04 · 𝙙𝙞𝙨𝙝𝙚𝙨

I've been hearing symphonies
Before all I heard was silence

Gabriela White.

Tudo deu certo hoje de manhã. Não sei se Louis ouviu minhas orações ou algo do tipo, mas meu plano deu tudo certo. Minha mãe não soube de nada e muito menos suspeitou do que havia acontecido ontem à noite. Já Shawn Mendes, bem, ele ficou com uma ressaca horrível. Bem feito.

Pelo menos ele não se lembra de nada de ontem, aliás, foi bem embaraçoso da parte dele. Pude jurar que por um momento, ele estava com uma certa vergonha de falar comigo porque eu vi ele bêbado, porém ele voltou com seu sarcasmo e o egocentrismo de sempre.

Não aconteceu nada de especial na escola. Fiz meu máximo para despistar as fãs do canadense e suas perguntas desnecessárias, passei o recreio todo ouvindo a história de vida de Dylan falando com a Hailee Steinfeld enquanto Margot se lamentava por não ter dado tão certo com seu crush, já que estava bêbado e pensando nos tomates gigantes que invadiram seu quarto.

Enfim, voltamos para casa e essa foi a pior parte do dia. Foi uma briga intensa em quem decidia o que iria tocar no rádio, eu votava no Harry Styles e ele, bem, votava nele mesmo. Acabou que como tivemos que pegar Tessa na escola, passamos o caminho todo ouvindo Ariana Grande - featuring a voz de taquara rachada da minha irmã mais nova.

Agora, outra discussão estava acontecendo: eu e minha mãe.

— Vamos, Gabs! — insiste. — Prometo que não vamos demorar!

— Mil vezes não. — recuso pela décima vez.

— Você adorava ir ao estúdio comigo quando era menor, agora que cresceu fica nessa palhaçada. — ela cruza os braços.

— Sabe qual é o nome disso? — Teresa pergunta. — Cú doce.

Arregalo os olhos e começo a gargalhar alto, enquanto minha mãe repreendia a pequena garota que apenas deu de ombros.

— Juro que não fui eu que ensinei, sério. — digo tentando me recuperar.

— Agora para de doce e entra no carro, você vai sim! — bufo e saio batendo pé. — E Teresa, você não vai como castigo!

— Hipocrisia tour! — exclama Tess emburrada.

Força ícone.

Saí do carro e vejo o garoto falando com alguém no telefone, que eu presumo qua seja alguém da sua família ou algo do tipo, já que parecia um pouco preocupado. Finalmente minha mãe saiu de casa e trancou a porta, entrando no carro no banco do motorista.

Eu e Shawn fomos para a mesma direção do banco passageiro, ao lado da Candance, e os dois tentaram abrir a porta, fazendo nossas mãos se encostarem. Tentei esconder o choque que deu ao sentir o toque dele e cerrei os olhos como se não iria ceder tão cedo.

— Sai. — diz. — Cheguei primeiro.

— Sai você. — retruco.

— Sai logo, Gabriela. — revira os olhos.

Ele me chamou pelo nome. É para glorificar de pé, não é possível.

— Eu já falei que não vou soltar. — digo insistente.

— Que porra, vamos fazer pedra, papel e tesoura então. — senti seu tom irônico mas o mesmo posicionou a mão.

Eu, estupidamente, soltei logo a mão direita que por coincidência era a que estava na porta. Em um piscar de olhos, o canadense já estava sentado no banco enquanto eu fiquei pra fora.

— Acelera aí, Gabi! — mamãe berra.

Vou para o banco de trás e passo o caminho todo pensando em dez maneiras de assassinar um famoso sem ninguém saber e também pensando em o que poderia ter feito Shawn ficar de mau humor pior do que o normal.

Quando eu voltei dos meus pensamentos, só faltava eu para sair do carro. Pude perceber alguns fotógrafos envolta do local e me arrependi de não ter penteado o cabelo dessa vez.

A última vez que eu tinha entrado nesse lugar eu devia ter uns quinze anos, ou seja, dois anos atrás. Fui porque não tive opção e acabei encontrando a Taylor Swift, porém a mesma estava ocupada então só fiquei a observando de longe.

Cumprimentei Tina, uma colega de trabalho da minha mãe, e me sentei no sofá vinho da sala escura. Havia algumas besteiras para comer, ar condicionado gelado e um vidro separando os equipamentos de gravação do lugar onde tem o microfone.

Estiquei minhas pernas pelo sofá e agradeci à mim mesma por ter trago um livro de história, as provas estão se aproximando e tudo que eu menos quero é reprovar. Senti um nó na minha garganta só de pensar na prova e decidi estudar logo. Quando comecei a ler sobre a matéria, minha atenção toda foi totalmente tirada ao ouvir a voz dele.

Óbvio que eu já tinha ouvido ela antes, nas rádios e por causa da Margot e da Tessa, mas pessoalmente era diferente. Como se todo o nervosimo por causa das provas que estava dentro de mim havia sumido em segundos. Lentamente, fechei o livro e me sentei para observar mais atenta. Ele tinha os olhos fechados, demonstrando que estava completamente focado e dando o melhor de si.

— Incrível, Shawn! — Candance diz batendo palma. — Você arrasou. O que achou, Gabi?

— Érr... — uma parte de mim queria destruí-lo porque havia descontado sua raiva em mim naquela hora, mas outra parte dizia que eu não conseguiria mentir, porque foi realmente lindo. — Foi bonzinho.

E então, ele abriu um sorriso de lado. Não parecia ser sarcástico ou convencido, foi como se fosse um "obrigado" que ele nunca deixaria de abaixar seu orgulho para dizer.

-¤-

Uma coisa que eu odeio mais que tudo nessa vida era lavar louça. Principalmente quando não fui eu que sujei. Como Shawn era visita, minha mãe queria que eu lavasse a louça esta noite já que não teria tempo para isso. Aí que tá, só tinha coisa que ele havia usado. O que eu tenho a ver com o copo sujo de limonada - que eu fiz, como sempre - e com o prato onde ele tinha comido suas amadas amoras? Absolutamente nada!

— Você não vai morrer se lavar uma mísera louça! — cruzo os braços cansada. — Eu não aguento mais ser sua babá.

— Tá bom, pé no saco. — revira os olhos como sempre. — Posso pelo menos usar o lava-louças?

— Fique à vontade.

— Como se usa?

— Se vira. — sorri falso virando de costas.

Tentei esconder minha animação ao perceber que pela primeira vez, venci uma discussão com ele. Não me julguem, é mais difícil do que parece.

Respondi a mensagem de Dylan enquanto cantarolava Back To You, até ser interrompida pelo barulho estridente de vidro quebrando. Ah, não.

Corri até a cozinha e me deparei com um cantor pop, um copo em milhares de pedaços no chão e o barulho do carro da minha mãe chegando. Droga!

— Ah, não.  — fecho meus olhos.

— O que aconteceu aqui? — pergunta Candance.

— Eu estava lavando a louça mas eu não sabia como usar... — o garoto disse inocentemente e quase voei no pescoço dele, apesar de ser minha culpa.

— Gabriela White, eu te pedi para você lavar e não a nossa visita! Você está maluca?

— Desculpa. — suspiro.

— Limpa isso. — manda. — Agora!

Faço o que ela pede e molho os lábios, tentando esconder a raiva que eu tinha de mim mesma. Como eu pude deixar isso nas mãos de um garoto podre de rico que nem sabia o que era uma máquina de lavar louça, argh.

E mais uma vez, Gabriela se ferra! Tô começando a me acostumar.

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