13
Karina's pov:
"As vezes eu observo em silêncio. A maneira como você sorri... O brilho em seu olhar... E então eu entendo como chegamos a esse momento."
Há algo a ser dito sobre o momento. Encontrar o momento certo em qualquer situação é sempre importante. Dizer as coisas certas nos momentos certos, fazer as escolhas certas quando as escolhas tem que ser feitas. Eu quero ser a pessoa a fazer Minjeong sorrir, e é hora dela saber disso, de saber como eu me sinto. Como quando estamos juntas, ela está sempre na vanguarda da minha mente. Como quando estamos separadas, é onde ela permanece.
Mas antes que as palavras possam sair da minha boca, eu me vejo pressionando meus lábios contra os seus. Ela tenta me afastar, mas logo desiste disso. Minjeong permite que eu a beije enquanto ela me beija mais. Quando ela se afasta um pouco, eu coloco seus cabelos atrás das orelhas.
Imagino que vá me encher de perguntas, mas ela apenas pega minhas mãos nas suas e caminha para as escadas, levando-nos para seu quarto. Quando estamos dentro, eu fecho a porta com calma.
Por um tempo ficamos estúpidas e sem reação, simplesmente nos olhando em silêncio.
— Achei que era uma pessoa decidida, mas claramente preciso melhorar — ela diz, parecendo pensativa.
— Minjeong...
— Não.
— Vamos apenas conversar, ok? — Pergunto, me aproximando.
— Não acho que isso seja necessário.
— Pare de dizer não, por favor? É meio que um soco na minha confiança.
Ela pisca por uns instantes, mas desvia os olhos assim que a encaro.
— Minjeong, por favor... — peço, com a voz tranquila, quase um sussurro enquanto olho direto nos seus olhos. Me aproximo mais, e meus dedos começam a traçar o contorno do seu rosto. — Conversa comigo.
Ela respira fundo, segura minha mão e me puxa até sua cama, onde nos sentamos. Seus ombros parecem cair um pouco, e ela fica mexendo nos meus dedos antes de murmurar:
— Eu não quero que você pense que não sinto nada. Me desculpe. Só não sei como isso pode funcionar.
Fico em silêncio enquanto percebo ao que está se referindo.
— Eu entendo seu sentimento, mas não estou tentando te impor nada. Estou tentando conhecer melhor você. No entanto, se isso funcionar, eu quero fazê-lo. Eu quero estar perto de você. Eu quero beijar você. Quero te ver sorrir. Além disso - eu aperto sua mão na minha - Eu sei que você sente o mesmo.
Ela balança a cabeça.
— Jimin, eu sou uma pessoa complicada... — Ela sussurra e quando olha nos meus olhos, a culpa nesses olhos castanhos provoca um aperto em meu peito. — Me desculpe mesmo.
— Pare com isso — respondo. — Escute, você não precisa ficar envergonhada. Mesmo que tenha suas limitações, estou aqui para fazer você vencê-las. Inferno, eu achei que você já tivesse entendido isso a essa altura.
— Não. Não estou me referindo a isso. — Ela fica me olhando com uma expressão doce, mas seus lábios demonstram tristeza. — Eu quero dizer que você vai acabar se cansando. Isso já aconteceu antes.
Arqueio uma sobrancelha.
— Do que você está falando?
— Que você não é a primeira pessoa a entrar na minha vida dessa forma.
Assinto com a cabeça, entendendo. Minjeong claramente está falando de um relacionamento passado e de certa forma nossa atual situação a relembrou disso. O que significa que alguém ajudou para que ela se transformasse na versão machucada e desconfiada que eu conheci no primeiro dia de mudança.
E quero saber o que aconteceu.
— Minjeong... — digo em tom gentil. — Quer me falar o que houve entre você e essa tal pessoa?
Ela respira fundo.
— É a história de sempre — Diz, dando de ombros. — Nós dois estudávamos no mesmo colégio e tínhamos alguns amigos em comum, então foi apenas uma questão de tempo até nos conhecermos. Quando menos imaginei, estávamos namorando. — Ela faz uma pausa, mas volta a segurar minhas mãos, entrelaçando nossos dedos. — Nosso relacionamento era tranquilo; sem grandes atritos ou coisas do gênero. Mas então um único momento mudou tudo.
Minjeong engole em seco e seus olhos se enchem de lágrimas, mas ela se empertiga toda e tenta esconder o tremor das mãos que seguram as minhas.
— Deixa eu adivinhar. Essa é a parte em que você me conta que ele terminou tudo por conta do que aconteceu?
— É. — Ela assente devagar, respirando fundo. — Por um tempo, Sunghoon cumpriu bem seu papel de namorado exemplar. Mas então ele começou a se afastar, e eu sabia muito bem o motivo. — As palavras morrem em seus lábios e ela desvia o olhar. — Sua namorada ideal já não era mais tão ideal assim.
O canto da minha boca se contrai e seguro seu queixo com as pontas dos dedos, obrigando-a a me encarar.
— Você está errada. Ele terminou com você por ser um covarde de alma vazia. A pessoas aproveitem da sua companhia e te querem por perto enquanto está cheia de energia e felicidade. Mas quando chega o dia em que você está com problemas e completamente esgotada, a verdadeira face delas vem a tona e apenas aquelas que realmente importam vão permanecer ao seu lado.
— Como você pode ter tanta certeza disso?
— Porque eu sei como as pessoas costumam agir. Elas são egoístas e não medem esforços para acabar com a vida de alguém.
— Isso tem relação com seu passado, né? — Ela pergunta, a voz falhando.
— Sim, mas eu não sou o estudo de caso hoje — Eu me aproximo mais dela e fixo o olhar em seus olhos. Estamos tão próximas que eu sinto sua respiração contra a minha pele, e eu tenho certeza de que ela sente a minha. — Seja sincera comigo, Minjeong. É isso o que te incomoda? Que eu possa ser como ele?
— Não, porque você é uma pessoa completamente diferente. O que me incomoda é que meus problemas possam te sobrecarregar, como já aconteceu antes. Sunghoon não falava nada, mas a expressão em seu rosto me mostrava tudo. Sempre que eu chorava, ele revirava os olhos. Sempre que eu expressava meu sofrimento, ele me dizia que estava ficando tarde e que conversaríamos em outro momento. Mas as conversas nunca aconteciam, e, então, nosso relacionamento se perdeu.
— Eu odeio esse cara — explodo, sentindo a raiva crescer dentro de mim. Como alguém pode fazer isso com ela? Como alguém pode ser tão cruel?
Então, pensei em todas as coisas horríveis que já me disseram ao longo dos anos. Não somos tão diferentes nesse aspecto.
— Está tudo bem. Sério mesmo. Acho que as coisas poderiam ser piores. Tipo, eu poderia estar sendo infeliz ao lado dele — Ela sorri de forma singela, mas eu sei que isso ainda a incomoda.
— Mas, ainda assim, você não merecia ter passado por aquilo.
Minjeong fica em silêncio, perdida em pensamentos.
— O que você está pensando? — Pergunto.
Ela balança a cabeça.
— Não sei o que pensar. Não sei o que pensar ou o que sentir. Mas o que sei é que você vai estar melhor sem mim.
— Minjeong... — sussurro. — O que você sentiu quando eu te beijei?
— Por favor, não faça isso.
— No momento que te beijei, senti que isso era o certo. Desejei fazer isso dar certo, Minjeong... — Digo com firmeza. — Eu entendo que você não quer machucar as pessoas, nem quer que os outros se decepcionem. Mas isso faz parte da vida. Chega um momento em que você precisa fazer escolhas, Minjeong. No passado, você lidou com um término difícil, e agora, está me afastado por que acha que vai se tornar um problema para mim. Você precisa parar e pensar em você. O que te motiva? O que você quer?!
— Eu quero tentar com você, mas...
Não permito que ela termine, porque minha boca está na sua, minha mão envolvendo seu pescoço com delicadeza. Ela não questiona meu beijo; ela caí nele. Eu permito que ela aprofunde o beijo enquanto eu a beijo mais. Quando ela se afasta um pouco, eu fico a encarando.
Ela baixa o olhar, e meus dedos passam por seu queixo para levantá-lo. Eu beijo seus lábios novamente.
— Vê isso? Não existe razão para dúvidas. Se ficar com você significa ter a chance de acompanhar de perto sua evolução, então eu vou ser a garota mais sortuda do mundo.
Ela balança a cabeça, rindo, mas depois começa a balançar a cabeça e dá de ombros. Eu posso ouvir as palavras que ela não fala tão claramente. Quer dizer, seja o que for Jimin. Acho que vou ficar com você.
Mensagem totalmente recebida.
Nós nos mudamos na sua cama, caímos para trás, e eu a puxo para perto quando começamos a conversar sobre coisas aleatórias. Nosso tempo é tão grande naquela tarde. Nosso tempo está finalmente começando.
Quando chega a hora de eu ir para o meu quarto, estudar, ela me acompanha até a porta.
— Sabe Jimim, eu ainda não entendo...
— Não entende o quê?
— Eu fui tão desagradável quando te conheci e mesmo agora ainda tentei negar o que sentia para te afastar... Então por que você não desistiu?
Escuto suas palavras, mas elas são fáceis de responder. Enfio as mãos no bolso e curvo os ombros.
— Por um motivo bem simples — respondo. — Porque eu quero ser a garota que vai te fazer voltar a sorrir.
Ela não diz mais nada. Apenas balança a cabeça e abre um sorriso timido. Essa é a primeira vez que eu a vejo fazer isso, e quando seus olhos encontram os meus, sinto que venci uma batalha.
\[...]
Na manhã seguinte estou sentada na minha segunda aula do dia, sendo encarada pela única pessoa com quem converso em sala. É constrangedor. Pela maneira como Ningning age, parece que estou mesmo escondendo algo dela. Mas contar sobre Minjeong agora só mostraria que não fui totalmente sincera quando ela me perguntou mais cedo como tinha sido meu final de semana.
— Ningning, o professor está ali — digo, apontando para a frente da sala. Ela continua olhando para mim.
— Jimin, você é uma péssima mentirosa — ela sussurra, sorrindo. — Não entendo por que não quer falar comigo. Se seu fim de semana tivesse mesmo sido normal, isso não a incomodaria tanto assim.
Não acredito que ela realmente esteja insistindo nisso. Parece que eu entrei em um beco sem saída.
— Eu não entendo por que esse interesse todo, Ningning. Já te disse que não aconteceu nada demais.
Ela cruza os braços e se recosta na cadeira.
— Bom, eu te dei várias chances — Seu sorriso se alarga e ela volta a atenção para a frente da sala quando o professor encerrar a aula. — Agora vai ser do meu jeito, ok?
Arqueio uma sobrancelha.
— Do que você está falando?
— Estou falando que sei sobre você e minha melhor amiga, Minjeong.
Ah...
— Não sabia que ela tinha conversado com você.
— Pois é, agora você sabe. E eu estou aqui para conversar com a garota que está ficando com a minha amiga — ela declara.
— O quê? Não é bem assim. Minjeong é minha...
— Não diga que ela é apenas a sua amiga, porque nós duas sabemos que isso não é verdade.
Fico em silêncio, percebendo tarde demais onde acabei de entrar.
— Olha, eu não quero criar nenhum clima desconfortável, acredite — Ela suspira e fica pensativa por alguns instantes antes de continuar: — É só que, no ano passado, Minjeong foi traída por uma das pessoas em que mais confiava. E isso de certa forma contribuiu para que ela se fechasse para o mundo.
— Nós conversamos sobre isso.
A expressão dela fica ainda pior.
— Então você deve saber que foi um término difícil. E que uma única pessoa foi capaz de machucá-la daquela forma.
Ofego, enojada ao me lembrar da conversa da tarde passada.
— Eu odeio aquele desgraçado — sussuro, fechando a mãos em punho.
Yizhuo arqueia uma sobrancelha.
— Por que você quer tentar com ela, afinal?
Abro a boca para falar e paro, pensando na melhor maneira de responder. Como posso explicar a ela algo que nem eu mesma entendo? Como posso fazê-la compreender o sentimento que há dentro de mim? Como as palavras podem resumir o que Minjeong desperta em meu coração e em minha mente?
— E aí? — Ela insiste, me encarando.
— Porque eu tenho passado bastante tempo conhecendo mais sobre ela e quando saímos no final de semana... não sei... — Abro um sorriso singelo. — Tipo, foi como se, pela primeira vez em muito tempo, eu não estivesse mais sozinha.
O olhar de Ningning fica mais brando.
— Minha amiga estava certa. Você é bem mais do que deixa transparecer.
— Espere aí. Então Minjeong já tinha esclarecido tudo para você?
— A questão não é essa. A questão é que... — A voz dela fica mais baixa até que finalmente some. Tudo nela volta a ser suave. Ela se transforma na Ningning que encontro todos os dias na faculdade. — Não foi minha intenção criar problemas para você, mas já vi Minjeong lutar mais batalhas do que qualquer ser humano possa merecer. Só estou tentando protegê-la.
— Eu entendo. Odeio saber que ela tem tantas batalhas assim para lutar.
— Não são só batalhas dela. Tudo começou há um ano, quando ela teve que batalhar por uma pessoa que nem sequer conhecia. Depois disso, ela nunca mais conseguiu parar.
— Você gosta muito dela, não é?
— Ela é a melhor amiga que eu poderia querer ter.
— Minjeong não é como eu imaginei que fosse. Ela é... muito melhor.
— Eu sei. É estranho, não é? Como alguém que já passou por tanta coisa ainda consegue ser ela mesma? Você pode, pelo menos, me fazer um favor?
— Claro.
— Continue explorando as limitações dela.
— Pode deixar. — Ela se levanta para ir embora, mas eu a chamo.
— Obrigada por lutar por ela.
— Nós somos uma família — ela sussurra. — Nós cuidamos uns dos outros.
Família. Nós cuidamos uns dos outros.
Gostei disso.
Durante o dia, enquanto vou de aula em aula, eu não consigo parar de pensar em uma garota de olhos castanhos e o quanto quero que as coisas acabem logo para poder ir encontrá-la.
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