DEZOITO ::: CATIVEIROS - Carol, Lacey, Jackie: Libertação (III de III)

05 de Março de 2002 – Caroline Bloom

Caleb se levantou com a pior ressaca da sua vida e depois de recordar momentaneamente de sua irmã, se ergueu da cama para tomar um banho. Ainda de olhos fechados despiu sua roupa sentindo uma dormência em seus membros, consequência da ressaca.

Ligou o chuveiro e nem esperou a água aquecer. Se enfiou debaixo dos chuviscos gelados, abanando a cabeça para se manter desperto. Pegou em seu sabão e começou ensaboando seu corpo. Já de olhos abertos ele se olhou ao mesmo tempo que se ensaboava. Seus olhos se estreitaram ao ver arranhões em seus braços. Com um aparente e grande esforço, tentou se recordar o que tinha causado aqueles arranhões e um desespero enorme tomou conta de si quando um flash de Caroline estendida no chão, inconsciente, lhe veio à mente.

Sem nem se importar com a água, Caleb saiu do banho apressado pegando em uma roupa qualquer, correu para fora de casa indo em direção aos galpões abandonados onde tinha Carol cativa.

Ofegante e trêmulo, ele pegou na chave e destrancou os cadeados da porta, a abrindo violentamente e se deparando com Carol estirada no chão, gemendo de dor. Essa imagem, a confirmação desse flash, foi como um soco no estômago. Não, pior, foi como um soco no coração, que se apertou de uma forma extremamente dolorosa. Que tipo de monstro ele se tornara?

A passos lentos se aproximou da garota e afastou os cabelos ensanguentados de seu rosto. Uma gota de água caiu e Caleb procurou pela fuga de água que estava molhando o rosto de Carol, mas logo se apercebeu que ele era a fuga de água. Ele estava chorando por ela.

Desnorteado ele correu para fora do galpão até uma cabine telefônica. Discando três números esperou impaciente a ligação completar.

Ligou para o 911, em que lhe posso ajudar?

— Por favor, venham para a rua Donald Fisherman. Tem aqui uma garota inconsciente muito maltratada. Acho que foi espancada. — Relatava tentando conter o desespero.

E o senhor quem é? — A telefonista perguntou.

— Não importa quem eu sou. Importa é virem o mais rápido possível. Por favor, ela está em um beco. — Terminou a chamada abrutamente correndo de volta para o galpão.

Assim que chegou de volta pegou em um manto, envolvendo Caroline nele com todo o cuidado e a carregando até a rua Donald Fisherman, a dois quarteirões dos galpões abandonados e a deixou perto de um beco escuro.

Ao longe pode escutar uma ambulância se aproximando com suas sirenes zunindo. Acariciou o rosto da garota, lavado lágrimas e viu seus olhos se abrindo lentamente olhando, ainda que fracos.

Ele só queria fazer Kennan pagar por ter destruído a vida da sua irmã, mas acabou quase destruindo a vida de uma garota tão ou mais inocente que Christine.

— Caleb. — Ela sussurrou o nome dele entre gemidos.

— Me perdoe Carol, me perdoe por tudo. Eu não devia ter feito isso. Me perdoe. — Se despediu beijando de leve a testa da garota.

Ao perceber as sirenes se aproximando, Caleb correu dali para fora, se escondendo em um outro beco enquanto observava a ambulância chegar e salvar a garota.


08 de Julho de 2003 – Lacey Lee

Lacey acordou lentamente, sentindo suas dores bastante diminutas e aliviadas.

Percebeu Rodrigo deitado do seu lado e recordou como no dia anterior ele tinha cuidado dela e contado tudo sobre os seus motivos.

Ela sabia que não devia sentir pena. Sabia que não podia, mas não conseguia duvidar dos motivos de Rodrigo. Ele parecia tão genuíno. Além de que a ressaca das drogas estava passando e ele estava mais consciente do que fazia, menos nervoso e agressivo.

Sentada na cama, abraçando suas pernas, Lacey observou Rodrigo dormir um sono pesado. Seu olhar caiu sobre o bolso da calça dele, onde o seu celular estava.

Cuidadosamente ela se aproximou e retirou delicada e lentamente o aparelho. Ela podia ligar para a polícia e o denunciar. Se ela o fizesse não demoraria muito até voltar para casa. Mas Lace sentia necessidade de ajudar Rodrigo, mesmo sem entender suas razões.

Em bicos de pés se trancou no banheiro e discou o número conhecido e memorizado do seu cunhado. Ela não sabia se ele iria atender, mas parecia que o destino finalmente estava conspirando a seu favor.

Quando Peter atendeu, o coração de Lace pulou no peito. A conversa foi longa, mas pouco detalhada e quando ela voltou ao quarto, Rodrigo já estava acordado.

O olhar dele desceu do rosto de Lacey para a mão que carregava o celular. Havia um semblante de desapontamento no meio do olhar raivoso.

Lacey estendeu o aparelho para Rodrigo e respirou fundo.

— Consegui falar com o meu cunhado e minha irmã. Ela estará transferindo o dinheiro para a minha conta. — Ela explicou e a expressão de Rodrigo era de pura confusão.

— Você... você não ligou para a polícia?

— Você precisa do dinheiro. — Ela encolheu os ombros e um suspiro saiu nasaladamente. — O dinheiro a mim não mudou a minha vida para melhor, pelo contrário. Mas se ele pode mudar sua vida... eu quero que você o tenha. Só por favor não vai gastar ele com mais drogas. — Havia uma ponta de repreensão e humor no seu discurso e Rodrigo não conteve as lágrimas que se seguiram. — Hey, pensei que ia ficar feliz.

— Eu torturei você, Lacey.

— Eu te perdoo.

— Não! Você não pode! Eu sequestrei você, roubei sua segurança, torturei você, te fiz prisioneira...

— Você não teve escolha. Era eu ou seus irmãos. Eu faria o mesmo por Charlotte. — Lace estava mentindo. Ela nunca conseguiria ferir um ser humano daquele jeito, mas sabia que Rodrigo não era má pessoa, apenas tinha feito más escolhas.

— Você é um anjo...

— Me trás meu notebook que logo a grana cairá na minha conta e eu faço a transferência para a sua. — Pediu e Rodrigo ainda precisou piscar os olhos para ter certeza que não estava sonhando.

As horas seguintes foram muito estranhas. Rodrigo foi embora como se ele tivesse sido apenas uma visita e Lacey foi arrumar a casa e as malas para ir embora. Nunca ninguém da sua família soube de nada do que aconteceu com ela e Lacey preferiu manter tudo assim.


12 de Dezembro de 2008 – Jackeline Hale

Mason dirigia para fora da sua propriedade em conflitos internos. Sua lucidez lutava para levar Jackie embora para poder se salvar dele; sua doença o acusava de estar permitindo que Laura fugisse de novo. Mason pisou fundo no acelerador lutando contra si mesmo, fazendo Jackie se assustar com a velocidade que ele atingia. Jackie se agarrou firmemente ao banco olhando o conta-quilómetros atingir os 160 km/h.

— Mason. — Ela o chamou quase inaudivelmente, mas ele ignorou seu chamado acelerando ainda mais. — Mason, por favor abrande. Eu odeio velocidade. — Jackie choramingava mas ele continuava a ignorando atingindo os 200 km/h.

A garota viu o rosto do fotógrafo se contorcer em raiva, mas seus olhos brilhavam de felicidade...mas uma felicidade... mórbida. Hale se apavorou quando percebeu que Mason não estava em si e em mais uma tentativa ela o chamou.

— Por favor Mason, pare. Você vai nos matar... meu amor. — Ela suplicou embargada tocando o joelho dele.

Por fim Mason desviou seu rosto da estrada a olhando assustado, se deparando com o rosto da falsa loira molhado e uma expressão apavorada em seu semblante.

— Você vai nos matar. — Ela tornou a repetir olhando a estrada.

Mason recobrou da luta interna e travou o carro abrutamente, o fazendo derrapar na estrada. Jackie gritou por breves segundos sentindo seu peito pular no peito, temendo por sua vida, pela primeira vez em meses. Por fim o carro parou, atravessado no meio da deserta estrada e ela reparou Mason olhando para si com lágrimas nos olhos.

— Por favor, me responda com sinceridade, Jackie. Você alguma vez me amou? — Mason perguntou em reflexos de sua lucidez.

— Mason, você me chamou...

— Sim, eu te chamei de Jackie e não de Laura, me responda! Você alguma vez me amou? — Mason afirmou o que ela tinha ouvido e quase gritou impaciente pela resposta.

Ela o fitou surpresa, incerta do que responder, mas viu nessa pergunta a sua oportunidade.

— Sim... — Havia relutância na sua resposta. Ela achava que estava mentindo, mas estaria mesmo?

Os olhos do fotógrafo se focaram nela. Por segundos Hale temeu que ele visse a mentira, por outros ela temeu que ele acreditasse. Havia conflito não só na mente dele como na sua. Jackie sentiu necessidade de se explicar, nervosa com o silêncio.

— Eu gostei de você desde o primeiro momento que te vi. — Ela afirmou e não era mentira.

— Mas eu me tornei em algo que você não esperava. — Ele contrapôs e ela assentiu de leve.

— Talvez se as coisas tivessem sido diferentes, se você...

— Se eu não fosse doente.

— Se você se medicasse e não me sequestrasse nem me tratasse como se eu fosse outra pessoa! — Ela o corrigiu e revelou com toda a sinceridade-

— Você me amaria de verdade? — Ele questionou incrédulo e emocionado.

— Nada me impediria de não te amar.

O silêncio ocupou novamente o espaço dentro do carro, mas agora Mason não olhava mais para ela.

Mason tornou a dirigir pela estrada em completo silêncio e Jackie não sabia mais o que esperar dele. Um ataque de fúria? Seria ele capaz de a matar? Ela esperava tudo, menos o que se sucedeu.

Em poucos minutos o fotógrafo chegou em uma cidade e parou em frente a uma delegacia. Jackie arregalou os olhos e virou o rosto para olhar Mason.

— O que você está fazendo?

— Me entregando. Eu quero me tratar, Jackie, eu quero me recompor... por você, por seu amor. — Ele discursou e Jackie engoliu em seco.

Ela não sabia se depois do que tinha passado nas mãos dele iria conseguir esquecer e o aceitar de volta, mas pelo menos ela estava a poucos segundos da sua libertação.

Jackie viu Mason sair do carro e adentrar a delegacia sem poder realmente acreditar no que estava acontecendo. Sem dar conta do tempo passando, minutos depois dois policiais apareceram e a levaram para dentro o mais calmamente e confortavelmente possível.

Após horas de depoimento e cuidado médico, sua família chegou à delegacia para a abraçar e pelo canto do olho ela viu Mason ser preso.

FIM

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