18

Winter's pov:

"Estou bem aqui em seus braços... Não existe outro lugar onde queira estar."

A voz de Jimin soou tão sofrida quando a encontrei na escada no dia anterior, e levei apenas alguns segundos para saber que tinha algo de errado. A cada minuto que passamos juntas, parecia que uma parte despedaçada da sua alma estava se misturando com a minha.

Ela estava para baixo naquela tarde, mas mesmo assim gostei de estar em sua companhia. A verdade é que o dia não tinha sido nada bom para mim também. Eu precisava que ela me fizesse esquecer dos meus próprios problemas por algumas horas...

— Minjeong, você está me ouvindo? — Olho para minha melhor amiga, que me encara de braços cruzados.

— Desculpa... — falo, sorrindo de forma singela. — Você estava falando sobre a faculdade?

— Bem, estava. Mas vejo que não prestou atenção em nada — ela retruca, se jogando na minha cama. — Estava pensando na Jimin, né? Esse é único motivo que conheço para você ficar aérea assim.

Balanço a cabeça.

— Não, imagina. Não é nada disso.

— Pois você realmente parecia uma garota de olhar apaixonado. — Ningning diz, erguendo a cabeça e abrindo um sorriso travesso. — Se você quiser saber alguma coisa sobre ela, eu posso colher algumas informações.

— Por favor, não faça isso — peço rapidamente. — Eu não posso fazer isso. Estou feliz com a forma como estamos levando nosso relacionamento.

— Mas você merece mais que isso — ela argumenta. — Eu sei que a Jimin é uma pessoa cheia de segredos. Ela conversa bastante comigo e com Giselle, mas nunca entra em muitos detalhes sobre sua vida pessoal. Então, se você...

— Ningning, deixe isso para lá, está bem? — Peço, sabendo que essa ideia não vai terminar de forma positiva.

Ela vê meu olhar preocupado, então acata o pedido.

— Você está lembrando do Festival das luzes? — Pergunta, mudando de assunto.

Todos os anos, a cidade organiza um grande festival para comemorar a estação das flores. É um evento enorme, com atrações musicais e show de fogos de artifício, que acontece às margens do rio Han, mas esse é o segundo ano em que não vou comparecer.

— Estou, sim. Acredito que Aeri já te convidou para ir assistir, né?

Ela morde o lábio inferior.

— Bem, sim. Mas na verdade, eu estava pensando em outra coisa.

Arqueio uma das sobrancelhas.

— No que exatamente?

— Bem, esse era um dos seus eventos preferido em Seul, então eu estava pensando se você...

Eu gemo. Não é segredo para ninguém os motivos que me levaram a evitar comparecer ao festival. Mas eu sei o quanto significa para Ningning me fazer essa proposta. Infelizmente não sinto que estou preparada para esse tipo de evento, onde muitas pessoas vão estar juntas no mesmo lugar.

— Desculpe, Ningning, mas não posso fazer isso por você.

Ela faz beicinho e cruza os braços.

— Vamos. Por favor?! Eu sei que você ainda lembra de como o festival é lindo e vou estar ao seu lado o tempo todo. Além disso vai ser uma ótima oportunidade da gente fazer alguma coisa juntas! — Ela junta as mãos e começa a implorar. — Por favor, Minjeong?!

Respiro fundo.

— Tudo bem. Prometo que vou pensar sobre o assunto.

Ela dá um gritinho.

— Obrigada, obrigada mesmo! Você não faz ideia do quanto estou feliz agora.

— Não seja boba — respondo, sorrindo. — Eu ainda não confirmei nada.

— Ah, mas eu tenho certeza de que vai fazer isso, sabe? — Ela diz, como se já soubesse onde isso tudo vai terminar. — Escuta, Minjeong... Tenho pensado em algumas coisas sobre você e Jimin — ela comenta, assumindo um tom mais sério. — Tipo, sua mãe sabe o que está acontecendo entre vocês?

— E quando é que minha mãe conversa comigo sobre alguma coisa? — brinco, sentindo um aperto no peito.

Eu vou estar mentindo se disser que não me importo de meu relacionamento com minha mãe estar tão distante ultimamente. A vida toda, eu sempre me esforcei para deixá-la orgulhosa de mim, e agora parece que tudo que eu faço é decepcioná-la.

Ningning franze a testa.

— Eu só quero ter certeza de que você está bem. Sei que o que aconteceu com Sunghoon foi demais para você, e eu nem consigo imaginar o que está passando pela sua cabeça, sabe? Eu só não quero que você sofra outra vez por conta disso.

— Jimin é melhor do que Sunghoon — declaro com a voz trêmula.

— Eu sei que ela é melhor, mas ainda me preocupo com você.

— Ningning...

— Não quero dar uma de mãe para cima de você, Minjeong. Acredite, essa é a última coisa de que você precisa agora, mas só quero que você tenha cuidado. Sei que seu coração está partido, e não quero que ninguém a magoe ainda mais.

— Você se preocupa muito, Ningning — brinco.

— Não é excesso de preocupação, é a quantidade certa de preocupação. Eu amo você. Isso é tudo.

— Também amo você.

Se minha mãe tivesse tido a mesma abordagem que Ningning com suas preocupações comigo, as coisas teriam sido diferentes. Enquanto ela foi dura, Ningning é gentil. As duas querem o melhor para mim, mas minha mãe tem dificuldade de expressar isso de um jeito gentil. Talvez ela e eu tenhamos mais em comum do que pensamos. Nós temos dificuldades para se expressar.

Eu entendo bem por que minha amiga se preocupa sobre Jimin fazer parte da minha vida agora. Eu ainda estou lidando com minhas questões, e ela parece ter sua cota pessoal delas. As pessoas tem medo de que isso possa se tornar um problema.

Eu, por outro lado, tenho aprendido bastante com isso.

Quando entro na biblioteca mais tarde naquele dia, fico um pouco surpresa. Jimin está parada perto da mesa, com os braços cruzados enquanto olha pela janela através das lentes dos seus óculos. Não esperava encontrar ela aqui, porque sempre que combinamos de ler, eu sou a primeira a chegar.

Eu me esforço para não dar muita importância a isso e entro na sala, fechando a porta atrás de mim.

— Oi — ela sussurra, se empertigando e vindo na minha direção.

— Oi — respondo baixinho.

— Eu queria pedir desculpas... — começa Jimin, mas eu a interrompo.

— Está tudo bem. De verdade.

Ela passa a mão pela nuca e suspira.

— Eu ainda não sei lidar muito bem com o meu passado. Eu reagi mal e só queria pedir desculpas pelo jeito como eu fiquei ontem. Você merece mais.

— Jimim, essa não é a parte em que você pede desculpas para mim.

— Que parte é, então? — Ela pergunta.

— Essa é a parte que você me deixa te abraçar.

Ela abre a boca para falar, mas se rende, curvando os ombros. Ela assente de leve e, em questão de segundos, eu a envolvo em um abraço apertado. Eu a abraço enquanto sinto seu corpo tenso começar a relaxar contra o meu.

Quando ela pensa em se afastar, eu abraço com mais força porque sei que ela precisa que eu fique bem perto nesse momento. Depois de um tempo, permito que se afaste, e ela esfrega os olhos, balançando a cabeça.

— Você quer fazer uma coisa comigo?

— Bom, depende do que você vai me propor — respondo em tom gentil.

Jimin arqueia uma sobrancelha.

— E o que você acha que eu tenho em mente?

— Não sei. Talvez me pedir para te ajudar a se livrar de um cadáver? — Brinco.

— Eu acho que isso combina mais com você, Minjeong — ela retruca, inclinando-se na minha direção. Seus olhos encaram meus lábios, os meus olham para os dela. Nossas respirações estão lentas e desiguais. Quando ela expira, eu inspiro.

— Jimin? — sussurro, minha voz trêmula.

— Sim?

— O que você tem em mente?

Meu coração acelera dentro do peito. Ela coloca uma mecha de cabelo que se solta atrás da minha orelha e se inclina para mais perto, os lábios pairando sobre os meus.

— Agora, nada além de beijar você.

Sinto seus lábios contra os meus. Sinto suas mãos envolvendo a parte inferior das minhas costas, e ela me puxando em seus braços quando me inclino contra ela, sua boca saboreando cada centímetro da minha. Sua língua viajando para encontrar a minha. Seu corpo me lembrando o que significa ser jovem e apaixonada de novo.

Quando Jimin me abraça com mais força, minha perna se levanta para encontrar seus quadris. Um pequeno suspiro sai da minha boca quando suas mãos apertam minhas coxas e me levantam, fazendo meu desejo egoísta de colocar minhas pernas em volta dela se tornar uma necessidade desesperada.

Ela me coloca sobre a mesa da biblioteca enquanto meus dedos correm por seus cabelos, trazendo de volta um momento só nosso e fazendo todo o resto desaparecer. Ela passa a mão nas minhas costas. Beijá-la nessa biblioteca silenciosa parece algo único. Especial, por mais idiota que seja.

Quando ela afasta sua boca da minha e abre as mãos sobre a mesa na altura dos meus quadris, nós duas sabemos que estamos criando algo sem volta. Mordo o canto da boca e balanço a cabeça.

— Achei que tivesse vindo aqui para ler — Brinco.

— Podemos fazer muito mais que ler — A boca dela esta no meu ombro. — Você sabe disso — Dirige-se então para o meu pescoço.

Meu cérebro não consegue produzir um único pensamento lógico. A boca de
Jimin avança para cima, um pouco acima da mandíbula, pressionando os lábios
suavemente na minha pele...

— Acho que você tem razão. — Balbucio.

— Ótimo, então — A mão dela desliza por meu rosto. Quando seu rosto fica mais perto do meu, solto o ar pela boca, roçando meus lábios nos dela.

Eu posso sentir seu coração batendo por baixo da camisa, e ela coloca a mão sobre o meu. Uma última vez, sua boca encontra a minha antes dela mordiscar meu lábio inferior. Quando abro os olhos, encontro o seu olhar, e ela sorri para mim quando começa a dizer:

— Acho que sua mãe iria surtar se visse o que estamos fazendo na mesa de trabalho dela.

Eu não quero rir, mas não consigo evitar. Olho em volto e rapidamente imagino minha mãe entrando pela porta e vendo essa cena.

Jimin me coloca de volta no chão lentamente, mas não se afasta.

— Escuta, Minjeong... — ela diz com a voz baixa. — Eu realmente queria te propor uma coisa.

— E o que seria?

— Bom, fiquei sabendo sobre um tal de festival das luzes que acontece anualmente em Seul e pensei que poderíamos ir juntas.

— Valeu. Mas prefiro ficar em casa.

— Ooooou... — Ela abre um sorriso radiante e beija a ponta do meu nariz. — Você pode ir comigo.

— Ooooou... — respondo, franzindo a testa. — Posso ficar em casa.

— Mesmo depois de eu pedir carinhosamente para você? Isso é muito rude. Não precisamos ficar muito tempo. Juro. Só quero assistir à queima de fogos.

— Ningning conversou com você, não foi?

— Acho que ela talvez tenha comentado alguma coisa quando estava de saída mais cedo.

Reviro os olhos.

— É claro que sim. — Digo, e ela ri. — E desde quando você se importa com os eventos de Seul?

— Eu não me importo, mas ela disse ser importante para você, então pensei em perguntar.

Eu quase desmaio de tanta emoção. Espere um pouco, qual foi mesmo a última vez que eu quase desmaiei de emoção?

Eu nem me lembro.

— Está bem. — Digo, suspirando. — Eu vou no festival com você. Mas...

— Prometo que não vou sair do seu lado. — Jimin diz, como se lesse os meus pensamentos.

Ela se afasta um pouco, sorri e olha para mim com o olhar mais gentil que eu já vi na vida. Sem dizer nada, eu a abraço.

Ela apoia a testa contra a minha e respira fundo.

— Minjeong?

— Hã?

Ela roça os lábios nos meus e fecha os olhos.

— Estou muito feliz por você existir.

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