14 - OS BAIXOS E ALTOS DA VIDA QUE SÃO CONTAGIANTES

Eita que estamos empolgados aqui!!! Tomara que continuemos assim!

Dias de folia são aqui no Wattpad e com vocês!!!

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Enquanto ajudando a Victória com as crianças, vendo a sua prestatividade e alegria, não pude deixar de me lembrar de uma das poucas vezes em que falei com ela no passado; nos tempos de aula de natação...

Muitas coisas aconteciam naquele tempo... Coisas terríveis, aliás.

Certa vez, quando Mikaela ainda estava viva e frequentando as aulas, Emerson ocupado com ela, a Estela em seguir o Adriel e, quanto a mim... Bem, esse não é o foco dessa narrativa. O foco é que, numa dessas, ouvi a Victória contando vantagem para alguns colegas tão doidos quanto.

Não resisti o sorriso debochado que, inclusive, o dei naquele dia ao ouvi-la. Era mais uma prova da minha completa idiotice.

Não adianta, meninas. Ele só tem olhos para mim dizia Victória às "amigas". Nem tentem nada, até porque vocês nem teriam como competir...

"Ah, não teriam mesmo!" Pensei debochado ao logo perceber de quem falavam.

Naquela mesma semana, não pude conter a vontade de cutucá-la a respeito. Percebi o momento quando ela estava a caminho do vestiário feminino. Sem pressa, fui até ela e indaguei, mesmo sem quase nunca termos dialogado:

Qual será a mentira desta vez?

Está falando comigo? perguntou indiferente. Clássico!

Enfim, já fora um milagre ela ter me respondido, ainda que a maneira dela. Continuei no deboche:

Interessante a forma como você convence os demais com suas histórias...

Você deve estar me confundindo continuou no tom.

Não dei bola, e prossegui, provocando:

Qual roupa irá vestir hoje?

Não, espera soltou um riso sarcástico ao dizer. Você claramente está me confundindo com alguém. Eu nem sei o seu nome...

Ah, tenho certeza que não sabe, ainda que tenhamos aulas de natação toda a semana insisti no deboche, mas não perderia aquela.

O que você quer? Fale logo! Victória não fazia questão em esconder seus desagrados, muito menos sua impaciência.

Você sabe que mente, Victória.

Seu leve susto não me escapou. Continuei:

Eu ouvi você falando com aquelas moças no café e posso afirmar que é impossível você ter um caso com o nosso professor de natação.

O quê? O que você tem a ver com isso? sua irritação era nítida.

Só achei engraçado você se gabar quanto a isso. O "Nando" não sai com mulheres... Você sabe disso, não é?

Se eu sei? Notei o tom. Me parece que você é quem sabe demais. Por acaso já saiu com ele?

ri alto. Eu que não perderia a compostura diante dela, ao menos naquele momento. Aposto que ele gostaria.

Victória me fez uma careta e saiu.

Com certeza me diverti com aquela conversa, em meio a momentos tão dramáticos e conturbados.

Se eu tivesse me lembrado desse meu próprio diálogo antes de perder a cabeça, talvez não tivesse tido aquela encrenca tão horrível com a Natalie pouco tempo depois. Eu sou mesmo muito idiota!

***

Por um instante sei que me descompus, em contraste total com a farsa da lembrança que eu tivera, a ponto de chamar a atenção do serzinho mais inocente e doce que já conheci:

— Que foi, Jadí? Tá tisti? Num qué bincá?

Esfreguei os olhos, logo voltando e sorrindo afável para a Lila:

— Desculpe, bonequinha. Só estou um pouco cansado.

— Então binca! — ordenou, enquanto me dava uma das bonecas que a Victória havia separado.

— De cabeleireiro?

— Não, de bailarina.

— Tá bom — ri.

Essa parte até que estava fácil, o difícil viria a seguir. Havia sete crianças ali, quatro meninas e três meninos.

— Acho que o tio Jadir está um pouco triste, crianças — falou a Victória. Claro que ela havia notado meu distanciamento mais uma vez. — Vamos animá-lo?

— Sim! — gritaram em resposta. Lá vinha coisa...

— Então, peguem ele!

— Ah não, guerra de cócegas nãaao!

Eu sabia que ia sair de lá com o estômago doendo de tanto rir.

— Vão com calma crianças — falei esbaforido e aos prantos pelo riso. — O tio aqui não aguenta muita coisa mais não...

***

— Você está fugindo de mim?

As crianças me anestesiaram então eu ainda estava distraído até perceber quem me interpelava na praça do hospital.

Tentei manter o humor e a distância ao mesmo tempo:

— E aí, Estela? Que veio fazer aqui? Não me diga que está grávida... outra vez? — Impossível esquecer a dúvida que o Natiel e eu tivemos pouco tempo antes dela se casar. Agora soava engraçado... Agora! Mas, me contive no humor.

— Idiota como sempre — bufou. — Por que não tem respondido às minhas chamadas?

Ainda com ar indiferente, mas olhando para ela, indaguei:

— E por que sempre que você me encontra, me agride?

Seu sobressalto não durou muito:

— Eu? Você considera o termo "idiota" como agressão?

Fingi ponderar e balancei a cabeça não concordando, nem discordando.

— O que está acontecendo com você? — Ela parecia mesmo preocupada.

— Não há nada — aliviei o tom. — Só não quero ter que ouvir recriminações cada vez que te encontro.

— Você fala sério? — Estela parecia assustada.

— Por que pergunta isso? — não resisti o riso.

— Não me lembro de você bancar o sério... Ao menos, não comigo.

— Você nunca deve ter notado — zombei. — Sempre esteve ocupada pensando nos outros.

— É sério Jadir, agora você está me deixando preocupada de verdade. O que está acontecendo? É sobre o seu pai? Sei que vocês eram distantes, mas...

Seus pequenos olhos puxados já não pareciam tão pequenos. Novamente achei sua preocupação engraçada, mas segurei o riso ao dizer:

— Esqueça isso. Acho que você não tem muito o que fazer aqui no hospital, não é? Deveria voltar para o Adriel. Seu tempo livre não é muito grande e te aconselho a aproveitá-lo o máximo que puder com ele...

Estela ainda estava calada, com o semblante alterado, ponderando sobre o que eu havia dito, é certo.

O fato é que eu não me confidenciaria com ela mais. Além de não querer problemas com o Adriel, ou mesmo com o Natiel que defendia o irmão mais velho de tudo e de todos, não era segredo para ninguém daquela cidade às condições de saúde dele. Eu não provocaria o coração do Adriel outra vez e esperava que a Estela compreendesse e fizesse isso também.

Eles estavam casados e eu não duvidava quanto aos sentimentos de ambos, mas a minha amiga doidivanas parecia não notar o quanto Adriel sentia por ela ter tanta atividade cuja maioria não o envolvia. E ele, turrão como sempre, nunca falava a respeito, nem mesmo com ela...

Eu jamais cogitaria, mesmo para mim, os anos de vida que o Adriel ainda teria. Mesmo assim, eu acredito piamente que ele viverá mais do que eu. Eu nem tenho muita vida mesmo...

— Jadir, eu...

— E como vão as publicações? — cortei-a. — Adriel anda escrevendo muito?

Estela sorriu ao dizer:

— Sim. Tem me ajudado com o blog também...

— Ah, que bom. Soube que anda tendo muitos seguidores...

— É verdade. Sabe que no texto desta semana eu...

Me distraí um pouco de seu falatório e me concentrei em suas feições. Adriel tinha muita sorte por tê-la e ele sabia disso. Além de linda, Estela era forte como poucas... Um tanque de guerra seria insuficiente para impedi-la de qualquer coisa que quisesse, fosse o que fosse.

— Hey, Estela — me peguei interrompendo. — Sei que não tem nada a ver, mas você sabe que não precisa ficar com medo, não é?

— Hein?

— Quero dizer, sentir medo é normal, mas as coisas vão bem, certo?

— Do que está falando? — perguntou, séria.

— Eu sei que o Adriel ainda vai viver bastante. Não precisa poupá-lo de tudo...

— Poupa-lo? — Estranhou, mas logo acendeu-se. — Ah, você deve estar falando da festa dos calouros na faculdade. Eu não tive culpa, Jadir. Insisti muito para que o Adriel fosse, mas ele não gosta muito de festas...

— Nem de pessoas — murmurei rindo, mas deixei que tagarelasse.

— Eu não queria ir sem ele, mas o próprio Adriel insistiu que eu fosse. Eu fui, mas claro que não fiquei por muito tempo e ainda ficava me comunicando com ele e com o Vando a cada dez minutos e...

Sabe pai, não é tão ruim ouvir as histórias alheias. Na verdade, eu sempre gostei de ouvi-las. Não por gostar de fofocas, mas por perceber que as pessoas são "humanas". Todas têm seus altos e baixos... Penoso eram os baixos, mas daí vinham muitos "altos" também. Além desses momentos serem contagiantes, me faziam pensar que talvez, em um mundo paralelo, eu poderia vivenciar algo semelhante... Quem sabe em outra vida, não é mesmo? Como está sendo na sua agora, querido pai? Encontrou o que tanto procurou ou continua tentando?

Eu ainda não sabia qual era a da Estela naquele dia, e nem iria perguntar. Adriel, com certeza, me falaria mais tarde...

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Precisamos falar sobre o Jadir:

É muito bom ter diversos amigos... Ainda que, alguns deles, precisem de ajuda mais especializada.

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