07 · 𝙩𝙝𝙚 𝙫𝙞𝙙𝙚𝙤
But you'll never be alone
I'll be with you from dusk till dawn
Gabriela White
— Baby we're perfect! — berro ao som de One Direction.
Eu passei a tarde inteira cantando e dançando todas as músicas da minha banda favorita enquanto eu me imaginava falando com eles. Só de pensar nisso minha barriga embrulha loucamente. Ter um famoso morando na sua casa até que não é tão ruim assim.
Nesse exato momento, me encontro em cima da cama com o controle remoto da televisão em mãos - ou microfone, como vocês preferirem - e gritando as letras de uma das minhas músicas favoritas.
Vejo que a música acabou e quando abri meus olhos, que antes estavam fechados com tamanha emoção, dou de cara com o garoto segurando seu celular junto com seu riso.
— Shawn! — grito, tacando o primeiro ursinho de pelúcia que vi pela frente.
Continuei o atingindo com meus bichinhos, ouvindo as gargalhadas altas do canadense que ele não conseguira segurar mais. Sinto meu rosto esquentar só de imaginar desde quando ele estava parado no batente da porta do meu quarto.
— Isso é invasão de privacidade! — falo cruzando os braços. — Idiota.
— Eu nunca vou apagar esse vídeo icônico. — diz ainda entre risos.
— Vídeo?! — arregalo os olhos. — Eu vou te matar! Me dá isso aqui!
Tento arrancar o celular de suas mãos mas, advinha? Ele esticou o braço para cima, colocando numa altura obviamente bem mais superior que a minha. Continuei pulando com esperança de alcança-lo, mas era impossível.
— Já era, Zangado. — sorri vitorioso me fazendo soltar um grunhido. — Que tal eu postar no Instagram?
— Qual é, Mendes. — suspiro derrotada. — Você tem mais de vinte milhões de seguidores.
— Como sabe? — arqueia uma sobrancelha. — Anda me stalkeando?
— Cala a boca. — reviro os olhos. — O que você quer em troca?
— Preciso que sua mãe deixe eu ir para uma festa. — Shawn fala. — É de um garoto da escola, nada demais.
— Minha mãe nunca iria deixar você ir. — rio. — Você nem é daqui. Vai que você, sei lá, é dopado e sequestrado.
— Então vamos ao plano B. — molha os lábios. — Se você for comigo, ela vai deixar.
Dessa vez, foi minha vez de morrer de rir que nem maluca. Pude sentir seu olhar confuso e entediado enquanto eu dramatizava minhas risadas. Eu quase nunca vou em festas, eu literalmente odeio festas. Sem ofensas, mas sair de casa para ir em um lugar cheio de adolescentes bêbados, chapados e suados, eu prefiro mil vezes ficar no meu sofá quentinho.
Mas se eu não aceitar ir nessa porcaria, essa peste vai postar um vídeo meu em uma das maiores redes sociais do mundo. Isso não só é um suicídio social como todas as fãs dele vão saber sobre mim, e automaticamente, minha vida vira um inferno.
— A festa é de quem? — pergunto.
— Um tal de Cody. — fala. — Acho que é do time de futebol.
— Tudo bem. — digo rendida.
— Esteja pronta às dez.
— Começa às dez? — minha voz falha.
O cantor nem ao menos me responde, apenas fecha a porta do meu quarto me deixando parada encarando o nada.
Eu tenho exatamente quatro horas para terminar meu dever de química, perguntar ao Dylan e Margot se eles vão para essa tal de festa e decidir uma roupa decente. Ou seja, praticamente impossível. Principalmente a última missão.
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O relógio marcava dez horas e seis minutos e é provável que essa é a vigésima vez que eu me olhava no espelho e ajeitava meu vestido. Eu dei meu máximo para conseguir achar algo que preste dentro da bagunça do meu guarda-roupa e o vestido mais bonito que eu conseguira, que me mesmo assim não era nada demais, foi o que eu usei em um dos eventos que eu tinha ido com a minha mãe. Eu só havia usado ele naquele dia. O vestido era vermelho e batia nas minhas coxas, colado na parte de cima e um pouco rodado na parte debaixo. Sem contar com o decote nos meus peitos.
Também não foi fácil me maquiar, pelo fato de eu não me maquiar normalmente, mas fiz meu melhor com um lápis de olho e um batom discreto. A única coisa que me recusei a usar foi salto alto, sou um completo desastre com aquilo nos pés então optei por uma botinha. Pelo menos a parte de alisar meu cabelo foi fácil.
— Acelera! — ouço o grito do primeiro andar.
Checo meu celular pela última vez, vendo a mensagem de Margot e de Dylan confirmando presença. Comemoro mentalmente e desço as escadas correndo.
— Puta que... — ouço Shawn se preparar para berrar de novo, mas ele para assim que me vê. — Pariu.
— Foi mal. — reviro os olhos.
— Que eternidade. — fala um pouco desnorteado mas logo volta com sua expressão de tédio de sempre.
— Nem demorei tanto. — bufo, em direção para fora de casa. — Drama queen.
— Como quiser. — fala.
Como meus amigos haviam me dito, o local da festa fica exatamente à dois quarteirões da minha casa, ou seja, fomos a pé até lá. Isso era até que bom, porque se eu quiser ir embora de lá, é só eu andar até minha casa.
Paramos em frente à casa e já se podia ouvir a música estourando das caixas de som daqui de fora. Estremeci e entrei no casarão, vendo que realmente estava lotado de pessoas. Algumas estavam bêbadas, outras enjoadas, mas todos estavam dançando.
Tento não demonstrar o quão deslocada eu estou e foco em procurar meus amigos, até porque o canadense me abandonara há segundos atrás. Depois de empurrar algumas pessoas para passar, consigo avistar Dylan falando com o barman. Benza Harry.
— Gabs! — ele exclama e sorrio. — Uma vodca com limão para essa morena, por favor.
Reviro os olhos com um sorriso ainda, pensando que ele estava brincando mas o homem já estava preparando minha bebida e me entregando.
— Um copinho. — faz bico e me rendo, matando a bebida em um cajada só.
Começo a tossir e faço uma careta.
— Cadê a Margot? — pergunto.
— Eu acho que ela nem veio. — fala dando mais um gole em seu copo vermelho. — Pelo que parece a mãe dela a colocou de castigo.
— Então não foi possível executar a missão quero-pegar-um-cantor-famoso esta noite? — arqueio a sobrancelha e ele ri.
— Idiota. — diz. — Porém verdade. Ei, quer dançar?
— Não tenho opção mesmo. — dou de ombros.
— Ainda bem que sabe. — fala o australiano mostrando suas fundas covinhas. — Mais uma vodca pra minha amiga.
O repreendo com o olhar e ele apenas me dá o copo, me puxando para onde se concentrava mais pessoas. Por incrível que pareça, eu consegui me soltar mais, talvez por causa do álcool. Dylan sempre foi muito animado e divertido desde quando conheci ele na pré-escola, aquele tipo de pessoa que mesmo quando você não está em um lugar que você não queira, consegue te animar e te deixar feliz.
Reconheci o remix de Fetish tocando e senti meu corpo esquentar, me implorando para dançar. Dy coloca sua mão na minha cintura e me encara, me fazendo franzir o cenho.
— Você está be... — antes que eu conseguisse terminar minha pergunta, sou interrompida.
Interrompida por um beijo. Me assusto de primeira e empurro o garoto de perto de mim, o fitando com os olhos arregalados e o coração batendo forte.
— D-desculpa, Gabi, eu...
— Não, não, quer dizer. — balanço a cabeça confusa. — Eu quero.
Junto nossos lábios novamente e sinto o gosto de cerveja invadir minha boca. Suas mãos permaneciam em minha cintura enquanto as minhas não desgrudavam de sua nuca.
Paro o beijo e sinto minha cabeça latejar.
— Nós continuamos melhores amigos, certo? — murmura.
— Claro que sim. — murmuro de volta. — Só preciso de ar fresco. Já volto.
— Tudo bem, Gabi.
Saí de lá o mais rápido possível com a mão nas minhas têmporas, tentando achar a porta de vidro para o quintal. Não estava tão diferente que dentro da casa, talvez até mais cheio, porém consegui respirar normalmente de novo. É horrível só de pensar na hipótese de ter um ataque de asma aqui.
Sinto alguém me olhando e olho de volta para Shawn, que me encarou por uns segundos e voltou sua atenção para um garoto que estava conversando.
Me preparo para voltar para lá e enfrentar a realidade de que eu tinha beijado meu melhor amigo, até que alguém me para. Aqueles três pares de salto alto.
— Olha, quem está aqui. — Blair me olha com um certo nojo. — Gabriela White.
— Sabia que minha dor de cabeça era alguma coisa. — sussurro mantendo a calma.
— Quando que vai lidar com o fato de que ele não quer nada com você?
— Ele quem? — torço o nariz.
— Você sabe muito bem quem. — fala soltando uma risada sem humor. — Shawn merece alguém com classe e não tão sem graça quanto você.
— Eu não ligo para o que ele merece, Blair. — digo.
— Se afaste dele. — Valerie fala lentamente.
De repente, sinto um líquido escorrer pelo meu cabelo todo e logo pelo meu vestido. Abro a boca e sinto o cheiro forte de cerveja.
— Tampinha. — cospe as palavras, fazendo um biquinho. Antes que eu pudesse rebater, as três saíram rebolando pelo gramado.
Sinto minhas bochechas ficarem rosadas e começo a marchar em direção para a saída daquele lugar, implorando pela minha casa. Ouvi passos indo atrás de mim mas eu nem sequer olhava para trás, apenas andava pela calçada mal iluminada.
— Zangado. — ouço sua voz e bufo. — Dá para você andar devagar?
Ignoro-o e como tudo na minha vida dá errado, acabo tropeçando em uma pedra e caindo no chão, torcendo meu pé. Solto um gemido de dor e ouço a respiração abafada do garoto.
— Eu avisei.
— Sabe, não é uma boa hora para jogar na minha cara isso. — digo com raiva.
— Eu só te avisei. — dá de ombros e minha vontade era socar o rosto dele.
Tento me levantar mas era impossível. Shawn suspira e estica sua mão para me ajudar, mas a rejeito. O mínimo que eu posso ter agora é orgulho.
— Para de ser idiota e deixa eu te ajudar a levantar.
Pego em sua mão, derrotada, e sinto um choque como da outra vez no carro. A dor no meu pé era tanta, que nem falei nada. Ele me pôs no banco de madeira que tinha ali perto e se sentou ao meu lado, passando a mão nos fios castanhos do cabelo.
— Acho que não torci. — murmuro olhando para meu pé. — Pelo menos.
— Por que a Blair fez aquilo? — pergunta. — Não que eu ligue, só acho interessante brigas.
— Porque ela é idiota. — grunho fechando meus olhos.
— Justo. — suspira.
— Você pode voltar para a festa, Mendes. — falo.
— E deixar você aqui sozinha?
— Desde quando você liga? — retruco.
— Olha... — sorri sarcástico. — Cada vez mais me impressionando com suas respostas. Há dois dias atrás você só batia o pé e fazia uma careta pra mim.
— Escuta, pop star, eu não preciso mais de sua ajuda. — falo ríspida. — Eu ligo para o Dylan e ele me leva para casa, ou eu durmo na casa dele, tanto faz. Mas só me deixa em paz por um santo segundo! Nem quando eu estou encharcada de cerveja e com o pé doendo você para de ser insuportável e sarcástico. Que merda!
Acho que eu tinha pegado um pouco pesado, porque tudo que ele fez foi lançar um último olhar para mim e levar seu copo vermelho à sua boca.
— Vamos logo para casa. — diz sem me olhar.
— Eu não consigo andar. — falo num tom óbvio.
Shawn Mendes revira os olhos e se levanta do banco, me envolvendo em seus braços e me pegando no colo como uma donzela. Fico um pouco envergonhada mas não tento contestar, até porque não estava em uma boa situação para fazer isso. Sentir o peito do moreno se estufar cada vez que inspirava ar, por algum motivo, fez com que meus olhos se cansassem e meu corpo se relaxasse, dormindo antes de chegar em casa.
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eu demorei mas to aqui rapaziada!! desculpa a demora, eu gosto de escrever os caps dessa fanfic quando tenho tempo pra ficar bem bonitinho pra vcs :)
obrigada pelos comentários motivadores e para eu continuar essa fanfic, isso me deixa muy feliz hehe
amo vocês, não esqueçam xx
xoxo, lily
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