͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏023 ͏ ͏- ͏ ͏gardenias
ARYA KIRA CLOVER ouvia vozes chamando seu nome repetidamente, mas estava em um sono tão bom que tentou ignorar aquelas exclamações.
Ela se ajeitou no grande travesseiro que abraçava, mas percebeu que havia algo estranho, porque travesseiros não deveriam respirar e nem ter músculos tão rijos.
- Mamãe, papai! Acordem! - agora, além de chamar a princesa, os donos daquelas vozes começaram a pular na cama, rindo.
Ainda de olhos fechados, Arya franziu a testa, com os pensamentos lentos. Ela devia estar sonhando, ou alguma coisa assim.
- Vamos, mamãe - chamou Aelin Grinberryall, puxando as cobertas da garota. - O dia está tão lindo hoje!
Arya respirou fundo, e lentamente abriu os olhos, lembrando os acontecimentos do dia anterior. As vozes eram de seus filhos que vieram do futuro: os gêmeos Aelin e Atlas.
E ela não estava abraçando um travesseiro, e sim Yuno. Seus braços envolviam-o em um gesto inconsciente, como se o contato entre eles fosse natural.
Por um momento, ela ficou quieta, apenas observando. Seus olhos percorreram o rosto dele, reparando em detalhes que, em meio à correria do cotidiano, ela não tinha tido tempo de notar.
Os olhos dourados fechados, o cabelo escuro espalhado no seu travesseiro. Ele continuava tão lindo quanto sempre foi, a boca macia, os lábios meio abertos com a respiração lenta, os cílios tão compridos que tocam a face quando os olhos estão fechados.
Havia uma serenidade em Yuno que sempre a confortava, mesmo que ele raramente expressasse seus pensamentos com palavras.
Arya continuou olhando para ele, como se tentasse gravar cada detalhe de sua bela face na mente. E de repente, como se sentisse que era observado, os olhos de Yuno se abriram, encontrando os dela.
Por um segundo, nenhum dos dois falou nada.
Então, como se ambos se dessem conta da proximidade, Arya rapidamente se afastou, um leve rubor tingindo suas bochechas.
Yuno também se endireitou, seus olhos desviando ligeiramente enquanto tentava disfarçar o constrangimento.
Ela se desvencilhou de seus braços e pulou da cama, tentando processar o que aconteceu. Tinha certeza que as crianças dormiram entre eles ontem à noite, então como ficaram abraçados daquela forma?
Com sorrisos travessos, os gêmeos olhavam para ela enquanto tentavam conter suas risadas. Os dois logo ficaram sérios com a expressão de Arya, que os encarava com um sorriso maldoso.
- Então foram vocês... - murmurou ela, e as crianças saíram correndo do quarto, gritando e rindo.
- Corre, Atlas!
- A mamãe não vai me encontrar!
Arya também se divertia enquanto corria atrás deles pelos longos corredores do castelo, e de repente, enquanto passavam por um feixe de luz que vinha da janela, os gêmeos sumiram.
Perplexa, a princesa notou no mesmo instante a avançada manipulação de luz de Atlas. Ela ouvia suas vozes e passos, porém ambos continuavam "invisíveis".
- Ei.
Com um grito, Arya se virou ao sentir alguém segurar seu ombro. Ela colocou a mão no coração, respirando pesadamente. - Que susto, Yuno!
Ele deu de ombros. - Desculpe.
- Não achei que você era do tipo que acorda tarde, tipo a Bela Adormecida - disse ela, com sarcasmo.
Era um tanto difícil agir com naturalidade depois de acordar daquela forma com o garoto, ainda mais sabendo do futuro que teriam juntos.
- Você que levantou cedo demais - Yuno olhou para o céu visível na janela, percebendo como realmente acordaram mais tarde do que o comum.
- Bom, os gêmeos estavam... As crianças! - Arya se virou repentinamente e voltou a correr, lembrando que estava brincando de pega-pega com eles.
- Espere!
[...]
- VOCÊS TAMBÉM amam paquecas? - perguntou Arya, achando graça dos gêmeos que tinham pedido um monte de doces para o café da manhã.
- Bastante - respondeu Atlas, e seus olhos azuis brilharam ao ver a torre de panquecas em seu prato, com uma calda de mel e frutinhas por cima.
- Eu poderia comer morango todos os dias - disse Aelin, já enchendo a boca com biscoitos de açúcar e outros doces. - É tão bom!
- Arya, Yuno? - perguntou uma voz familiar. Mimosa Vermillion surgiu na porta da sala, olhando para os quatro com certa confusão.
- O que está fazendo aqui?! - exclamou Arya, com um tom apreensivo ao vê-la.
Não esperava ver sua amiga no castelo, logo naquele dia em que seus filhos do futuro repentinamente apareceram.
Aelin olhou para ela e acenou. - Oi, tia Mimosa!
A princesa rapidamente cobriu sua boca, com os olhos arregalados, e Yuno fez o mesmo com Atlas, esperando que o garoto também ficasse quieto.
- Estou incomodando algo? - perguntou Mimosa, se aproximando deles na mesa de café da manhã. Aquelas crianças pareciam tão familiares. - Quem são esses?
Nervosa, Arya olhou para Yuno, sem saber o que dizer.
Ela não conseguia pensar em nenhuma desculpa válida, então ele apenas piscou e olhou para a colega de equipe, impassível como sempre. - Estamos trabalhando em um projeto com as crianças de Hage.
- Que ótimo! - Mimosa sorriu. - Sinto muito por incomodar vocês, mas depois preciso falar com você, Arya.
A princesa assentiu. - Certo. Eu encontro você mais tarde.
Mimosa se despediu deles, lançando um último olhar para aquelas crianças, que pareciam tão familiares. Ao sumir da visão deles, Arya e Yuno relaxaram em suas cadeiras, com um suspiro.
- Essa foi por pouco - Arya olhou seriamente para os gêmeos. - Ela não sabem que vocês existem, isso poderia ter sido perigoso para o futuro.
- Sinto muito, mamãe - desculpou-se Aelin, mas não parecia tão arrependida. Ela sorriu, e nos cantos de sua boca havia um pouco de chantilly. - Podemos ir para o jardim?
Atlas pulou da cadeira, animado. - É o nosso lugar favorito!
- E acho que o portal vai aparecer lá - disse Aelin, e então começou a olhar para os próprios braços, com uma expressão concentrada. - Até minhas mãos estão formigando.
- Não estou vendo nada - retrucou Atlas, rindo em seguida.
- É sério!
O sol já estava mais alto quando Arya, Yuno e seus filhos decidiram sair para o jardim depois de terminar o café da manhã. Uma leve brisa agitava o cabelo de Aelin e Atlas enquanto corriam à frente, rindo entre si.
O caminho de pedras os guiou até um banco de madeira ao lado de uma antiga árvore. Os gêmeos, cansados de correr, voltaram para os pais, subindo no banco de um salto. Arya sorriu, ajeitando-os com carinho. Sentou-se no meio, com Yuno ao seu lado, enquanto as crianças se aninhavam entre eles.
— Muitas coisas importantes aconteceram aqui — comentou Atlas.
— Como o quê? Se puderem contar — disse Arya, intrigada, percebendo o olhar cúmplice que os dois trocaram, seguido de sorrisos.
— Não podemos contar — Aelin começou, com um brilho travesso nos olhos. — Mas tem a ver com todos nós.
— O portal deve abrir em alguns minutos — afirmou Yuno, e os gêmeos assentiram, os olhares tristes. — E, quando atravessarem, as memórias desses dois dias serão apagadas, para não interferir no nosso futuro.
Aelin suspirou, concordando. — Mesmo que quiséssemos dar dicas, vocês esqueceriam tudo. Até de nós.
Arya sorriu, encarando os filhos. — Não se preocupem. Em alguns anos, vou conhecer vocês de verdade. Pode não ser do mesmo jeito, mas prometo que será especial.
Atlas olhou de forma pensativa para o horizonte. — Para nós, é como se o tempo não tivesse passado, mas vamos nascer daqui a cinco anos.
Os olhos da princesa se arregalaram. Fazendo as contas, ela seria mãe aos vinte e um anos, mais cedo do que imaginava. — E eu serei uma boa mãe para vocês?
— Você trabalha bastante, mas sempre tem tempo para nós — respondeu Aelin, aconchegando-se mais perto de Arya. — Vocês contam histórias, fazem piqueniques no jardim, e brincam todos os dias.
— Eu queria que vocês conhecessem a Aurora - comentou Atlas.
— Quem é? — perguntou Yuno, intrigado.
— Nossa irmã. Ela tem cinco anos, enquanto nós temos nove — explicou Atlas, orgulhoso, levantando os dedos para mostrar a idade. — Aurora tem cabelos loiros e olhos dourados. Ela é como um pequeno sol, e combina com sua Magia dos Astros.
— Aurora... — murmurou Arya, um sorriso suave surgindo em seus lábios. De repente, sentiu saudade da filha que ainda nem conhecia, imaginando seu rosto, sua risada.
Atlas deitou-se no colo de Yuno, os olhos azuis fixos no pai. — Papai, por que você fala tão pouco nesta época?
Yuno sorriu de leve, olhando para Arya antes de responder. — Gosto de ouvir vocês.
Aelin balançou as pernas no banco. — E eu falo demais, né?
Arya riu, puxando a filha para mais perto. Os quatro continuaram conversando até que um portal mágico surgiu diante deles, de cor dourada.
Primeiro, os gêmeos abraçaram Arya, que retribuiu o gesto com força, como se já sentisse a ausência deles. — Até breve, meus pequenos.
— Foi divertido estar com vocês — disse Aelin, abraçando Yuno em seguida, que, um pouco desajeitado, sorriu mesmo assim. — Tchauzinho!
Aelin Grinberryall atravessou o portal primeiro. Antes de Atlas seguir a irmã, Yuno se inclinou e sussurrou algo em seu ouvido. O menino correu para um arbusto de flores com urgência.
— Algum problema? — perguntou Arya, confusa.
Yuno desviou o olhar. — Nada.
Atlas voltou correndo, escondendo algo atrás das costas, e entregou para Yuno, que segurou com cuidado, escondendo atrás de si.
— Nos vemos no futuro! — disse Atlas, acenando antes de atravessar o portal.
Logo, Marx, o assistente do Rei Mago, apareceu. — Arya, Yuno, estão preparados? Vou apagar as memórias desses dois dias. Vocês lembrarão como se estivessem em uma missão, mas nada será preocupante.
— Espere — pediu Yuno, posicionando-se na frente de Arya. Ele estendeu um buquê de gardênias brancas para ela. — Isso é para você.
— Para mim? — a princesa sorriu com surpresa, suas bochechas corando.
— Pedi para Atlas me dizer suas flores favoritas.
Ela segurou o buquê, encantada com o gesto. — São lindas...
Yuno deu um sorriso suave, observando-a com ternura. Então, Marx lançou o feitiço, e eles fecharam os olhos, esperando a luz mágica.
Arya respirou fundo, seus pensamentos vagando para Aelin, Atlas e Aurora Grinberryall, esperando que, de alguma forma, pudesse lembrar dequeles nomes no futuro.
Quando a princesa abriu os olhos, piscou confusa ao ver o buquê de gardênias em suas mãos. Ela estava de volta ao jardim de sua casa, e Yuno a observava de perto.
— O que estamos fazendo aqui? — ela perguntou, tentando lembrar o que fez no dia anterior. Talvez tenham feito uma missão juntos, mas suas memórias estavam estranhamente confusas.
— Também não sei — respondeu Yuno, olhando ao redor. Ele não conhecia aquela parte do castelo, nem mesmo sabia o que estava fazendo ali com a princesa.
Arya olhou para o buquê em suas mãos, que eram gardênias brancas. — Foi você quem me deu essas flores?
Yuno a fitou intensamente, como se tentasse lembrar. — Acho que sim.
Ela sorriu, apertando as flores contra o peito. — Obrigada. São lindas, como sabia que essas eram minhas favoritas?
— Não sei... Foi só um pressentimento.
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