T-erno
Um Pai ocupado, zeloso e a contratação de uma babá
Ao ouvir a voz familiar de Satoru pelo corredor, Zaneli virou-se lentamente para encará-lo, seus olhos encontrando os dele. Ela notou como ele a olhava atentamente, como se estivesse tentando decifrar cada detalhe dela.
-- Olá, Zaneli -- cumprimentou Satoru, seu sorriso habitual aparecendo enquanto ajustava os óculos escuros.
Zaneli assentiu em resposta, mantendo sua compostura profissional. Ela sabia que precisava manter uma distância profissional com Satoru, especialmente considerando seu passado juntos. No entanto, havia algo nos olhos dele que a deixava desconfortável, como se ele estivesse tentando ler sua mente.
-- Eu estava prestes a verificar o almoço de Megumi -- explicou ela desviando o olhar por um momento. -- Se me der licença...
-- Não precisa, eu já trouxe. Se quiser, pode ficar e comer conosco -- Satoru afirmou, dando espaço para Zaneli passar.
-- Nesse caso agradeço, mas irei verificar algo com a senhora Takahashi.
Ele observou enquanto ela saía da sala, sentindo uma mistura de curiosidade e incerteza sobre o que estava acontecendo.
Enquanto Zaneli verificava parte da documentação, Satoru aproveitou a oportunidade para refletir sobre o encontro inesperado com ela. Ele não conseguia entender por que sua presença o deixava tão desconfortável. Afinal, eles tinham uma história juntos, mas isso parecia tão distante agora. Balançando a cabeça, encarou o filho que parecia menos introspectivo.
-- Megumi, o que achou da sua babá? -- Questionou enquanto o filho descia do sofá as perninhas curtas caminhando pela sala, mesmo que fosse uma criança alta para a sua idade.
-- Ela é divertida... -- Os olhinhos brilharam momentaneamente enquanto encarava o prato a frente.
-- Que bom meu filho. -- Satoru sorriu, vamos comer.
Megumi assentiu se sentando na cadeira e encarando a comida.
-- Ela não é minha babá e sim minha supervisora, pois, eu não preciso de babá! -- o Fushiguro assentiu levando Satoru a rir brevemente.
-- Claro, meu filho -- Você está crescendo tanto. -- Satoru bagunçou os fios do pequeno antes de se concentrarem na comida. Em poucas palavras Megumi contou como foi a parte do dia ao lado dela e o que fizeram, a porta foi aberta delicadamente indicando o retorno de Zaneli que trazia consigo um prato extra com o almoço, Satoru fez questão de agradecer a ela antes de se concentrar em seu filho. Ele queria garantir que Megumi estivesse bem cuidado, independentemente de suas próprias preocupações e com isso a cacheada se uniu a eles.
Enquanto eles almoçavam juntos, Satoru observava Megumi e Zaneli interagindo, notando como o garoto parecia mais à vontade na presença dela, pela maneira que era tratado. Ele ainda permanecia o mesmo garoto inibido de sempre, mas dialogou bastante com uma mulher que aparentava ser "nova" em sua vida.
Após o almoço, Satoru seguiu dentro da sala compartilhando com Megumi um bom momento e Zaneli facilmente consideraria que tal situação era uma espécie de carma. A cacheada mantinha seu olhar fixo e impassível no homem desde que ele chegou. Não querendo demonstrar nada nem o quanto a presença ainda a irritava.
Satoru se demorou o suficiente para aferir as condições do filho e depois a encarou, nesse meio tempo em que ficou na sala, Zaneli não emitiu um único som para com ele.
-- Bom, eu vou voltar para a reunião. Megumi se comporte e Zaneli venha me ver depois. -- Piscou fazendo-a revirar os olhos.
E assim saiu após deixar um carinho nos cabelos de Meguimi, de fato a cacheada achou bonito o gesto e Satoru aparentava ser um bom pai, mas nada disso apagaria o passado que possuíam juntos.
Um passado bem zoado e ruim, onde o platinado traiu e gerou desconfiança. Veja bem, Satoru era um cara casado, que se sentiu atraído pela cacheada e teve alguns bons momentos com ela. Zaneli não sabia e quando descobriu a confusão já estava instaurada.
Utahime Gojo, esposa de Satoru cujo casamento durou seis meses, uma união que nem deveria acontecer visto que, no fundo, os sentimentos de Utahime nunca foram correspondidos da mesma forma, era unilateral e quanto mais se prendia apenas aos atos carnais, mais difícil era de deixar o platinado.
Em uma das noites onde o casal resolveu dar um tempo, foi que Zaneli adentrou a vida de Satoru, sendo uma jovem universitária belíssima e solteira, não viu mal algum em corresponder o flerte que semanas depois fez com que compartilhasse a cama com o platinado e Satoru era um pecado. Um homem de beleza e lábia inquestionáveis, não que precisasse de muito, bastava apenas olhar para ele para se sentir intrigada.
Agora imagine a surpresa da mulher ao vê-lo com outra e descobrir que havia se tornado uma amante involuntária, uma peça em um jogo de traição e desonestidade. O amargor desgraçado que ficou na boca foi inevitável.
Não tinham nada e cada um faz o quer com a sua solteirice, mas a partir do momento em que você é CASADO e está em uma relação MONOGÂMICA, o respeito pela sua parceira é o mínimo e a base do relacionamento.
Naquela mesma noite, quando marcaram de se encontrar, Zaneli deixou claro que não queria mais nada com ele, que não se envolvia com homens casados. Gojo até tentou explicar que as coisas não eram bem como ela imaginava, mas só piorava a situação sentindo-se traída e desrespeitada.
-- Não devemos nada um ao outro -- ela disse, sua voz carregada de amargura. -- Você deve ser honesto com sua esposa, em vez de justificar seus erros para uma mera ficante como eu.
Desde aquele dia, Zaneli cortou todos os laços com Satoru. Ela bloqueou seu número e se afastou completamente dele.
Para Satoru, a partida dela deixou um vazio em sua vida, visto que estava se envolvendo de verdade com a mulher. E agora que o passado praticamente esmurrava seu peito, ele não conseguia deixar de pensar no motivo dela ainda estar na universidade, especialmente quando ela estava prestes a se formar. Ele se perguntava se havia algo mais profundo acontecendo em sua vida, além do breve encontro deles.
No entanto, ele sabia que não tinha o direito de invadir a privacidade de Zaneli. Ela havia deixado claro que não queria mais nada com ele, e ele respeitava essa decisão, mesmo que não concordasse.
[...]
A cacheada encarava o menino no sofá um pouco sonolento após o almoço e tentando de todas as formas manter-se acordado.
-- Por que você não descansa um pouco? Eu vou manter o filme pausado assim quando acordar podemos ver. -- Ela sorriu e ele coçou os olhinhos.
-- Você vai estar aqui quando eu acordar? -- Ela respirou calmamente e se aproximou sem invadir realmente o espaço dele.
-- Vou sim. Pode descansar pequeno. -- Zaneli seguiu para o outro sofá arrumando a bagunça do almoço e jogando toda a sujeira fora. Ela aproveitou a soneca da criança para reler o contrato de trabalho e averiguar seus direitos, na verdade, desde que saiu abriu aquela porta e viu Satoru Gojo pensou em se auto demitir, mas foi só olhar para o menino que mudou de ideia, conseguiria ser profissional sem problema algum.
No presente momento se encontrava pensando nas palavras da criança e foi rápida em raciocinar que talvez, só talvez, Gojo não tivesse contratado ninguém para cuidar do filho antes.
"Será que a esposa dele também é tão ocupada? Se bem que mulheres acabam com a carga dobrada e às vezes até triplicada. Tadinha dessa criança." As palavras perambularam por sua mente e quando percebeu que Megumi finalmente estava apagado, Zaneli se dedicou a encarar os livros digitais no celular, aproveitou para fazer um resumo no próprio celular, utilizando uma caneta digital para desenhar e anotar o que faltava. O tempo foi passando e ela percebeu que o pequeno Gojo estava dormindo demais.
Ela delicadamente seguiu até ele tentando o acordar:
-- Jovem Fushiguro acorde -- ele se revirou reclamando um pouco. -- Vamos Megumi acorde para comer, em breve estará na hora do lanche
Chamou calmamente e ele acordou abrindo os olhinhos pouco brilhantes que logo tornaram-se opacos.
-- O quê foi? -- Zaneli questionou um pouco preocupada.
-- Hum... Nada, eu só estava sonhando. -- As bochechas ficaram um pouco vermelhas de vergonha e a Santorini se ajoelhou ficando da próxima, sem estar tão perto.
-- Posso me aproximar de você? -- Ela perguntou e ele apertou as mãos sobre o colo. -- Se você estiver desconfortável, eu...
-- Não, pode sentar aqui. -- Ele olhou para o lado do sofá e assim ela o fez.
-- Quer me contar o que está acontecendo? -- Ela perguntou calmamente e ele deu de ombros.
--Você vai pensar que sou um bebê... -- Ele desviou o olhar e ela sorriu de forma doce.
-- Jamais pensaria isso de você jovem Fushiguro. Me diga o que quiser tudo bem?
Megumi a olhou de forma confiante, havia um brilho no olhar dela que transmitia bastante confiança.
-- Certo! Eu sonhei que estava aí lado dos cães contra os gatos do filme, foi muito divertido e no final ainda comemos um sorvete enorme de baunilha! -- Se descontrolou momentaneamente. -- Desculpa -- ele sussurrou.
O sorriso de Zaneli se alargou ao ouvir o relato animado de Megumi sobre seu sonho. Ela podia sentir a energia contagiante do garoto enquanto ele compartilhava suas aventuras imaginárias.
-- Não precisa pedir desculpas, Megumi. Você é apenas uma criança, e sonhar é parte da diversão da vida-- ela disse com gentileza, transmitindo ao garoto uma sensação de conforto e aceitação.
Megumi pareceu se soltar um pouco mais, seu rosto iluminado com a empolgação de compartilhar seu sonho com alguém que o ouvia com interesse genuíno.
-- Então, o que aconteceu depois que vocês comeram o sorvete enorme de baunilha? -- Zaneli incentivou, pegando papel e lápis de sua bolsa para que eles pudessem começar a ilustrar o sonho de Megumi.
O garoto sorriu amplamente pela primeira vez, mergulhando na narrativa de seu sonho com entusiasmo renovado. Enquanto ele falava, Zaneli desenhava os cenários e personagens com habilidade, criando uma representação visual vívida do mundo imaginário de Megumi.
Os dois trabalharam juntos, compartilhando risadas e histórias, enquanto transformavam o sonho de Megumi em uma obra de arte colorida e cheia de vida.
Quando terminaram, Megumi olhou para o desenho com admiração, seus olhos brilhando com gratidão pela experiência compartilhada.
-- Obrigado, Zaneli -- ele disse sinceramente, sua voz suave e cheia de emoção.
Zaneli sorriu, sentindo-se emocionada pela felicidade dele. Ela sabia que aquela seria apenas uma das muitas aventuras que poderia proporcionar enquanto cuidava de Megumi.
E assim, enquanto o sol se punha lá fora, Zaneli e Megumi continuaram a conversar e a rir e até mesmo assentindo a parte dois do filme e sem que a criança esperasse ela deu um jeitinho do sorvete de baunilha estar bem ali entre eles.
[...]
Megumi havia feito o dever que a secretária trouxe, não era muito, mas ainda assim chegava a ser razoável.
Depois o jovem Gojo teve aula de fluência em japonês e em outro idioma, aparentemente Satoru estava ampliando e adiantando a fala do filho e quando a aula finalmente acabou o pequeno Megumi sentou no chão e começou a desenhar no papel.
-- Senhor Fushiguro não está com fome? -- Ela perguntou encarando o relógio e ele negou. -- E se eu pedir algo bem diferente?
-- Uma comida que eu nunca provei? -- Perguntou.
-- Isso. -- ela afirmou levando-o a sorrir e gostou da reação, aos poucos mesmo que ainda estivessem no primeiro dia de adaptação ele parecia um pouco mais disposto a se dar bem com a futura babá.
-- Tá bom, será que eu posso comer um bolinho? -- Zaneli sorriu pelo pedido do pequeno.
-- De que sabor?
-- Morango! -- Os olhos de Megumi brilharam enquanto respondia, depois voltou a ser inibido e Zaneli sorriu lindamente para ele.
-- Pode ser você mesmo e ficar feliz ou triste, eu nunca vou te julgar. -- Ela respondeu e ele confirmou balançando a cabeça, Megumi estava um pouco retraído, pois, havia gostado dela, entretanto, todas as pessoas a quem se apagava sempre iam embora. Ele sempre ficava sozinho, então não poderia se permitir.
Uma criança tão pequena carregando um fardo tão grande de ser abandonada e ter responsabilidades tão grandes quando pequena, Satoru foi aquele que iluminou sua vida, mesmo que fosse completamente diferente dele, faria de tudo pelo filho. Sim, filho, afinal pai é quem cria e não quem põe no mundo e o abandona.
Zaneli foi até a secretária que já estava de saco cheio em ter que atender a tantos pedidos, mas não seria nem louca de negar algo para o herdeiro de todo aquele império, quando a cacheada voltou para a sala sorriu ao ver o pequeno Fushiguro Gojo assistindo um desenho infantil.
-- Prontinho, pedi um bolinho de morango e um sorvete com bastante chantilly. -- Sussurrou a última parte notando que ele estava se retraindo novamente e foi então que viu o colar no pescoço do pequeno que em algum momento deve ter saltado para fora da camisa.
-- Você tem alguém muito importante para você e isso é muito bonito. -- Zaneli apontou para o colar deixando o pequeno um pouco confuso e então continuou, para explicar melhor pegou uma folha e um lápis desenhando enquanto dialogava:
-- O Nó Celta é um símbolo desenhado de vários modos, com um significado muito bonito.
Os olhos de Megumi brilharam.
-- Foi um presente da minha mamãe -- Ele sussurrou e Zaneli sorriu ao ver o brilho nos olhos dele o falar sobre o colar e pode imaginar o quanto o objeto significava para o pequeno, uma lembrança tangível do amor e apoio de sua mãe, mesmo quando ela não estava fisicamente presente.
Ela entendia a importância dos símbolos e gestos de amor, especialmente para uma criança que enfrentava tantas mudanças em sua vida.
-- O Nó Celta é realmente um símbolo especial? -- ela assentiu a pergunta, admirando o próprio desenho que havia feito para ilustrar a explicação.
-- É conhecido como o nó do amor ou nó infinito, representando a conexão eterna entre as pessoas que se amam e é maravilhoso ter algo tão especial para lembrá-lo do amor de sua mãe -- ela disse gentilmente, tocando o desenho do Nó Celta no papel. -- Tenho certeza de que sua mãe está sempre com você, mesmo quando não pode estar mais ao seu lado.
Megumi assentiu, um sorriso tímido brincando em seus lábios. Ele sentiu um conforto ao compartilhar esse momento com Zaneli, sabendo que ela entendia a importância de suas conexões familiares.
E assim, os dois continuaram a conversar sobre o colar e o significado por trás dele. Para Megumi, foi um lembrete de que ele sempre teria o amor de sua mãe ao seu lado, enquanto para Zaneli, foi uma oportunidade de se conectar ainda mais com o garoto que estava cuidando.
[...]
O dia ao lado de Megumi chegou ao fim e com e ele a percepção de que estava no caminho certo, uma vez que escolheu fazer pedagogia e psicologia na faculdade, por isso que quando Lizie falou diretamente com ela, aceitou sem pensar ou sequer cogitar a hipótese de que talvez viesse a ser um filho de algum amigo da empresária e atualmente líder do setor ao qual ela trabalha.
Zaneli levou o garoto até o banheiro e aguardo do lado de fora, depois retornou para a sala e o ajudou a arrumar tudo.
-- Nos veremos em breve senhor Fushiguro. -- Ela comentou e o garotinho sorriu feliz com a possibilidade antes de desviar o olhar e voltar a manter a postura séria. -- Ah, antes que eu me esqueça, fique com você, para que nunca se esqueça.
A Santorini deslizou o papel pela mesa deixando o desenho bem pintado e assim foi até a porta, antes de sair pode ouvir e ver o pequeno sorrir olhando para a folha e lhe dando um até logo.
Zaneli seguiu até a secretária pessoal de Gojo que a encaminhou para a outra sala onde Gojo a aguardava, A cacheada encarou o prateado de pé encarando a paisagem inegavelmente bela fora o sorriso bonito nos lábios.
-- Bom noite Satoru. -- Ela saldou.
-- Melhor agora Zaneli. -- Gojo respondeu e ela revirou os olhos.
-- E então, como foi com o meu filho?
-- Megumi é uma criança maravilhosa.
-- Isso é bom de ouvir. Tenho uma proposta a te fazer.
Ela já imaginava que Gojo pediria para que se tornasse fixa e não via problema algum nisso, tinha realmente gostado da criança.
-- Mas antes, o que você faz trabalhando de babá, não estava terminando a faculdade? -- Gojo questionou e ela respirou pesado, às vezes Satoru era tão... Invasivo.
-- Acho que isso não te diz respeito, estou aqui pelo pequeno Fushiguro. -- Ela afirmou.
Satoru observou Zaneli com atenção enquanto ela revirava os olhos em resposta à sua pergunta. Ele reconheceu que tinha ultrapassado um limite e decidiu corrigir seu erro, mostrando respeito pelo profissionalismo de Zaneli.
-- Você está certa, peço desculpas pela minha curiosidade -- ele admitiu, aceitando a correção dela. -- O sobrenome dele é Gojo, Fushiguro se tornou o nome do meio.
Ao ouvir a justificação de Satoru, Zaneli assentiu, reconhecendo o esforço dele em manter as coisas profissionais.
-- Voltando a pergunta -- Gojo pigarreou: -- O que achou do seu primeiro dia?
Quando Satoru mencionou sobre o primeiro dia de Megumi, Zaneli sorriu genuinamente.
-- Ele é uma criança adorável, extremamente inteligente -- ela admitiu, refletindo sobre as interações que tivera com o garoto ao longo do dia.
Satoru viu uma oportunidade de formalizar a contratação de Zaneli como babá de Megumi e decidiu agir.
-- Excelente. Quero que trabalhe como babá. Quero que cuide dele enquanto estou na empresa e pagarei o dobro. -- Ele propôs. Ela não sabia, mas Satoru estava tentando compensá-la pelo erro do passado
A Santorini arqueou a sobrancelha, achando a proposta um pouco demais. No entanto, ela apreciou a oferta.
-- Apenas pague na tabela. Seu filho é adorável, e será um prazer ser a babá dele -- ela respondeu, aceitando o acordo com gratidão.
Com essa conversa, Satoru e Zaneli estabeleceram uma relação profissional baseada em respeito mútuo.
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