Quem é alguém para discriminar outro ser humano?, diz miss gay MT

Janvier Ricardo Pinheiro tem 30 anos e nasceu em Sorriso (distante cerca de 400 quilômetros ao norte de Cuiabá) e é o atual Miss Mato Grosso Gay 2017, título conquistado recentemente, sob a pele de Aya Bittencourt, seu personagem transformista. Ela derrotou nada menos que outras 14 concorrentes vindas de todos os cantos do Estado, gente de formação, raça, compleição física e aparências distintas. Venceu por meio de critérios que vão desde qualidade da maquiagem até postura em traje de gala. Agora, Aya vai representar Mato Grosso no Miss Brasil Gay, em setembro, em São Paulo, e afirma que vai usar a coroa em prol do movimento LGBT, das causas sociais, "dando visibilidade à nossa comunidade, que é denominada de minoria, mas não somos minoria em números e sim minorias políticas". Uma luta, lembra, diária para reverter essa situação. Considera que o título de miss irá abrir portas tanto pra ele como para os demais LGBTs para "projetar a nossa política de amor e respeito", além de dividir o mérito do título com toda a comunidade LGBT. "Todos nós seremos protagonistas dessa história de luta". 

Quando aconteceu o concurso?

Dia 15 de abril, agora.

Quantas concorrentes você venceu?

Éramos 15 concorrentes. Venci, portanto, 14 candidatas.

Quais os critérios para a escolha de uma Miss Gay?

No concurso deste ano a votação foi feita por um júri. Primeiro vem passarela, depois cabelo, maquiagem, postura no palco e comportamento em traje de gala.

Há quanto tempo você é transformista?

Comecei a fazer performances de transformismo há cinco anos.

Enfrenta preconceitos por causa dessas performances?

Nunca teve preconceito comigo. Só da família, com relação à minha homossexualidade, e muito no começo. Hoje são muito tranquilos, não sofro mais nada disso. Também nunca sofri nenhum preconceito social por ser transformista. No meu trabalho e os meus amigos sempre me aceitaram. Nunca passei por isso.

"Se a gente quer respeito, a gente tem que dar respeito"

Quando você se revelou?

Me assumi aos 21 anos. Mas, claro, nasci gay.

Como é sua relação com seus pais? Como eles reagiram à revelação?

Eu vivi mais tempo com meus avós. Meu avô, a primeira pessoa para quem falei, entendeu numa boa. O preconceito partiu mesmo dos meus tios e minha mãe, logo que falei. 

Você acha que é preciso enfrentar preconceitos de uma forma mais audaciosa e sem medo dos olhares, como circular de mãos dadas e beijar na rua?

Não concordo muito com isso não. Se a gente quer respeito, a gente tem que dar respeito também. Não sou tão a favor disso, mas cada um vive como quiser. Faça o que quiser.

Você tem heróis na militância gay?

Não. Não tenho não.

Há algo ou alguém que te inspire?

Também não tenho isso não (risos).

Você é a favor do casamento gay?

Sim. Totalmente a favor.

O que acha de religiosos que condenam as relações homoafetivas?

Eu não ligo nem um pouco pra essas coisas, para não dar muito o que falar. Sou polêmico em relação a algumas dessas coisas, mas quem são eles para nos julgar? Aliás, quem é alguém pra discriminar ou julgar qualquer outro ser humano? Não concordo com nenhum tipo de discriminação.

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