006

~ Assassinas ~

Avistou o estádio a distância, um suspiro de desgosto saindo por entre os lábios, demonstrando aos céus, e pela milésima vez, que não gostava do lugar. Estar naquele abrigo a fazia sentir presa, acorrentada, como se todo o ar estivesse poluído e pesado.

Estava chegando bem a tempo da checagem diária, liderada pelos corvos, onde contavam todos os sobreviventes e os cortavam, para que não houvessem monstros não detectados. Todos os sobreviventes passavam pela inspeção, menos os próprios militares.

Cogitou voltar para trás, só para não ter que descer para o subsolo. Mas sentia falta de Lee Eun Yu, não a via faziam três dias, desde que partiu para sua pequena missão de aventura.

—— Tudo bem, sobrevivente Moon —— disse, revirando os olhos de desgosto —— Você consegue...

Conseguia ver dois homens fazendo guarda na entrada "única", ela sabia não ser. E passou por eles sem dizer uma única palavra, eles sabiam que ela não hesitaria em socar cada um só por ter entrado em seu caminho.

—— Como foi? —— uma voz indagou as suas costas, ela nem precisou se virar para saber de quem era, o Kim sempre estava quando ela retornava.

—— Tranquilo —— respondeu como sempre, seguindo para onde esperava encontrar a irmã de consideração.

—— Nenhum monstro no caminho? —— demonstrou preocupação, se apressando para chegar ao lado da mulher. —— passou dias fora, quase saímos para te procurar.

—— Não precisam se preocupar —— mentiu se forma firme, parando para o encarar nos olhos —— Não havia nenhum monstro, e eu sempre volto.

—— Sei que volta —— acenou o Sargento, abrindo o portão para a área que sabia estar a irmã da mulher —— mas é da equipe, e protegemos a equipe.

Moon pensou em revirar os olhos, e pedir para que ele se afastasse. Mas ela parou ao ver um militar agarrar o menino Yeong-su pelo braço. Seus passos soaram firmes, e ela largou as bolsas pesadas que carregava, atraindo olhares assustados de muitos sobreviventes.

No entanto, Lee Eun Yu chegou primeiro, e Moon se obrigou a parar, deixando que ela tomasse a frente.

A Lee havia evoluído de tamanha forma, que a versão de um ano antes da Han iria duvidar. Agarrando a faca do militar com força, suficiente para que pudesse cortar.

—— Começa por mim —— a mais nova disse firme, mostrando a palma de sua mão cortada, os olhos desafiantes —— satisfeito?

—— Eu devia ter cuidado com você —— o homem disse, alheio à Moon, que agarrava sua arma atrás dele —— Você matou uma pessoa, não é?

—— Senhor, eu acho que é o suficiente. —— o Park pediu, tentando parar a óbvia situação desgastante.

—— Se afasta da minha irmã mais nova, agora!

As duas vozes disseram ao mesmo tempo. Mas, enquanto Chan-yeong tentava apaziguar a situação, Moon tinha o dedo no gatilho e a arma apontada para a cabeça do alvo.

Os sobreviventes ofegaram, sabendo que ela não hesitaria de atirar, não seria a primeira vez que a mulher mataria alguém que ameaçou Eun Yu, e eles sentiam não ser a última. A irmandade entre elas, silenciosa e poderosa, brilhava em meio à escuridão do momento.

O Sargento Kim, também conhecendo o temperamento protetor de Moon, agiu para tentar amenizar a cena, indicando para a mulher baixar a arma

—— Solte-a imediatamente! ——ordenou ele ao militar agressor, que soltou Eun Yu a contragosto, Moon baixou a arma lentamente, os olhos brilhando em ódio. —— Vamos nos acalmar.

A missão de que havia voltado foi uma excursão, seguindo pelo lado aposto que Eun Yu fazia. Ela havia dito ser apenas uma tentativa de encontrar munição ou qualquer coisa útil, mas era uma mentira.

Moon invadiu uma pequena creche, com o propósito de buscar brinquedos para as crianças do abrigo. Conhecendo bem o local, ela não espera encontrar mantimentos, mas sua preocupação era com os menores, sabendo o quanto era difícil crescer no subsolo, com regras e restrições barrando a vida.

O detalhe que omitiu, era de ter se deparado com um enorme monstro, uma criatura assustadora de vários olhos e muitas patas, como uma fusão assustadora de uma aranha gigante. Instintivamente, Moon agarra sua arma de choque, preparando-se para enfrentar a ameaça iminente. O pequeno laço vermelho preso em seu calcanhar sendo um lembrete constante da necessidade de sobreviver.

A corrida desesperada , e o momento de atirar se aproxima quando, de repente, o monstro para ao lado de um pequeno ninho. A percepção dela mudou, notou que, apesar da aparência ameaçadora, o monstro é inofensivo. A criatura, agora ao lado de seu ninho, revela uma faceta inesperada, desconstruindo a ideia preconcebida de perigo.

Mesmo em um mundo repleto de ameaças, algumas criaturas podem surpreender ao demonstrar uma natureza inofensiva e até mesmo protetora. Ao contrário de muitos humanos, que eram cada vez mais irritantes e egoístas.

Ela estava com Eun Yu, a mais nova apenas entregaria batons para a filha da irritante Chefe Ji, mas a grande mimada estava testando sua paciência, dizendo a Lee que queria o tom loiro-ruivo.

—— Já que você sabe —— a voz irritante a impediu de sair, seus olhos se fechando em busca de paciência —— qual era o tom de sangue do meu pai, esse aqui ou esse?

Moon voltou, pronta para quebrar o nariz da outra mulher, quando Eun Yu agiu, enfiando o rosto da idiota contra a água. A Han sorriu, apenas observando a cena.

—— Sua vadia!

—— Só percebeu agora? Já faz um tempo que sou uma vadia, mas ainda não to completamente louca, então faz assim —— ela foi segurada levemente —— é melhor tomar cuidado com o que fala.

Moon soltou uma risada, vendo a maluca de carteirinha arfar. A Han esperou a cunhada sair, se virando para a outra doida da sala, um tom frio, apesar do sorriso.

—— Nunca mais toque nela —— avisou lentamente —— por nada nesse mundo, ou terei que cortar seu braço fora.

—— Quem será que aquela vaca vai mandar? —— Moon perguntou a cunhada, trocando de roupa na frente da mais nova, sem se importar com as cicatrizes.

—— Espero que ninguém —— a Lee suspirou, engolindo a sopa que serviam de café da manhã.

—— Ela vai mandar —— afirmou a Han, feliz ao encontrar uma calça moletom preta —— é uma egoísta idiota.

—— Não precisa falar assim, ela abriu as portas para a gente.

—— Não é motivo para fuder a sua vida —— Moon disse, se jogando ao lado de Eun Yu, com duas barras de cereais em mãos, entregando uma a mais nova —— queria que ela tentasse fazer algo comigo.

—— Ela não seria tão louca —— riu a Lee, mordendo sua barra —— Acho que você assusta todo mundo...

—— Nós assustamos —— corrigiu —— e só porque eles são uns fracos.

A dupla feminina trocou um olhar, antes de gargalhar em conjunto. Aproveitando aquele momento raro e que as dava um sabor do que era viver.

Estava andando pelos corredores com calma, usando uma regata preta com sua calça. Um pequeno sorriso ao ver as crianças animadas com os novos brinquedos. Havia acabado de deixar Lee Eun Yu se preparar para sair em mais uma de suas buscas solas, e só teria uma coisa para fazer durante a tarde.

Diante das fofocas e murmúrios dos moradores do refúgio estádio, que ousavam chamar Han Moon e Lee Eun Yu de assassinas e malucas, Moon ouviu o comentário de um senhor. Em resposta, ela se aproximou com um sorriso irônico, lançando um tom zombeteiro.

—— Chame o Sargento Kim, aposto que nós dois iremos rir disso juntos —— disse ela, desafiadora. —— Ou então, chame o Sargento Tak, sinto falta da nossa amizade —— Moon, longe de se intimidar, continuou sua encenação. —— E por que não chamar a Chefe Ji? Estou doida para ter um papo reto com ela.

A postura de Moon, carregada de sarcasmo e confiança, destacava sua resiliência diante das adversidades e sua disposição em enfrentar de frente os julgamentos alheios. Enquanto os moradores tremiam de medo, Han Moon permanecia inabalável, enfrentando as palavras de desaprovação com uma atitude que oscilava entre a provocação e o desinteresse.

Minha dupla de assassinas... eu amo essas meninas...

Já leu alguma outra fanfic minha?

Se sim, qual a sua predileta?

E por fim, tem alguma teoria?

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top