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~ Monstros e monstros ~

Maratona: 1/3

Moon se sentou no chão do ônibus, suas costas contra o painel do motorista, ao lado do militar, que tinha sobrenome Park, ela pode ler em sua etiqueta. Seus olhos cansados observaram os moradores e suas conversas paralelas, mas não tomou frente de nenhum assunto, cansada dos olhares medrosos que recebia.

Ela arfou segurando uma bandagem que ainda prendia sua cintura, onde antes havia um grande pedaço de vidro. Aquele curativo sendo uma prova das mãos frias e gentis de Eun Hyuk cuidando dela, a repreendendo como sua caçula havia feito uma hora antes.

Moon observou as sombras dançando nas árvores à beira da estrada, seus olhos se encheram de lágrimas, a saudade machucando seu peito. Ela limpou os sinais de choro com força, se recusando a demonstrar para Eun Yu qualquer fraqueza.

O Cabo Park, concentrado no volante, parecia chamar sua atenção, algo para a fazer esquecer o sentimentalismo.

—— Cabo Park, qual é o seu nome completo e sua patente? —— Seus olhos, astutos e determinados, buscavam conhecer o homem que compartilharia essa jornada incerta.

O militar, tirou os olhos da estrada por um segundo, observando a mulher jogada ao seu lado, e respondeu com uma voz firme.

—— Park Chan-yeong. Cabo da sétima divisão, nono regimento.

Moon assentiu, um sinal de respeito pelas linhas hierárquicas que, por um momento, pareciam esmaecidas diante do caos que os cercava. Ela, realmente tentava esquecer o quanto estava envolvida com a vida militar.

Com um sorriso contido, Moon fez uma continência, uma saudação informal, que ele retribuiu com um pequeno acenar.

—— Han Moon, Subtenente especial da UOE.

A resposta de Park Chan-yeong foi uma inclinação de cabeça, reconhecendo a presença de uma companheira militar em sua jornada. A mente dela retornou ao dia em que recebeu o título de Subtenente especial ao lado de sua irmã. A decisão de seguir adiante, no entanto, divergiu do caminho militar.

—— Foi um momento de orgulho, mas eu recusei. Optei por estudar psicologia.

Seu olhar distante sugeria a complexidade das escolhas que moldaram sua trajetória. O Park a deixou em seus pensamentos, respeitando o espaço dela.

"——Você vai se arrepender e voltar atrás—— seu avô havia dito. A decisão de Moon o irritava, estragava seus planos e seu legado. —— Você nasceu para isso, por isso!"

A estrada estendia-se, a nova dupla em silêncio, deixando que os sobreviventes dormisse, enquanto continuavam atentos.

Moon observou quando Kim Young-su acordou, e também quando o garotinho seguiu até ela, obviamente se segurando para não urinar nas roupas.

—— Tia Moon —— ele quase chorou, sua voz tão baixa que ela teve dificuldades em ouvir, assim como o cabo ao seu lado.

Os dois adultos acenaram para a criança, antes do ônibus ser estacionado. Moon indicou ao menino para onde ir, sorrindo ao vê-lo sair envergonhado.

—— Também preciso fazer xixi —— contou ao menino, como um segredo, ele sorriu, se sentindo menos estranho —— Vou para o outro lado da estrada, qualquer coisa chame o Senhor ali —— apontou para o Park, que andava a distância com uma arma em mãos —— ele é bonzinho e vai te ajudar.

Quando o menino acenou, Moon realmente foi para o outro lado, atravessando a rua com facilidade. A mulher realmente precisava de privacidade.

Moon odiava as cólicas, principalmente as que lhe atacavam mensalmente. A Han engoliu um remédio sem qualquer água, sentada contra uma das árvores por ali. Decidida a dar um tempo para o menino, e sua mente também.

Mas não pôde fechar os olhos, seus sentidos se alarmando quando um tiro de espingarda se fez presente. Ela saltou, seus pensamentos seguindo até Eun Yu e os outros moradores. De repente Moon se xingou por deixar sua bolsa no ônibus, tendo consigo apenas um absorvente e remédios.

Seus passos correram até o ônibus, vendo Eun Yu puxar Ji-su para fora. Um dos moradores havia se transformado.

Moon se adiantou, ignorando os protestos da Lee, pegando o pequeno corpo de Su-young em seus ombros, e agarrando sua mochila no processo. A mulher deixou a menina com a senhora Cha, pegando sua pistola quando o homem que eles haviam resgatado jogou álcool próximo ao infectado.

Ela tinha ele sobre a mira, sabendo que apenas um tiro seria suficiente. A pólvora varia seu trabalho em segundos.

Seus ouvidos doeram e ela sentiu os tímpanos reclamar. Os joelhos bateram com força contra o asfalto, enquanto largava a arma no chão, usando suas mãos para tentar amenizar a grande dor.

Sua mente começou a oscilar, resultado da nova dor, do sono acumulado e de todo luto guardado. Lembranças da pior noite de sua vida ganhando força, ela odiou a sensação, socando repetidas vezes contra sua cabeça, tentando calar as vozes gritantes.

—— PARAAAAAA.

Moon nem soube se havia gritado de verdade, ou era mais uma ilusão que enfrentava. Sua visão turva se fixou em uma imagem distante, uma figura familiar, seu corpo ganhando forma.

Moon socou o peito em busca de ar, o susto e a dor não a deixando pensar corretamente.

"Para com isso!" Gritou mentalmente. Agarrando a cabeça com força, suas unhas tentando furar o próprio cérebro em busca de normalidade. Não era real.

Ela nunca se esqueceria daquele rosto, do sorriso bonito e palavras engraçadas. Seu coração doeu com a visão, levantando sua mão para alcançar a imagem tão longínqua de sua falecida irmã.

—— Sun —— seu soluço bateu contra o peito, duas novas mãos cobriram suas orelhas, mas ela não desviou o olhar de onde conseguia visualizar a outra Han, para então notar que ela não estava mais ali —— cadê ela?

—— Tá tudo bem, Moon —— a Lee sussurou pela terceira vez, preocupada com a mulher que ainda não saia do chão, perdendo toda a comoção ao redor. —— Eu tô aqui, não vou sair daqui.

Moon fechou os olhos, se deixando levar pela dor. Levando uma de suas mãos, a que antes agarrava o ar, para onde estaria seu coração, tentando apaziguar o incômodo doloroso instalado ali.

Sua dor refletia a do pequeno Young-su, que acabava de descobrir que sua irmã mais velha estava morta.

Sim. Teremos maratona.

Quem acompanhou as minhas fics de All of us are dead, sabe que eu amo maratonas. E com essa aqui não seria diferente...

Uma forma de melhorar a segunda-feira...

Até daqui a pouco.

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