05 · 𝙖𝙨 𝙮𝙤𝙪 𝙬𝙖𝙣𝙩
If you don't like the way I talk
Then why am I on your mind?
Gabriela White.
Dessa vez, minha manhã foi bem mais tranquila do que o normal. Shawn teve um compromisso então teve que faltar aula, então, fui de carona com a Margot. Na hora da volta, passamos em um fast food com o Dylan e compramos muitos hambúrgueres. Eu senti muita falta em comer essas besteiras, minha mãe não faz isso desde quando o Shawn veio.
E agora, depois do incidente de ontem, eu falei para ele ficar bem longe do lava-louças e que eu lavaria quando for preciso. Eu prefiro lavar do que ele quebrar e eu levar a culpa, no final das contas.
— Gabi!
Será que se eu ignorar ela, ela esquece e para de gritar meu nome? Continuo mandando mensagens para o grupo onde tem eu, Dylan e Margot e franzo o cenho ao ler a última mensagem enviada pelo garoto.
— Gabriela! — choraminga.
Grunho e bloqueio o celular, indo ao encontro da minha irmã mais nova. Que saco, viu! Não posso nem mais ficar em paz dentro dessa casa.
— Late, Tessa. — sento ao seu lado.
Quando ela se virou para mim, pude ver seus olhos cheios de lágrimas e um enorme biquinho nos lábios. Olho para a televisão e cerro meus olhos ao ler a matéria que estava passando.
— Estão dizendo que o Shawn está namorando. — diz com a voz falha.
— Mas ele confirmou? — pergunto.
— Não, mas estão falando! Isso é tudo culpa sua! — fala emburrada.
— Minha culpa?
— Eu falei pra você não deixar nenhuma garota encostar nele e você deixou. — desvia o olhar.
— Tessa, minha filha, ele é famoso. É óbvio que vai arranjar uma namorada mas você não pode ficar desse jeito pra sempre. — abraço ela. — Se eu for na rua comprar sorvete, você me perdoa?
— Talvez. — vejo um pequeno brilho em seus olhos.
Eu falei que eu estava de bom humor hoje e também com muita vontade de comer besteira. Vou com a mesma roupa que estou, short jeans e uma regata, estava fazendo muito calor hoje.
Saio de casa com o que a Teresa havia falado em mente. Eu não sei se ele está realmente namorando, eu como fã, sei muito bem que a mídia inventa muita coisa sobre os artistas. Sem contar com os contratos que fazem só para impulsionar a carreira, apesar de não achar que minha mãe estaria de acordo com isso. Não sei nem porque me preocupo, a vida é dele.
Paro na barraquinha de sorvete e compro duas casquinhas de cookies and cream, meu sabor favorito. Sério, eu como tudo com esse sabor. Quando termino de comprar e pago o atendente, me assusto com uma luz estranha.
Viro para trás mas não vejo nada. Continuo andando atenta pela calçada e vejo essa luz novamente. Dessa vez, várias vezes seguidas.
— Que droga...? — murmuro.
Meu coração parou e sinto que ele foi direto pra boca enquanto meus olhos insistiam em estar arregalados. Eram paparazzis, muitos paparazzis.
— Nos conte mais sobre sua relação com o cantor Shawn Mendes! — ouço um gritar e de repente, todos eles começaram a me encher de perguntas.
Tonta com os flashes e com medo de eu ter alguma crise, entro na primeira loja que vejo. Era uma loja de roupa, felizmente, enorme. Pego meu celular e penso em quem devo ligar. Se for pra Margot é capaz de ela querer ficar com os paparazzis, o Dylan não tem carro e minha mãe não foi de carro para o estúdio. Espera, mas o carro dela não estava na garagem então...
Vou na minha conversa antiga com a minha mãe e vejo o contato do moreno anexado. Mordo o lábio inferior e ligo para ele, esperando uma resposta.
— Alô?
— Preciso que você me salve, imediatamente! — digo.
— Não vai rolar. — ouço seu tom indiferente e quase grito no meio da loja. — Eu acabei de ter uma entrevista e preciso ir para casa.
— Você não está entendendo. — rio sem humor. — Tem um monte de paparazzis atrás de mim querendo saber sobre você! Isso é sua culpa então você me tira dessa.
— Se eu for até aí...
— Limonada e amoras. — reviro os olhos. — Eu já entendi qual é a sua, pop star. Eu estou no quarteirão ao lado daquela loja de música.
— Já estou indo. — ouço ele bufar.
Olho para os dois sorvetes que estavam derretendo e faço uma feição de choro. Vou ter que comer um deles senão vai derrerer tudo.
Se passaram dez minutos e graças à Liam, vi o carro que eu bem conhecia parar no outro lado da rua. Agora, eu preciso só atravessar esses homens malucos e chegar até lá. Quando coloquei meu plano em ação, o sorvete que era para a Tessa caiu direto no chão, porém continuei a correr até entrar ofegante no veículo.
— Nem eram tantos assim. — diz ele dirigindo.
— Pra você, talvez. — suspiro alto e coço a minha nuca. — Tess vai me matar.
— Por que?
— Eu prometi em comprar um sorvete para ela mas eu acabei deixando cair no chão no meio da correria. — passo a mão no rosto.
Ele apenas fica quieto e volta a prestar atenção na rua. Chegamos bem rápido, já que era bem perto da minha casa. Tentei o máximo despistar a minha querida irmã, mas sabia que ela não iria largar do meu pé tão cedo.
— Cadê o meu sorvete. — cantarola a pirralha e abro um sorriso amarelo.
— Eu... — invento uma desculpa. — Percebi que um sorvete não era o bastante para fazer você me perdoar sobre...aquilo.
— Então? — semi-cerra os olhos.
— O Shawn vai tocar e cantar uma música só para você, existe algo mais romântico? — sorrio forçado.
A garota começou a gritar e pular sem parar, fazendo o garoto sorrir amarelo e vir até mim com passos rápidos.
— O que você pensa que está fazendo?! — ele me pergunta.
— Isso não vai te matar, é só uma musiquinha. — falo. — E eu faço uma jarra de limonada.
— Argh, tudo bem. — fala. — Só vou pegar meu violão, Tessa.
Ela apenas sorriu enorme e por um segundo vi que ele também tinha sorrido de volta. Fui para a cozinha e espremi os limões, cantando algumas músicas que estavam na minha cabeça. Percebi que eu sou boa nisso e cada vez mais que eu faço esse suco, mais rápido eu fico. Peguei as amoras na geladeira e coloquei em um pote, voltando para sala.
— Vossa alteza. — digo num tom sarcástico, entregando o copo e o pote.
— Zangado nunca me decepciona.
Reviro os olhos e me apoio no sofá para ver no que isso iria dar. O garoto posicionou o violão no corpo e molhou os lábios, ajeitando os dedos nas cordas.
— Vou te mostrar o que é talento. — me lança um olhar orgulhoso e apenas reviro os olhos. — Qual música você quer, Terê?
— Ela só gosta que chamem ela de Tessa e não Terê. — o corrijo.
— Cala a boca, Gabi. — a garotinha me repreende. — Pode me chamar assim e eu quero A Little Too Much!
Se fosse eu chamando ela assim, eu nem estaria viva para contar o que aconteceria comigo. Apenas cruzo meus braços e vejo o garoto começar.
Eu não sei o que aconteceu comigo, eu só prestei atenção na letra. Falava de uma garota que todos achavam que ela era forte, mas na verdade ela estava sofrendo. E então no refrão, ele dizia que isso era normal e que tudo vai melhorar. Senti meus olhos lacrimejarem e desviei o olhar para o chão.
— Ai! Isso foi tão lindo! — ouço Teresa dizer num tom apaixonado. — Acho que a mamãe tá chegando e eu preciso fazer o dever de casa.
Ela saiu disparado pelas escadas e soltei um riso fraco, lembrando que esqueci de colocar a jarra de limonada dentro da geladeira. Vou até a cozinha e faço o que havia esquecido, me assustando com a presença do mais alto me observando.
— O que foi? — pergunto meio rude, com as mãos na cintura. — Sua limonada já está...
— É que você parecia, sei lá, meio sensível. — dá de ombros.
— Você não entenderia. — murmuro.
— Como quiser. — diz sua frase de sempre.
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