016

~ Sun ~

—— Sentiu minha falta, maninha?

Moon fechou os olhos por um segundo, conseguia sentir uma náusea repentina tomar conta de seu organismo. Quando os abriu, Eun Yu e Chan-yeong viraram suas cabeças entre as duas irmãs, enquanto Hyun-su olhava para seus próprios pés.

A Han mais nova não conseguia intender a bagunça de seus sentimentos, apenas bloqueando qualquer novo pensamento ou dúvidas, aquilo era uma questão de sobrevivência, e ela sabia muito bem como agir diante um problema. Claro, que ignorando todo estudo que teve.

—— Vamos —— mandou, sem olhar na direção de Sun novamente.

Ela ajudou o amigo a erguer Seo Yi-Kiung em suas costas, agradecendo mentalmente que ele não fez pergunta alguma. O Park havia passado um ano ao lado da mulher, era sua irmãzinha mais nova, e sabia que não deveria a forçar a dizer algo.

Sun acenou para a irmã, que lhe deu as costas, realmente ajudando o amigo a carregar a humana ferida. Ela tinha muito o que contar a Moon, explicar e desabafar, mas conhecia a mais nova, sabia que ela também esteve quebrada por dois anos.

—— O melhor era um hospital.

—— Eu sei —— o cabo acenou, seus olhos cruzando com os da subtenente ao lado, com simpatia —— ela não vai sobreviver...

—— Eu sei —— desabafou, antes de olhar para Eun Yu e Hyun-su, que pareciam desesperados para que a amiga sobrevivesse.

Moon sabia que Sun não havia se movido por também entender. Os três tinham treinamento suficiente para aceitar que sem remédios devidos, todos os órgãos de Yi-Kiung estariam parando em horas, de muita dor e agonia.

—— Por aqui —— pediu a Lee, entrando no prédio, os amigos deixaram o corpo da mulher deitado, antes de sair a procura de oxigênio em cilindro.

Sun nem entrou no prédio, precisava se afastar da irmã antes de perder o controle, principalmente quando a Seo Yi-Kiung cheirava a sangue, e fazia seus sentidos surtar.

Chan-yeong puxou a mulher com ele, ambos entrando em uma sala suja, seus olhos parando em um cilindro verde. Moon soube que estava vazio apenas pelo leve peso, mas não poderia quebrar a esperança inicial de Eun Yu. Entendia aquela negação em sua cunhada, Yi-Kiung era uma das raras ligações que mantinham com o passado, sobreviveram juntas, não gostavam da ideia de deixá-la partir, parecia estar abandonando uma amiga.

■■■■■

Havia um abismo em sua mente. Daquele que todo ser humano já enfrentou. E Han Moon estava a um passo de pular, a chama ardente dentro dela a instigando a se livrar de tanta pressão e cansaço. Era doloroso e esgotava suas forças.

Sua irmã estava morta. Havia levado dois tiros no peito. A enterrou junto de seus pais. Se lembrava da sensação excruciante do desespero, a dor que nunca poderia ter apagado da mente, a culpa do sobrevivente que ainda corria sua mente, a fazendo orbitar em torno de seguir viva apesar de tudo.

Ela precisava de paz. Um resquício, uma fagulha, de um único momento onde conseguisse ser apenas uma jovem novamente, estar ao lado de uma pessoa que garantisse aquilo a ela. Precisava de seu amor.

—— Moon —— alguem chamou do outro lado da porta, a mulher sentou-se do lado aposto, a cabeça nos joelhos —— Moon, abra a porta.

Moon sentiu a pressão cair, a respiração tornando-se rápida e superficial. Seu coração batia tão forte que parecia prestes a sair do peito. Ela estava tremendo, as mãos suadas apertando onde estaria suas últimas cicatrizes.

Seu pensamento estava acelerado, pulando de preocupação em preocupação, sem conseguir se concentrar em nada em particular. Seu rosto estava pálido, e seus olhos estavam arregalados, cheios de medo e apreensão. Ela sentiu um aperto no peito e uma sensação de sufocamento, como se não conseguisse respirar direito.

Sun estava viva. Chan-yeong e Eun Yu estavam em perigo. Ela era um experimento. Estavam contra o mundo e ela nunca se sentiu tão presa e mal.

Preciso de um momento. Apenas um momento...

Tudo ao seu redor parecia ameaçador e opressivo, e ela se sentia completamente impotente diante dessa avalanche de ansiedade que a consumia, os últimos resquícios de humanidade pedindo por socorro, quando um grande estrondo abriu a porta.

Seu rosto foi segurado com força, e ela pode identificar os quatro rostos a encarando, como também o dia que havia criado forma. Havia passado muito tempo trancada.

—— Ela não tá respirando —— Eun Yu alertou, seus olhos se arregalando, o cabo correu até elas, tão assustado quanto. Moon era a força deles, ela que mantinha aquele trio tão forte e alerta.

Sun se agitou, sendo a próxima a se aproximar da irmã. A Han mais velha sentiu todos seus sentidos monstros entrar em ação, suas presas saltando quando Park Chan-yeong pegou Moon em seus braços, içando o corpo de sua irmã para cima.

—— Ele não é uma ameaça —— Cha Hyun-su segurou a infectada, deixando que os humanos corressem com Moon —— Vamos ajudar ela.

Ela acenou, suas pupilas vermelhas ainda dilatadas, seguindo o cheiro de Moon com rapidez. Se seu coração ainda batesse, iria estar tão rápido quanto o dela, veneno invadindo seus glóbulos oculares, como lágrimas, tão rápidas quanto as que a mais nova tinha em seu rosto.

—— Diga-me cinco coisas que pode ver —— ela quebrou o silêncio desesperador, assustando os humanos que corriam ao lado da irmã , Moon soluçou, segurando o peito com dor —— já passamos por isso antes, Moon, cinco coisas que consegue enxergar.

Sun empurrou Lee Eun Yu para o lado, a humana nem se importando, segurando a mão direita de Moon, já que Chan-yeong segurava a esquerda. A Han mais nova se forçou a erguer os olhos, embaçado de lágrimas e medo, estudando ao redor com dificuldade.

Aquilo era muito para ela.

Não. Não era.

—— Janelas sujas —— ela tossiu, apertando as mãos contra as suas, Sun a forçou a abrir os olhos de novo —— vermelho —— sussurou, sentindo gosto de lágrimas e sangue seco —— seu lenço —— ainda vermelho, Moon piscou de forma lenta, tossindo novamente, tentando dizer as próximas palavras —— Hyun-su e minhas botas.

Moon engasgou de repente, Eun Yu segurou seus cabelos para trás, tentando a ajudar a recuperar o oxigênio, a Han deixou a cabeça cair para frente por um momento, seus sentidos ainda lentos, Sun não deixou que dormisse.

—— Agora —— pensou por um instante, decidindo continuar com perguntas —— me diga as três pessoas que mais ama...

—— O que? —— a Lee perguntou irritada, sem conseguir ver lógica alguma naquele pedido —— para que isso? Deixe ela respirar.

—— Cala a boca —— repreendeu a infectada, sua íris vermelha apenas na irmã —— Me diga agora, Moon!

A intenção é fazer pensar. Quando se pensa, quando se faz uma pergunta boba, o cérebro zomba da situação, liberando passagem para o ar. Ela sabia disso. As duas.

—— Park Chan-yeong —— começou Moon, respirando de forma pesada, Sun acenou, ainda seria, o amigo apertou mais sua mão contra a dela, uma outra tosse e mais oxigênio para dentro de seu pulmão, antes dos últimos dois nomes —— Lee Eun Yu e Lee Eunhyuk...

Sun continuou acenando, por mais que doesse ouvir de sua irmã que não era a mais amada. Não tinham mais 8 e 10 anos, eram adultas que não se viam a dois anos.

Moon acalmou o coração, sentindo seus sentidos principais voltar. Conseguia sentir o calor dos amigos ao lado, e como homem traçava pequenos desenhos em sua mão, em busca de distrar sua mente.

—— Eu tô bem —— prometeu, encarando os olhos vermelhos da sua irmã —— Tô bem.

—— Ótimo —— Sun se levantou, olhando para Hyun-su, que se aproximou lentamente, eles tinham que fazer algo —— Vamos deixar vocês se acalmar, temos que buscar alguém.

A Han mais nova acenou, deixando sua cabeça cair nos ombros de Lee Eun Yu, que abraçou o corpo da cunhada com força. As duas apenas viram Chan-yeong ir atrás dos infectados, sem mover seus corpos daquele sofá de espera.

▪︎▪︎▪︎

Enquanto as duas controlavam seus corações, o Park perguntava aos dois se eram eles quem a dupla de irmãs procurava, ouvindo uma grande negação.

—— Ela acreditou que nunca mais me veria.

—— Existe alguém mais importante para elas.

O cabo acenou, ainda pensando.

—— Cuide delas, por nós —— Hyun-su pediu, antes de seguir Sun, que já andava pela estrada —— voltamos logo.

▪︎▪︎▪︎

—— Moon vai surtar —— avisou a Han para o amigo, ele acenou ao lado dela, sabendo bem sobre o temperamento da antiga amiga —— Ay-si deve estar na lista dos levados para ela.

—— Vamos resolver isso...

Moon permanecia ao lado dos amigos, uma de suas mãos unidas a de Eun Yu, e seu outro braço passando pela cintura de Chan-yeong, o abraçando. Os dois não a deixavam só, seus olhos preocupados a seguindo por todo canto.

Chan-yeong e Eun Yu conversavam, e ela não conseguia entender uma única palavra. Mal sentia os dedos de sua irmã de consideração agarrando os seus, ou o braço do Park que também agarrava sua cintura com força.

Sua mente, no entanto, estava muito longe. Se lembrando de seus dias como justiceira, antes do residencial verde, de ver um homem bonito pelos corredores e elevador, ou entregar seu coração a ele.

■■■■■■■■■■■■■■■ 4 meses antes do contágio ■■■■■■■■■■■■■

Moon seguiu todos eles, caçando e matando a todos. Deixou o que eles chamavam de chefe por último, para que ele soubesse que ela estava indo, tinha que se sentir amedrontado, caçado como um mero rato de esgoto que era.

Era um prédio de três andares, repleto de seguranças ao redor. Um outro momento, não iria matar eles, e sim atrair o alvo para fora e o acertar a distância, mas já estava estressada de tanto esperar.

Começou matando os homens do terraço, tiros certeiros em suas cabeças, passando para os andares de baixo.

Culpados.

Quando enfim derrubou todos os seguranças de fora, a Han se moveu do prédio ao lado, correndo para fora em rapidez. Seus passos pesados enquanto contornava aquele prédio com firmeza, e destreza.

Trocou seu cartucho de balas, e ligou para uma pessoa que não via a muito tempo, que ignorava desde o enterro de seus pais e irmã.

—— Sim querida?

—— Vou terminar o serviço.

—— O que? Onde você está, Moon? —— o capitão parou, saindo da reunião com rapidez.

Moon ligou a ligação no fone de ouvido, entrando pelas portas do fundo. Cravando sua faca no pescoço de um dos homens do interior do prédio, sangue respingou em seu rosto, mas ela não se importou.

—— Prédio cinza, três andares, fora de Seul. —— respondeu vaga, antes de cortar a garganta de outro homem, que se aproximava de mais.

Ela poderia subir pelo elevador. Mas sentiu que haveria menos seguranças pelas escadas. Seus olhos estudaram os lances, encontrando outro cinco alvos, ela poderia matá-los com sua pistola, mas iria alertar de mais o alvo principal e atrair mais pessoas para matar.

Ela ignorou os apelos do avô, assobiando para os cinco homens. Um sorriso grande no rosto e um aceno gentil nas mãos, seria quase adorável, se não fosse a grande quantidade de sangue que grudava em seu rosto e mãos.

—— SAIA JÁ DAÍ! É UMA ORDEM!

Jogou uma faca de dois gumes contra o homem mais alto deles, desviando de um chute próximo ao seu rosto. Torcendo o braço de um deles, Moon segurou a arma do homem com força, aliviada em ser um silenciador.

Apertou o gatilho três vezes. E deixou os mais próximos vivos, sentindo uma faca cortar sua barriga, nada grandioso se comparado ao que sofreu antes.

Ela segurou a arma branca, sem se importar com o corte que surgiu em sua palma, para o arregalar de olhos do homem, a Han zombou.

—— Vou matá-lo por isso...

—— É UMA ORDEM SUBTENENTE!

Capítulo mais longo da história de Moon. Uhulll

Até logo....

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