23 · 𝙙𝙤𝙙𝙜𝙚𝙗𝙖𝙡𝙡

Lights out and follow the noise
Baby keep on dancing like you ain't got a choice
So come on, come on, come on
Let's get physical



Gabriela White.

Pela primeira vez na história dos meus dezesseis anos, todos os olhares – sem exceções – estavam fixados em mim na escola. As malditas notícias e fotos românticas minhas com a estrela do pop do momento, assistindo o pôr do sol dentro de seu carro no letreiro de Hollywood, rodavam o mundo inteiro. Tive que excluir o aplicativo do Instagram porque o número de seguidores e mensagens subiam absurdos, principalmente ameaças e insultos vindo de alguns fãs do canadense. Até o meu Twitter eu tive que excluir pois, de alguma forma, descobriram também meu fã clube do One Direction.

Eu já era paranóica por natureza, com isso tudo acontecendo, eu olhava ao meu redor de cinco em cinco minutos porque eu sempre tinha a impressão que alguém iria me matar a qualquer momento. Especialmente Margot e suas novas amigas.

— Eu ainda não acredito que isso tá acontecendo. – murmuro choramingando encostada no meu armário, que ficava logo no meio do corredor.

— Cento e setenta mil seguidores! – exclama Dylan com brilho nos olhos fitando seu celular. – Caralho, Gabriela! Não para de subir, você tá famosa mundialmente!

— Argh, para de ficar falando isso. – arranco o telefone de suas mãos, recebendo um olhar repreendedor do australiano. – Só me avise quando algum dos meus meninos da OneD me seguirem, ok?

— E se a minha namorada Hailee Steinfeld te seguir, eu hackeio sua conta e mando mensagem pra ela me desenrolando, ja é? – o loiro me encara sério e pega de volta o aparelho.

— Ainda tá nessa? – o olho com uma expressão de tédio. – Vocês não ficaram na festa?

— Foi muito perto, Gabi! Juro, nossos narizes se encostaram só que eu tive que te ajudar com aquele negócio, lembra? – Dylan fala com cuidado a ultima parte em estremeço.

— Infelizmente lembro. – murmuro capisbaixa. – Promete que não vai sair do meu lado nessa bagunça toda?

— Óbvio que prometo, tampinha. – beija o topo da minha cabeça e bagunça meu cabelo em seguida. – Papai Dylan tá aqui pra tudo!

— Eu te amo ás vezes. – digo e arrumo meu cabelo.

Antes que ele respondesse, sua atenção é totalmente tirada quando as cinco garotas passam pela nossa direção no corredor principal da escola. Blair continuava com aquele ar de superioridade ao lado das outras três meninas de sempre, que eu nem fazia questão de lembrar os nomes. Até porque, a única pessoa dali que havia me feito fixar meu olhar nela era Margot que agora tinha seus cabelos tingidos de preto num rabo de cavalo alto, algo que eu não via há muito tempo já que a mesma sempre insistia em pintar de colorido. Ela também vestia a roupa de treino das líderes de torcida, provavelmente num número menor do que o real dela. Durou cerca de cinco segundos nossa troca de olhares, até ela fitar o loiro ao meu lado e abrir um sorriso mínimo para ele que devolvera um aceno de mão constrangedoramente. Quando elas passaram, Dylan não esperou nem um minuto para se virar para mim com uma cara misturada de raiva e mágoa.

— É muito estranho ver uma porra dessas em plena oito horas da manhã. – fala quase num sussurro.

— É assustador em como tudo mudou de água para vinho nesses meses. – concordo com o garoto mas logo mudo de assunto, não querendo bater na mesma tecla e deixar um clima mais esquisito do que já estava. – Você tem educação física agora?

— Matemática. – choraminga. – Com aquele capeta em personificação.

— Já preparou o guarda-chuva? – segura o riso.

— E ainda o filho da puta me colocou na primeira fileira! – Dylan diz quase morrendo. – Eu não aguento mais sair ensopado de cuspe de professor, Gabriela! São oito horas da manhã e tudo isso acontecendo, eu poderia estar acordando na mansão da Hailee com um café na cama e uma mulher gostosa do meu lado!

— Para de drama! – falo gargalhando e lhe dou um soquinho. – Pelo menos você não vai ter que jogar queimada.

— Com todo respeito mas você tá bem fudida. – o australiano finalmente pega seu material no armário ao meu lado e me dá dois tapinhas de consolação nas costas. – As fangirls vão descontar toda a raiva delas em você. Vê se pega emprestado o capacete de futebol com o Cody.

Levanto o dedo médio para o garoto que solta uma risada e dá de ombros, enfrentando aquela multidão de alunos e indo em direção á sala de matemática. De fato terei que tomar cuidado com esse povo. Meu celular treme e abro um sorriso ao ver que era uma mensagem de Debby, me perguntando como estavam as coisas.

— Se você estudasse aqui, eu não teria que enfrentar tudo isso sozinha... – murmuro triste fitando o telefone.

— Enfrentar o quê? – uma voz que eu bem conhecia me acorda dos meus pensamentos e me faz pular de susto.

— Liam que pariu! – ponho a mão no coração com a respiração ofegante.

Um pequeno sorriso divertido se formou nos lábios do canadense que me fitava de cima, apoiando seu braço nos armários do corredor. Em sua outra mão, segurava uma maçã mordida que eu tinha o visto pegar hoje antes de sairmos de casa.

— Foi mal.

— Foi péssimo, Miss Canadá. – digo ainda me recompondo do susto.

— Você tem educação física agora? – pergunta e assinto. – Ótimo. No caminho você me conta do que você tava falando enquanto falava sozinha que nem uma maluca.

Delicado como sempre. Desencosto do armário e ele faz o mesmo, andando ao meu lado em direção ao ginásio. E obviamente, todos os olhares nos acompanhavam sem ao menos disfarçar. Qual é, ninguém tem vergonha na cara não?

— É que não tá sendo nada fácil desde quando as revistas de fofoca colocaram minha foto na capa com o título "seria essa o novo amor da estrela canadense?!". – digo fazendo uma voz fina e gesticulando as aspas, fazendo com que o garoto risse nasalado.

— As pessoas nem disfarçam para nos encarar, né? – sussurra de lado, ainda caminhando pelo corredor.

— Nem me fale.

A sua mão se aproxima da minha e entrelaça nossos dedos, me fazendo arregalar os olhos e o fitar instantaneamente, vendo que Shawn tinha um sorriso divertido estampado no rosto.

— Elas tiveram uma reação bem parecida com a que você teve. – diz agora me olhando. – Pensando bem, seus olhos arregalaram bem mais do que os delas.

— Eu vou morrer de vergonha, Mendes! – grunho tampando meu rosto com a minha mão, já que ele não soltava a outra.

Continuamos a andar de mãos dadas pelo corredor até chegar na quadra coberta. A cada passo que a gente dava, a cada olhada de alunos de todos os anos e inspetores da escola eu desejava desaparecer. O pior de tudo isso é que o filho de uma boa mãe sabia que eu estava mais vermelha que um pimentão e fazia questão de me trazer para mais perto ainda. Quando chegamos na porta do vestiário, agradeci aos céus.

— Você. é. um. babaca. – a cada pausa que eu dava era um tapa no seu tórax, que parecia nem fazer cosquinhas.

— Eu não fiz nada, Zangado. – Shawn diz num tom inocente e bufo.

— Agora todas as meninas desse ano vão querer acertar uma bola bem na minha cabeça. – murmuro.

— Drama queen. – provoca sarcástico.

Levanto o dedo do meio para o canadense que como resposta, me rouba um selinho. E cada vez que eu contestava e brigava com ele em estar fazendo isso na frente de todo mundo, mais vezes ele colava nossos lábios rapidamente.

Quando o sinal tocou significando que a aula iria começar, corri para o banheiro para colocar o meu short de moletom e uma camisa branca com as mangas azuis. Aproveitei e prendi meu cabelo num rabo de cavalo, indo com pressa para o ginásio já que a professora estava dividindo os times.

— Gabi, você ficou no time do lado esquerdo! – me avisou a professora e assinto, indo para onde tinha apontado.

Por incrível que pareça, eu sempre amei educação física. Eu sou muito boa nesses esportes e principalmente queimada, que eu aproveitava pra tirar toda essa raiva de dentro de mim queimando outra pessoa. Eu sei que isso não é certo mas é inevitável quando te colocam para jogar um jogo em que o objetivo é acertar a outra pessoa com uma bola. E mais inevitável ainda quando no time adversário tem a sua ex-melhor amiga.

— Podem começar! – Claudia apita com força e o caos começa.

Eram duas bolas rolando, deixando tudo mais intenso. Shawn, que estava na minha equipe, pegou a bola e a lançou contra Cody porém o menino desviara com velocidade com um sorriso estampado no rosto. Era impressionante em como a rivalidade e a competitividade se floresce com um simples jogo.

Vejo uma bola sendo lançada em direção ao meu rosto e desvio o mais rápido possível, arregalando os olhos em seguida. Se eu não tivesse saído do caminho, era certo que ou eu iria cair dura no chão, ou passar o resto das aulas na enfermaria. Eu não preciso nem falar quem foi a dona do ato, né?

Laurine, a menina que faz aula de química junto comigo, pegou a arma do crime redonda e me entregou com um olhar cúmplice. Molho os lábios apreensiva e me aproximo da linha que separava a quadra ao meio, pegando força no meu braço e mirando o objeto na de cabelos pretos que me fitava desafiadora. Margot sabia muito bem o quanto eu era boa nisso, e sabia tanto que fez uma cara de quem estava prestes á morrer. Mas infelizmente, não consegui acertar ela já que Tristan, um dos meninos do time de futebol, entrou em sua frente e agarrou em cheio. Algumas meninas se esforçavam em me acertar, fazendo com que a teoria de Dylan que as fangirls iriam descontar toda a sua raiva em mim era verdade.

O jogo foi ficando frenético e dei graças a Niall que a professora tirou a regra em que o queimado tinha que ir no campo da equipe adversária e esperar que a bola chegue lá para queimar alguém e consequentemente voltar ao jogo. Quem era queimado, saía e tinha a prenda de fazer trinta e cinco polichinelos. Quando eu menos percebi de tanta concentração que eu estava em desviar das bolas, a maioria das pessoas estavam do lado de fora.

No meu time, tinha apenas eu depois de Harriet ser acertada. Já no outro lado, tinha Tristan e coincidentemente Margot. O garoto de cabelo cacheado defendeu a garota a partida inteira, fazendo com que eu chegasse à conclusão que talvez eles estariam tendo um caso ou fora um combinado deles antes de começar a aula.
Tristan lançou a bola que estava no campo deles em minha direção e desvio, jogando a que estava em meus braços logo em seguida, o pegando de baixa guarda.

— Merda. – murmurou o garoto.

Todos que estavam na quadra, mesmo àqueles que tinham que estar fazendo os polichinelos, pararam para assistir. O tão clichê era as duas ex-melhores amigas desde a quinta série estarem com uma bola na mão querendo acertar a outra. Margot me olhava com os olhos pegando fogo e os ouvidos saindo fumaça.

Com toda a mágoa guardada dentro do meu peito eu corro para o limite entre os campos e lanço a bola vermelha na garota, acertando em cheio na área do seu peito. Ponho a mão na boca depois de ver a feição de dor da morena e engulo á seco, me aproximando dela enquanto todos do local gargalhavam com a cena.

— Meu Deus, Margot! Me desculpa, sério, eu não tive intenção de acertar nesse lugar! – começo a falar rapidamente nervosa mas ela apenas fechou os olhos e respirou fundo.

— Até parece, Gabriela. – cospe as palavras fumegante de raiva.

— Eu juro que não queria ter ido com tanta força assim. – insisto tocando no braço dela, mas ela bruscamente tirou de meu alcance.

— Jura que não queria me machucar na queimada propositalmente. E agora vai jurar que não queria estar namorando o Shawn Mendes? – abre um sorriso irônico. – Ninguém mais acredita na sua ingenuidade.

Respiro fundo fechando meus punhos.

— Eu não vou discutir mais com você, Margot.

Me viro de costas para a menina e engulo á seco com um nó na minha garganta. Essa situação toda faz com que meu estômago se revirasse todo. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, algo me acerta em cheio na cabeça, me fazendo cair no chão na hora por causa do impacto. Deitada no chão, vejo a bola vermelha que Margot carregava ao meu lado. Tudo estava girando e minha cabeça latejava, a última coisa que eu pude ouvir antes de apagar de vez era a bronca da professora.


•••••

a gabi nao tem paz nunca???
nao esqueçam de deixar o feedback e apertar a estrelinha!

xoxo, lily

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top