PRÓLOGO
PRÓLOGO — A TORRE DA ESPERANÇA
O sol começava a se pôr sobre o reino de Clover, pintando o céu com tons de dourado e rosa. O castelo real, erguido em meio a torres e paredes imponentes, parecia um gigante adormecido sob o manto da noite que se aproximava. Entretanto, por trás de uma de suas torres mais antigas, um evento insólito estava prestes a se desenrolar, um evento que mudaria o curso de vidas e destinos.
A Torre da Esperança, como era conhecida por seus poucos visitantes, era um lugar de silêncio quase absoluto. Suas paredes de pedra, altas e grossas, pareciam encapsular não apenas uma jovem garota, mas também os sonhos e esperanças que ela guardava. Wendy Belmont Kira Clover, a filha escondida do Rei Augustus, passava os dias ali, em confinamento auto-imposto e um tanto cruel, por uma história que só seu pai conhecia verdadeiramente. Desde o nascimento, ela tinha vivido com a sombra de um segredo que a mantinha trancada dentro daqueles muros.
Wendy havia crescido acreditando que sua condição era a razão de sua prisão. Sua saúde mágica, que na verdade era uma invenção de seu pai para encobrir sua vergonha, era um pretexto para isolá-la do mundo exterior. Ela passava o tempo entre as páginas dos livros antigos, os pincéis e tintas de suas pinturas, e a companhia fiel de Lupus, seu cachorrinho mágico de pelos prateados. A fera híbrida, um lobo gigante e cão, sempre ao seu lado, era seu único amigo verdadeiro, uma constante em sua vida solitária.
A jovem, agora com dezoito anos, estava na beira da frustração. Seu sonho de explorar o mundo fora dos muros da torre parecia sempre distante, uma miragem que se dissolvia a cada negativa de seu pai. Ela frequentemente pedia ao Rei Augustus que a deixasse sair, mas as respostas sempre eram as mesmas, uma mescla de amor e tristeza que Wendy não compreendia completamente. O Rei a visitava uma vez por mês, e embora parecesse afeições genuínas por sua filha, seu olhar sempre era um misto de pena e resignação, algo que nunca encontrava explicação em palavras.
A torre era envolvida por uma parede mágica posta pelo próprio Rei Mago Conrad Leto, que Wendy as vezes tinha o desprazer de conversar, ele era bonito, a jovem reconhecia isso, mesmo que fosse mais velho que ela. As vezes ele aparecia para checar como Wendy estava, mas a garota não conseguia gostar dele, simplesmente porque era a magia dele que a prendia naquela torre desde que era um bebê, qualquer pessoa desde que fosse da confiança do Rei Mago e de Augustus tinha a permissão para entrar na Torre, agora Wendy, não poderia sair de jeito nenhum.
Ela tentou várias formas de jogar seu corpo contra a parede invisível criada por Conrad, mas ela nunca conseguia atravessar. Por dezoito anos tentou escapar dali, mas nunca sequer conseguiu, Wendy já havia pensado em todos os possíveis planos mais mirabolantes do que outro. Mas nunca obteve sucesso.
Augustus dizia que ela estava presa para seu próprio bem, para sua própria segurança, mas Wendy sentia muitas coisas naquele confinamento e segurança era a última delas. Ela se sentia como uma besta enjaulada, presa, longe do mundo exterior.
Naquela tarde, Wendy estava especialmente irritada por mais uma vez ter seu pedido para sair negado por seu pai. Seus dedos estavam manchados de tinta, suas telas, uma vez vívidas e cheias de sonhos, agora estavam espalhadas pelo chão, seus quadros de paisagens encantadas se tornando ruínas do que um dia representaram. O desespero a levou a um ato impulsivo: empurrar uma de suas telas para fora da janela alta da torre. A tela, agora liberta da prisão de sua sala, flutuou através do ar até que sua trajetória inesperada a levou a acertar a cabeça de um visitante inesperado.
Julius Novachrono, então Capitão dos Cervos Cianos, estava no castelo para uma reunião importante com outros capitães. Sua presença era imponente, e seu olhar atento e incisivo escaneava o ambiente à procura de detalhes que outros poderiam ignorar. Mas, ao passar pelo lado externo do castelo, um estrondo e um impacto súbito o fizeram parar. O quadro, com uma cena de bosque encantado, estava agora estirado aos seus pés. Ele olhou para cima, confundido e intrigado, enquanto observava mais telas caírem de forma caótica da torre.
O Capitão dos Cervos Cianos, sempre curioso e atento às complexidades da vida, decidiu investigar. Utilizando sua magia do tempo, ele se moveu com uma velocidade quase sobrenatural, deslocando-se até a janela da torre de onde os quadros haviam se precipitado. Quando chegou lá, olhou para dentro e viu a causa do caos. Wendy estava no meio do que parecia uma tempestade de tintas e telas quebradas, seus olhos brilhando com uma mistura de raiva e frustração.
Ela andava descalça em meio os líquidos densos e coloridos de tintas espalhados pelo chão de pedra da torre, a garota nunca gostou de usar sapatos, gostava de sentir seus pés livres, sem estar apertados ou presos em algo, ela gostava de sentir com a sola de seus pés o lugar onde estava pisando, por isso nunca tinha sapatos.
Seus cabelos eram negros, longas madeixas negras onduladas e olhos verdes intensos, a pele era clara e repleta de sardas, fisicamente ela não era nada parecida com seu pai, o que a questionava internamente ser na verdade parecida com sua mãe, mãe esta, que seu pai havia lhe dito que tinha morrido em seu parto. Ela nunca chegou a conhecer sua mãe.
Mas pela tristeza que via nos olhos de seu pai, certamente, Wendy era a cópia dela, até mesmo tinha deformação em ambas as orelhas, sendo estas pontudas iguais a de uma besta mágica. Talvez suas orelhas estavam ligadas a sua doença. Doença pela qual seu pai a mantinha presa ali e lhe repreendia diversas vezes por não usar o cabelo para escondê-las.
Mais um pote de tinta azul serenity voou pelo quarto se chocando brutalmente contra o quadro do seu pai emoldurado sob a lareira, manchando completamente o quadro, acompanhado por um grito contrariado.
Ela não poderia estar mais furiosa com Augustus.
Uma rajada feroz de vento fez com que os outros potes de tinta continuassem voando por todo o cômodo, juntamente com os papeis que continham inúmeros desenhos e outros objetos tais como pinceis e lápis.
Mas naquele momento Wendy, absorta na destruição de suas pinturas, não notou a presença de Julius imediatamente pendurado na janela da torre.
Seus gritos de frustração ecoavam pela torre, misturados com o som dos destroços caindo pelo chão. Talvez não seria uma má ideia usar sua magia de vento e luz para colocar aquela torre a baixo.
Mas quando o silêncio se instalou por um momento, ela ergueu os olhos, deixando de utilizar sua magia de vento e encontrou a figura imponente de Julius na janela. Ele estava ali, com uma expressão de surpresa e curiosidade, observando-a com um olhar que a jovem nunca tinha visto antes.
Wendy imediatamente se assustou com a presença do rapaz, que a encarava fixamente, de uma forma que a fazia se sentir envergonhada, só por ser pega por aqueles olhos azuis intensos. Ela nunca tinha o visto antes, não era um dos servos ou tampouco era algum dos guardas com quem estava habituada, era uma pessoa completamente aleatória e estranha.
Aos poucos a mente de Wendy foi clareando e então ela se deu conta finalmente que havia um homem estranho na sua janela. Ele poderia ser um ladrão, um sequestrador ou pior: um tarado.
— Ah... — O homem tentou dizer alguma coisa, mas então foi brutalmente interrompido por um grito seguido de um raio de luz, que o atingiu brutalmente, o derrubando do alto da torre.
— SOME DAQUI! — Wendy berrou, logo em seguida usando sua magia de vento para atingir o estranho, sua magia o atingiu furiosamente o derrubando do alto da janela da torre.
E por um momento Wendy respirou aliviada por ter se livrado do invasor temporariamente, agora ela...
— Nossa! — Uma voz animada pareceu surgir por detrás de Wendy, o que a fez congelar a principio. — Nunca tinha visto uma pessoa usar dois atributos mágicos ao mesmo tempo! Sua magia é impressionante!
Wendy deu alguns passos para frente e se virou rapidamente para trás. Seus olhos verdes arregalaram em completa surpresa, ao perceber que o estranho que tinha acabado de jogar da janela, estava bem ali. Diante de seus olhos e pior, os olhos dele pareciam brilhar como uma criança que havia acabado de ganhar um novo brinquedo.
Como ele estava ali? Bem ali dentro do seu quarto! Dentro da torre! Aquilo era quase impossível!
— Quem é você? — Wendy perguntou, a voz tremendo com uma combinação de raiva e espanto. Ela estava acostumada com a solidão e com o silêncio da torre, não com visitantes inesperados.
Julius, percebendo a confusão e o sofrimento nos olhos da jovem, fez um gesto de cortesia.
— Sou Julius Novachrono, Capitão dos Cervos Cianos. Eu não estava esperando por uma recepção tão... artística.
Wendy não soube como responder. A intrusão inesperada e a presença de um mago renomado a deixaram desorientada. Mas, de alguma forma, o olhar de Julius parecia reconhecer e entender algo mais profundo em sua situação.
Então ela observou melhor o manto nos ombros daquele homem e o brasão. Sim. De fato ele era um cavaleiro mágico. Mas isso não explicava o porque ele estava ali, em seus aposentos.
— Vai embora! — Wendy ordenou. — Ou mandarei prende-lo!
Julius fez uma cara confusa e pensativa.
— Porque me mandaria me prender?
— Porque você está invadindo o aposento de uma donzela indefesa.
Julius deu uma risada e um sorriso de canto, completamente encantador ao ponto de fazer Wendy ficar extremamente vermelha.
— Pela minha recepção posso dizer que a senhorita é muitas coisas, menos uma donzela indefesa.
Wendy arregalou os olhos, perplexa.
— A pergunta aqui, é quem é você? E porque está presa?
— Eu não estou presa! — Ela rebate.
— Se não está, porque nunca a vi em lugar nenhum em todo reino?
— Você é um cavaleiro mágico, é impossível conhecer todo mundo.
— Não quando me pretendo me tornar o próximo Rei Mago.
Wendy arqueou a sobrancelha, incrédula.
— Você? Rei Mago? No lugar do Conrad? Nem sonhando, você não chega aos pés dele. Embora seja um cretino, eu reconheço, ele é o mago mais poderoso de todo o reino.
— Até porque se ele não fosse, não seria o Rei Mago.
Wendy ficou vermelha de raiva.
— Você é muito petulante para um cavaleiro!
— E você está fugindo da pergunta principal. Quem é você e porque está presa?
— Sou Wendy Belmont Kira Clover! Filha do rei Augustus! Sua princesa!
Julius pareceu ficar petrificado por um tempo e pensativo, durou longos minutos em silencio, por um momento Wendy pensou que ele poderia estar se torturando mentalmente por saber que estava se metendo com a própria família real.
Com certeza Wendy faria uma reclamação dele para seu pai e Conrad. Faria o escândalo necessário para que eles destituíssem esse capitãzinho abusado de seu cargo. Já que não poderia sair da torre, ela poderia exigir alguma coisa em troca.
Até porque aquele capitãozinho abusado estava infringindo um crime, invadir a torre sem autorização de seu pai, afinal a barreira magica, só impedia Wendy de sair e só poderia entrar pessoas com a autorização de Augustus.
Wendy arregalou os olhos.
Como ele passou pela barreira mágica sem a autorização do seu pai?!
— Então você é a misteriosa princesa filha do Rei Augustus... Já tinha ouvido falar... Dizem que você fica presa e nunca pode ser vista em público devido a uma doença mágica rara... Engraçado... Você não me parece doente. Não é nada com que eu imaginava da princesa...
Wendy cerrou os punhos, sentindo seu ego ser ferido pela última frase.
— E você não é nada parecido com um cavalheiro. Em todos os sentidos. — Ela retruca, cruzando os braços. — Porque não sou nada parecida com o que você pensava?
Julius sorri o que faz Wendy corar.
— Porque você é mais bonita do que pensava...
A jovem ficou extremamente corada e sem nenhuma palavra para dizer.
— Minha nossa, olha hora! — Julius diz repentinamente. — Preciso encontrar com o meu esquadrão.
O loiro então sai em direção a janela da torre como se nada tivesse acontecido.
Wendy estava estática, até que rapidamente recobra seu consciente e pergunta:
— Ei! Como você passou pela barreira mágica?! Apenas pessoas de confiança do meu pai podem! Esse feitiço do Conrad é o mais poderoso e impossível de ter falhas!
Julius se vira e sorri para Wendy, antes de dizer:
— Bom... Acho que isso significa que sou o mais forte para me tornar o Rei Mago, você não acha?!
Então... Foi só um piscar. Wendy piscou os olhos e Julius havia sumido, deixando-a sozinha mais uma vez naquela torre e com uma sensação estranha no peito.
Uma sensação que ela nunca havia sentido antes.
No fundo, embora fosse difícil admitir, ela esperava vê-lo de novo.
A noite estava caindo, e as sombras se alongavam pelos corredores da torre. O vento frio trouxe consigo o murmúrio das folhas e a sensação de algo que estava prestes a mudar. O encontro entre Wendy e Julius não era apenas um acaso; era o início de uma nova era para ambos, uma interseção de caminhos que poderia alterar não só suas vidas, mas o destino do próprio reino.
O encontro entre Wendy e Julius foi o catalisador de uma nova fase na vida da jovem. Embora o Capitão dos Cervos Cianos tenha inicialmente vindo em busca de respostas sobre o estranho incidente dos quadros, ele encontrou muito mais. Wendy estava longe de ser apenas uma reclusa; ela era uma artista apaixonada, cujo espírito vibrante estava escondido atrás das paredes de sua torre. Julius percebeu que havia algo especial nela, algo que transcendia o simples confinamento físico.
Após o encontro, Julius começou a visitar Wendy com mais frequência, inicialmente para verificar se ela precisava de ajuda com suas pinturas e, eventualmente, para conversar. Wendy estava inicialmente desconfiada, mas a presença gentil e carismática de Julius lentamente desarmou suas defesas. Julius descobriu que Wendy possuía uma inteligência aguçada e uma sensibilidade profunda. Através de conversas sobre arte, magia e sonhos, eles começaram a construir um laço genuíno.
Durante uma dessas visitas, Julius trouxe um livro antigo sobre a história trágica da princesa Tetia, que se apaixonou por um monstro e traiu todo o reino em troca de sua felicidade com seu verdadeiro amor, no fundo, Julius sabia que Wendy poderia achar interessante. Eles passavam horas discutindo o conteúdo, e Wendy começou a se sentir mais livre e à vontade com Julius. As conversas se tornaram uma parte essencial do seu dia, e ela começou a esperar ansiosamente por suas visitas escondidas e que jamais sequer revelou para seu pai ou tampouco para Conrad que Julius a visitava, pois com o tempo passou apreciar as visitas inusitadas dele.
Enquanto o vínculo entre eles se fortalecia, Julius começou a revelar aspectos mais pessoais de sua própria vida. Ele falava sobre suas aspirações como mago, suas responsabilidades como capitão e suas próprias frustrações e inseguranças. Wendy, por sua vez, abriu seu coração sobre o sofrimento de viver em isolamento e suas esperanças de um dia conhecer o mundo exterior.
Julius ficou tocado pela coragem e pela gentileza de Wendy. Ele começou a fazer pequenos gestos para mostrar seu apreço e carinho, como trazer flores para enfeitar a torre ou simplesmente passar um tempo ouvindo Wendy tocar música ou ler seus poemas. Wendy, em troca, mostrou a Julius um lado de si mesma que ninguém mais tinha visto, uma artista com um espírito indomável e uma visão única do mundo.
O sol da manhã filtrava-se através das janelas altas da Torre da Esperança, lançando um brilho suave sobre as paredes de pedra e as telas de pintura espalhadas pelo chão. Wendy Belmont estava em seu lugar habitual, deitada sobre uma pilha de almofadas com um pincel em mãos e uma tela à frente. Ela estava tão absorta em sua pintura que nem percebeu que alguém a observava da janela da torre.
— Bom dia, minha artista favorita! — Julius Novachrono exclamou, entrando na torre com um sorriso.
Wendy pulou, derramando um pouco de tinta sobre a tela e fazendo uma careta.
— Julius! Você me assustou! Eu quase estraguei esta pintura!
— Desculpe! Não era minha intenção. — Julius riu, avançando para observar a tela. — Mas, já que estou aqui, posso admirar a nova obra-prima?
Wendy franziu a testa e colocou o pincel de lado.
— Não é uma obra-prima. Estou tentando capturar a luz do sol através das folhas, mas está parecendo mais um borrão colorido.
Julius se aproximou da tela analisando-a criteriosamente, com os dedos em seu queixo.
— Ah, mas eu vejo o brilho do sol na sua pintura. É como se estivesse conversando com a tela. — Julius disse, examinando a pintura com uma expressão séria.
— É mesmo? — Wendy perguntou, tentando não sorrir.
— Sim, só que a tela parece um pouco confusa. Talvez ela esteja te pedindo para ir um pouco mais devagar na conversa. — Julius brincou.
— Bem, você não sabe o quanto eu tenho que lutar para não jogar esta tela pela janela. — Wendy respondeu com um sorriso.
— Por favor, não faça isso! Estou começando a me sentir como um alvo móvel. — Julius riu.
Depois de alguns momentos de conversa e risos, Wendy e Julius decidiram se deitarem sob o chão da torre para observarem as pinturas que Wendy havia feito no teto da torre, um céu completamente estrelado, a precisão das pinturas e desenhos eram uma visão rara para o Capitão, que estava encantado com a beleza que Wendy conseguiu adicionar aquelas padres de rochas.
— Você realmente fez um ótimo trabalho aqui, Wendy. — Julius disse, observando uma constelação que parecia mais com a ursa maior eternizada em meio as pinturas e tintas, que parecia brilhar suavemente sob os raios do sol que atravessavam pela janela. — Nunca vi algo assim em todo o reino.
— Obrigada! — Wendy respondeu, seus olhos brilhando de orgulho. — Eu criei este teto como um escape, uma forma de trazer um pedaço do mundo exterior para dentro da torre. — Ela franze os lábios. — Fiquei muito tempo sozinha nesse lugar, apenas na companhia das telas e tintas, e de Lupus. — Wendy começa fazer carinho no seu cão-lobo mágico, deitando ao seu lado.
— Bem, parece que você conseguiu muito mais do que isso. Parece o verdadeiro pedaço do céu, — Julius comentou, com sinceridade.
— Ah, você sempre sabe como fazer uma garota se sentir especial. — Wendy disse, corando ligeiramente.
— Isso é porque é verdade. E, além disso, eu sou um especialista em fazer as pessoas se sentirem especiais. É parte do meu trabalho como Capitão. — Julius respondeu, inclinando a cabeça para o lado, olhando diretamente para Wendy.
— É? E qual é a outra parte do seu trabalho? — Wendy perguntou, curiosa.
— Bem, eu lido com coisas como proteger o reino, treinar os cervos cianos e, ocasionalmente, ser atingido por quadros caindo de torres. — Julius disse, piscando para Wendy.
— Ah, então você tem uma vida emocionante. — Wendy disse, rindo. — Parece que eu tenho um longo caminho a percorrer para alcançar o seu nível de emoção.
Wendy por um momento ficou séria, se sentando rapidamente, o que assustou Julius de principio, fazendo o capitão se sentar também, enquanto a olhava preocupado.
— Wendy? O que foi?
— Julius, eu... — Wendy começou, hesitante. —Eu tenho pensado muito sobre nós.
— Sobre nós? — Julius perguntou, olhando para ela com curiosidade.
— Sim. Você tem sido uma presença constante em minha vida e... eu sinto algo que nunca senti antes. — Wendy confessou, seu rosto se tornando vermelho.
— Eu também tenho pensado sobre nós... — Julius admitiu, sua voz suavizando. — Você trouxe uma luz à minha vida que eu não sabia que estava faltando.
— Eu... eu só..., — Wendy começou, mas as palavras pareciam falhar. — Eu me sinto tão segura e feliz quando estou com você.
— E eu me sinto o mesmo. Há algo em você que me faz querer estar aqui, com você, todos os dias. — Julius disse, segurando a mão de Wendy.
O silêncio que se seguiu foi preenchido com a brisa suave que vinha da janela e o som dos pássaros cantando. Wendy olhou para as mãos entrelaçadas e então levantou os olhos para Julius, que estava tão próximo dela.
— Julius, eu não sei o que o futuro reserva para nós, mas... — Wendy começou, a voz um pouco tremida.
— Eu também não sei. Mas, por agora, eu só quero estar aqui com você. — Julius respondeu suavemente.
Eles se inclinaram lentamente, e então finalmente haviam se beijado.
Esse havia sido o primeiro beijo de Wendy, ela agora entendia o que as personagens em seus livros descrevia a sensação, ela soube finalmente o que significava as borboletas no estomago, o primeiro beijo entre eles foi delicado e cheio de promessas. A sensação de seus lábios se encontrando era mágica e perfeita, como se o tempo tivesse parado para dar lugar a esse momento especial.
Quando se separaram, ambos estavam sorrindo, e o olhar de Julius estava cheio de afeto.
A magia de luz de Wendy diante de tanta felicidade por aquele momento começou a se manifestar involuntariamente e quando se deram conta, estavam rodeados por mini bolinhas magicas flutuando no ar, iluminando todo o quarto.
— Wendy...? — Julius a chamou tentando obter alguma explicação.
— É porque estou feliz. — Wendy ri. — Você me deixa feliz.
— Eu sempre estarei aqui para você, Wendy. Não importa o que o futuro traga.
Wendy sorriu com um brilho nos olhos.
— Você sabe, Julius, nunca pensei que um dia alguém invadiria a minha torre e encontraria alguém como você. Wendy disse, olhando para as bolinhas iluminadas mágicas.
— Eu também não imaginava que seria atingido por uma pintura e acabaria encontrando o amor da minha vida. — Julius respondeu, com um sorriso carinhoso.
— Às vezes, as melhores coisas acontecem quando menos esperamos. — Wendy concordou, repousando a cabeça no ombro de Julius.
— Sim, e eu estou ansioso para todas as aventuras que vamos viver juntos. — Julius disse, envolvendo o braço ao redor de Wendy. — Primeira delas: encontrar uma cura para a sua doença e te tirar finalmente dessa torre.
O tempo continuava a girar, mas para eles, cada momento ao lado do outro era uma eternidade de felicidade e realização. E assim, sob o manto do céu estrelado, eles se preparavam para enfrentar o mundo, com o coração cheio de amor e a certeza de que, juntos, poderiam conquistar qualquer desafio que viesse a surgir.
Dois anos se passaram desde o primeiro beijo mágico entre Wendy e Julius. A Torre da Esperança, que antes era um símbolo de confinamento, tornou-se um refúgio de amor e sonhos compartilhados. As visitas de Julius se tornaram mais frequentes, e a presença dele iluminava o mundo de Wendy, trazendo cores e risos que antes pareciam impossíveis.
Agora, com o segredo de um amor florescendo e uma nova vida crescendo dentro dela, Wendy estava mais radiante do que nunca. Os ventos de mudança sopravam através das janelas da torre, e ela frequentemente sonhava acordada com o futuro que esperava por ela, ao lado de Julius e seu bebê. No entanto, por trás da serenidade da torre, sombras ameaçadoras se aglomeravam.
Uma noite, enquanto o céu estava salpicado de estrelas e a brisa noturna acariciava o rosto de Wendy, ela estava em sua pintura, capturando a beleza do momento em uma tela. Seus olhos verdes brilhavam com a alegria de criar algo que simbolizava sua nova vida. Contudo, uma inquietação começou a crescer dentro dela, como se uma tempestade se aproximasse.
— Wendy! — chamou uma voz familiar, fazendo-a se virar rapidamente. Era Julius, que entrara na torre, seu sorriso iluminando o espaço como sempre.
— Julius! — ela sorriu, indo em direção a ele e envolvendo-o em um abraço apertado. — Você não sabe como eu estava ansiosa para te ver!
— A cada dia, você fica mais radiante — comentou ele, olhando para a barriga de Wendy. — Como você está se sentindo?
— Ótima! O bebê parece estar cheio de energia! — Ela sorriu, mas o coração de Julius apertou ao ouvir a palavra "bebê".
Julius engoliu o seco e piscou repetidas vezes.
— Bebê?
Wendy sorriu.
— Sim, estou grávida! — Ela anuncia radiante.
Uma onda de proteção e amor invadiu seu peito, e ele a puxou para mais perto, em um abraço reconfortante e apertado.
Ele se lembrou das noites em que eles conversaram sobre o futuro, quando Wendy mencionou um sonho que parecia mais real do que nunca. E, naquele momento, ele percebeu que não era apenas um sonho; era uma realidade.
Então Julius teve que ir, pois havia sido convocado imediatamente para uma reunião com os outros capitães.
A noite no Reino de Clover havia caído como um manto de tranquilidade, mas essa calma logo se tornaria uma memória distante. As estrelas cintilavam no céu, testemunhas silenciosas de um perigo que se aproximava. Dentro do castelo, Wendy Belmont estava em sua torre, imersa em pensamentos sobre Julius. Desde o seu primeiro encontro, o Capitão dos Cervos Cianos se tornara uma presença constante e reconfortante em sua vida. Mas, naquela noite, uma sensação de inquietação começou a crescer em seu peito.
Do lado de fora, sombras se moviam nas florestas circundantes. Criaturas grotescas, com olhos reluzentes e garras afiadas, avançavam em direção ao castelo. Monstros de uma antiga lenda, há muito tempo esquecidos, haviam despertado e estavam em busca de vingança.
A primeira explosão ecoou pelo ar, fazendo os alicerces do castelo tremerem. Wendy levantou-se, assustada, seus olhos verdes se arregalando ao ouvir gritos e o som de destruição. O que estava acontecendo? Ela correu até a janela e olhou para baixo. O caos se desenrolava em plena luz da lua, com guardas lutando bravamente contra as criaturas, mas eram superados em número.
— Não! — Wendy sussurrou, sentindo seu coração disparar.
Ela queria ajudar, mas a barreira mágica ainda a mantinha presa. Desesperada, começou a usar sua magia de vento, tentando forçar a barreira a ceder, mas era em vão. Uma onda de pânico a envolveu ao perceber que estava completamente impotente.
No calor da batalha, um dos monstros conseguiu romper as defesas do castelo, invadindo os corredores. Os gritos dos guardas ecoavam, misturados com rugidos brutais das criaturas. Wendy, agora paralisada pela frustração, não sabia o que fazer.
De repente, a porta da torre se abriu com um estrondo, e Julius apareceu, ofegante, seu manto esvoaçando atrás dele. Ele estava ferido, mas sua determinação era evidente.
— Wendy! — ele gritou, seus olhos azuis ardendo com uma intensidade que ela nunca tinha visto antes. — Você está bem?
— Julius! O que está acontecendo? — ela perguntou, a voz trêmula.
— Precisamos sair daqui! Os monstros estão invadindo o castelo. Eles... — Ele hesitou, percebendo o terror nos olhos dela. — Eles estão atrás de algo. Precisamos nos apressar!
Antes que pudesse responder, um rugido ensurdecedor ecoou pela torre, e um dos monstros apareceu na porta, suas garras afiadas reluzindo sob a luz da lua. Wendy estremeceu, e Julius rapidamente se posicionou entre ela e a criatura, preparando-se para lutar.
— Vá! — ele gritou. — Eu cuido disso!
Mas Wendy não podia ficar parada. A coragem crescia dentro dela, e, em um impulso, ela canalizou sua magia de vento, criando uma rajada que atingiu o monstro, fazendo-o recuar. A criatura rosnou, irritada, e, ao ver a jovem, decidiu que ela era um alvo mais interessante.
— Wendy, fuja! — Julius gritou, mas já era tarde demais. O monstro avançou, garras prontas para atacar.
Num movimento rápido, Wendy conjurou um escudo de luz. A barreira se formou, protegendo-a, mas não era suficiente para deter o monstro por muito tempo. A criatura continuava a atacá-la, e seu escudo começou a se fragmentar.
— Julius, me ajude! — ela implorou, seu coração acelerado.
Ele estava lutando contra outro monstro, tentando afastá-lo. Mas o verdadeiro terror aconteceu quando outro ser grotesco se aproximou de Wendy, suas garras afiadas ameaçando a jovem. Em um movimento inesperado, o monstro agarrou Wendy com uma força brutal, erguendo-a no ar.
— Não! — Julius gritou, sua voz cheia de desespero.
Wendy olhou para Julius, seus olhos brilhando com pânico enquanto a criatura a levava para longe. Em um último ato de desespero, ela conjurou uma explosão de magia de luz, mas era tarde demais. O monstro desapareceu nas sombras da noite, levando-a consigo e nunca mais Julius a viu.
Oi, oi pessoas, decidi rever Black Clover novamente e decidi reescrever a fic também, alterando alguns detalhes. Mas ainda é fem!OC e Yuno. Espero que gostem! <3
Curtem e comentem, para me atualizar se estão gostando ou não. J
Beijinhos e até a próxima <3
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