͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏011 ͏ ͏- ͏ ͏friends

OLÁ, PRINCESA.

─ Bom dia, Reid ─ cumprimentou Arya, com um sorriso tímido ao ver seu colega beijar sua mão em um gesto de reverência.

O dia mal havia começado e a maioria dos nobres corriam para vê-la no saguão, desesperados para chamar sua atenção com elogios e piadas, e em seguida convidarem a princesa para um encontro.

Como se Arya Kira Clover já não soubesse todo o fingimento por trás, um minucioso planejamento feito para atrair sua atenção e garantir uma posição privilegiada na maldita hierarquia da sociedade.

Não havia nada mais cobiçado do que a posição de rei consorte, uma vez que Arya era a próxima na linha de sucessão, ou seja, um dia ela governaria como a rainha do Reino Clover. Com uma expressão de neutralidade, ela encarou o garoto em sua frente, que tinha um rubor nas bochechas.

Reid Cartier era um veterano do esquadrão Alvorecer Dourado; ele tinha uma boa altura, cabelos azuis e olhos da mesma cor, um sorriso fofo considerado apaixonante por diversas damas da sociedade e vinha de uma antiga família da nobreza.

─ Quer se juntar a mim e meus colegas? ─ perguntou Reid, olhando rapidamente para trás, para uma mesa próxima onde seus amigos se encontravam.

─ Sinto muito, mas já tenho compromisso marcado ─ afirmou Arya, com as palavras na ponta da língua. Ela desejou que seu rosto não revelasse nada que o garoto desconfiasse, já que a princesa era uma péssima mentirosa.

Reid sorriu, sem perceber. ─ Que tal semana que vem? Você já estará livre, certo?

─ É claro ─ Arya fez um breve aceno com a cabeça. ─ Até, Reid.

Ela se virou e saiu em passos apressados até o outro lado do salão, caminhando para pegar seu café da manhã. Outros jovens nobres vieram falar com a princesa, mas Arya os dispensou gentilmente, dizendo que os encontraria na semana que vem.

Depois de pegar uma bandeja com lanche saudável para começar o dia, ela olhou ao redor e viu todas as mesas ocupadas, com poucas cadeiras disponíveis. Alguns conhecidos acenavam para que se juntassem a eles, mas a princesa reconheceu um rosto familiar no canto do salão e caminhou até ele.

Yuno comia torradas com suco de laranja, em um assento mais afastados dos demais, concentrado em ler um livro sobre magias que havia encontrado na biblioteca. Todos os dias, ele sentava naquele mesmo lugar, acostumado a ficar sozinho na mesa, já que os demais nobres ignoravam completamente sua presença, mas ele realmente não se importava com aquela situação.

O plebeu ouviu passos altos se aproximando, e com sua visão periférica, viu o vulto de uma garota baixinha e loira surgir em sua frente, com um sorriso no rosto.

─ Posso sentar com você? ─ perguntou Arya, com um tom ansioso e segurando uma bandeja nas mãos.

─ Não há lugar marcado ─ respondeu Yuno, sem olhá-la enquanto virava uma página de seu livro, concentrado na leitura. Sua resposta pareceu fria, mas a princesa o conhecia bem o suficiente para saber que aquele era o seu jeito despreocupado de falar com as pessoas.

Ambos comeram em silêncio, recebendo olhares letais de todos os presentes na sala. Os nobres tinham o mesmo pensamento: como a princesa poderia preferir a presença de um plebeu, uma escória da sociedade?

─ Por que está aqui? ─ perguntou Yuno, finalmente erguendo a cabeça para olhá-la, deixando seu livro de lado. ─ Devem pensar que você cometeu uma atitude ruim ao ficar perto de mim.

─ E por que seria uma atitude ruim? ─ retrucou Arya, franzindo a testa.

Ele deu de ombros. ─ Percebi que na capital a maioria dos nobres não se misturam com camponeses, principalmente a realeza.

─ Você só precisa conhecer as pessoas certas, como eu ─ Arya piscou para ele, com uma risada baixa. ─ Sendo sincera, as outras mesas não têm pessoas agradáveis, e eu até gosto de conversar com-

Você me acha agradável? ─ interrompeu Yuno, com um olhar confuso, perplexo. Ninguém jamais havia se referido a ele dessa forma, mesmo sua família.

O garoto falava quando precisava transmitir seus pensamentos, tinha uma atitude calma e sua maneira de falar muitas vezes fazia com que as pessoas interpretassem mal o que ele gostaria de dizer.

Mesmo recebendo a atenção de muitas meninas por sua aparência, muitas o detestavam no segundo em que puxavam conversa, odiando suas respostas monossilábicas. Asta costumava fazer brincadeiras com ele por isso.

─ Somos amigos, certo? ─ Yuno assentiu lentamente com a pergunta da princesa. ─ Eu vi você comendo sozinho durante esses dias, desde que ingressou no esquadrão. Não posso deixar meu amigo e colega nessa situação, entende?

─ Estou bem ─ afirmou Yuno, inexpressivo. ─ Não me importo em ficar sozinho.

Arya cruzou os braços. ─ Mas eu me importo. E como sua amiga, não vou deixar você sozinho em uma refeição.

─ Não é necessário fazer isso ─ retrucou Yuno, mas ela o ignorou completamente.

─ Olha, apesar das circunstâncias, você fez uma boa escolha com o Alvorecer Dourado. Nos esquadrões de elite, você seria importunado todos os dias e não teria seu talento valorizado, e pensando bem, é bem parecido com o que está acontecendo agora, com a diferença que você é ignorado na maior parte do tempo, mas pelo menos há pessoas aqui que reconhecem o seu potencial, então futuramente você irá ascender como um grande Cavaleiro Mágico e...

Arya continuou falando sobre o início conturbado do garoto no Alvorecer Dourando, listando seus grandes feitos em missões, contando histórias sobre feitos gloriosos por antigos magos, enquanto era observada atentamente por Yuno.

Seus olhos dourados percorriam o belo rosto da princesa, com sua atenção conquistada. A forma feliz e sorridente que ela contava as histórias o lembravam de seu irmão e rival, Asta.

Talvez isso explicasse como eles tinham se dado tão bem desde o início, mesmo sendo tão diferentes, pertencentes de mundos completamente opostos.

Quando percebeu que era a única falando, a princesa suspirou de vergonha. ─ Vai mesmo me deixar falando sozinha?

─ Sou um bom ouvinte ─ murmurou Yuno, apoiando a mão no queixo.

─ É mesmo? ─ duvidou Arya, com um sorriso de desafio. ─ Então o que eu estava falando?

─ Que apesar de tudo eu fiz uma boa escolha ao vir para cá, porque em outros esquadrões eu seria desprezado e ignorado pelos demais, o que é semelhante com o que está acontecendo aqui, mas há pessoas que valorizam minha capacidade e que irei me tornar um poderoso Cavaleiro Mágico. Esqueci alguma parte? ─ zombou Yuno, com uma expressão orgulhosa, como se tivesse ganhado o desafio entre eles.

Arya riu, impressionada que ele estava mesmo prestando atenção em suas palavras. ─ Fico feliz que a gente esteja no mesmo time. Eu não gostaria de fazer missões com outras pessoas, nem todos aqui são como você, Klaus e Mimosa.

─ O que você quer dizer com isso?

─ A maioria das pessoas se aproxima de mim apenas pelo meu título e o que pode conseguir através disso. Já estou acostumada, mas não deixa de ser uma situação desconcertante ─ comentou Arya, servindo chá de camomila e maracujá em sua xícara, com um pequeno sorriso beirando seus lábios. ─ Então quando eu me tornar rainha, irei acabar essa sociedade desigual. Esse é o meu sonho, tornar o meu reino um lugar melhor para todos viverem em harmonia.

Yuno sorriu. ─ Temos objetivos parecidos, então.

─ Estou ansiosa para saber o que nos aguarda no futuro, uma aspirante à rainha e um candidato à Rei Mago ─ comentou Arya, pegando um cupcake de morango em sua bandeja, e ao morder o doce, um pouco do chantilly da cobertura ficou em seus lábios.

─ Tem um pouco de creme na sua boca ─ avisou Yuno.

─ Está limpo? ─ perguntou a princesa, pegando um lenço para se limpar, olhando para o garoto e esperando sua aprovação.

─ Um pouco mais para a direita... Não, do outro lado, Arya.

─ Yuno, você está me confundindo!

─ Estou apontando exatamente na direção do chantilly.

─ É o que eu estou fazendo!

─ Não está, não.

Com um suspiro, Yuno se inclinou sobre a mesa e esticou o braço, limpando o canto dos lábios rosados de Arya, passando o polegar pela pele macia enquanto a princesa o encarava, com o rosto vermelho.

V-Você...

Yuno arregalou os olhos, percebendo o que havia feito. Seu gesto havia sido totalmente inocente, era algo que ele costumava fazer com seus irmãos mais novos e nem havia pensando direito ao fazer isso com a princesa que conhecia há poucos meses.

Ele abaixou a cabeça. ─ Sinto muito, eu não queria-

─ Está tudo bem, de verdade. Eu só fiquei um pouco nervosa com a proximidade, não é muito comum eu receber esse tipo de contato físico, principalmente vindo de garotos, mas... ─ Arya respirou fundo, e passou a mão pelos longos cabelos loiros, ainda com um rubor nas bochechas. Ela estava nervosa. ─ Eu estou falando demais, não é?

Não. Gosto de ouvir você.

Arya ficou surpresa com suas palavras, então exibiu um sorriso radiante como a luz da manhã. ─ Amanhã tem uma missão na cidade de Atlanta para capturar uma gangue de bandidos que roubaram o tesouro de um museu. Quer ir comigo?

─ É claro ─ concordou ele. Ambos observaram Klaus Lunettes se aproximar da mesa com uma expressão séria, quase furiosa.

─ Vossa Alteza ─ cumprimentou o veterano, fazendo uma profunda reverência para a princesa, então olhou para o garoto. ─ Yuno, você está atrasado para a missão, os demais estão esperando por você.

Yuno levantou da cadeira, dando um último olhar para a princesa antes de partir. ─ Estou indo. Nos vemos mais tarde, Arya.

[...]

DEPOIS DE passar o dia realizando missões, Arya decidiu conversar com o Rei Mago, em busca de respostas para as preocupações que nublavam sua mente, desde o ataque na capital real.

Julius Novachrono viu a jovem princesa adentrar seu escritório, e seu sorriso sumiu ao ver a expressão séria dela. Geralmente, ela vinha com sua preciosa alegria ao contar sobre seu dia e novas descobertas que havia feito, mas hoje ela estava diferente.

─ Eu quero falar sobre o Olho do Sol da Meia-Noite ─ afirmou Arya, aproximando-se para sentar na poltrona ao lado do homem.

─ Bom, tenho certeza que você já sabe mais informações que muitas pessoas, mas o que quer saber? ─ perguntou Julius, prestando atenção no rosto preocupado dela.

─ Porque eles estão atrás de mim? ─ Arya franziu a testa. ─ Sei que o alvo principal daquele dia era Fuegoleon, mas o líder da organização pediu especificamente por mim.

─ Não faço ideia ─ o Rei Mago suspirou, e passou a mão pelos cabelos, com um olhar cansado. ─ Talvez seja sobre suas duas magias, mas não posso afirmar com certeza. Se eles te levassem, iriam usá-la como o pretexto para o começo de uma guerra.

─ Como está Fuegoleon? ─ sussurrou Arya, pensando no capitão dos Reis Leões Carmesins. Desde que ele surgiu no portal mágico sem um braço e inconsciente, o Vermillion permanecia em um estado de coma, sem notícias boas.

─ Temos esperança que ele acorde algum dia.

─ Tenho recebido muitas notícias ruins ultimamente, tem algo bom para me contar?

Julius sorriu. ─ Conseguimos descobrir a localização do covil deles. Nós iremos revelar isso no Festival, por isso, ainda não fale para ninguém. Nós iremos agir, mas tudo isso você saberá melhor em breve.

─ Interessante.

─ Tem outra coisa também... ─ iniciou Julius, de forma enigmática. ─ O aniversário de dezesseis anos de uma certa princesa está perto. Consegue adivinhar quem é?

Antes que Arya pudesse responder, deu um gritinho ao ser carregada por Julius e receber um ataque furtivo de cosquinhas, rindo alto. Com a diferença de altura e mana, foi impossível ela escapar por conta própria.

─ Eu preciso ir! ─ exclamou Arya, com lágrimas nos olhos de tanto rir. ─ Mimosa me chamou para almoçar na capital.

O Rei Mago finalmente a soltou, com um sorriso nos lábios. ─ Não se esqueça de mim! Venha me ver mais vezes!

Arya sorriu de volta. ─ Eu vou voltar.

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