como vai viver?
— Como.. vou.. viver? — repeti com pausas. — Bem, esta é minha vida.
— Que triste, não é?
Sei que mudei minhas expressões de imediato. Estava incomodado de verdade naquele momento e o fitei curioso, sério.
— Você não precisa passar por nada sozinho — emendou. — Tem muita gente que se importa com você.
— E você pertence a esse grupo, imagino — zombei.
— Não estaria aqui se não me importasse — me fitou e saiu.
Ri de nervoso. Eu devia estar enlouquecendo mesmo... Aliás, essa é uma frase corriqueira na minha vida. Quando o diagnóstico enfim chegaria?
***
Saí do hospital assim que amanheceu. Ainda bem, pois não deu tempo de receber muitas visitas. Eu detestava recebê-las e ao mesmo tempo sentia falta... Um paradoxo estranho de vida, mas fazer o quê? Ao menos acredito que os demais "parentes do Adriel" não tinham conhecimento do que havia acontecido. Muito provavelmente nem meu colega de quarto.
Eu não trabalharia pelo resto da semana e nem pude encontrar o Raí a fim de me falar qualquer fofoca. Melhor assim, certo? O que tivesse para acontecer, aconteceria... E mais cedo ou mais tarde eu saberia, caso eu queira ou não. Sinto-me tão perdido. Como se eu não conseguisse controlar nada da minha vida. Nada está ao meu alcance. Planos? Preocupações? Não seriam balelas? Bufei em um auto desprezo. Eu sabia qual seria sim o meu próximo passo. E sabia sim que o "mais cedo" era o que iria chegar.
Pensando nessas e respirando fundo a cada passada, cheguei a casa da Victória para receber a bomba.
— É você, não é? — soltei de uma vez.
— Eu? — era nítido seu nervosismo. Ela sabia do que eu estava falando. Ela também deve ter visto que o Raí, amigo meu, a viu. Droga!
— Mas, como mulher? — senti enjoo. Seria reação osmótica? — Espera, não precisa explicar não.
Ela estava assustada. Seus olhos pareciam que iriam saltar.
— Jadir eu...
— O Daniel não está, né?
Ela meneou a cabeça, negando.
— Ele sabe?
De arregalados, seus olhos comprimiram. Victória ia chorar.
— Hey, não... Tenha calma.
Ela se sentou no sofá, escondendo o rosto com as mãos, e eu fui até ela; respirando fundo.
— Eu não sei como vai ser, Jadir — falou por fim, trêmula. — Nunca falamos sobre isso e acabamos de nos casar.
— Bem.. Você sabe que as condições não são as melhores, não é? Além da sua própria saúde, ainda existe a doença genética por parte da família do Daniel que poderia...
— Eu sei, eu sei — expressou-se nervosa.
— Além do mais, você não consegue nem cuidar de si mesma e...
Estaquei. Não porque havia percebido que não era o momento para perturbá-la mais. Eu não era o tipo de sujeito que se apiedava assim tão fácil. Se fosse, eu não estaria trabalhando em um hospital. Eu não mimava mais os mimados... Pelo contrário. Ah não ser que... Bem...
— O que foi? — percebi seu tom de preocupação e me voltei.
— É isso! — levantei-me.
— O quê?!
Comecei a rir. De nervoso talvez, mas ri.
— O que você tem, Jadir?
— Quantos quartos têm aqui? Não me lembro ao certo... Três? Quatro?
— Cinco. Antes de trabalhar na academia e da minha chegada, Helena alugava quartos aqui. Mas, por que pergunta?
Bati na testa, ainda rindo.
— Como não pensei nisso antes? É perfeito!
— O que é Jadir? Fale logo!
— Por que você não convida os irmãos do Daniel para virem morar aqui com vocês?
— Como é?
Parecia loucura. Parecia interessante. Parecia um desastre. Mas, era a ideia perfeita.
— Não é porque se tem o complexo do "cavaleiro solitário" que se precisa viver na solidão, minha cara amiga gestante.
Victória me olhou mais impressionada do que antes. Talvez ela pensasse que enfim a loucura havia me pego. Lá vem diagnóstico...
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Precisamos falar sobre o Jadir:
Ás vezes quando nos recuperamos de alguma doença, como uma gripe ou algo mais forte, podemos ficar meio baqueados e ter ideias meio "delirantes". Seria sensato o que ele está propondo? Os "irmãos" e suas esposas conseguiriam conviver em um mesmo lugar?
Mídia: Faster (Within Themptation)
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