NARRADOR

Já faz uma semana desde que Sammy voltou obrigado de Omaha. Ele não tem falado com seus amigos, nem com sua família, pois se não fosse por eles, ele ainda estaria em sua cidade natal protegendo e cuidando da garota pela qual sempre foi apaixonado.

Sammy culpa todos eles, até mesmo Stacy, por tê-lo mandado ir embora. Wilkinson desconta todo os sentimentos horríveis dentro dele na bebida, não teve um momento sequer desde que chegou no seu apartamento em que esteve sóbrio.

Ele não é capaz de lembrar do próprio nome. Tudo o que faz, é beber e ligar para Stacy, já encheu a caixa de mensagens dela, perdeu a conta de quantas vezes tentou entrar em contato pelas redes socais, mas foram desativadas a dois dias, fazendo o mesmo tomar uma decisão drástica.

Voltar a usar drogas. Ele nem lembrava a última vez em que tinha usado qualquer uma das coisas que vem provando ultimamente, quando a maconha parou de fazer efeito, ele foi para a pior, cocaína.

Cada dia que passa seu corpo vai definhando mais e mais, seus pensamentos se tornam um buraco negro, para ele, sua vida não tem mais sentido algum.

Eu poderia protegê-la. Se acontecer o pior, vai ser tudo culpa minha. Não fui homem o suficiente para ficar naquela merda de cidade e cuidar dela.

Esse é seu pensamento diário. O pequeno conforto que tem, foi a carta que deixou para Anastácia, todos os dias, em meio a sua embriaguez ele implora para que ela leia.

💫

Na manhã seguinte ao enterro do seu pai, quando Stacy finalmente saiu do quarto, Charles bateu nela pela primeira vez, resultando em um olho roxo, e vários hematomas pelo corpo.

Faz uma semana que isso aconteceu, durante esses dias ele ficava de olho nela vinte e quatro horas, desativou suas redes socais e não deixava ninguém da família visitá-la.

Mas um hora ele precisaria voltar a trabalhar. Foi nesse momento que Stacy viu a oportunidade de finalmente ver o conteúdo do envelope que sua tia lhe entregou no dia do enterro, sem Charles vê.

A loira trancou todas as portas e janelas antes de se trancar no quarto do seu pai, não podia arriscar. Suas mãos estavam tremendo enquanto abria o papel, havia as mesmas fotos que forma mandadas ao seu pai, junto com o vídeo e uma folha de caderno.

Um soluço escapou de seus lábios ao identificar de quem era a letra, não havia sequer um momento em que ela não pensava em Sammy, na besteira irreparável que havia cometido com ele.

"Sei que não há mínima chances de você me atender, responder minhas mensagens ou me ver pessoalmente. Primeiro quero que sabia que me recuperei do ataque, não durou muito. Segundo: denucie ele. Se você não quer minha ajuda ou de qualquer pessoa faça isso por você mesma, você não merece estar nessa situação, nem você, nem qualquer mulher que sofra com uma relação abusiva. Denucie, Anastácia, pro seu próprio bem. Não vou me perdoar de você virar mais um estatística. Nesse envelope está as provas da ameaça que ele me fez pra ficar com você, sei que está com a que ele entregou para o seu pai, vá até delegacia. Por favor, eu estou implorando. Se você não quiser ficar comigo, não vai ficar tudo bem mas vou entender. Só quero que você saia dessa situação, que você seja feliz. Ele não ama você, quem ama não faz o que ele faz, e sim protege a pessoa amada, cuida, ama com todo o coração, mais uma vez, estou implorando pra você denunciar ele, o único lugar em Charles merece estar é na cadeia. Depois, mude de cidade, recomece em outro lugar e se algum dia ainda tiver espaço pra mim na sua vida, estarei aqui, você sabe onde me encontrar. 

com amor, Sammy. " 

o sofrimento tá acabando, juro!