͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏019 ͏ ͏- ͏ ͏changes
A PRINCESA acordou em um quarto de enfermaria, um cômodo totalmente branco e frio, acompanhada por uma curandeira ao lado de sua cama, anotando observações em uma prancheta.
Arya Kira Clover levantou lentamente da cama com um suspiro de dor, pensando nos acontecimentos anteriores. Estava um pouco tonta e fraca, como se estivesse há dias naquela mesma posição, em um sono profundo.
Então as lembranças vieram todas de uma vez, da missão dos Cavaleiros Reais em busca do covil da organização conhecida como Olho do Sol da Meia-Noite.
A princesa possuída por um espírito vingativo de uma elfa, toda a luta envolvendo a reencarnação do povo élfico e o retorno do lendário Primeiro Rei Mago, uma batalha contra demônios do submundo, e principalmente... Julius Novachrono.
Durante a missão, ela soube da notícia que o seu pai defendeu o reino de um ataque e em troca de salvar todos os cidadãos, o Rei Mago sacrificou-se para proteger o futuro que ele acreditava.
- Por favor, me deixe sozinha - sussurrou Arya, com a voz trêmula. Algumas lágrimas ameaçavam cair de seus olhos, enquanto ela segurava a vontade de chorar.
- Como quiser, Vossa Alteza - a enfermeira olhou para a garota com certa hesitação, como se ainda estivesse decidido se realmente deveria sair ou não, mas então deixou apenas a princesa no quarto.
As memórias ainda estavam um pouco confusas, mas tudo voltava a fazer sentido.
Ela, Asta e Yuno lutaram contra um demônio, com a ajuda dos Cavaleiros Mágicos e do Primeiro Rei Mago, e algumas revelações durante a batalha vieram à tona.
- Arya? - perguntou uma voz familiar, batendo na porta do quarto. Parecia infantil, como se fosse uma criança falando. - Posso entrar?
Ela franziu a testa, sem reconhecer a voz da pessoa. Antes que pudesse dizer algo, a porta da enfermaria foi aberta, revelando um jovem garoto de cabelos loiros e olhos acinzentados, com a marca de uma estrela azul de seis pontas na testa.
- Quem é você? - perguntou Arya, confusa. Ela tinha certeza que o conhecia de algum lugar, mas não lembrava exatamente de onde.
Julius Novachrono riu nervosamente e coçou o pescoço, envergonhado com a nova aparência. - Não reconhece seu próprio pai?
- Pai? - repetiu ela, incrédula. Com bastante esforço, a princesa conseguiu levantar da cama para ver o Rei Mago de perto, apoiando-se no cômodo ao seu lado.
Era mesmo ele, na forma de uma criança de treze anos. Seus olhos e sorriso eram os mesmos, e Arya precisou se abaixar para abraçá-lo, passando os braços ao redor dele com força enquanto inspirava seu aroma familiar.
- É você! Mas... Como?
- Eu tinha um artefato mágico onde armazenei mana por muitos anos, não sabia que realmente funcionaria - explicou ele. Um suspiro escapou de seus lábios, pensando na luta contra o elfo. - Fiquei com medo de partir e nunca mais ver você de novo, agora que sabe que é minha filha.
- Filha? - repetiu uma voz. Noelle Silva estava na porta, com os olhos arregalados, e atrás dela estava seu grupo de amigos, igualmente surpresos.
Julius sorriu ao vê-los. - Eles estavam esperando você acordar. Seria bom conversar com todos reunidos.
Mimosa Vermillion e Noelle logo correram até a amiga, abraçando-a depois de dias sem vê-la. - Você precisa explicar melhor essa história dele ser seu pai.
- Agora que sei, acho vocês incrivelmente parecidos - murmurou Noelle, olhando de um para outro como se comparasse suas aparências e procurasse mais semelhanças.
- Depois - concordou Arya. Ela precisava mesmo conversar com suas amigas sobre os últimos acontecimentos e atualizá-las das notícias recentes.
Logo atrás, Asta se aproximou com um sorriso e quase esmagou a princesa em um abraço apertado, enquanto ambos riam alegremente. - Que bom que você acordou, estávamos preocupados.
- Você está melhor? - perguntou Yuno. Ele se aproximou, com sua típica expressão impassível, mas havia certa preocupação em seu olhar.
Yuno estava ao lado dela quando os elfos deixaram o corpo de seus hospedeiros, e segurou a princesa inconsciente em seus braços por todo o trajeto do covil até a enfermaria do castelo, recusando-se a deixá-la até que tivesse certeza que seria tratada pelos melhores curandeiros.
- Oi - disse a princesa, com um sorriso bobo no rosto. Ela sentia uma felicidade inexplicável ao ver que Yuno estava ali apenas para vê-la após os eventos envolvendo elfos e demônios.
- Oi - respondeu ele, sem entender a expressão repentina de alegria da princesa ao vê-lo. Estranhou as bochechas vermelhas delas, e quase pediu que a enfermeira voltasse para verificar se ela estava com febre de novo.
Arya tossiu, percebendo seu comportamento tolo. Ela não podia parecer uma boba apaixonada perto dele. - Sim, está tudo ótimo. O que aconteceu comigo na missão? Ainda estou um pouco confusa.
- A maioria foi possuída pelo espírito dos elfos, até você. Foi uma luta bem longa, demorou bastante convencê-la a nos ajudar - Mimosa lembrou que a garota estava ao seu lado quando tudo começou, e vê-la ser possuída por uma elfa vingativa foi bem ruim.
- Eu, você e o Yuno formamos um ótimo trio na batalha - comentou Asta, com um sorriso.
- Continuando, eu estou praticamente sem magia. Só sobrou isto do meu grimório, e por isso eu não vou conseguir lutar e minha influência sobre os nobres, que priorizam riqueza e poder neste reino, se enfraqueceu - afirmou Julius Novachrono, segurando uma única folha na mão.
Asta levantou o braço, anunciando que queria falar algo. - Como você ficou tão pequeno e como sobreviveu, Rei Mago?!
- Bom, eu me deparei com tecnologias de armazenamento mágico deixados por magos da antiguidade. Pouco a pouco, fui armazenando meu tempo e magia na minha marca na testa - explicou o Rei Mago. - Tempo suficiente para eu eu pudesse recomeçar se algo me acontecesse. Mas eu não comecei de novo do zero, voltei a esta idade. Acho que algo não saiu como esperado.
- Estou muito feliz de te ver vivo! - exclamou Asta, derramando lágrimas de emoção.
Julius riu. - Obrigado. E vive animado como sempre, Asta. Ouvi dizer que você fez um ótimo trabalho.
- Eu fiz o meu melhor! Mas ainda tenho um longo caminho a seguir!
O Rei Mago virou-se para as garotas da sala. - Noelle, Mimosa, consigo imaginar o quanto vocês arriscaram suas próprias vidas nessa missão só de sentir o quanto suas manas evoluíram.
- Sim, senhor - as duas disseram, com um sorriso orgulho do próprio desempenho. Elas sabiam do quanto tinham evoluído nos últimos dias.
- Qual é o problema que falta? - questionou Yuno.
- Eu prevejo que o Reino Clover será destruído pelos países vizinhos - afirmou Julius.
Arya arregalou os olhos, perplexa. - Como é?!
- Está falando do Reino Diamond e o Reino Spade? - perguntou Noelle, igualmente surpresa ao ouvir aquelas palavras do Rei Mago.
- Ou o Asta vai morrer - completou Julius, e no mesmo instante, a atmosfera ficou tensa.
O garoto parecia assustado, enquanto seus amigos o encaravam. - Peraí, ou o Reino Clover é destruído ou eu morro?!
- Ou então são essas duas coisas de uma vez - disse o Rei Mago. - Sua transformação é a prova de que os humanos cruzaram a borda de um mundo em que não deveríamos pisar.
Asta tinha um olhar nervoso. - E esse papo de eu morrer? O demônio vai explodir, sei lá?
- Antes de mais nada, há três reinos que cercam Clover - começou Julius, e a princesa logo entendeu seu olhar para que ela explicasse a situação daqueles territórios.
Arya suspirou. - Diamond, um reino que possui um poderoso exército, graças a seus pesquisadores arcanos, e que não poupa experimentos com humanos. Heart é um reino neutro, misterioso, que usa sua abundância de mana natural, adaptada em sua magia rara e única. Por fim, temos Spade. Um reino invernal, de mistérios e demônios que é servido pelo mal ancião que dorme em suas terras vastas e tenta ganhar supremacia.
- Como Diamond, nosso vizinho mais próximo, Spade também está tentando espalhar sua influência ao longo da região de forte magia que nos separa. Mas, hoje, os Cavaleiros Mágicos que defendem nosso reino estão exaustos como nunca antes na história - afirmou Julius, com uma expressão preocupada.
- Mas aí não foi culpa deles, todos foram possuídos por elfos. Pior, foi por causa daquele demônio do "hur hur hur"! - comentou Asta, lembrando da batalha anterior contra o cruel demônio Zagred.
- E por isso o Parlamento Mágico vai colocar seu demônio em julgamento e declará-lo culpado - disse o Rei Mago, tentando explicar o contexto de uma forma mais simples. - Afinal, um plebeu que usa os poderes de um demônio desconhecido, como você, é o bode expiatório ideal para levar a culpa por tudo.
- Mas eu não fiz nada de errado! E que Parlamento Mágico é esse?
- O Parlamento é composto pela realeza e nobres que criam leis e conduzem julgamentos para crimes importantes - explicou Mimosa. - Eles são algumas das maiores autoridades deste reino. E uma das três grandes Casas Reais está no centro dele.
- A Casa dos Kira. Minha família - afirmou Arya, com um tom baixo ao dizer a última parte. Ela desviou o olhar, pensando em seus familiares por parte de mãe. - Eles possuem mais autoridade no Parlamento Mágico.
Seus parentes eram complicados, os mais ricos e esnobes da realeza por conta de sua linhagem antiga e poderosa, repleta de reis e rainhas. Apesar disso, pareciam que tinham amendoins no lugar do cérebro, como o atual Rei Augustus Kira Clover XIII.
Asta a encarou. - Você não participa desse tal de Parlamento?
- Algumas vezes, mas ainda sou uma membro honorária, por ser menor de idade - explicou ela. Um arrepio percorreu seu corpo ao pensar no seu primo mais velho, presidente do Parlamento Mágico.
Damnatios Kira era um grande problema.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top